TROFÉUS "VELOLUSO" - 1
Começo exactamente por quem é mais importante no Ciclismo.
Bem que pode existir gente que, mais ou menos em picos dos pés, tente sobressair ou chamar para si o foco dos holofotes, ninguém, nunca, será mais importante do que os Corredores.
SÉRGIO RIBEIRO (Barbot-Halcon)
É uma escolha consensual. Foi o corredor com mais vitórias ao longo da temporada (10) e que mais vezes subiu a um pódio (29). Ganhou três corridas por etapas: a Volta ao Alentejo, o GP Barbot e o GP Vinhos da Estremadura, uma prova de 1 dia – a Clássica da Primavera – e chegou ao fim da temporada como líder do ranking nacional.
Em provas por etapas fez ainda um 3.º lugar (GP Rota dos Móveis), ficou ainda por duas vezes em segundo – e outras tantas em 3.º – em corridas de 1 dia; ganhou 6 etapas nas provas de regularidade e ficou 8 vezes em segundo e 3 em terceiro. Venceu ainda três classificações por pontos, noutras tantas corridas.
A um mês (mais ou menos) de completar 26 anos, Sérgio Ribeiro é o mais completo dos nossos jovens corredores.
Regular, como foi demonstrado pelos resultados nas provas por etapas, e com uma propensão muito própria para as chegadas em grupo, desde que a chegada ofereça dificuldades e não seja apenas explosiva (basta que sejam um pouco mais técnicas e ligeiramente a subir), a Sérgio Ribeiro falta apenas ser trabalhado nos terrenos de média/alta montanha para poder ser a nossa próxima figura a merecer a cobiça de equipas estrangeiras. Os contra-relógio são um problema, mas como em Portugal só se disputam dois (nos bons anos) por temporada…
Sérgio Ribeiro é, pois, o primeiro vencedor do Troféu VeloLuso para o melhor corredor.
Com apenas 21 anos, completados há poucos dias, TIAGO MACHADO (Carvalhelhos-Boavista) é uma das grandes revelações desta temporada. Ainda falarei de outras, mas, para já, fiquemos com este jovem que o professor José Santos está a trabalhar e que, no que concerne a subidas ao pódio, foi o segundo, esta temporada, só atrás de Sérgio Ribeiro.
Generoso, no trabalho no pelotão, para a equipa, abnegado, quando tenta a sua sorte em fuga, Tiago Machado ganhou este ano duas corridas por etapas (Troféu Fernando Mendes/Volta a terras de St.ª Maria e GP Abimota), duas provas de 1 dia – um dos circuitos de fim de temporada e, antes disso e bem mais importante, o Campeonato Nacional de contra-relógio (sub-23), tendo ainda ganho uma etapa no GP Vinhos da Estremadura, num total de 5 vitórias e 19 subidas ao pódio, 5 delas como vencedor do Prémio da Juventude o que demonstra que, entre os da sua idade, é um dos melhores.
Todos esperamos muito deste jovem corredor que, contudo, já tem um “pequeno” palmarés que fala por ele.
O segundo destaque vai para PEDRO CARDOSO (Maia-Milaneza). Corredor “maduro” não deixou, por isso, de este ano ter sido, de alguma forma, posto à prova.
Habitual elemento da “brigada de sapadores” da equipa de Manuel Zeferino, num ano em que a equipa apareceu na estrada (quase) totalmente redefinida, com muita gente jovem, ao Pedro Cardoso foi pedido, mais do que trabalhar para a união interna do grupo, que mostrasse aos mais novos como é que se faz. E o corredor de Barcelos não se atemorizou. Foi o terceiro corredor nacional com mais vitórias e com mais pódios, tendo ganho, no que respeita a provas por etapas, o GP Rota dos Móveis e, de enfiada, o Grande Prémio do Minho, corrida exigente, em todos os terrenos, e na qual o Pedro mostrou que, afinal de contas, Manuel Zeferino tinha, nestes últimos anos, uma opção bem portuguesa entre os “ases” que preferiu jogar. As vitórias em três etapas e ainda mais 4 segundos lugares e dois terceiros são o suficiente para demonstrar a regularidade de um corredor que, já não é jovem, é verdade, mas que, digo eu, ainda tem muito para dar ao ciclismo português. Assumiu-se, em definitivo, com o líder desta nova Maia.
O algarvio RICARDO MESTRE (Duja-Tavira) é o meu terceiro destaque no capítulo dos corredores. 23 anos apenas, fortíssimo na média/alta montanha, regular no “crono” – onde, na Volta a Portugal “roubou” a Tiago Machado o título de melhor jovem – Ricardo Mestre mostrou este ano ser um digno sucessor de outros grandes nomes do ciclismo algarvio. De Cabrita Mealha a Jorge Corvo. “Só” ganhou uma etapa, esta temporada. A chegada a Fafe, da Volta a Portugal, no final da qual envergou a Camisola Amarela. Pujante de força, sagrou-se também “rei” dos trepadores na principal corrida do nosso calendário e não o fez amealhando pontitos nas subidas de 3.ª ou 4.ª categoria. Quer dizer… também aí conquistou alguns, mas chegou ao “trono” na subida para a Torre e isso não pode ser escamoteado.
Foi inteligente em ter decidido ficar-se por Tavira ainda mais um ano (apesar de ter contrato por mais 4, não acredito que ali fique além de 2007). Porque às vezes não é mais importante o nome da equipa, mas a liberdade que se tem naquela que se está a representar. E Ricardo Mestre vai poder confirmar, para o ano, o extraordinário corredor que é.
(Continua)
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