E SE O SPORTING TEM ACEITE?
A meio da semana passada e na coluna que assina semanalmente em A BOLA, decidiu o Daniel Reis, camarada de escrita que admiro e leio - que já esteve comigo em várias voltas a Portugal (ele pelo Expresso, eu n’A CAPITAL e n’A BOLA) e, pelo menos, numa Volta a Espanha, a acompanhar os feitos da Maia – decidiu, escrevia eu, dedicar a sua rubrica semanal… ao Ciclismo. Ao Ciclismo não. Ao ciclismo do Benfica!
Aqui, e antes de continuar, impõem-se duas notas prévias.
1.ª - O Daniel escreve n’A BOLA enquanto adepto do Sporting.
2.ª - Eu não estou – nem poderia estar – mandatado pelo Benfica para, aqui ou em qualquer outro lado, o defender.
Já o escrevi, sou habitual leitor do Daniel e, desta vez, porque o tema – logo se percebeu pelo título - era o Ciclismo, pus-me a lê-lo ainda com maior interesse. Contudo, ao fim das duas ou três primeiras linhas comecei a torcer o nariz.
Para ser totalmente honesto, e directo, torci logo o nariz quando me apercebi que o tema da crónica era o Ciclismo.
Ora, se o Daniel escreve na condição de adepto do Sporting… ciclismo porquê? Se os leões (que bom seria que também estivessem no pelotão) nem sequer têm ciclismo?
E não foi preciso muito mais do que ler as tais duas ou três primeiras linhas para perceber – vá lá saber-se porquê – que a crónica, toda ela, era direccionada no sentido de lançar dúvidas sobre a credibilidade do projecto encarnado, assentando o principal – único, aliás - argumento por ele esgrimido no facto de, à frente (ou por trás, como preferirem) do projecto que devolveu o ciclismo ao Benfica estar a mesma figura que é também o “homem forte” da Volta a Portugal. João Lagos.
Mas, porque o Daniel – e repito-me, um colega de profissão que admiro e leio – não é propriamente um especialista na modalidade, comete algumas imprecisões que, inevitavelmente, terão induzido em erro os seus habituais leitores menos familiarizados com o Ciclismo.
Primeira imprecisão: a João Lagos Sports/PAD organiza mais meia dúzia de corridas, para além da Volta. As “dúvidas” que semeia não deveriam, então, cingir-se à nossa principal corrida. Qualquer uma delas (ou todas?) mereceria o mesmo “tratamento”;
segunda imprecisão – ou foi apenas uma omissão? - é ignorado o facto de o “anterior” Benfica ter estado dois anos no pelotão e não só em 1999, quando David Plaza conquistou a Volta a Portugal. Mas isto é de somenos.
O que aqui importa é que a crónica, que não deixará de ser um engraçado exercício no estilo do yo no creo en brujas pero, que las hay, hay… é, inexplicavelmente, expeculativa. E o que dali se tira, tudo muito bem espremidinho, é apenas um anti-benfiquismo primário.
Não sabe o Daniel, porque faz ciclismo uma vez por ano – em anos “sim”, porque já houve muitos anos “não” – que não é de todo virgem a “coincidência” de um grande organizador de corridas ser, ao mesmo tempo, o principal suporte de uma equipa de ciclismo. Não sabe, por exemplo, que, quando da renovação do contrato, há cerca de 15 anos atrás, entre a Unipublic e a Real Federação Espanhola de Ciclismo, a primeira - a organizadora da Vuelta - se viu obrigada a “sustentar” uma equipa que tinha como objectivo dar trabalho aos corredores que não encontravam lugar nas outras equipas profissionais espanholas. E, surgiu a Deportpublic. Que correu em Portugal, sim senhor, com este nome e, depois, com os dos patrocinadores que foi angariando, ano após ano.
Mas o facto de o Daniel não saber isto, eu até “relevo” (como dizem os irmãos brasileiros), já não compreendo é como é que ele, que deve estar bem informado sobre a realidade do clube do seu coração, parece ignorar que quando o João Lagos decidiu que, para que o ciclismo em Portugal pudesse garantir mais adeptos – e mais apoios, porque não? porque estamos a falar de negócios – seria interessantíssimo “recuperar” os três grandes para o pelotão, encetou contactos com Benfica, FC Porto e Sporting. E que foi de Alvalade – ele que é um sportinguista convicto – recebeu um rotundo NÃO, OBRIGADO!...
