sexta-feira, março 27, 2015

SERÁ MALDIÇÃO? EMBORA NÃO ACREDITE NO SOBRENATURAL...

NUNCA TIVE MEDO DA MORTE

Desde que fiquei homenzinho o suficiente para compreender a vida, que a primeira coisa que aprendi foi a de tudo poderia acontecer-me ao longo da minha vida, mas só uma coisa estava garantida: A MORTE. Mas isso não me amedrontou!

Andei, já como Jornalista e em reportagem (e ainda não havia a obrigatoriedade de usar coletes de salvação, que estavam à mão, mas não vestíamos - e ninguém me perguntou se sabia nadar, o que de, facto, não sei -) de barco, no alto mar, e o barquinho - não era tão pequeno assim, era um barco de pesca com uns bons 20 metros... - adornava tanto que, se na altura me apetecesse, ou fosse mais criança, até podia chapinhar com as mãos as águas do Oceano quando o barco adornava para o meu lado. Ia no convéns, claro. 

Não quero abusar, mas já aqui deixei escrito que vim do nada... Comecei do nada. Trabalhei dez anos num estaleiro naval, comecei a lavar retretes, passei a servente de pedreiro, passei para ajudante de caldeireiro [vejam na wikipédia], até chegara a soldador, porque tinha de pagar os estudos de forma a não ter de vestir um fato-de-macaco todos os dias... até ao fim dos meus dias.

Trabalhei em vários cascos de navio pendurado, a 90 metros do chão, sentado numa tábua que alguém tinha posto lá para mim. Medo de caír e morrer? Nunca tive. Confiava em quem tinha posto o andaime!

Trabalhei, em vários cascos de navios, ao largo, com ondulação e tudo, sentado num tipo semelhante de andaime (sem saber nadar). Medo? Nunca tive,

Depois a ninha vida mudou, quando fiz o Curso e enveredei pelo Jornalismo.
Andei de carro a mais de 200 à hora? Andei! Mas confiava plenamente no companheiro que conduzia... Poderia acontecer algum acidente? Podia! Podia morrer? Podia! Mas isso não estava nas minhas mãos razão pela qual nem me preocupava!

Andei de comboio a mais de 250 km/hora? Andei. Mas a explicação anterior serve para aqui.

Já fiz viagens transatlânticas de 8 oito horas, já aterrei e levantei do Aeroporto do Funchal meia dúzia de vezes... Já fiz um quarto de viagem da Noruega para Lisboa e ter de voltar para trás porque o avião tinha problemas...

Tive medo? Não! Eram coisas que estavam fora do meu controlo, só tinha que confiar em quem estava no comando.

Não tenho medo de morrer!
Aliás, e, como escreveu o Professor Rómulo de Carvalho, o autor dos livros de química, nos meus tempos de estudante, «Eu nem sequer fui ouvido no acto de que nasci!», cedo, na minha vida eu decidi que, vítima de uma doença sem cura, ou de uma degenerativa, eu jamais ficaria à espera de ficar dependente de terceiros e usaria o meu direito a querer morrer!

O que nunca aconteceu nestes, 38 anos de trabalho, que muito dificilmente se prolongarão... e em que tive de confiar, e sempre confiei em quem me preparava as plataformas de trabalho, ou me conduzia, foi que afinal todos corremos o risco de ficar entregues a alguém que não condeno - principalmente os pilotos dos aviação - que sujeitos enormes pressões, horários sobrecarregados para que os lucros das empresas não baixem, com eventuais problemas familiares, não serem devidamente acompanhados em termos psiquiátricos.

Mas ficamos todos chocados quando um piloto, momentâneamente insano alegadamente mata outros 250 seres humanos...
Ninguém se preocupa, ou não se importa e nem faz as contas, aos 250 seres humanos, que pressionados, com dívidas, sem emprego, matam a mulher/marido e os filhos - e aí já são mais de 600 seres humanos - por razões exactamente iguais.

Eu, por mim, não tenho dinheiro nem para ajudar a pagar a gasolina do amigo a quem recorro para poder ir ao médico, por exemplo, não andarei mais de avião.

Lamento as mortes... Claro que lamento!

Contudo, e foi uma mera coincidência, esta tarde vi mais um episódio de uma das séries que mais admiro na TV.

Uma jovem mulher, que, quando criança ainda viu o seu pai ser assassinado, esperou quase 30 anos para o vingar. Até ser rica e ter meios para isso, pagou para que os assassinos do seu pai fossem mortos... Não matou totós - isto é ficção, claro - e um dos que estavam 'marcados', revendo imagens de há 30 anos quando fizeram explodir o carro do pai de uma miúda de 15 anos disse:

«Ela não nasceu assassina. Nós é que fizemos que ela se tornasse numa!»   

As pessoas, por natureza, não são más... ESTA NOSSA SOCIEDADE é que está a fomentar assassinos...   E a criar suicidas, que levam consigo alguns inocentes... Porque nem todos os passageiros daquele avião - o terceiro, num curto espaço de meses - que vitimou muitos inocentes, é verdade, mas que à imagem dos outros dois foi prepertado por outro INOCENTE!

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