
(este tópico iniciei-o na Etapa 19, por isso, e para que faça sentido...
é melhor puxar isto um pouco abaixo e, já agora, ler tudo desde o princípio...)
Parte II
Temos então as brigadas do CNAD a depararem-se com... faltosos. E houve tanta história recambolesca que cada uma delas dava outra história - desde quem tenha saltado muros e regressado à estrada, a quem, cruzando-se, cara a cara com os inspectores, tivesse negado ser quem, na realidade é... passando por quem, avisado, de casa, que os médicos estavam à sua espera, tivesse acabado com o treino e, a partir de porto seguro, e em ligação permanente com o seu médico, tivesse gasto duas ou três horas a tomar pílulas de diversas cores de forma a que, quando chegasse a casa, se o CNAD ainda lá estivesse, o que mijasse para o frasco saísse tão puro como as virgens das histórias de fadas, que hoje por hoje... isso é coisa de história de fadas.
Temos então (ou teríamos, se fosse o caso de querermos enveredar assim pelo género policial) meia dúzia de casos engraçados, para rir (ou talvez não, ou talvez não!!!) e 11 corredores que não estavam em casa quando as brigadas aparecerem, nem apareceram, enquanto as mesmas brigadas não se foram...
Relatórios feitos, autos levantados e comunicados ao Conselho de Disciplina da FPC - ao CD, porque é este órgão que tem de se ocupar disto, não a Direcção cujas funções, estatutariamente são, como é evidente, outras -, este (o CD) chama os 11 absentistas e ouve-os.
Cada um contou a sua história, melhor ou pior e, consoante a história se segurou ou não, oito foram mandados em paz... e três, porque de tão mal contada, ninguém podia acreditar
(ou pior ainda... alguém fez saber aos relatores do processo que... quem disse que o senhor X nem sequer morava ali naquela casa fora o próprio senhor X; que o barulho estranho ouvido mas que não puderam, por uma questão de cortesia, confirmar - o contrário seria saltarem dos sofás onde tinham sido convidados a esperar e então dariam de caras com o senhor Y a fazer marcha atrás e a desaparecer atrás do quintal, para não ser visto - e, mesmo a história do rapaz que procurou desesperadamente anular o rasto daquilo que o CNAD gostava de lhe ter apanhado, tomando um atrás de outro, "dissipadores" de evidências)
aabaram castigados pelo CD que, preso de mãos e pés, perante as fragilidade das defesas... pouco mias podia fazer.
Ditaram-se os castigos.
Aqui dou a minha opinião: regulamentos são regulamentos, é certo, e todos devemos aceitá-los, mas o castigo que foi dado a Rui Lavarinhas tinha todo o ar de machado afiado para que a cabeça rolasse de forma a servir de exemplo.
Os conselheiros são homens e parto do príncipio de que são homens do ciclismo. Se o Lavarinhas já tinha sido sacrificado num castigo anterior (para servir de exemplo???) porque raio penalizá-lo ainda mais? Numa situação de igualdade (salvo a possibilidade de eu estar enganado), porquê aplicar-lhe a pena máxima, abaixo da irradiação?
Esta parte escapa-se-me, mas ainda saberei o que aconteceu.
Os outros dois dois atletas levaram o mesmíssimo castigo que um outro já apanhara por ter sido apanhado... dopado! Certo que o regulamento diz que faltar a um controlo é equivalente a dar positivo, mas caramba... os conselheiros são homens e sabem (ou deviam saber) aplicar a lei de uma forma justa.
Entretanto, os três castigados apresentam recurso.
De tudo o que eu sei, e já deixei escrito, não tenho a mínima dúvida que eles (os corredores) ou já o sabiam, ou vieram a sabê-lo, ou os seus representantes (sempre partindo do princípio que são advogados conscienciosos) chegaram lá... ouvindo possíveis testemunhas.
E, ao Conselho Jurisdicional - isto sou eu a adivinhar - vão chegando, ao mesmo tempo, as histórias daquele que disse aos inspectores, quando o chamaram pelo nome, que não era ele... e do que se apressou a recolher-se em sítio seguro e, seguindo indicações do médico, foi tomando as pílulas amarela e laranja e vermelha e verde... de forma a que se, quando chegasse a casa, se os inspectores do CNAD ainda lá estivessem à sua espera... as azuis que tomara de manhã já tivessem sido completamente camufladas...
E estes homens (os juízes do CJ) chegam à conclusão de que os três "condenados" só o tinham sido porque eram piores a contar mentiras do que os demais... e resolvem "limpar" toda a gente. Custa a aceitar?
Dá algumas náuseas, aceito que sim... mas eu, no lugar deles teria feito EXACTAMENTE A MESMA COISA. Não sei explicar porquê... esperando que na próxima vez estejam todos em casa? Ou que todos sejam suficientemente espertos para enganarem o Conselho de Disciplina?
Já não sei... e também não quero saber agora...
Acho, muito francamente, que às vezes há decisões erradas, na sua génese, que são mais justas do que outras assumidas friamente. Acho que o que aconteceu se enquadra nisto.
Só espero ter feito uma leitura o mais próximo possivel daquilo que aconteceu.
Não queria um dia chegar a saber que a segunda decisão teria sido apenas (embora não tenha sido mais que isso, mas QUERO EU QUE NÃO TENHA SIDO assim tão... puerilmente) apenas um caso de... uma mão que lava a outra.