Com o Porto as coisas não andaram porque, pelo meio, havia outros projectos, ainda que, aparentemente, apenas em embrião, e o único a aceitar o desafio foi o Benfica.
Pois que eu gostaria muito de ler a mesmíssima crónica no caso de o Sporting ter aceite a proposta do João Lagos.
E não me parece que seja suficiente a ressalva, em relação à honestidade do Joaquim Gomes na decisão do(s) traçado da(s) próxima(s) volta(s). É que até essa parte da crónica está inquinada de suspeitas. Meras conjecturas… mas só porque é o Benfica.
Para todos os que (também) estão um pouco a leste do que é, na realidade, o Ciclismo, a reentrada do Benfica no pelotão garante, à partida, mais gente na estrada, mais e maior cobertura das corridas por parte da CS, proporciona, é evidente, mais luta nas corridas – porque é mais uma equipa, com profissionais de intocável carácter – mas não condiciona o espectáculo à sua prestação. Antes pelo contrário, potencia-o. Mas no Ciclismo “quem tem pernas” é que ganha. E quando o João Lagos aposta, é no espectáculo, no seu todo – que sai a ganhar com a presença do Benfica, e que ganharia ainda mais com as presenças do FC Porto e do Sporting -, não na patética hipótese de escolher, à partida, um protagonista em especial.
Eu diria que a esta crónica faltam alguns milhares de quilómetros de estrada para poder avaliar o que é, de facto, o Ciclismo.
A meio da semana passada e na coluna que assina semanalmente em A BOLA, decidiu o Daniel Reis, camarada de escrita que admiro e leio - que já esteve comigo em várias voltas a Portugal (ele pelo Expresso, eu n’A CAPITAL e n’A BOLA) e, pelo menos, numa Volta a Espanha, a acompanhar os feitos da Maia – decidiu, escrevia eu, dedicar a sua rubrica semanal… ao Ciclismo. Ao Ciclismo não. Ao ciclismo do Benfica!
Aqui, e antes de continuar, impõem-se duas notas prévias.
1.ª - O Daniel escreve n’A BOLA enquanto adepto do Sporting.
2.ª - Eu não estou – nem poderia estar – mandatado pelo Benfica para, aqui ou em qualquer outro lado, o defender.
Já o escrevi, sou habitual leitor do Daniel e, desta vez, porque o tema – logo se percebeu pelo título - era o Ciclismo, pus-me a lê-lo ainda com maior interesse. Contudo, ao fim das duas ou três primeiras linhas comecei a torcer o nariz.
Para ser totalmente honesto, e directo, torci logo o nariz quando me apercebi que o tema da crónica era o Ciclismo.
Ora, se o Daniel escreve na condição de adepto do Sporting… ciclismo porquê? Se os leões (que bom seria que também estivessem no pelotão) nem sequer têm ciclismo?
E não foi preciso muito mais do que ler as tais duas ou três primeiras linhas para perceber – vá lá saber-se porquê – que a crónica, toda ela, era direccionada no sentido de lançar dúvidas sobre a credibilidade do projecto encarnado, assentando o principal – único, aliás - argumento por ele esgrimido no facto de, à frente (ou por trás, como preferirem) do projecto que devolveu o ciclismo ao Benfica estar a mesma figura que é também o “homem forte” da Volta a Portugal. João Lagos.
Mas, porque o Daniel – e repito-me, um colega de profissão que admiro e leio – não é propriamente um especialista na modalidade, comete algumas imprecisões que, inevitavelmente, terão induzido em erro os seus habituais leitores menos familiarizados com o Ciclismo.
Primeira imprecisão: a João Lagos Sports/PAD organiza mais meia dúzia de corridas, para além da Volta. As “dúvidas” que semeia não deveriam, então, cingir-se à nossa principal corrida. Qualquer uma delas (ou todas?) mereceria o mesmo “tratamento”;
segunda imprecisão – ou foi apenas uma omissão? - é ignorado o facto de o “anterior” Benfica ter estado dois anos no pelotão e não só em 1999, quando David Plaza conquistou a Volta a Portugal. Mas isto é de somenos.
