segunda-feira, novembro 03, 2008

II - Etapa 275

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA...

Os meus mais fiéis leitores, aqueles que me acompanham aqui desde há três anos, quando o VeloLuso "nasceu", começarão a achar-me chato. Corro, conscientemente, o risco.

Há três anos que ando a dizer que o nosso Ciclismo precisa de um sopro de ar fresco. É indiscutível, e custa-me dizer que a única coisa que nestes três últimos anos "pareceu" ter nascido foi a - há mais de uma década anunciada - Associação de Equipas. Que NÃO existe!!!!

Giro, giro foi ler em tudo o que é jornal que ela existia!!!...
Talvez mais giro ainda terá sido o ter lido que ela... mexia!
Não mexe e não mexe porque não existe.

O ano passado, por esta altura, e com a presença do Benfica no pelotão, o caudal de noticiário sobre Ciclismo era bem mais... nutrido. E percebe-se porquê.

Os Corredores contratados pelo Benfica seriam sempre notícia - e até houve a contratação do Cândido Barbosa -, mas os que eram contratados pelas outras equipas também eram notícia, por mais que não fosse porque, tendo estatuto para isso, tinham "escapado" à rede do Benfica.
Este ano está tudo calado.

Já li que o número de equipas ia aumentar, com nomes e tudo; eu próprio já aqui escrevi que é impossível que aumentem. E arrisquei mesmo, numa primeira abordagem, que para o ano não teríamos mais do que QUATRO EQUIPAS PROFISSIONAIS. Continentais, claro!...

Entretanto surge o projecto do Cartaxo e eu quero acreditar que é coisa com pedais para andar... Portanto emendo o número para cinco.

A Norte, Boavista e Gaia continuarão no pelotão - registei a crítica de um estimado amigo que se insurgiu contra a minha leitura pessoal do porquê da manutenção destas equipas (das duas) -; na Charneca do Milharado, a Liberty Seguros reforça a sua confiança na estrutura chefiada pelo Vítor Paulo Branco e dirigida pelo Américo Silva; aparece o projecto do Cartaxo e depois temos o Tavira, nos últimos anos sustentado por empresas espanholas e no próximo reforçado com o apoio de uma das sub-marcas da empresa do António Silva Campos, agora com interesses empresariais no Algarve, e que, não podendo, a solo, financiar o projecto que o Zé Azevedo e o Orlando Rodrigues lhe apresentaram - num "aconchegado" jantar no Restaurante A Canastra , em Guilhabréu - lhes deu luz verde para, com o que podia despender, escolherem uma equipa onde não se importa de ser segundo patrocinador.

Escolheram o Tavira!

Mas o mapa que aqui apresento vem no seguimento daquilo que há muito defendo.
Se é bom... copiemos.

E a verdade é que, daqui do lado, de Espanha, e após a trágica OP - que como li num comentário apenas serviu para, uma vez que não foi possível provar fosse o que fosse, "sujar" o nome de alguns corredores - a salvação aconteceu com a intervenção directa de vários dos Governos Regionais. Que investiram o suficiente para que equipas como a Andalucia, a Extremadura, a Galiza - em relação a Múrcia não funcionou... - pudessem seguir em frente.

As Ilhas Baleares deram, na altura, a ajuda necessária para que a actual Caisse d´Épargne exista, e mesmo a canária Fuerteventura fez o que pode.

Por cá, não vou cansar-me de o dizer, vamos ter de copiar o modelo espanhol.
Não com o suporte de Governos Regionais, que não temos, mas, por exemplo, de Regiões de Turismo ou tecido empresarial local ancorado pela principal marca da região.
Reparem no mapa...

- O Minho TEM que ter uma equipa. Nem que seja apoiada pelas autarquias...
- A zona do Grande Porto tem duas equipas... mais não lhe podemos pedir...
- A zona Feira/Bairrada TEM que ter uma equipa.
E que me perdoem o Luís Almeida mais o Fernando Carvalho, não será uma indecifrável LA-ECFC....
Os nomes Feira e Bairrada têm que ser identificáveis, ou substituídos por um outro com pergaminhos. E porque não recuperarmos o velho Sangalhos?
Isso sim, seria algo de sonante.
- O Município do Cartaxo quer avançar...
Boa!...
E se se juntasse com Alpiarça, por exemplo?
Com o apoio magnânimo que o Governo Civil de Santarém tem despendido para ter... uma corrida!
Não seria mais interessante ter uma equipa? Dava trabalho a mais gente, e tinha hipóteses de ser falada, não em cinco dias, mas ao longo de toda a temporada.

Na zona de Lisboa esqueçamos...

Mas temos aqui ao lado o Oeste.
Outra vez a mesma situação, a UDO ganha mais em realizar uma prova de Ciclismo por ano do que patrocinar uma equipa?
UDO seria o nome da equipa... De falta de patrocinadores não se podem queixar!
E o Algarve?
Ter o Tavira, o Loulé, Estói e mais as outras equipas todas no calendário sub-23 garantiria a identidade de cada um dos clubes.
Mas... e ter uma equipa profissional chamada... Algarve (só com um "l", por favor!)?
Como há a Andalucia, a Extremadura, a Galiza...

