sexta-feira, março 09, 2007

443.ª etapa


DECEPCIONANTE FALTA DE VISÃO EMPRESARIAL

Já aqui o revelei, sou assinante da única publicação semanal de ciclismo na Península Ibérica, o valenciano “Meta2Mil”. E olho para este jornal tentando, sempre, perceber como é possível que, com tanta gente a investir no ciclismo, em Portugal, não é mesmo nada fácil, no nosso país, fazer parir uma publicação regular sobre o desporto velocipédico.

Eu sei qual é a resposta: Falta de visão. De visão empresarial.

Os patrocinadores, que investem, já de forma significativa, no apoio às equipas, ainda não perceberam que, sem uma publicação especializada… não, não vou dizer (até porque em consciência o não poderia) que estão a deitar dinheiro à rua.

Mas digo, com todas as letrinhas, que não estão a mexer uma palha de forma a tentarem rentibilizar o primeiro investimento. Que, no que respeita ao segundo – o apoio concreto, em numerário, sim, mas em troca de publicidade garantida – seria uma pequena gota de água no total que gastam com uma equipa.

Sujeitam-se, aparentemente sem se preocuparem, aos resultados da equipa que patrocinam e à lotaria dos espaços que a Imprensa lhes dedica. Que é pouco.
Sei eu e deveriam saber, não digo os patrões, que terão outros problemas de maior envergadura a resolver, mas os responsáveis pelo investimento em publicidade e, até, por quem lhes pede dinheiro para pôr na estrada uma equipa.

E o que é que a Meta2Mil tem a ver com isto? Não sabe quem a não lê.

A edição desta semana, com as habituais 40 páginas (mancha de 28,5cm x 25 cm x 40 = 28,5 metros quadrados de espaço) usa, em publicidade, 15% do espaço publicitando 50 (cinquenta!) marcas e/ou eventos ligados directamente à prática do ciclismo.

O jornal não diz qual a tiragem… mas, e pelo conhecimento que tenho – encontro-o à venda pelos 4 cantos de Espanha – arriscaria, por baixo, entre os 70 e 100 mil exemplares/semana. O que dará à volta dos 300 mil leitores/semanas. Qualquer aprendiz de marketing perceberá o quanto é importante investir em publicidade no ramo das bicicletas e numa publicação deste género.

Em Portugal, pese embora sejam cada vez mais as equipas que – mais vale tarde do que nunca – já apostam na divulgação da imagem e comunicação ligada à equipa, por exemplo através de gabinetes próprios que usam, sobretudo a Internet - continuam a rechassar toda e qualquer proposta que vise um pequeno acréscimo ao investimento, fazendo, por exemplo, publicidade numa revista da especialidade. Que, garantidamente, publicitaria a sua marca, independentemente dos resultados desportivos.

Tenho vindo a escrever – e os leitores mais assíduos sabem-no – que é triste que metade das equipas do pelotão nacional joguem a época numa única corrida. Os seus sponsors, levados ou não por promessas que deveriam ser capazes de pesar, no contexto do ciclismo nacional, aceitam investir 300, 400, 700 mil, um milhão de euros “acreditando” que, só por si, os resultados desportivos chegarão para compensarem, em retorno publicitário, esse investimento.

Aonde? Nos jornais que, salvo raras e honrosas excepções, dão os primeiros dez em cada etapa? Na rádio, que só fala nos vencedores e que corrida, corrida mesmo, só fazem a Volta? Na televisão que segue a mesma regra?

É um tema que não esgoto neste artigo. E mais um que deixo à discussão dos meus queridos leitores, muitos deles suficientemente avalizados para se pronunciarem sobre esta temática.

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