O que aqui importa é que a crónica, que não deixará de ser um engraçado exercício no estilo do yo no creo en brujas pero, que las hay, hay… é, inexplicavelmente, expeculativa. E o que dali se tira, tudo muito bem espremidinho, é apenas um anti-benfiquismo primário.
Não sabe o Daniel, porque faz ciclismo uma vez por ano – em anos “sim”, porque já houve muitos anos “não” – que não é de todo virgem a “coincidência” de um grande organizador de corridas ser, ao mesmo tempo, o principal suporte de uma equipa de ciclismo. Não sabe, por exemplo, que, quando da renovação do contrato, há cerca de 15 anos atrás, entre a Unipublic e a Real Federação Espanhola de Ciclismo, a primeira - a organizadora da Vuelta - se viu obrigada a “sustentar” uma equipa que tinha como objectivo dar trabalho aos corredores que não encontravam lugar nas outras equipas profissionais espanholas. E, surgiu a Deportpublic. Que correu em Portugal, sim senhor, com este nome e, depois, com os dos patrocinadores que foi angariando, ano após ano.
Mas o facto de o Daniel não saber isto, eu até “relevo” (como dizem os irmãos brasileiros), já não compreendo é como é que ele, que deve estar bem informado sobre a realidade do clube do seu coração, parece ignorar que quando o João Lagos decidiu que, para que o ciclismo em Portugal pudesse garantir mais adeptos – e mais apoios, porque não? porque estamos a falar de negócios – seria interessantíssimo “recuperar” os três grandes para o pelotão, encetou contactos com Benfica, FC Porto e Sporting. E que foi de Alvalade – ele que é um sportinguista convicto – recebeu um rotundo NÃO, OBRIGADO!...
Com o Porto as coisas não andaram porque, pelo meio, havia outros projectos, ainda que, aparentemente, apenas em embrião, e o único a aceitar o desafio foi o Benfica.
Pois que eu gostaria muito de ler a mesmíssima crónica no caso de o Sporting ter aceite a proposta do João Lagos.
E não me parece que seja suficiente a ressalva, em relação à honestidade do Joaquim Gomes na decisão do(s) traçado da(s) próxima(s) volta(s). É que até essa parte da crónica está inquinada de suspeitas. Meras conjecturas… mas só porque é o Benfica.
Para todos os que (também) estão um pouco a leste do que é, na realidade, o Ciclismo, a reentrada do Benfica no pelotão garante, à partida, mais gente na estrada, mais e maior cobertura das corridas por parte da CS, proporciona, é evidente, mais luta nas corridas – porque é mais uma equipa, com profissionais de intocável carácter – mas não condiciona o espectáculo à sua prestação. Antes pelo contrário, potencia-o. Mas no Ciclismo “quem tem pernas” é que ganha. E quando o João Lagos aposta, é no espectáculo, no seu todo – que sai a ganhar com a presença do Benfica, e que ganharia ainda mais com as presenças do FC Porto e do Sporting -, não na patética hipótese de escolher, à partida, um protagonista em especial.
Eu diria que a esta crónica faltam alguns milhares de quilómetros de estrada para poder avaliar o que é, de facto, o Ciclismo.
1 comentário:
olá amigo manel!!
é com agrado que reparo no seu "reaparecimento". nos últimos dias não tínhamos tido a sua presença e ela já é mais que sentida.
também li a crónica de daniel reis (jornalista que conheci no dia de acreditação da Volta 2005, em oeiras) e concordo inteiramente com a opinião que o manel aqui nos trouxe.
De facto, só por mesquinhez e também alguma "inveja" se compreende o ataque que é feito à honorabilidade tanto do ciclismo benfiquista como da joão lagos sport.
Quem esteja atento ao (parco) espaço dedicado ao cilcismo na CS não pode deixar de se congratular com o aumento de notícias e exposição que, por exemplo, já se notou na Volta ao Algarve. Em todos os jornais ou blocos noticiosos houve sempre a menção aos vencedores, à classificação geral e ao comportamento dos ciclistas "encarnados".
Pode ser por clubite, por moda ou simplesmente porque capta atenção, mas o que é facto é q as notícias relativas à modalidade tendem a surgir cada vez mais. Qual o impulso desse movimento? Não interessa...o importante é o destaque que é cada vez mais evidente.
Um Abraço!!
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