Protocolos devidamente assinados, ajudas equitativamente distribuídas para que a equipa Algarve pudesse aproveitar os melhores de cada fornada dos jovens das diversas equipas algarvias de sub-23, numa espécie de Selecção... exactamente como se faria no Oeste ou na zona Bairrada/Feira...
Projectos de raiz. A começar nas escolas....

E porque não uma equipa profissional no Alentejo, onde mora uma das empresas nacionais de maior sucesso, pelo menos a nível Ibérico. A Delta.


Com o apoio das autarquias avançava-se para, digamos, equipas sub-23... patrocinadas em 10% pela empresa dos cafés de Campo Maior.
Dez equipas.

Parece muito?
Crie-se a Associação de Ciclismo do Alentejo - que não faz sentido que não exista - e com 700 mil euros mais a ajuda das autarquias, a Delta patrocinava uma equipa profissional com 350 mil euros mais dez* equipas sub-23 com 35 mil euros cada.
A ver se não havia de descobrir valores...
* - o número dez é exagerado de propósito; se eu escrevesse duas ou três passava despercebido; assim... "dez? o gajo tá maluco", pensarão... mas dão pela mensagem.
Parece que estou a apresentar um programa para as eleições da FPC não parece?
Pois, não sabem...

Como eu não sei porque nada sabemos do programa da lista que ganhou as últimas eleições porque foi a única a candidatar-se.

Nada a não ser que quer apresentar uma selecção de pista em Londres, daqui a 38 meses, quando o nosso único velódromo ainda está a ser construído...

O que me custa é que, havendo quem saiba e possa discutir o Ciclismo nacional... se cale, se encolha... deixe andar.

Deixemos andar...
Afinal... quem sou eu?!...
Só alguém que gosta muitooooooo de Ciclismo!

4 comentários:

Luis Ribeiro disse...

Não zona Minho a probabilidade de aparecer uma nova equipa é de 0%.
Vivo numa zona rica em ex equipas de ciclismo, em pevidem, Guimarães de onde saíram as equipas da Coelima e Garcia Joalheiro.
Hoje aqui o ciclismo é apenas uma velha memoria de onde só escapa o José Mendes que muita gente por cá nem sabe ainda quem é.
Fora isso a única coisa visível é uma velha loja de ciclismo que vende pneus para carros para sobreviver eu um grupo de comissários envelhecidos.
A associação de ciclismo esta metida num buraco de onde não sai tão cedo, apenas se safando com o BTT. E a economia por aqui nem se fala, se já nem o futebol escapa quanto mais o ciclismo…

monteirolms disse...

Caro Madeira, é sempre um prazer ler e analisar o conteúdo das suas comunicações.
O ciclismo é e será um desporto da população em geral.
É pena que as empresas não verifiquem o quanto receberiam de retorno pelo investimento que faziam numa equipa.
No entanto as equipas também podiam ter outra participação na sociedade civil.
Falo de idas às escolas em que falam do papel do ciclista e do dia-a-dia dum ciclista profissional.
Endereçar convites formais para acompanharem provas nos carros das equipas.
Apoiar massivamente instituições de solidariedade social para trazer mais visibilidade à modalidade.
Ter um papel mais de relações públicas.
Não posso aceitar que o doping seja um foco de afastamento dos patrocinadores, é para mim uma desculpa para esse afastamento.
Não posso deixar de comentar que o regresso do Lance Armstrong trará como já se notou uma maior notoriedade ao ciclismo, pois não existia actualmente uma figura como ele.
Um grande abraço,

Alfredo Silva disse...

Dizer que a ACM só faz BTT demonstra a ignorançia e desconhecimento da realidade da ACM.
A ACM atravessa de facto uma crise, mas desde há muitos anos que a sua principal actividade é virada para o ciclismo de formação.
Na época que agora termina só no Trofeu Revelações ACM realizou 9 encontros de escolas, movimentando cerca de 200 (DUZENTOS), atletas por encontro, se isto é nada fazer, quem faz mais?
Quanto aos comissários, poderão já não ser muito novos em idade, mas em qualidade, e isso é o mais importante, pede meças aos restantes comissários.

Alfredo Silva

Luis Ribeiro disse...

sr. Alfredo Silva, peço desculpa se não fui claro e aprofundado na minha analise. Não quis dizer que a ACM apenas faz BTT, mas sim que o BTT é a modalidade que mais trás visibilidade. Sim a ACM faz muito e bem pelo ciclismo de formação mas para o publico em geram não tem grande impacto como o profissionalismo que é o que se esta a discutir aqui neste etapa.
Quanto as comissários a palavra que usei “envelhecidos” não foi de forma depreciativa mas sim para demonstrar a falta de novos comissários. Nunca coloquei em duvida a qualidade deles, pois os que conheço considero que são e como diz de boa qualidade.
Com a minha resposta apenas queria demonstrar a crise Não da ACM mas sim a Crise de Patrocínios e Interesse das pessoas na modalidade.
Espero ter sido claro e longe de mim querer dar falsas ideias.