segunda-feira, outubro 31, 2005

3.ª etapa


Muito distante das apetências, às vezes quase canibalescas, que o futebol - por exemplo - vai gerando e potenciando ano após ano, em plena época de transferências no ciclismo tudo parece calmo. Demasiado calmo, atrever-me-ia a dizer.

Claro que, para além de algumas mudanças atempadamente anunciadas, há ainda indícios de mais movimentações e nós, os que vivemos praticamente na derme da modalidade, vamos sabendo, em conversas informais que nem sequer tentamos publicitar [sobre isto escreverei outra opinião], que o ciclismo ainda mexe, apesar de serem evidentes os sinais de que cada vez se mexe com maiores dificuldades.

Estamos a mês e meio do fecho das inscrições para a próxima época. Falta muito tempo ainda, sendo que é verdade que subsiste a possibilidades de acontecerem mais algumas mexidas...
Mas os contornos do panorama para 2006 estão mais ou menos esboçados.

Com maiores ou menores dificuldades, as dez equipas que este ano estiveram na estrada manter-se-ão, por mais que sejam as voltas que cada um achar por bem dar de forma a, usando tudo o que a legislação em vigor lhes permite, continuarem no pelotão.

Para quem, gostando da modalidade, não esteja minimamente por dentro da recente realidade com a qual o nosso ciclismo se debate, esta primeira parte da minha opinião de hoje por certo fará rasgar um sorriso de orelha a orelha. Afinal de contas, se digo que não haverá grandes alterações, que o número de equipas se vai manter, o calendário também não vai trazer novidades, então, na mais negativa das hipóteses, para pior não seguiríamos. Errado!

É esse o problema maior e com o qual temos que nos defrontar juntando todas as forças que for possível congregar, tendo um único objectivo comum: combater, de peito aberto e sem medo de sofrer baixas, este estado de coisas, sendo que, de certeza, aos sobreviventes [será, aceito, exagerada esta imagem demasiado bélica] deparar-se-ão mais, melhores e mais consistentes oportunidades para que se tente recomeçar (quase) tudo de novo.

Mas, quem estará disposto a hipotecar (ou mesmo a abdicar de, numa situação extrema) uma posição que, antes de tudo, é mais pessoal do que do interesse geral do ciclismo, por uma tentativa que visaria, partindo de onde for possível partir, arrancarmos para uma reformulação geral da modalidade?

Esta será, porventura, a questão que, deixando-a agora, aqui, no ar, eu mais tenho a certeza de que será urbi et orbi mais depressa esclarecida. Daqui a mês e meio todos teremos a resposta.

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