segunda-feira, outubro 16, 2006

270.ª etapa



ORGANIZADORES PERDEM "MAIS VALIA" PARA AS SUAS CORRIDAS

Quer queiram, quer não – sei que as opiniões se dividem – o regresso do Benfica, como acontecerá quando o FC Porto voltar e o Sporting fizer o mesmo, vai trazer, não só mais gente à estrada como uma maior atenção para com o ciclismo por parte dos Órgãos de Comunicação Social (OCS). A presença – que é um regresso, também – de José Azevedo no pelotão português ajudará a potenciar isso mesmo.

Uma das partes, no todo que é o ciclismo, que mais satisfeita deve estar é a das Organizações. A tarefa, hercúlea, em alguns casos, sei disso, de tentar angariar sponsors para montarem as suas corridas deve para o ano ser um pouco mais fácil. Afinal, o Benfica vai correr. Afinal, teremos nas estradas portuguesas aquele que é o nome mais sonante do ciclismo indígena nos últimos anos.
Os organizadores usarão esses trunfos para tentarem convencer os potenciais patrocínios, acrescentando o que é lógico: com o Benfica e o José Azevedo presentes, a CS dificilmente deixará de estar presente. As televisões estarão mais interessadas, haverá mais espaço nos jornais. Mais fotos.

Aqui, o desejo é que a CS saiba discernir entre as corridas que (eventualmente, e vai acontecer) “o Benfica perde” e as corridas que, com certeza, serão ganhas com toda a justiça pelas outras equipas que também andam na estrada para ganhar. Não diminuindo a importância dessas vitórias.

Mas retomemos o assunto deste artigo.
Os Organizadores das corridas do calendário doméstico é que não vão poder garantir aos seus patrocinadores que o José Azevedo vai correr.
A Prova de Abertura não vai ter o Benfica principal; a Clássica da Primavera – que este ano esteve quase para não sair para a estrada – embora passe a porta de José Azevedo não vai tê-lo no pelotão. Trás-os-Montes, o Grande Prémio Abimota, o Grande Prémio do Minho e o GP Vinhos da Estremadura a mesma coisa.
Claro que o resto do pelotão merece todo o respeito e assegura, só por si, a possibilidade de haver espectáculo. Mas é, reduzido à nossa dimensão, a mesma coisa que a Semana Catalã, por exemplo, não poder ter contado com os melhores do pelotão internacional. Consequência: em dois anos perdeu os patrocinadores e desapareceu do mapa de corridas.

Esta sim, é a parte com a qual nos devemos preocupar.

Outra coisa. As corridas 1.12 (“clássicas”) e 2.12 (por etapas) podem contar com a equipa de sub-23 do Benfica, se as respectivas organizações a convidarem tendo, neste caso, que observar um pequeno pormenor: os sub-23 não podem correr etapas com mais de 180 km. “Ok”, dir-me-ão, “este ano nenhuma prova nacional teve etapas com essa quilometragem”. É verdade. Também quase todas tiveram que recorrer ao pelotão de sub-23. Pelo menos a duas ou três equipas.
E depois, lá estão as queixas – legítimas – de que “se anda o ano inteiro a fazer etapas de 140 km para se chegar à Volta e apanhar com algumas de 200…”.
Pois é!...

Embora fora do assunto, isto fez-me lembrar do caso caricato que aconteceu este ano e do qual muitos poucos se terão apercebido. Houve (em Portugal, sim) uma corrida internacional que, a três semanas de sair para a estrada teve de redesenhar o seu traçado porque as quilometragens definidas para as etapas ficavam… abaixo do mínimo permitido regulamentarmente! E lá se “esticaram” (quase todas, senão todas mesmo) as tiradas com mais uma voltinha para que se cumprissem os regulamentos.
Mas estas “estórias” das etapas curtas têm uma razão de ser.
Voltarei ao assunto.

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