quinta-feira, novembro 03, 2005

6.ª etapa


Depois de alguns contactos feitos ontem, que neste momento já é madrugada em Portugal, t(r)emo pelo futuro próximo do nosso ciclismo.

Não há uma excepção!...


As equipas que não vão optar pela contenção... não sabem sequer se vão poder ir para a estrada em 2006.

É esta a realidade.

Entretanto, e visitando outros
sítios onde se fala de ciclismo (no caso, e porque em relação a eles tenho uma dívida de gratidão, tenho, em consciência, que o referir: o Cyclolusitano), encontro uma proposta de discussão que me fala do peso dos grandes clubes no ciclismo.


Mas é que nem tenho dúvidas: tudo seria diferente se FC Porto, SC Portugal e SL Benfica tivessem equipas de ciclismo. Aliás, creio que é a única maneira de, assim, de um ano para o outro, recuperarmos alguma estabilidade no pelotão.

Benfica, Sporting e Porto fazem falta no pelotão. É claro que fazem. Não há cidade, vila ou aldeia onde hão haja adeptos destes três clubes... E essa clubite (por muito que me custe, a mim, particularmente) poderá ser o revigorante que está a fazer falta à modalidade.

E é, sejamos honestos, e ao mesmo tempo... um bocadinho espertos (que ser esperto não significa obrigatoriamente ser menso honesto) esta a altura ideal para as equipas dos três grandes voltarem.

Explico: nunca, nos 20 últimos anos (apesar da passagem do Benfica pelo pelotão em 1999 e 2000) as circunstâncias se apresentaram tão de feição.

Há 20 anos havia o Louletano-Vale de Lobo, depois a Lousa-Calbrita e a Sicasal-Acral que já pagavam ordenados anuais na ordem dos 10 mil contos (não era a todos, mas havia quem ganhasse estes valores...)

Depois veio a Maia, e o Benfica, também...

Mais alguns casos excepcionais noutras formações que, apesar de a vida ir encarecendo, há 4 ou 5 anos pagavam... a mesma coisa! Cerca de 1000 contos/mês aos seus chefes-de-fila...

É verdade!

E em 2005, tirando as situações que os dedos de uma mão chegam para contar, ninguém ganhava isso.

Os melhores de hoje ganham o mesmo que os melhores de... há 20 anos.

A média, hoje, fica quase a 10% daquilo que se ganhava há 20 anos.

E a equipa barómetro nas últimas temporadas, a Milaneza-Maia, vive uma crise tão marcante quanto as outras, o que significa que, para ter os melhores corredores - para além do factor de ser Sporting, Porto ou Benfica - seria irrisório o investimento.

Seria a brincar que se encontrariam parceiros...

Sejamos honestos. Há três anos, Benfica, Sporting e Porto não podiam (re)aparecer no pelotão sem a garantia de que tinham equipa para mostrarem ser melhores do que a Milaneza-Maia... Isso podia custar algum dinheiro.

Hoje, agora... para a temporada que se avizinha (não cito verbas porque não traio a confiança de quem em mim confiou e porque... e porque o pior cego é aquele que não quer ver...), com três vezes "cinco tostões" faziam-se três equipas de nível muito igual...

E que emoção seria...

E não me venham com a ridicularia de que não conseguam marcas patrocinadoras.

Será que uma modalidade de pavilhão (volei, andebol, basquete, futsal) consegue, na melhor das hipóteses, juntar semanalmente mais do que 800 a 900 pessoas? E garante mais retorno - sendo que é perfeitamente estanque/fixa no que respeita à zona que abrange - que uma equipa de ciclismo que vai de terra em terra? Por todas as terras? Durante, e falando só nas provas mais pequenas, cinco dias pelo menos?

Não sou especialista em marketing e publicidade... mas terão que me explicar porque não!...

1 comentário:

Jorge-Vieira disse...

Caro amigo Madeira:

Mais uma vez aquilo que escreveu representa de facto o nosso ciclismo.... e que saudades dos três clubes grandes do futebol na estrada.
Lembro-me perfeitamentamente da loucura que existiu na Volta a Portugal ganha pelo Benfica quando regressou..... loucura essa vivida este ano um pouco através do Cândido Barbosa.
Quantos aos ordenados, concordo consigo, e como referi no meu ultimo comentário, estive como director de uma equipa profissional, e posso garantir-lhe que os chefes de fila auferiam qualquer coisa como 5000 e 6000 euros mensais, isto há três/quatro anos atrás.
Quanto ás modalidades em recintos fechados, como refere, pode existir uma explicação, é que durante uma ou duas horas eles estão ali e podemos vê-los de principio a fim, e no ciclismo, os ciclistas passam duarante uns segundos e depois acabou-se, se houver televisão vê-se, se não houver acaba ali.



Jorge-Vieira