domingo, outubro 22, 2006

285.ª etapa


TROFÉUS "VELOLUSO" - 3


Já temos Corredores, já temos provas.
Estava garantida a existência do Ciclismo.
Mas não é assim tão fácil, nos dias de hoje.

O Ciclismo – eternamente “balançando”
entre o se será o mais colectivo dos desportos individuais (só ganha um!...) ou a mais individual das disciplinas colectivas – está organizado. É preciso que esteja organizado. E está-o… por equipas. E, se uma grande equipa pode não ser capaz de levar o seu candidato ao triunfo, quem ganha dificilmente
o faria sem ter uma boa equipa na retaguarda…


MAIA-MILANEZA
Porque foi a equipa com mais vitórias – 18, no total (pelo menos isso ninguém o poderá negar) – e porque muita pouca gente acreditaria que Manuel Zeferino conseguisse fazer uma “omeleta” que fosse, com os “ovos” que tinha à disposição. Este troféu também é um pouco para ele (ou muito?) porque, depois de ter comandado homens como José Azevedo, Claus Möller, Melchor Mauri, Fabian Jeker ou David Bernabéu, depois de ter ganho três Voltas a Portugal em quatro anos, de ter conquistado o respeito do pelotão internacional, em corridas em Espanha e não só, vendo-se com uma equipa “despida” de vedetas e pejada de juventude, sempre generosa mas irremediavelmente “verde” para medir forças com outras bem mais consistentes, ainda assim conseguiu fazer uma época espectacular.
Amparando os mais novos aqui, dando um “empurrãozinho” aos mais experientes ali… conseguiu levar a água ao seu moínho. Ganhou sete corridas – entre elas, o Campeonato nacional, com o alentejano Bruno Pires – venceu 11 etapas, ao logo da temporada e apresentou-se na Volta com uma vitória, sempre importante, no Troféu Joaquim Agostinho (Danail Petrov), poucas semanas antes. Bruno Pires (que ganhou também a Volta a Trás-os-Montes), Danail Petrov, Pedro Cardoso, Pedro Andrade e Bruno Castanheira tiveram de, na Volta, “ensinar” o caminho aos jovens Bruno Lima, Afonso Azevedo, Rogério Batista e João Cabreira e, pese embora todo o jogo “psicológico” que Zeferino colocou no tabuleiro, a verdade é que pouco mais se podia esperar desta equipa que ultrapassou, e muito, aquilo que dela se esperava.

O primeiro, sem dúvida nenhuma para a LA Alumínios-Liberty pelo que trabalhou na Volta a Portugal.
A equipa de Vítor Paulo Branco e Américo Silva, que não soube, é um facto, ultrapassar a ausência (forçada) de Cândido Barbosa em meia temporada – com tantos corredores de valor, como o são Rui Sousa, Nuno Ribeiro ou Luís Pinheiro (!!!), só como exemplo –, viu-se, chegada a Volta, na “obrigação” de jogar naqueles dez dias toda a temporada. As vitórias que antes conseguira, apenas uma em corridas por etapas – Jordi Grau, no GP Correios – não chegavam para “almofadar” a época e a equipa partiu para a Volta quase “obrigada” a ganhar. Depois, a “guerra psicológica” – principalmente com a Maia – saiu-lhe a descontento e, malgrado o ímpeto de Cândido Barbosa, a verdade é que estava “escrito” que esta Volta ia ser atípica. Marcando e tentando “provocar” uns adversários, saiam-lhe, diariamente, de onde menos se esperava, outros e foi preciso correr atrás do prejuízo. Mas a equipa fez uma grande Volta, na qual foi a que mais trabalhou. Os segundo e terceiro lugares na geral final, contudo, souberam a pouco.

Na “discussão” pelos segundo e terceiro lugares, mas aqui nesta apreciação, ganhou a DUJA-Tavira. Foi a grande surpresa, pela positiva, da última Volta, com aquele senão – que na altura apontei – de, obrigado a pensar no momento, Vidal Fitas (para mim a revelação do ano enquanto DD) ter “roubado” o triunfo na montanha a Nélson Vitorino. Um dos seus corredores que mais merecia estar no pódio final. Teve, a seu favor, um Ricardo que foi “mestre”, até na forma como chegou à camisola amarela e um Martin Garrido de sangue latino-americano na guelra. Mas também houve muito de Luís Bartolomeu, de Krassimir Vasilev… de todos. Por isso ganharam o direito a este destaque.

E pronto, em terceiro lugar – que não é nada desprestigiante – fica a Carvalhelhos-Boavista.
A equipa do professor José Santos foi a mais regular em toda a temporada e – não me lembro, mas também não vou ver!... – se não esteve em todos os pódios em todas as corridas, terá andado lá muito perto.
Tiago Machado e Manuel Cardoso foram os seus corredores mais em destaque, mas Ben Day, Célio Sousa, Virgílio Santos e o “eterno” Joaquim Sampaio souberam protagonizar um sempre consistente apoio aos seus jovens colegas, levando a equipa do Porto a chegar ao final com um balanço que só pode ser positivo. E vendo à sua frente um futuro radioso, tal a qualidade dos seus elementos mais jovens.




(continua)

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