[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
quarta-feira, junho 14, 2006
EXTRA... EXTRA... EXTRA...
E porque não?
Faço uma "neutralização" no ciclismo para escrever sobre... futebol. Não é bem sobre futebol, é mais sobre isso de ser-se português. Que é complicado, é.
Acabo de ver as desassombradas declarações de Costinha, na Alemanha, e não podia estar mais de acordo com alguém.
Mas decidi-me por esta crónica para, também eu - e porque não? - meter-me ao "barulho".
Foram inúmeras as críticas a Luiz Felipe Scolari por ter aceite o estágio em Évora. Uma meia dúzia - bem medida - de opinion makers atirou-se ao brasileiro que nem gato a bofe. Porque na Alemanha estava frio e no Alentejo as temperaturas subiam aos 40 graus, e porque isto, e por aquilo... sobretudo porque sim, porque eles - essas cabecinhas pensadoras - é que sabem. São da turma que leva a bola escolhe a equipa, joga e faz de árbitro. Impossível não terem razão.
Por acaso, ainda hoje, Alexandre Pais, o director do Record, faz uma mea culpa, que só lhe fica bem. Melhor ainda porque foi o primeiro. Se calhar vai ser o último. É que, afinal, na Alemanha está a jogar-se, nas partidas às 3 da tarde, sob temperaturas para além dos 30 graus. Os que davam o exemplo do Brasil, que estagiou na fresquinha Suíça, meteram a viola no saco. Porque os opinion makers "nunca se enganam" e são senhores de uma verdade que para os próprios comanda o movimento giratório da Terra. Aliás, fico com a impressão de que a grande preocupação de alguns deles é mesmo o de tentarem perceber - o que, fatalmente não conseguem - como é que raio a Terra girava antes de eles serem opinion makers. Antes de eles nascerem. Têm um umbigo que ofusca o brilho do Sol e jamais considerarão a hipótese de poderem estar enganados. Está fora de questão.
E chegamos ao ponto que me fez escrever esta crónica.
O português, no seu geral, sim, é racista e xenófobo. Na nossa pequenez sempre quisemos ser grandes e em terra de iletrados, quem tem acesso ao media acha-se o "rei".
Um exemplo?
Encheram-se páginas de jornais - para falar só em jornais - com a "coragem" de José Mourinho que, mais do que uma vez, mas podemos centrar-nos na chegada do Chelsea a Barcelona, saiu sozinho para enfrentar a imprensa e deixar que esta lhe chamasse os nomes que quisesse, só para proteger o seu grupo de trabalho.
Mourinho é arrogante? Naaaaaaaaaa... apenas é o comandante heróico que dá a cara pelos seus subordinados, poupando-os aos ataque desses infieis que são os jornalistas e os adeptos com sangue mais quente. É provocador? Naaaaaaaaaa... apenas um estratega 5 estrelas.
E o português aceita isto como a coisa mais natural do Mundo.
Substitua-se o nome de Mourinho pelo de Scolari...
Ah!, pois é...
O BRASILEIRO é pedante, arrogante, mal educado - e o rol estende-se por todos os sinónimos. E porquê?
Releiam o que escrevi acerca das atitudes de Mourinho. Não faz Scolari a mesmíssima coisa? Chamar sobre si todas as críticas, aliviando a pressão dos seus comandados? Pois!...
Mas - há sempre um MAS nestas coisas - os portugueses, na generalidade, sim, que são TODOS treinadores de bancada, mas principalmente alguns desses opinion makers, não gostam, nunca gostaram e nunca vão gostar de futebol. Como de qualquer outro desporto, principalmente se estiverem envolvidos os clubes grandes. Cultivamos a mui pouco olímpica ideia de que OS NOSSOS têm que ganhar nem que seja num golo marcado off-side, com a mão e já depois da hora. E se não ganharem é porque foram ROUBADOS.
E, habituados a seleccionadores que sempre foram comandados das Antas, de Alvalade ou da Luz, e porque eles só vêm - porque tal como os burros, usam palas para ver só numa direcção - as suas cores, vá de malhar no BRASILEIRO. Porque este é independente e, pior ainda, responde quase à letra às atordoadas de que é alvo.
Volto à conferência de Imprensa do Costinha. Não sei se, na hipótese de jogar ainda no FC Porto se sentiria tão à vontade para dizer o que disse, mas vamos acreditar que sim. Defendeu o técnico nacional e pôs o dedo na ferida: "Como a Selecção agora não é comandada pelos clubes..."
Exactamente.
E a única forma de tentar atingir Scolari é, ainda que implicitamente, lembrar constantemente que ele é brasileiro. Estrangeiro, emigrante...
Pensamos o mesmo em relação a todos. Esquecendo que somos um País de imigrantes. Somos racistas e xenófobos. Para vergonha de alguns. Mas pagaremos todos a factura.
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