terça-feira, julho 03, 2007

635.ª etapa


PRIMEIRA VITÓRIA... TOTALMENTE LUSA
FOI DE PAULO FERREIRA, EM 1984

Mas, uma vez que estou com a mão na massa, vamos lá avançar com outra data que marca a História do Ciclismo Português.

Faz amanhã 23 anos – 4 de Julho de 1984 – que aconteceu a PRIMEIRA VITÓRIA DE UM CORREDOR PORTUGUÊS, REPRESENTANDO… UMA EQUIPA PORTUGUESA. A primeira e única. E parece-me muito difícil que Paulo Ferreira veja o seu feito igualado.

Já escrevi esta história meia dúzia de vezes que sei-a de cor.
Tendo decidido pôr fim à longa carreira além fronteiras, e já com a bonita idade de 42 anos, Joaquim Agostinho resolveu regressar a Portugal, mas ainda tinha um sonho: fazer renascer a secção de ciclismo do seu clube de sempre, o Sporting. E conseguiu. Claro que o peso do seu nome, mais meia dúzia de conhecimentos bem colocados junto da organização do Tour, garantiam a participação da equipa na grande corrida francesa.

Entretanto, pelo meio aconteceu o drama. A 30 de Abril de 1984 Agostinho caiu, no final de uma etapa da Volta ao Algarve. Infelizmente, não foi apenas mais uma queda. Esta levou-o à morte, onze dias depois, tempo durante o qual se manteve sempre em coma.

Mas o Sporting, patrocinado pela Raposeira, foi mesmo ao Tour.
Marco Chagas, Manuel Zeferino, Eduardo Correia, José Xavier, Carlos Marta, Bendito Ferreira e Paulo Ferreira (mais três franceses) formavam a equipa e, à 5.ª etapa, a ligação entre Béthune e Cergy Pontoise, longa, de 207 quilómetros e disputada precisamente no dia 4 de Julho acabaria por entrar, como disse, para a História do Ciclismo Português.

Paulo Ferreira, juntamente com os franceses Le Guilloux e Vincent Barteau, arrancaram para uma fuga a quem ninguém deu importância e lograram chegar a Cergy Pontoise isolados. Barteau, com a vantagem que levavam, era já o líder da prova, mas a rivalidade com o seu compatriota fez com que, querendo ambos ganhar a etapa acabassem por descurar a marcação ao jovem português que não se fez rogado.

Atacou, a resposta demorou e Paulo Ferreira ganhou mesmo a tirada (4.49.45 minutos, à média, extraordinária de 42,864 km/h, tendo em conta a extensão da etapa), embora com o mesmo tempo de Barteau. Le Guilloux perdeu um segundo e o pelotão chegou… 17.41 minutos depois.

Consequência: Vincent Barteau vestiu a camisola amarela, Le Guilloux passou a segundo na Geral, a 1.33 minutos, e Paulo Ferreira viu-se num surpreendente e inesperado 3.º posto, a 3.13 minutos do novo líder. O 4.º classificado, Van der Popel, estava 14.22 minutos do português.
Contudo, as grandes dificuldades da prova ainda estavam para vir e Paulo Ferreira acabou por desistir alguns dias depois.
Mas estava escrita História.

Nesse dia 4 de Julho de 1984, um português, correndo por uma equipa portuguesa, ganhou pela primeira vez uma etapa na prova mítica.
Uma semana apenas antes de se completarem dois meses sobre a morte do mentor da equipa. O eterno Joaquim Agostinho. Daí as lágrimas derramadas por Paulo Ferreira, à chegada.

Ainda a 4 de Julho, mas três anos depois (1987), um outro português, corredor já conhecido do pelotão internacional, especialista em clássicas, ganhava também a sua primeira etapa no Tour. Falo, é evidente, de Acácio da Silva, que corria na espanhola KAS. Aconteceu na Alemanha, na etapa (a 3.ª) que ligava Karlsruhe a Estugarda, com 219 quilómetros.

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