sábado, janeiro 06, 2007

395.ª etapa



O NOME “PORTUGAL” NO PELOTÃO INTERNACIONAL

A ideia lancei-a eu, aqui, no VeloLuso, no 36.º artigo que escrevi. Foi a 22 de Março do ano passado. Dele recupero o essencial, que depois tentarei desenvolver.

E agora que já temos uma Associação de Equipas Profissionais (…/…) porque não discutirem, a sério, a possibilidade de criar-se UMA EQUIPA NACIONAL com dinheiro e estruturas para poder candidatar-se ao quadro ProTour? A Federação e a Secretaria de Estado, ou o Instituto do Desporto de Portugal, podiam (e deviam) ajudar. Com o esforço conjugado de todos, criava-se uma equipa que ia aproveitar os melhores corredores portugueses de cada uma das actuais equipas e fazia-se aquilo que os portugueses sempre foram bons a fazer... ia-se lá para fora fazer pela vida!
O que ganhavam as outras equipas? Para além do reconhecimento do ciclismo português além fronteiras ganhariam atletas mais motivados para fazerem boas corridas se... se ficasse bem definido que a EQUIPA NACIONAL todos os anos se renovaria. Sei lá, para aí em um terço do plantel, com quem mais se destacasse no calendário doméstico.
Ora, uma equipa ProTour teria sempre, pelo menos 27 corredores, o que quer dizer que, os que ficavam a correr por cá tinham de mostrar serem capazes de ocupar uma das nove vagas para, na temporada seguinte, darem o salto. A renovação/substituição dos nove que sairiam seria espaldada com a garantia de que aqueles, se não abandonassem por motivos de idade, teriam colocação garantida nas equipas caseiras. Um fundo, mas isto já seria matéria para a Associação e Corredores, que se iria acumulando, garantiria um complemento salarial para que, quem estava a ganhar 2 mil ou 2500 euros na equipa ProTour, não passasse, de um ano para o outro, a ganhar apenas os 1000 que as equipas Continentais lhe podem oferecer.


Isto foi o que escrevi na altura. Em simultâneo com a publicação no VeloLuso, a ideia foi publicada, em coluna de Opinião, n’A BOLA, e obteve algumas respostas animadoras. Do dr. Artur Lopes, por exemplo. Significa isto que pode haver vontades. Claro que falta o resto, mas, como já escrevi, uns artigos atrás, só vejo vantagens em termos uma equipa portuguesa a correr as grandes provas; a aparecerem, quase semanalmente, na televisão, nem que seja apenas (e já é bem bom) na EuroSport.

E apontei os exemplos da Euskadi “irremediavelmente” identificada à primeira com uma região de Espanha, o País Basco e até há bem poucos anos só admitia nas suas fileiras corredores bascos. Falei também da holandesa Rabobank. Esta não faz do nome do seu país a bandeira, mas toda a gente sabe à primeira que é holandesa. Como escrevi, por mais que não seja porque, graças ao futebol, toda a gente sabe que os “laranjas” são holandeses. Curiosamente, a Euskadi equipa da mesma cor.

Num rebate de consciência interrompi o escrito para ir confirmar uma coisa. Em 2007 a Euskadi volta a apresentar um plantel totalmente espanhol, se bem que já nem todos os corredores sejam bascos. Se forem ver, acharão logo na oitava linha um corredor… venezuelano. Falta saber se todos sabem quem Unai Etxebarria é filho de bascos emigrantes naquele país sul-americano. Aliás, o nome não engana.
Já a Rabobank se mostra mais... internacional.

Nessa altura esqueci um outro bom exemplo: a Astana. Alguns, mais dados a leituras de jornais ou, simplesmente, mais atentos ao que se passa no Mundo, saberão que o Cazaquistão, agora independente, era a República Soviética de onde saíam e onde aterravam as naves espaciais. Continua a ser a base de foguetões da Rússia, mas agora é um país independente. Mas, confessem, quantas vezes ouviram falar do Cazaquistão antes de Alexander Vinokourov ter aparecido na frente do grupo de nomes mais sonantes do ciclismo actual? E depois disso?

E o próprio governo cazaque resolveu apostar forte numa equipa de topo. Primeiro, tentando segurar a equipa de Manolo Sáiz, perdida, por esta, o patrocínio dos estadunidenses da Liberty; depois assumindo a propriedade da equipa – ainda que a licença desportiva pertença ao suíço Marc Biver – e deu-lhe o nome da nova capital do país, Astana. Uma cidade nova, construída de raiz, no meio do deserto cazaque e, assim como aconteceu com Brasília, no Brasil, a ser desenhada para albergar todos os departamentos governamentais. Logo, a ser também escolhida para sede das maiores empresas, em detrimento da antiga capital Almaty… muito descentralizada geograficamente.

Astana foi – tal como Brasília – erguida mais ou menos no centro geográfico do país. São aquelas empresas quem financiam a equipa, mas o nome que leva é o da capital do país.

O nome da equipa portuguesa não seria fácil de encontrar, ou até seria… acho que sim. Lisboa ou Porto era impossível. Somos muito pequeninos. Mais pequeninos que pequenos, se é que me entendem.
Por isso alvitrei a entrada neste projecto do Instituto do Desporto de Portugal. Garantiria a presença da “marca” Portugal no nome. Claro que não posso querer que o IDP financie, por si uma equipa de Ciclismo… mas uma das grandes empresas estatais poderia fazê-lo, assinando um protocolo do o IDP. E a equipa chamar-se-ia… qualquer coisa-Portugal. O Instituto de Turismo de Portugal também podia ser chamado. E lá teríamos outra oportunidade para podermos usar o nome de Portugal na equipa.

Mas porque razão chamei eu a este assunto a Associação Portuguesa de Equipas Profissionais?
A verdade é que, quando lancei a ideia pela primeira vez, as coisas estavam num patamar em que me parecia mais ou menos fácil de resolver. Mas entretanto mudaram.

Até mesmo o meu “estudo” para a remodelação do quadro de competições para as equipas portuguesas acrescenta dificuldades.
Mas eu sou apenas um adepto que tem uma ideia.
Essas questões terão de ser tratadas pelos directamente envolvidos.

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