sexta-feira, julho 20, 2007

702.ª etapa


TEM DE SER DENTRO DA FAMÍLIA DO CICLISMO
QUE VAI TER DE SE ENCONTRAR UMA SOLUÇÃO

Voltar a dizer que o Ciclismo estará a viver a sua pior crise de sempre não será mais do que… chover no molhado. De qualquer modo, registo, com alguma esperança, que já são visíveis, mais do que isso, tangíveis, alguns movimentos de boa vontade dispostos a que se juntem esforços na busca da solução que seja mais fácil de aplicar de imediato.

Isto é como – passe a comparação – um grave acidente rodoviário. A primeira prioridade é a de fazer chegar ao local, o mais depressa possível, a ajuda médica e que os médicos tentem estabilizar os acidentados ainda no local. Depois, e sempre dentro do “vermelho” da URGÊNCIA, tratar de os transportar ao hospital mais próximo.

Não se resolve o problema dos implicados no “acidente” – pelo menos se a intenção fôr a de os salvar – com pensos rápidos. E a opção de tentar reduzir o número de feridos, nas estatísticas, deixando-os morrer é inadmissível.

O que é que eu quis dizer com tudo isto?
Que não se resolvem os problemas que o Ciclismo vive com medidas radicais. Sejam elas por defeito ou por excesso. E eu até percebo a estratégia que, ainda que encoberta, vem com o selo das mais altas instâncias ligadas ao… Ciclismo.

Corta-se – no sentido figurado, claro – a cabeça a meia dúzia dos nomes mais sonantes do pelotão e assim controla-se, pelo medo, a esmagadora maioria dos Corredores mais ou menos anónimos. Que, nuns casos não lograram chegar ao estrelato, apesar das carreiras sofridas, e noutros ainda não tiveram tempo para lá chegar.

E cada vez estou mais convencido de que o Ciclismo não conta com mais ninguém a não ser com ele próprio, para tentar arrepiar caminho.

Veja-se o caso Sinkewitz. Que já é assunto discutido no parlamento alemão.
E atente-se como eu tenho razão quando digo que a mão que segura o fósforo, pronto a acender o rastilho, está ao fundo de um braço de alguém muito bem colocado dentro da máquina do próprio Ciclismo.

Como é que, atropelando os regulamentos que regem a modalidade e mais, as Leis de qualquer país civilizado, sai para a Comunicação Social a informação do positivo se, tanto os regulamentos como as Leis gerais consagram a figura do inocente… até que seja provado o contrário? E nestes casos, enquanto a contra-análise não é feita é obrigatório o silêncio. Não é para proteger os “batoteiros”, é um direito de qualquer cidadão. Mesmo que se saiba que em 99% das vezes a Amostra B dá o mesmo resultado que a primeira, mas se existe uma Amostra B e se se faz uma contra-análise… até que o resultado desta não seja conhecida ninguém, fora de um circulo muito estreito, que terá conhecimento do primeiro resultado, tem o direito de “soprar” para a CS seja que informação fôr.
E não me venham com essa de Jornalistas com “faro” para as grandes notícias. Se não houver quem lhas “sopre”… não têm como sabê-las.

Portanto, creio não ser muito difícil saber como é que se sabe, no que respeita ao Ciclismo, de tantos casos de doping. Alguém, de dentro do edifício do próprio Ciclismo atira papelinhos pela janela.

Mas porquê? Perguntarão muitos dos meus leitores…
Apetece-me ser curto e grosso: porque não gostam do Ciclismo.
Mas sei que a verdade não é essa. Mas não! Não (ainda não) vou falar de inconfessáveis trocas de influências. É o bê-á-bá. Dou-te alguma coisa, mas depois tu também tens que me dar.

Portanto, tenho que rectificar o que comecei por dizer. O Ciclismo vai ter que descobrir, dentro da sua própria estrutura, com quem é que conta para que rapidamente se avance com a sua reabilitação.

Porque não conta com todos. Já se viu.

Mas voltemos ao caso do momento.
Os dois canais públicos alemães resolveram cancelar a transmissão do Tour. O parlamento alemão, sem nada mais importante para discutir, também resolveu falar de Ciclismo (melhor… de doping) e a CS avança com notícias do género “a Adidas pondera a continuidade do apoio à T-Mobile”, ou, virandomo-nos para outras latitudes, “a Relax pondera acabar com a equipa de Ciclismo e virar-se para o patrocínio directo da selecção espanhola de futebol”.

Não me parece que seja assim que se pode ajudar o Ciclismo. Como é que se ajuda terminando com as transmissões televisivas?

E isso já levou ao fim uma dúzia bem aviada de corridas porque sem televisão não conseguem patrocinadores.

E, se sem patrocinadores não há corridas, sem corridas como é que subsistem as equipas? Que, aliás, passam pelo mesmo problema que as organizações. Sem corridas televisionadas é muito mais difícil convencer empresas a apostar na modalidade como veículo publicitário.

E se acabam as equipas… que acontece aos Corredores?
Vão para o desemprego.

Então é nisso que tanta gente está tão empenhada
Em ACABAR com o Ciclismo!...

Os que ainda sobram, alheios às manigâncias desta máquina trituradora – que é manobrada de dentro da estrutura do próprio Ciclismo, podem estar certos – como é que podemos unir-nos em defesa da modalidade que escolhemos?

Eu digo.
Não é queimando o “fantoche” – já vão perceber o porquê desta imagem… (que, vão ver, não tem nada de depreciativo) –, não é cortando os fios que o ligam às mãos que o manobram – porque outros fios seriam postos. É decepando as mãos que, do alto, manobram a modalidade a seu belo prazer.

Mesmo que vivam dela.

Porque sabem que o público nunca deixará de aparecer apoiando a modalidade, restituindo-lhe a vida, criando novos heróis…
Por isso, o Ciclismo nunca acabará e quem anda a governar-se à sua custa sabe que a fonte não secará.

1 comentário:

Unknown disse...

Manuel, o ciclismo nunca vai mudar com as pessoas que estão lá dentro agora, convence-te disso...

Alguém acredita que o Rolf Aldag, consumidor confesso dos cockails de EPO, THG, Insulina, andriol, Kenacort e outras porcarias durante mais de uma década, vai liderar a "limpeza" da T-Mobile? E que dizer de Bjarne Riis e um dos seus directores desportivos Kim Andersen, conhecido como um dos maiores "bombeiros" do pelotão, tal a quantidade de vezes que fez apitar a máquina...