O RÍDICULO (FELIZMENTE NÃO MATA)...
MAS DEIXA NÓDOA
Quando esperamos - porque levamos já um bom par de anos de actividade no meio - ter já visto tudo, eis que, de quando em vez, lá surge uma "novidade".
Portugal recebeu, na última semana, um dos maiores momes do ciclismo mundial. Um homem que já soma mais de uma centena de vitórias no seu currículo, que todos querem ter nas suas corridas mas que... só alguns conseguem. E uma organização portuguesa conseguiu trazê-lo ao nosso país.
É um dos melhores na sua especialidade - se é que não é mesmo o melhor - e, só o facto de o termos tido cá já seria motivo mais do que suficiente para que, o menos experimentado, disso fizesse eco. Ainda por cima, o homem ganhou a corrida.
Um dos melhores corredores da actualidade, no pelotão mundial, esteve em Portugal. Participou numa corrida portuguesa e... venceu.
Todos os jornais fizeram disso eco. Com o destaque que a situação merecia. Mas houve um que, raiando o rídiculo, em destaque na sua edição de hoje conseguiu escrever "José Azevedo acabou Volta ao Algarve em 17.º lugar".
Estou à vontade, em relação ao Zé. Sei que ele me compreende, e adivinho que concorda comigo.
À frente do Zé ficaram - falando apenas em corredores de equipas portuguesas - o Tiago Machado (6.º), o Hector Guerra (11.º), o Luís Pinheiro (14.º) e o Pedro Cardoso (15.º). Então... porque raio o destaque foi para o 17.º lugar do Zé?
Quando, pela primeira vez - logo, a única em que isso aconteceu - Alessandro Petacchi, o melhor dos actuais sprinters mundiais, veio a Portugal e... venceu a corrida?
Mesmo para o ridículo terá de haver limites. Basta que haja bom senso.
Imagine-se esta situação - parodiada, mas que poderia ter acontecido -, recuemos 30 anos. Temos o Eddy Merckx a correr em Portugal. Vem, e ganha a corrida, naturalmente. E um jornal resolve destacar o 17.º lugar de um corredor português.
Não conseguem perceber? Ok... outro exemplo... recuemos apenas dois anos. O Lance Armstrong vem a Portugal. Ganha uma corrida. Que jornal iria destacar o 17.º lugar de um corredor (português, é verdade) que nem sequer fora o melhor luso na corrida?
Há situações em que não basta ser sério, também é preciso parece-lo. O que, reconheço, nem se aplica a este caso. Aqui foi, em definitivo e sem que haja desculpas passíveis de ser aceites, uma clara falta de... mais do que do tal bom senso, foi ignorância pura.
É ter o SOL a brilhar bem alto e acender uma lanterninha de bolso para encontrar o seu caminho. Rídiculo. Não é?
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