CICLISMO NO FEMININO
A Selecção Nacional Feminina participou no passado Domingo no V Prémio Cidade de Sevilha, primeira prova pontuável para a Taça de Espanha.
Perante uma corrida com uma quilometragem bastante elevada para aquilo que é hábito nas provas portuguesas e perante adversárias de valor internacional, as atletas nacionais deram uma grande demonstração de empenhamento e de espírito de sacrifício, tudo fazendo para terminar a corrida no melhor lugar possível.
O resultado mais vistoso acaba por ser o de Rosa Moreira, que conseguiu a nona posição no escalão júnior, uma corrida em que participaram 25 ciclistas.
Entretanto, e como estou a falar de Ciclismo Feminino, posso acrescentar que a Cláudia Vitorino, nome dos primeiros, no início deste milénio, agora, com o seu Curso Superior terminado e com muito menos tempo para dedicar-se à competição, ainda assim não abandonou a modalidade e está a estrear-se como directora-desportiva, dando uma mãozinha na Bicicastro tendo, inclusivé, dirigido já a equipa em duas provas, uma em Castro Marim (Algarve), outra na vila alentejana de Avis.
Em relação à Cláudia - porque não tive nunca oportunidade de acompanhar a carreira da Ana Barros - tenho que dizer que foi a mais completa corredora portuguesa que eu tive oportunidade de acompanhar. E, para sempre, me ficará na memória aquele fim de tarde pré-verão, em Cantanhede quando, numa manobra muito pouco desportiva, lhe roubaram a possibilidade de ser consagrada como campeã Nacional de estrada.
E jamais me esquecerei, nem do nervosismo mal disfarçado, quando cortou a meta largos minutos à frente da segunda classificada, nem como, muito adultamente, depois de saber que, pelos regulamentos, não podia ser declarada campeã, olhando-me olhos nos olhos, sem um mínimo de tremuras me disse: «Não sou campeã Nacional, mas logo à noite vou dormir de consciência tranquila. O mesmo, tenho a certeza, não vai acontecer com ela.»
«Ela», era a corredora que, misteriosamente, "desaparecera" na parte final da corrida quando seguia na segunda posição. Como o título só podia ser dado se terminassem a prova, pelo menos, cinco atletas e como só havia cinco em prova, com o "desaparecimento" dessa tal atleta, não foi possível, pelos regulamentos, entregar o título ganho sem margens para dúvidas pela Cláudia.
Mais tarde, e tendo em conta o misterioso "desaparecimento" dessa outra atleta - cujo nome sei, mas omito propositadamente - a Federação Portuguesa de Ciclismo decidiu dar mesmo o título à Cláudia. Numa cerimónia quase às escondidas.
Pelo menos uma coisa lhe foi sonegada, o poder ter sido vitoriada pela multidão de espectadores que seguiram esses Nacionais, em Cantanhede.
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