terça-feira, novembro 04, 2008

II - Etapa 276

BEM HAJAM POR COLABORAR

Os dois comentários deixados, pelo Miguel e pelo José Luís Ribeiro, na “Etapa” anterior motivam-me para voltar ao(s) assunto(s).

Em primeiro lugar, e em relação ao José Luís Ribeiro, homem, também ele, apaixonado pelo Ciclismo, registo, não sem algum pesar – até porque sou obrigado a concordar com ele – a visão que nos dá do que é, actualmente, o Ciclismo no Minho.

Recorda ele as equipas Garcia Joalheiro – responsabilidade de Joaquim Garcia, um outro indefectível da Modalidade – e da Coelima. A Coelima, para os mais novos, foi uma das potências do Ciclismo português nas décadas de 60 e 70 do Século passado, uma referência incontornável na História do Ciclismo em Portugal. Há quê? Dois anos? Mais coisa, menos coisa… a morte levou-nos o Senhor Coelho de Lima e tenho aqui, porque tenho todos os recortes, o impacto (ou melhor, a falta dele) que a generalidade da CS deu ao nefasto acontecimento.

O Senhor Coelho de Lima – se é que do “lado de lá” se mantém alguma ligação com esta Vida – não se há-de ter importado por ter, quase liminarmente, sido ignorado, na hora do derradeiro adeus. Partiu de consciência tranquila. Deu o que pode, quando pode, ao Ciclismo e alimentou uma equipa que, época após época, pedia meças aos monstros Benfica, Sporting e FC Porto.

Amar o Ciclismo também é – e não era isso o principal?, pergunto eu – ter memória.
E recordo que faz daqui a pouco 15 dias que passaram seis anos sobre a morte de Fernando Mendes e ninguém se lembrou disso.


Somos muito selectivos.

As secções de Cultura dos jornais generalistas não se esquecem da data da morte de Amália Rodrigues, mas já ninguém se lembra de quando faleceu Hermínia Rodrigues, ou Tony de Matos, ou Fernando Farinha.

Estamos formatados APENAS para cumprir os “serviços mínimos”.
A memória de Pepe (antigo jogador do Belenenses) renasce todos os anos só e apenas porque – e não há quem nos explique porquê – quando o FC Porto vem jogar ao Restelo e depõe uma coroa de flores junto ao monumento que o perpetua no Estádio do Belenenses.

Todos os “Maios” lá há alguém que relembra a data da morte de Joaquim Agostinho. Fernando Mendes – que, numa imagem futeboleira, foi o Vítor Damas de Eusébio, a fama de um está indelevelmente marcada pela “luta” que o outro lhe deu – passa despercebido.


Exactamente como o próprio Vítor Damas…

Mas voltemos ao comentário do José Luís Ribeiro…
Ele recorda duas equipas e fala do jovem José Mendes (Benfica). Eu acrescento-lhe o do maior corredor minhoto de todos os tempos, José Martins – curiosamente, rival de Mendes e de Agostinho -, de Manuel Abreu e dos seus irmãos João e Joaquim Sampaio, dos Martins juniores, e dos Sampaios juniores…

Nas trocas de opiniões, com quem ainda troca opiniões comigo, perdemos – perdemos não! ganhamos – minutos de recordações, ainda que nostálgicas, recordando o José Martins, falando dos seus filhos, Gilberto e Lizuarte (que é feito deles?) e, invariavelmente, vem sempre outro nome à conversa, o de Luís Teixeira, provavelmente, e a seguir a José Martins, o segundo grande Corredor minhoto de sempre.

Eu aceito, porque acredito, que a massa de adeptos do Ciclismo evoluiu, rejuvenesceu… mau grado a falta de memórias.


Mas a culpa não é deles. É nossa, a dos jornalistas de Ciclismo – ainda há disso? – que está reduzida a, também, jovens recém chegados à modalidade, quando quem devia partilhar as memórias se perde em estranhos e complicados jogos de interesses.

Em relação ao comentário do Miguel…
Genericamente é assunto batido e rebatido, mas tem também algo muito menos discutido, mas que mereceria a nossa atenção.
O Ciclismo, as equipas de Ciclismo, não devem, de facto, abstrair-se de uma qualquer forma de intervenção social. E a responsabilidade cabe aos seus responsáveis.

Lembro aqui uma conversa franca que, há quatro ou cinco anos, tive com o amigo Casas de Melo, da Câmara Municipal de Cantanhede.

O município de Cantanhede apostou forte numa equipa que era liderada por um dos nomes mais fortes do pelotão português de então. No ano seguinte a equipa acabou e o amigo Casas de Melo desabafou comigo…

A Câmara Municipal de Cantanhede investiu – numa aposta de risco – no Ciclismo até porque pagava, e bem, a uma das estrelas do nosso pelotão de então. Planeou, até para justificar, em termos autárquicos, alguns eventos que se enquadrariam na figura da divulgação do desporto, mas que precisava do empenho dos profissionais da equipa e raramente estes corresponderam.

Estou ainda de acordo – e sei que estou a ser outra vez polémico – com o Miguel.
Disse o Miguel – e eu subscrevo mandado a-da-merda quem discordar (porque não percebe nada de Ciclismo) – que, cito: “não aceito que o doping seja um foco de afastamento dos patrocinadores; é, para mim, uma desculpa para esse afastamento”.

Nem mais Miguel.
Alguém deixou de ser adepto do Benfica, do Sporting ou do FC Porto porque um dos seus jogadores influenciou, de forma negativa – fosse simulando uma falta que desse penalty que o não era, ou que obrigasse o juiz da partida a expulsar um adversário por falta que o não fora?
Não!

Mas isso não é desonesto?
É.
Então porque é que a grande preocupação do quadro geral do desporto profissional… o recurso ao doping de um Corredor é pecado mortal, quando outros, noutras modalidades e também com resultado directo no desfecho do encontro, se pode, à vontade, ser desonesto, fingir, com isso castigar de forma injusta o adversário e toda a gente achar que é… normal?

Antes de vir para casa e começar a escrever esta crónica, estava fora, a jantar com uns amigos. Todos – eram todos do Sporting – enxovalharam a mãe do árbitro porque logo nos minutos iniciais queriam um penalty a favor do Sporting quando, e não tenho nenhuma dúvida – e vi as mesmas imagens que eles viram – apesar de ter levantado o braço, o jogador ucraniano não tocou na bola.

Caramba! Tenho a certeza que futuras repetições mostrarão que tenho razão, o que me deixou fora de mim foi a “certeza” que todos os outros tiveram num lance que eu vi de outra maneira.

Fizeram-me lembrar os puritanos que, não sabendo exactamente o que sabem, se apressam a berrar que o Ciclismo está podre. Não sabem… Pior, não querem saber. Pior ainda… não estão minimamente preparados para o poderem saber.

Mas não se calam. A vergonha não chega para isso!...

1 comentário:

Luis Ribeiro disse...

Apenas uma correcção não me chamo José. Chamo-me Luís Manuel Ferreira Mendes Ribeiro e tenho 25 anos, pode estar a confundir com outra pessoa de nome José Luís Ribeiro essa sim um jornalista e membro ou ex-membro da ACM. Para alem disso Também não confundir com Luís Manuel Teixeira o Funcionário da ACM.
Senti a necessidade deste esclarecimento porque já varias vezes nos confundiram entre os três devido aos nomes muito parecidos.