domingo, outubro 30, 2005

2.ª etapa


Hoje falou-se da Maia.

Não sei, francamente não sei, se, dentro do arco das pessoas com responsabilidades no ciclismo português, alguém terá medido as consequências do facto de termos (assumindo-me como parte) deixado cair a Maia.

O ciclismo índigena tinha começado por ser José Bento Pessoa; passou por Alves Barbosa - a nível internacional, aqui saltamos para Joaquim Agostinho, José Martins, Acácio da Silva, Orlando Rodrigues... José Azevedo;

... internamente, continuamos: Ribeiro da Silva, antes dele(s) Nicolau e Trindade, mas também o "Faísca" e o César Luís, o primeiro José Martins e Moreira de Sá, Sousa Cardoso, Roque, Leão, Peixoto Alves, Valada, Leite, Andrade, Mendes, Bernardino, Miranda... os putos Mário Silva, Dinis Silva...

Era este o nosso ciclismo e por ele batiam corações. Muito ao ritmo do vermelho, do verde-e-branco e do azul-e-branco... é verdade.

Foi de azul-e-branco e era ainda puto que um tal Zeferino, há pouco mais de 20 anos escreveu mais uma das desgarradas - que só muito a custo conseguimos (e ainda assim, com muita força de vontade) fingir aquilo que pretendemos ser - páginas da história do ciclismo português.

Foi sob o comando técnico do mesmo Zeferino que, no período concreto que mediou entre 2000 e 2003, o ciclismo português ultrapassou as tais individualidades - Pessoa, Barbosa, Agostinho, Azevedo... - para aparecer aos olhos do Mundo do ciclisimo não como mais uma anormalidade (no melhor sentido do termo) mas como qualquer coisa pensada, construída e trabalhada...

Nesses quatro anos, Portugal reganhou o seu lugar no mapa do ciclismo mundial e fê-lo de forma marcante. Grandes etapas... grandes corridas, as protagonizadas (eis uma das grandes originalidades trazidas por Zeferino) não tanto por este ou aquele corredor - que aconteceram - mas por um colectivo forte, personalizado, poderoso e que chegou a ser temido por todo o pelotão internacional.

Voltemos então ao princípio.

Não sei, de facto não sei se, na esfera das pessoas com responsabilidade no ciclismo português alguém mediu as consequências do facto de termos deixado cair a Maia. Não por ser a Maia, claro, mas porque durante este período de tempo foi a imagem (potencializada, irreal - se comparada com o resto do nosso ciclismo - mas a imagem) de Portugal no pelotão internacional...

Nem quem, durante esses anos investiu na equipa, percebeu que, desinvestindo, mais do que deixar de gastar esse dinheiro (imagem que, enquanto crítico, carregarei de negro porque sei que o desinvestimento foi muito superior aos dividendos tirados - e explico: se investe 100 e ganha 130... recuar para os 80 é arrecadar lucros e apostar dinheiro que já nem lhe pertence pois foi ganho pela outra parte...),
recomeço...
mais do que deixar de gastar dinheiro, foi desbaratar capital de uma forma incompreensível.

E Portugal, em dois anos, malgrado o esforço de dois ou três... desapareceu dos grandes palcos do ciclismo mundial.

Fosse isto o Juízo Final... e muitas almas ficariam eternamente a penar...

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