sexta-feira, novembro 17, 2006

329.ª etapa


DISCOVERY CHANEL RECUSA HIPÓCRISIA

Ainda aqui não me tinha referido ao “caso” Ivan Basso. Melhor, ao “caso” espoletado pela estadunidense Discovery Chanel ao contratá-lo, acto que não chegou a “chocar” a comunidade ciclista internacional porque, antes de chegar ao estado de “choque” todos ficaram de boca aberta e a olhar uns para os outros.

Pelo meio – mas não deixam os dois acontecimentos de estar ligados – o “caso” ADN morre de morte natural. O que não estariam à espera, as “cabecinhas pensadoras” que haviam parido esta ideia é que, por “simpatia” está a definhar o célebre "Código de Ética" ao qual não falta nada para adivinhar um futuro, a curto prazo (curtíssimo), igual ao dos testes de ADN. Dentro de poucas semanas jazarão mortos no mesmo “mausoléu”, aquele que os que se julgaram mais espertos construiram para lá “enterrar” o próprio Ciclismo.

Leio na Meta2Mil desta semana que os representantes das equipas ProTour e da Associação Internacional de Ciclistas, mais responsáveis da UCI, se apresentaram numa reunião previamente marcada mas, todas as partes se fizeram acompanhar, cada uma delas, por uma “bateria” de advogados.
Tirando a “caixinha dos pózinhos” aos aprendizes de feiticeiro, quando os homens de Leis entraram na conversa rapidamente se chegou a uma conclusão – não rebatida por nenhuma das partes (antes pelo contrário) – e a uma só: O “Código de Ética” inventado por Manolo Sáiz, levando atrás de si todos (ou os suficientes para que tenha sido aprovado) os outros responsáveis por equipas ProTour, juridicamente vale… ZERO.

Aliás, nessa mesma reunião – e volto a frisar que nenhuma das partes levantou a voz contra – quem lida com leis não teve dificuldades em, tirando o papel de lustro que o “embrulhava” demonstrar que, nunca estivemos na presença de um Código de Ética mas sim de um “Regulamento Disciplinar Interno” das equipas, que a ele obrigavam os corredores.
Por isso não houve UM ÚNICO caso de uma equipa culpada de fosse o que fosse. A “sorte” bateu sempre à porta dos corredores.


Estou a referir-me ao “Código de Ética” vigente este ano. Porque ficou demonstrado que é possível, sim senhor, haver um Código de Ética. Vai ser é preciso escreve-lo. E convém que seja por quem perceba de leis porque nada nem ninguém se pode sobrepôr à Lei Geral do País. Seja qual fôr o país, se se viver numa sociedade de Direito.

E foi essa também a “causa” da morte da pretensão de recolha de amostras de ADN aos corredores. Não venham com argumentos de que “quem não deve não teme”. Isso pode ser muito bonito mas as leis não são nem podem ser empíricas. Por isso não são uns quaisquer que estão habilitados a fazê-las.
E há toda a hipócrisia que tem reinado à volta disto tudo...

Aliás, tomo a liberdade de citar aqui o que o Chema Rodriguez, Director da Meta2Mil, escreveu em Editorial:
“Lo más despreciable de todo es ver la actitud inquisitorial de los ex professionales que pueblan los comités de la UCI y las direcciones de los equipos ProTour. Todo um ejército de presuntos ex dopados y/o ex dopadores que hora se enguantan los dedos com papel de fumar cuando les aprieta la vejiga.”

E retorno à contratação de Ivan Basso pela Discovery Chanel.
Antecipando-se (provavelmente prevendo) ao que sairia da falada reunião, os estadunidenses não tiveram receio em dar o primeiro passo. Numa altura em que, cinicamente, os responsáveis das equipas ProTour, em cartel, já “desenhavam” uma lista negra na qual estariam todos os presumivelmente implicados na Operação Puerto, “sugerindo” que “ninguém os contratasse”… quem é que, em primeiro lugar, os contradiz e, de alguma forma os remete ao seu canto escuro?
Aquela que provavelmente será a mais forte de todas as equipas ProTour.
O recado, ainda que calado foi “ensurdecedor”.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Manuel Madeira,
Fico feliz em saber que é leitor do jornal META 2MIL e observe como os seus colegas espanhóis defendem o ciclismo e os ciclistas.
Paulo Couto

mzmadeira disse...

Sou assinante há mais de três anos, Paulo... chega-me à caixa do correio religiosamente às 4.ª feiras, um dia depois de sair em Espanha.
E conheço e dou-me muito bem com o Director, que faz sempre parte do Gabinete de Imprensa da Vuelta.
Um abraço.