EQUIPAS profissionais PORTUGUESAS
I
Desde há muitos meses que já nada me faz rir e cada vez são
menos as coisas que me podem arrancar um sorriso. A etapa de Hoje da Volta, a ‘fatalmente’
raínha, a subida à Torre, conseguiu-o.
NADA, ABSOLUTAMENTE N.A.D.A., em relação ao esforço dos
atletas, afinal de contas os únicos que, genuinamente se empregam a fundo,
chegando quase ao ponto de não terem nem mais uma gota de suor para derramar.
NADA, ABSOLUTAMENTE N.A.D.A, em relação à Organização e o
Quim Gomes tem vindo a desenhar Corridas, teoricamente irrepreensíveis [tenho
uma sugestão a fazer: e SUBIR por SEIA - aquela subida não nos dá nada de novo - PASSANDO AO LADO DOS 800 METROS PARA A TORRE- ; descer para MANTEIGAS, dar a volta para a COVILHÃ e, aí sim, SUBIR ÀS PENHAS DA SAÚDE (ou à Torre)?, fica a sugestão ], mas que depois
redundam, não digo em fracasso, não seria verdade e estaria a ser injustamente…
injusto para com o Joaquim, mas num bocejo para quem as vê.
II

Só pude ver a transmissão a partir das 15 horas e qualquer
coisa, já se subiam as Penhas Douradas!
Na frente, e como sempre escrevo de memória, não estive a
tirar notas nem fui ainda ver o Correio, para ter acesso ao ‘filme da etapa’ –
desculpem-me, vou abrir um outro parêntesis: OBRIGADO À PODI[1]M, na pessoa do
Joaquim Gomes e na dos seus colaboradores, que nunca deixaram de me enviar toda
a informação que sempre me enviavam, ao contrário de, apenas, TODOS OS OUTROS
ORGANIZADORES, da Volta ao Alentejo à Volta ao Algarve, passando pelo Troféu
Joaquim Agostinho que, pura e simplesmente já me ‘enterraram’! E de todas estas,
a VOLTA A PORTUGAL é a única que não me
deve favores!!!! – mas em frente!
Retomemos então o fio à meada… a partir do momento em que eu
comecei a ver a corrida.
Já havia uma GRANDE NOVIDADE! O 2.º na Geral, Luís León Sánchez
ficara ‘a pé’ na subida da Covilhã para as Penhas da Saúde! Na sua reconhecida
bonomia, o Marco Chagas “explicava» que esta etapa não era para ele e que a
encarara como mero treino para a Vuelta.
Com o devido respeito, Marco, se o Sánchez não é capaz de
subir a Estrela… irá fazer o quê à Vuelta? Há é evidente, e peço desculpa ao
Marco que trabalha em directo e tendo de haver-se com diversas informações ao
mesmo tempo… não pode processá-las a todas em tempo útil, uma outra explicação.
Sem pernas, ou sem pretensões – mas foi a equipa dele a
maior derrotada da jornada – APENAS SE RESGUARDOU para o contra-relógio de
Oleiros. Mais vale uma vitória, mesmo apenas numa etapa, no Currículo, do que ‘esfrangalhar’
os músculos onde sabia não ia ter hipóteses. Mas o adepto, leitor de jornais ou
espectador da televisão merece ser disso informado!
O Sánchez VAI vencer o ‘crono’ de sábado – e aqui meto outro
parentisis: porque é que o Délio Fernandez foi mandado parar? Isto era giro se
pudesse ser uma conversa interactiva… Porque ‘corria o risco’ de ficar de
amarelo (o que em nada beliscava o objectivo do Gustavo Veloso mas que o
impediria de ser… o último a partir para o contra-relógio tendo a possibilidade
de ter a referência de TODOS os outros, companheiros ou não!) – ‘salva’ a sua
participação na Volta e lá vai, feliz e contente para a Vuelta onde… vamos ver
onde chega!
III
Mas vamos então, e finalmente, respeitar o título desta ‘crónica’!
Quando comecei a ver a emissão da RTP, e na frente do grupo
do Camisola Amarela – que isso de pelotão já era! – seguiam três homens do
Boavista, estranhei que o Marco Chagas não dissesse o que eu estava a pensar.
