terça-feira, julho 10, 2007

646.ª etapa


CLARO QUE FOI UMA DEMONSTRAÇÃO DE PROTESTO. CONTRA TODAS AS HUMILHAÇÕES QUE TÊM QUE... "ENGOLIR"

E pronto! Aconteceu, não aconteceu?
A etapa até começou dentro da normalidade (cerca de 40 km corridos na primeira hora) mas, mal o pelotão entrou em França - por mais que o queiram branquear - é inegável que levantou o pé. A segunda hora foi corida a 30,7 km/hora... a 110 km da meta, a média, relativa ao percurso já cumprido, era de 35,5 km/hora, a chegada aconteceu, mais coisa, menos coisa, uma hora depois do pior horário calculado. A média final foi de 35,8 km/hora e, fazendo fé no que ouvi na EuroSport, a dada altura o pelotão rolava calmamente a... 18 km/hora.

O camisola amarela, qual porta-voz do pelotão, apareceu a dialogar com o director-técnico da prova. Este mostrava-se preocupado. Cancellara sorridente explicava-lhe qualquer coisa que não pudemos ouvir. E acenava para a frente.

Um director-desportivo (escapa-se-me agora quem) disse à reportagem da EuroSport que quando faltassem 60 km para a meta as coisas entrariam na normalidade, reconhecendo que o que estava a acontecer... não era normal.
Mas, ficou implícito, os DD nada podiam fazer. A concertação era entre os corredores.

Foi bonito? Não. Não foi.
Desrespeitou-se o público? Talvez.
Mas os Corredores não têm outra maneira de manifestar a sua posição.

Etapas com mais de 230 quilómetros são inevitáveis? Serão. Mas quem é maltratado, como o foram, no seu colectivo - muito para além dos 195 que estavam em prova - só pode marcar a sua posição assim.

Amanhã, nas crónicas ao correr da pena vão ignorar aquilo que todos pudemos ver.

O pelotão protestou, da única forma que era possível - a alternativa teria sido uma posição de força, se pudesse ter sido garantido que NINGUÉM assinava o infame documento que foram obrigados a assinar - e o protesto aconteceu.

Como era previsível... na primeira etapa que terminou em França.
Amanhã tudo voltará ao normal.
Porque os Corredores ainda são os que mais amam a modalidade que abraçaram.

Até porque são os únicos que sofrem na pele a "coisa" de se ser... Corredor Profissional. Aparentemente, indefesos perante todos os outros agentes da modalidade. Adeptos incluídos.

Uma palavra, ainda assim, para o estoicismo de todos aqueles que aguentaram, firmes, no seu lugar, que o pelotão chegasse.

Ah!... Em relação à chegada, que diriam algumas mentes mais iluminadas se tivesse acontecido na Volta a Portugal?
Reparem... logo a seguir à última barreira...

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