sábado, abril 19, 2008

II - Etapa 34

CALEIDOSCÓPIO

1. Num inquérito levado a cabo pela Associação Internacional de Corredores Profissionais (ACP) junto dos seus associados, feito no início deste ano, metade dos inquiridos revelou-se a favor do uso do pinganillo [prometo que a partir de agora passo a usar o termo português, auricular... mas eu gosto de pinganillo, que querem?], enquanto a outra metade concorda que, sem essa umbilical ligação ao carro de apoio, as corridas poderiam ser mais abertas.

A ACP divulgou este resultado como forma de sublinhar que não pretende intrometer-se nesta discussão. Recordo que a UCI já interditou o uso do ping... do auricular nos sub-23 e não está posta de lado a hipótese de acabar de vez com a ligação-rádio entre os carros de apoio e o pelotão. (Aposto que já há quem esteja a inventar uma forma de contornar isto, no caso de vir a ser concretizado).

2. A meio desta semana a Selecção Nacional de sub-23 participou na terceira prova a contar para a Taça das Nações. O que terá sido uma enorme surpresa para todos aqueles que despudoradamente escreveram, aquando do GP Portugal, que o Vítor Rodrigues tinha ganho a Taça das Nações. Ainda não perceberam que esta é composta por um conjunto de várias corridas e... burros velhos não aprendem línguas.

Mas recomecemos, a meio desta semana a Selecção de Portugal de sub-23 participou no GP Côte Picarde (França), uma corrida de um dia a contar para a tal Taça das Nações e o Vítor Rodrigues, ao terminar na 5.ª posição, recuperou para Portugal o primeiro lugar que perdêramos por não termos participado na 2.ª prova da Taça, a Volta à Flandres.

Aqui, provavelmente convirá dizer que nenhum corredor vai ganhar, ou já ganhou a Taça das Nações que - como o nome indica e bastaria não se ter uma relação com a língua portuguesa, mais ou menos como a de padrasto para enteado - é uma prova para selecções.

Aliás, e creio que a maioria dos adeptos não sabe disto, basta procurar o regulamento da prova (nos sítios habituais) para se ficar a saber que não importa que de corrida para corrida um país mude completamente a equipa, uma vez que, o que conta, são os pontos acumulados pela Selecção desse país. Já agora, acrescento que hoje se corre a quarta prova a contar para a Taça das Nações, o ZLM Tour, na Holanda.

Mas onde eu queria chegar era aqui. Há tanta gente a acusar a Federação Portuguesa de Ciclismo de inércia e, quando esta se empenha - e a fundo - numa prova que vai ganhando o seu lugar no calendário, ao mesmo tempo que sobe de prestígio... esse esforço é praticamente ignorado. Vá lá ser-se prior numa freguesia destas!...

3. Disputa-se amanhã mais uma edição da Clássica da Primavera, uma organização do Centro Desportivo de Navais (Póvoa de Varzim), com a colaboração da Associação de Ciclismo do Porto e de Manuel Zeferino, o único poveiro que venceu cinco voltas a Portugal, uma enquanto corredor, e mais quatro como DD. Não tenho a certeza - faltam-me as informações (o meu telefone continua o mesmo de sempre!) - mas creio não estar enganado se disser que, tal como aconteceu o ano passado, a corrida - que já vai na sua 14.ª edição e é a Clássica mais antiga do país (Porto-Lisboa àparte) - levará como sobrenome Troféu José Zeferino, em homenagem a este Corredor falecido nos anos oitenta do século passado no decurso de uma etapa da Volta ao Algarve. Se bem que o trágico acidente tenha ocorrido em Castro Verde, no Baixo Alentejo. Daqui um abraço para o Manel Zeferino.

4. Achei curiosa a interpretação que o Carlos Flórido faz (no Jornal Ciclismo) das encriptadas declarações do Orlando Rodrigues durante a última Volta ao Alentejo, declarações às quais eu já aqui me referira. Sinceramente, eu apenas consegui ler nelas a falta de colaboração entre as turmas lusas que preferem deixar chegar uma fuga e que um corredor de uma equipa estrangeira ganhe uma etapa, a unir esforços para a anular e depois... que ganhe quem tiver mais forças.

5. A Volta a Portugal do Futuro termina este ano em Oliveira do Bairro, a 27 de Julho. Em 2009, a mesma prova volta a ter o seu final nesta cidade bairradina que acolherá também uma partida de etapa da Volta a Portugal, tal como aconteceu o ano passado.

2 comentários:

Paulo Sousa disse...

Madeira,

No início deste teu texto referes-te á CPA como ACP (abreviatura do nome traduzido para Português) contudo e salvo melhor opinião não lhe deverias trocar a nome (sigla) até para não correr o risco de a desvirtuar e ser confundida com outra entidade (normalmente em Portugal no meio ciclistico ACP está ligado á Associação de Ciclismo o Porto), mas muitos serão os teus leitores menos atentos que irão confundir com o Automóvel Clube de Portugal.

Um abraço

mzmadeira disse...

Se calhar tens razão Paulo, embora eu seja defensor de que devemos escrever em português o que pode ser escrito em português.

Mas emendo aqui - e espero que quem leia o artigo principal também tenha a curiosidade de vir ver os comentários.

ACP é, de facto, o aportuguesemento da cigla original que é, como o Paulo diz CPA - Cyclistes Profissionels Associés. Assim, em francês.