Mas quem sabe, e o Marco sabe muito mais do que eu!
Lembrei-me de, pelo menos, duas situações semelhantes que
tive oportunidade de seguir no local, ao vivo, na Vuelta a Espanha. Uma delas
naquela que ainda considero ter sido a melhor etapa, em termos tácticos a que
tive o privilégio de assistir. Foi em 2005. A saída foi de Cangas de Onis e a
chegada ao Alto de Pajares, ali na ‘fronteira’ entre as Astúrias e Castilla y
Léon. Com menos de um terço da etapa
percorrida a ‘Liberty Seguros’, de Manolo Saiz, tinha seis (6) homens numa fuga
num dia infernal, com temperatura a raiar os zero graus, nevoeiro e uma chuva
que magoava quando batia. Sei porque não podendo fumar na Sala de Imprensa
tinha que vir à rua e as protecções eram mínimas. «Que está este gajo a fazer?-
perguntei-me».
O seu líder, Roberto Heras ficara no pelotão com apenas 4
homens. A Corrida estava longe de estar decidida. Até Oviedo o tempo estava
bom, mas mal se iniciou a subida da Cordilheira Cantábrica, adivinhava-se o
pior.
E foi aí que eu vi – esqueçamos todos os outros defeitos do
homem – que estava a aprender com o Melhor táctico do pelotão, naquela altura.
Os da frente – muito mais à frente – cedo (muito mais cedo)
começaram a sofrer as agruras do temporal [não sei se em Portugal os DD’s olham
para as informações atmosféricas, francamente não sei], pelo que os
perseguidores, aproveitando as melhores condições que tinham, rapidamente se
aproximaram. E chegámos àquela zona – para quem conhece – em que o Anglirú nos
fica à direita, mas a estrada sobe. Violentamente!
E os homens que tinham ficado com Heras impuseram um ritmo
tal que dinamitaram o grupo que com eles seguia. E foram, um a um, ficando
também… até apanharem o rabo da fuga! E como ainda hoje o Alex Marque disse,
até ao rabo… é toiro!
Só que Heras tinha seis (6) companheiros de equipa na frente
onde não iriam mais de 25/30 homens. E, à vez, dando o que tinham e não tinham,
esfrangalharam por sua vez aquele grupo. E levaram Roberto Heras à vitória,
isolado, no Alto de Pajares e à Camisola Dourada!
Não sou a favor da batota, mas ainda hoje, quase dez anos
passados, acho que Heras cometeu o pior erro da sua vida! Líder sem opositor,
no contra-relógio que terminou em Alcalá de Henares (terra natal de Miguel de
Cervantes, o autor de Don Quijote de La Mancha). Um crono individual, mesmo
ficando em segundo lugar fez o mesmo tempo de Rubén Plaza (que representou o
Benfica), um especialista em cronos e que pesava duas vezes mais do que ele…. A
asneira já vinha de trás pois, como Líder da corrida iria sempre ao controlo
anti-doping, mas o heras, de 58 quilos, num percurso plano, com vento lateral
quase sempre, fazer o mesmo tempo que Plaza…
Acabaria por perder a Vuelta para o russo Menchov que,
provavelmente, foi apenas mais esperto do que ele!
Perdoem-me – e já não acredito que muitos continuem a ler
isto – quando vi três homens do Boavista na fuga lembrei-me desta etapa!
Finalmente o prof. José Santos ia dar-nos uma prova do
quanto percebe de Ciclismo…
Aguentava aqueles três homens lá na frente, sacrificava um
ou dois cá atrás para, sem problemas levarem até lá o Rui Sousa e depois, embora
dependesse da leitura/resposta do técnico da OFM – que o ano passado era apenas
mais um corredor da equipa – tinha três ‘locomotivas’ a servirem o Rui – apesar
do desgaste – e, pelo menos, punha à prova a OFM!
Qual quê? A grande ‘estratégia’ era a de ENTREGAR AO RUI
SOUSA TODA A RESPONSABILIDADE NA SUBIDA! Exactamente o mesmíssimo erro que
Carlos Pereira cometera o ano passado! E o RUI ficou entregue a si próprio!
