segunda-feira, outubro 30, 2006

302.ª etapa


FERNANDO MENDES - UM DOS GRANDES NOMES DO NOSSO CICLISMO - MORREU HÁ 5 ANOS

Numa altura em que o Benfica está prestes a voltar à estrada, acho por bem recordar aqui um dos corredores mais marcantes da História das águias no Ciclismo.
Faz hoje precisamente 5 anos que, em consequência de um malfadado acidente de viação, faleceu Fernando Mendes.

Se recuarmos um pouco no tempo constataremos que muitas das páginas da História do próprio Ciclismo em Portugal se confundem com a História de dois grandes clubes, o Benfica e o Sporting. Desde logo, na rivalidade entre Alfredo Trindade e José Maria Nicolau, no início dos anos 30 do século passado, rivalidade que viria a ter, quatro décadas depois, outros protagonistas: Joaquim Agostinho, pelo lado dos leões e Fernando Mendes, da parte dos encarnados.

Se, em relação ao primeiro duelo e numa observação imparcial, a luta ficou ela-por-ela, no segundo a superioridade de Agostinho “abafou” todos os rivais. Aliás, vários excelentes corredores – muitos deles ainda vivos – contemporâneos de Agostinho, só não conseguiram um maior destaque exactamente porque o corredor de Brejenjas era de tal forma superior que não lhes deu grandes hipóteses. E Fernando Mendes foi um desses corredores que teve a “infelicidade” de coexistir no mesmo pelotão com o maior corredor português de todos os tempos.

E, tal como acontecera com Nicolau e Trindade, também Agostinho e Mendes foram sempre amigos muito próximos, quando não estavam na estrada, a lutarem, cada um, pelas suas cores. Agostinho foi, aliás, padrinho de baptismo do primeiro filho de Mendes, o que os fez compadres. Mas, mais do que isso eram mesmo amigos!
Fernando Mendes, natural de Rio Meão, ali para os lados da Feira, começou a correr como profissional com 19 anos, na Ovarense, mas no ano seguinte (1966) mudou-se para o Benfica clube que defendeu, ininterruptamente, durante dez temporadas, tendo ganho a Volta a Portugal em 1974. Passou ainda pelo FC Porto e, pela mão do seu amigo e compadre, deu ainda algumas saltadas ao estrangeiro onde representou a Flandria, a Kas e a Teka, entre outras - todas equipas de primeiro plano, na altura - tendo, por isso, corrido a Vuelta e o Tour onde, em quatro participações, terminou em 18.º, em 1973, e 27.º, quatro anos mais tarde.
Entretanto, viria ainda a ganhar outra Volta a Portugal, já como técnico, em 1990, com Fernando Carvalho (Ruquita-Feirense). E era com Fernando Carvalho que ainda trabalhava no Ciclismo, sendo um dos monitores da Escola de Ciclismo que tem o nome do vencedor da Volta de 1990, quando morreu.

Já não tive oportunidade de conhecer o Joaquim Agostinho, mas ainda conheci o Fernando Mendes, nos meus primeiros anos de jornalista a acompanhar o Ciclismo. Era um homem simples, um bocado reservado…

Mas não é este artigo para falar do palmarés de Fernando Mendes…
É para o recordar, no dia em que se cumpre o 5.º aniversário sobre a sua morte.
Mas como acontece com os grandes campeões, o seu nome jamais será esquecido. Pelos benfiquistas e por todos os que andaram no ciclismo e com ele privaram de mais perto.

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