quarta-feira, abril 09, 2008

II - Etapa 21

"... ALENTEJO DA MINH'ALMA
TÃO LONGE ME VAIS FICANDO"

Começa hoje a 26.ª edição da Volta ao Alentejo em bicicleta. A Alentejana, para todos os efeitos.

Estreei-me no pelotão da Comunicação Social que a acompanha em 1995. Há 13 anos, portanto. Nos últimos dois, por motivos de saúde, tive que ceder o meu lugar. Em 2006, e por causa dos tratamentos a que tinha de me sujeitar, não me foi possível aparecer, mas o ano passado - perdoai-me senhores da Segurança Social - ainda dei um saltinho lá abaixo nos dois últimos dias. Quero dizer que, nos últimos 13 anos vai ser a segunda vez que falho a corrida da minha terra, das minhas gentes...

Estas coisas não se explicam, porque não têm explicação. Há, e eu sou disso sabedor, quem vá ao ciclismo, na qualidade de Jornalista, apenas por obrigação. É somente mais um serviço.

Para mim nunca o foi, muito menos a corrida que me proporcionava regressar aos meus campos ondulados, ora verdes, se o Inverno tivesse sido generoso, ora numa meia cor de amarelo e castanho, se a chuva não tivesse embebido, nas quantidades desejadas, aquele campos de barro.

Imigrante forçado, a verdade é que só voltava regularmente ao meu Alentejo aquando da Alentejana. Por agora estou impedido de o fazer.
Só agora?
É coisa para durar?

Perguntem-me e eu responderei que dava tudo para estar aí convosco, companheiros que vão vazer a cobertura de uma prova que já foi singular, que tem vindo a perder terreno mas que, espero, consiga rapidamente, num golpe de rins à guarda-redes, recuperar todo o seu carisma.

Sei de uma estória de alguém que, em nome pessoal, escreveu à Organização impondo condições para estar presente... Botarei a boca no trombone à menor condição proporcionada. Por agora, só querio que saibam que eu sei.

Mas vamos ao que interessa.
A Alentejana sai hoje de Ferreira do Alentejo, onde eu vivi entre os sete e os dez anos de idade. Ai, tanto que gostaria de lá voltar!...

Mas não vale a pena chuver no molhado. Neste momento não posso estar, tenho se saber lidar com isso. Sejamos, pois, mais pragmáticos.

A Volta ao Alentejo atravessa - e não há ainda uma semana que pude trocar impressões com um elemento da Organização - uma fase menos boa.
É verdade que foi a primeira corrida portuguesa a atingir um nível tal, em termos de participações, que depois seria difícil de igualar... O risco era concreto.

Falo da presença de Miguel Indurain, em 1996.
Momento só equiparável à presença de Lance Armstrong, alguns anos mais tarde, na Volta ao Algarve.

Fico feliz pelo Rogério Teixeira, mas deixem-me puxar a brasa à minha sardinha... em 96, Don Miguelón não só ganhou duas etapas como foi o vencedor final da Alentejana.

Na Semana Algarvia, Lance Armstrong limitou-se a ganhar um contra-relógio. Sabem que tudo isto é relativo e que não é minha intensão minorar a presença do texano no Algarve. Mas, como referi há umas linhas atrás, deixem-me - nem que seja por facciosismo - sublinhar que o Indurain ganhou a Alentejana.

O pelotão que hoje se lança à estrada, em Ferreira, estrá a anos-luz de outros que já correram a prova. Aitor Garmendia, Chechu Rubiera, Melchor Mauri, também Marco Chagas, Manuel Zeferino, Joaquim Gomes, Fernando Carvalho ou Claus Möller, têm o seu nome na lista dos vencedorers da Alentejana que preserva uma singulariedade: em 25 edições, teve... 25 vencedores diferentes.

Parece que este ano a organização se candidata a um lugar no Guinnes Book of Records porque, tanto quanto se saiba, não há mais nenhuma corrida no Mundo que não tenha tido alguém que ganhasse, pelo menos, duas vezes.

Voltando um pouco atrás, este ano não vou poder estar.
Acredito, no entanto, que a ausência é temporária.
Porque tenho que acreditar, porque preciso acreditar...
Quero voltar...

E quando algumas coisas forem devidamente esclarecidas... não duvido que hei-de voltar.
Ninguém consegue enganhar toda a gente por muito tempo.

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