TROFÉUS "VELOLUSO" - 2
A seguir aos corredores, o que é que pode ser mais importante? Claro. Sem corridas não havia hipótese de haver ciclismo. Vamos então à minha selecção daquelas que terão sido as corridas que se destacaram. Esta ano, e como é do conhecimento dos meus leitores, estive totalmente fora de actividade. Fui ver, no total, 5 etapas de três provas, em todo o ano – 3 da Volta ao Algarve; uma do GP CTT e a segunda da Volta. O resto segui à distância, mas isso não me impede de julgar a qualidade de todas elas, globalmente, porque sempre fui estando informado.
VOLTA A PORTUGAL
E escolho, sem espaço para dúvidas, a Volta como a melhor corrida do ano. Por tudo. Quer dizer… quase tudo.
(Já perceberão…)
A João Lagos Sports/PAD vem a consolidar a sua posição de “major-organization” de ano para ano, de prova para prova. Não se lhe pode ser retirado esse crédito e, de ano para ano, de prova para prova, as coisas vão aparecendo, cada vez mais naturalmente… isso mesmo, naturalmente. É inegável a força que já têm as escolhas de Joaquim Gomes para os percursos e, em relação à Volta – que é do que estou a falar agora – desde que soube do seu traçado antevi (passe a imodéstia, mas isso pode ser verificado, aqui, neste mesmo espaço que é o VeloLuso) uma corrida prenhe de emoção. Não errei nem um bocadinho.
Não há na memória, mesmo dos mais velhos, uma Volta assim. Dez dias: nove ganhadores de etapas; nove líderes. A indecisão, em relação ao que podia acontecer, ali, latente, dia após dia… Espectacular.
Há anos que não tínhamos uma Volta assim e só desejo que o que vivemos este ano se possa repetir nas próximas edições.
Há a tal coisa do protagonismo dado a quem não tem nada a ver com o ciclismo, mas fico-me pelo lado desportivo e aí… tivemos Volta!
O primeiro destaque, neste campo, vai para a Volta ao Algarve. Foi, uma vez mais, a corrida portuguesa com o melhor pelotão (aqui está a explicação para aquelas reticências de ainda há pouco, em relação à Volta) e outra vez com um traçado muito, muito equilibrado. O meu amigo de peito, Rogério Teixeira, tem nas suas mãos aquela que bem podia ser umas das grandes corridas de arranque da temporada. O ProTour sonega-lhe essa possibilidade e, depois, um incompreensível alheamento das autoridades e forças económicas da região deixam-lhe nas mãos um “menino” que ele tem conseguido ajudar a manter de pé, faltando-lhe, contudo, que possa aprender a dar os primeiros passos.
Não sou eu, daqui, deste pequenino canto, quem pode tentar “abanar” as chamadas “forças vivas” do Algarve de forma a que vejam o filão que têm ali, à frente dos seus olhos.
No aspecto desportivo, vimos, em “primeira-mão”, algumas das figuras que mais tarde haveriam de ganhar etapas no Giro e no Tour ganhar em Faro e em Portimão. E vimos um soberbo João Cabreira (Maia-Milaneza) arrebatar a vitória final na exigente dupla subida ao alto do Malhão. Depois de os estrangeiros terem dominado o GP Costa Azul – e parte da mesma Volta ao Algarve – testemunhei, no local, a primeira vitória de um português. E foi uma vitória brilhante.
Só não se me viram as lágrimas porque estava à chuva e sem qualquer protecção, ensopado até aos ossos, como se diz no Alentejo.
E por falar em Alentejo (parece coincidência mas não é), a “minha” Alentejana merece aqui o segundo destaque.
Teve um pelotão para o pobrezinho – como aquela região, ao fim e ao cabo – mas uma corrida vivíssima. Tão viva que, no final, os três primeiros classificados ficaram empatados em tempo e só o “puntómetro” desempatou a favor do, também ele, mui português Sérgio Ribeiro.
No Alentejo não podemos esperar corridas muito diferentes daquelas que temos ano após ano. Montanha… só em Portalegre e a etapa deste ano era demolidora. Por acaso acabou ao “sprint”, mas o sobe-e-desce da Serra de São Mamede deixou mossas.
Grande etapa fez nesse dia o José Rodrigues (Carvalhelhos-Boavista)!...
E a etapa final, com chegada a Beja parecia um elástico estendido de tensa que foi, sempre na expectativa de quem soltaria uma das pontas. Soltou-a Sérgio Ribeiro nas últimas centenas de metros, para a segunda vitória de um português numa das nossas corridas internacionais, depois do previsível desfecho do GP Costa Azul e da desilusão (em termos desportivos e para as nossas cores) que foi a Volta a Santarém.
O terceiro destaque vai para o GP Paredes-Rota dos Móveis. Porque levou mais ciclismo à região Norte do País, porque nele vimos, pela primeira vez, o Cândido Barbosa (LA Alumínios-Liberty), porque o Sérgio Ribeiro voltou a mostrar-se capaz de ganhar e porque, no final, o triunfo foi para um Pedro Cardoso “mandão”, senhor das suas forças e capacidades. Foi uma corrida muito bonita, que fez por merecer a sua promoção a internacional para o ano que vem. Com o histórico GP do Minho condicionado à sua condição de corrida doméstica, o Norte merece uma oportunidade para ver algumas equipas – e alguns corredores – de renome, como espero aconteça em 2007.
(Continua)
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