O prof. é o exemplo chapado do ‘chavão’: «não tem 30 anos de
experiência, tem um ano de experiência repetido 30 vezes»… e não me façam
recordar aquele velho careca, francês, que era meio empresário-meio ‘director-adjunto’
(foi-o, em vários corridas em França) e que foi condenado no processo
Festina/1998, espaço em que o Boavista venceu duas Voltas a Portugal!
O Carlos Pereira, já o ano passado o escrevi e volto a
fazê-lo – aliás, já tive oportunidade de comentar isso com o David Blanco – foi
sempre um aguadeiro e o facto de passar para o volante do carro de apoio não
mudou nada. Não faz a mínima ideia de como planear uma corrida! Já anunciou o
seu afastamento. Um grande abraço e não volte mais!
É que é incapaz de ‘ler’ uma Corrida! Manda sair, ou deixa
sair um qualquer. Porque é que o Ricardo Mestre hoje não teve a mínima ajuda, e
porque é que, depois, vê um companheiro de equipa terminar claramente à sua frente?
Quem MANDA NA EQUIPA?
Apesar de tudo, a LA, o Louletano e o Tavira não desiludiram
tanto porque… não prometeram tanto!
OK, a LA fartou-se de andar na frente do pelotão! O
Louletano ofereceu-nos a surpresa (não sei, se calhar só para mim…) do Sandro
Pinto…
… volto atrás para prestar a minha sincera homenagem ao
António Carvalho, sim, da LA, e aposto que ele não vai ficar-se por aqui… assim
o desejo!
Agora, o que acho que tenho que escrever é que…
… como é que podemos ter equipas decentes, SE NÃO TEMOS
DIRECTORES-DESPORTIVOS QUE PERCEBAM PEVA DISTO???!!!
IV
O nosso Ciclismo vai mal. Onde está a novidade?
O Cronista-Mor da FPC arriscou um «Hoje Corro Eu» de
véspera!
Não teve resposta!Se há – e há - contratos ‘fantasmas’ entre equipas e Corredores, a culpa é… da FPC!
Se há – e há – provas que são inscritas no Calendário Nacional de depois não se realizam… e no ano seguinte volta a reservar a data e… não se realizam.. a culpa é da FPC!
Se há – e há – ordenados em atraso… a culpa é da FPC!
E o dito cronista escreve mesmo, cito: «Um dos organizadores faz questão de nos últimos anos reservar datas para o mês de Julho …/…chegada a hora …/… a corrida não vai para a estrada», de quem é a culpa? Da FPC!
Se tem provas… queremos NOMES!
Mais grave ainda…Volto a citar: «… além dos que não cumprem as suas obrigações quando organizam uma importante corrida que regista dívidas acumuladas em largos milhares de euros, que parece não causar grandes preocupações.»
Quem é a entidade máxima que regula o Ciclismo em Portugal? A
FPC, logo de quem é a culpa? Da FPC!!!
Como a Federação Portuguesa de Ciclismo é alvo único de
todas estas irregularidades; como o cronista, aparentemente TEM A CERTEZA DO
QUE ESTÁ A DIZER…
ESTAMOS À ESPERA DE QUÊ? ESTÃO À ESPERA DE QUÊ?
V
Em Viseu houve uma espécie de Congresso/Colóquio do qual, e em todos os OCS a que ainda posso aceder sobressaiu uma frase: «A Cultura do Ídolo pode desenvolver a modalidade»!
Mas quem é que acha que ‘descobriu’ o quê?
Como é que o nosso Atletismo deu um salto (já morto,
infelizmente) há 25/30 anos atrás?
Não foram as vitórias de Carlos Lopes, de Rosa Mota, mais
tarde de Fernanda Ribeiro, de Susana Feitor (e peço desculpa aos não
mencionados)?

Não sei quem a proferiu, sei que foi título em mais do que
um OCS mas ‘A Cultura do Ídolo pode desenvolver a modalidade’, soa-me
EXACTAMENTE COMO… «com água pode fazer-se sopa»!
De qualquer forma, parabéns para que a proferiu e para quem
a transcreveu.Foi depois do almoço, não foi?
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