terça-feira, julho 03, 2007

637.ª etapa


O TRIUNFO DOS QUE SE VENDEM

Eu já tenho idade para ter juízo e não me envolver nestas discussões… académicas.

Mas custa-me, sinceramente custa-me que, apesar das boas vontades patenteadas, que ninguém lhes nega, que meros observadores (sem nada de perjurativo) se elevem à condição de comentadores e deixem opiniões… desconcertantes.

O pior é que estas mesmas opiniões não se manifestam. São perceptíveis pela omissão de factos. Factos que não são – não podem ser – menosprezados. E aos quais, não dando a importância que, de facto, têm, ficam “colados”.

Já aqui escrevi isto. E não! Não tenho uma resposta, se tivesse, dava-a.

Que raio terá dado a meia dúzia de corredores alemães, mais ao Bjarn Riis, para, doze anos depois virem, em filinha indiana, um após outro, confessar que fizeram aquilo que todos os outros faziam?

Não acredito! Houve quem tivesse corado ao ler isto
Não fazia a mínima ideia de que ainda houvesse “puras virgens” neste meio!
A sério!

Mas, a grande verdade – e, podem crer os meus amigos que, neste campo há mais do que uma verdade – é que quem confessou o fez da forma mais deselegante (para não chamar outra coisa) que pode haver.
E NINGUÉM parece ter dado o mínimo valor a isso…

O Jesus Manzano, aqui há três anos atrás deu uma entrevista de… 30 páginas (!) ao AS.

Foi um autêntico folhetim. Rasgou, de alto abaixo toda a estrutura da então Kelme.
Curiosamente, ninguém lhe prestou atenção.

Mas vamos ao que interessa…

Fê-lo por súbito arrependimento? Fê-lo em consciência? Visando a limpeza do Ciclismo?
Vá lá… “open your eyes”.
Fê-lo pelo que o AS lhe pagou.
E foi muito.
Mais do que valia o seu contrato até final com a referida Kelme.
Mais a garantia de protecção pessoal. Para si e para a sua família.

Agora surge o Jörg Jaksche, também ele… atenção… olhem bem… A TROCO DE UMA CHORUDA QUANTIA, a confessar que se dopou desde pequenino.
100.000 €, foi o que, sem hesitações, outros atiraram para a Imprensa.

Dizendo o que eu… todos vocês, diriam: por 100 mil euros, eu conto até a história da minha trisavó ter sido artista de “vaudeville”
Pelo amor de deus - digo eu que sou agnóstico -, se não tivesse recebido os tais 100 mil euros, será que o Jaksche tinha falado?

E NINGUÉM se chocou com isto.
NINGUÉM aparece a pôr em causa declarações… pagas!
Está dito, está dito…
Se alguém quiser contrapor alguma coisa a estas declarações… se não lhes pagam porque não se VENDE… que paguem para que se publiquem.
Desculpem! É a ideia com que fico.

É tão insana a vossa propensão para o ilícito, que ignoram liminarmente as circunstâncias em que esses ilícitos aparecem em público.
Não vos interessa!
Não querem saber…

O que interessa é que MAIS um corredor “confessou” que se dopava.
Hellás!
E eu, doido, enquanto adepto do Ciclismo, procuro uma ponta da meada onde possa agarrar…

Será nas declarações de quem se vendeu por 100 mil euros?
E porque é que acreditam num vendido… e não em quem sustenta que nunca se dopou?
Claro!
Porque qualquer um de vocês, por 100 mil euros também estaria disposto a contar uma estória.
Mesmo que ela fosse verdade.

É nojo o que eu sinto.


(Já sei que, mesmo não manifestadas, vai haver opiniões diametralmente opostas à minha. Mas a questão aqui é só uma... ser "bufo" já é mau, mas que chamar a quem cobra 100 mil euros para contar uma estória? E, se o homem nunca foi apanhado... estará a falar verdade? O que é mesmo dramático... vocês acreditam nele? Então mudem para o ping-pong. Não há lugar para vocês neste ciclismo onde, mesmo passando incólume em dezenas de controlos, ainda assim se é suspeito e onde se acredita em tudo o que qualquer um, a troco de um cheque gorducho, diz. Não me questionem onde é que estará a verdade. Perguntem-se a vocês mesmos!)

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