quinta-feira, março 15, 2007

447.ª etapa


B... DE BENITEZ, B... DE BENFICA

E à terceira corrida, logo na etapa inaugural, o novo Benfica chegou à vitória. Javier Benitez – que, se não estou errado, tem o seu currículo de vitórias totalmente preenchido em solo luso –, o sprinter que Orlando Rodrigues escolheu, depois de ter andado um pouco eclipsado na Volta ao Algarve – onde, é preciso reconhecê-lo, esteve um lote de grandes finalizadores que dificilmente se repetirá – e de, na Volta à Comunidade Valenciana (correndo em casa) já, então sim, se ter mostrado, venceu hoje a primeira ronda da II Volta ao Distrito de Santarém, com chegada a Torres Novas.

Segui a etapa como pude, através do filme no sítio internet da corrida.

Foi, aliás tal como aconteceu o ano passado, uma das maiores, em quilómetros, etapas a que o pelotão nacional é obrigado e, tal como acontece em quase 98% das vezes, houve estrada e tempo suficiente para que se autorizasse uma fuga que chegou a raiar o quarto de hora de avanço, mas isto já não é novidade. Nem isso, nem a facilidade com que, depois, e havendo interesses conjugados no grande grupo, este acabe por pôr fim à aventura dos descendentes dos velhos gloriosos malucos das fugas impossíveis.

É claro que, sabendo-se, à nascença, que a fuga só acontece devido à permissão do pelotão, se perde alguma emotividade. Por outro lado, mostra a forma como cresceu, em termos tácticos, o ciclismo português. O velho toca-e-foge de há de 15 anos para trás já é história. Por mais diferentes que sejam as ambições das equipas, já se contabiliza como ganho o conseguir acertar na fuga certa – malgrado o esforço ter o seu quê de inglório, uma vez que nem há televisão para potenciar a publicidade nas camisolas – e, concretizada aquela, rola-se apenas (atenção que isto não é depreciativo, é assim o ciclismo moderno) com o intuito de poupar o mais possível o desgaste daqueles que, amanhã, talvez… ou no domingo, tentarão ser eles a acertarem na tal fuga do dia.

Entretanto, as equipas com pretensões, normalmente aquelas que têm nos seus quadros os melhores – nem que seja apenas na teoria – finalizadores, não regateiam, no início da programada recuperação, unir esforços, imprimindo à corrida uma velocidade a que os desgastados homens na fuga jamais poderão corresponder.
Depois, mas isso também vem nos livros, há uma certa desmobilização por parte das formações que só queriam mesmo era que a fuga fosse anulada, sobrando para as mais credenciadas as despesas finais.

É quando a parada em jogo sobe mais alto.

Assume-se, sem tremideiras, que se quer – ou que se pode – mesmo ganhar a etapa e isso acarreta a responsabilidade de não levantar o pé… correndo o risco de levar o inimigo à boleia. É o que fazem sempre as grandes equipas dos grandes finalizadores.

Para além do tal filme da etapa, já pude, também, ver as fotos disponibilizadas pela organização da corrida. E a leitura dos últimos quilómetros fica facilitada. Foi o Benfica que chamou a si as despesas nessa altura da corrida.

É preciso muita confiança no seu finalizador e… porque não?, alguma também. Jogou, arriscou o Orlando Rodrigues e Javier Benitez não o deixou ficar mal.

À terceira corrida, logo na etapa de abertura, o novo Benfica chegou à vitória.

Amanhã a história da etapa, adivinho-o, não será muito diferente. Esta corrida, porque tem um contra-relógio – recordo que já aqui defendi que, prova sim-prova não, deveriam os organizadores serem obrigados a incluir esta especialidade, mormente em corridas nas quais a montanha não pode fazer a diferença – deve ficar resolvida no sábado mas os encarnados não quererão deixar de fazer vincar a sua qualidade de única equipa lusa no escalão Continental Profissional.
No crono, Benitez não terá hipóteses e, malgrado conte nas suas fileiras com o campeão nacional em título, no que ao contra-relógio diz respeito, o Benfica não poderá contar com Hélder Miranda (mais de 16 minutos de atraso) para o relevo, em relação ao sprinter valenciano, mas tem… José Azevedo.

De qualquer dos modos, o que interessa é que, só amanhã é que se poderá começar a especular. A corrida está totalmente aberta – o que, com apenas uma etapa disputada não é sequer merecedor de destaque especial – e então, sim, poder-se-ão arriscar prognósticos.

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