[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
quinta-feira, outubro 19, 2006
277. ª etapa
ATÉ QUE A VOZ ME DOA!....
O VeloLuso nasceu - está quase a fazer um ano - ante a necessidade que eu sentia de me expressar sobre a modalidade que me conquistou. Todos sabem quem sou. De qualquer modo, nas páginas do Jornal reconheço que não teria hipóteses de me "estender" da forma como aqui o faço. É a "ditadura" dos caracteres. Não estou contra nem a favor. Como em tudo na vida, há regras que são esabelecidas e nós só temos que as respeitar.
Para os leigos, eu tenho aqui escrito crónicas que encheriam duas páginas de jornal. Perfeitamente impossível!
Nasceu devagarinho, mas desde os seus primeiros passos, com vontade de "mexer" de alguma forma com o "statuos quo". Eu não podia era prever o que vinha a seguir. Uma situação de baixa médica "roubou-me" ao jornal, mas, e ao mesmo tempo, deixou-me todo o tempo livre para aqui escreer. Mais dia menos dia - para mim, pelo menos, é uma boa nova - estarei de regresso à Redacção da Travessa da Queimada e o VeloLuso deixará de ser tão... interventivo. Apenas por falta de tempo.
Um misto de uma coisa que a maioria não perceberá, que é a NECESSIDADE de escrever, com a possibilidade de ter o tempo que quisesse, acabou por proporcionar-me uma actividade muito mais constante.
Tinha tempo, tinha meio... restava-me escrever. E escrevi.
Sobre quase todas as vertentes do ciclismo de estrada profissional. Fi-lo sempre com a consciência de que a minha opinião não podia ser ignorada. E eu não me "encolhi" ante esta... contrariedade.
Apesar de tudo, apesar das conversas de final de jantar em qualquer uma das muitas corridas que fiz até hoje, raramente experimentei a oportunidade de a expressar "urbi et orbi", de forma a que chegasse para além da largura da mesa. Aceitei o desafio que propuz a mim mesmo e os artigos foram-se sucedendo.
Como sempre acontece, quando aparece uma coisa "nova", as primeiras reacções foram apenas de curiosidade. Contudo, a partir de dada altura, as minhas opiniões começaram a deixar marcas.
Pessoas que sempre me tinham aceite como mais um do grande grupo que é a família do ciclismo começaram a fazer passar a mensagem de que eu estava a ser... demasiado incómodo. Até irem mais longe e ao fazer-me chegar, por telefone, por e-mail e por meio de terceiros, o quanto lhes desagradavam as minhas opiniões.
Pude sentir e medir o desagrado dessas pesoas. E posso dar um exemplo. Quando da Volta a Portugal todos os dias enviei uma mensagem de parabéns a todas as equipas que ganharam uma etapa. Todas as equipas portuguesas. Só uma dessas equipas me respondeu e fê-lo de uma maneira que me tocou. Eu enviei a mensagem, não ao DD, mas ao "capitão" da equipa e este, meia hora depois respondia-me agradecendo, em nome do corredor que vencera a etapa (que só não contactei privadamente porque não tinha o número dele), mas também em nome de toda a equipa. Se apenas corredores de duas equipas estrangeiras ganharam etapas (aos quais não enviei os parabéns, não por uma questão de patriotismo, mas porque não tenho qualquer contacto) os outros portugueses ignoraram a minha mensagem.
E não foi por uma razão tão simples assim. A verdade é que, em alguns dos casos, o único contacto que tenho é o do DD. Foram eles quem recebeu a minha mensagem, mas não responderam.
É só um exemplo. Ainda antes da Volta tive oportunidade de fazer o mesmo - fi-lo sempre - em relação a quem ganhava corridas ou etapas.
Uma vez houve um DD que mes responder assim: "Apesar do que anda a escrever... obrigado!"
"Apesar do que anda a escrever"!
Foi quando percebi que o VeloLuso era lido atentamente por todos.
E que as minhas opiniões, algumas das minhas opiniões eram incómodas.
Isso é o que todo o jornalista de verdade almeja. Que a sua opinião seja incómoda. É esse o nosso papel.
E escrevi aqui muitas coisas incómodas para muita gente.
E foram muitos os agentes do ciclismo que me contactaram - porque todos sabem o número do meu telemóvel - e comigo esgrimiram posições.
Foi extremamente grato.
Entretanto, e numa altura em que toda a gente se queixa de que a CS não dá uma visibilidade suficiente ao ciclismo, muita gente houve que, pelas suas reacções, deixaram em claro que "dispensavam" um determinado tipo de notícia.
Escrever que o profissionalismo em Portugal é uma mentira, que há equipas a pagarem 350 €/mês a corredores, que um senhor andou a brincar com todos quando "armou" uma barracada em vésperas da Volta começar - o que só serviu para atrir sobre si as atenções -, que o mesmo senhor "garantiu" que ia sair em 2007 com o nome de FC Porto e que, acaba por absorver, retirando-lhe qualquer visibilidade, uma outra equipa; escrever que a FPC não tem a mesma atitude perante o mesmo problema e três equipas diferentes... tudo isso teve repercursões com as quais eu não contava.
Pensei, e continuo a pensar, que a crítica tem o seu lugar. Que, quantas mais pessoas souberem melhor. Foi por essa linha que alinhei o VeloLuso. E não retiro uma vírgula sequer ao que para trás ficou escrito. Mas fiquei a conhecer um pouco melhor as pessoas directamente ligadas ao ciclismo. Tenham mais ou menos solto o verbo.
Nunca fui, aqui, no VeloLuso, incoveniente por estar a relatar falsidades, antes, por estar a deixar a descoberto algumas (muitas) verdades.
E voltei a saborear o que é ser-se jornalista.
Escrever que uma chegada de uma etapa da Volta custa o mesmo (ou um pouco mais) do que uma chegada da Vuelta, "doeu" à PAD. Escrever que existe, de facto e está nos regulamentos, um tecto salarial que terá de ser respeitado, custou a muitos responsáveis por muitas equipas. Escrever que há quem faça tudo a pensar, primeiro, na viabilidade da sua condição de DD, não foi fácil de engolir por alguns.
Mas está escrito e é verdade. E contra isso ninguém pode fazer nada.
Depois de amanhã tem lugar uma Assembleia-geral da FPC. Muitas das coisas que eu aqui aflorei estarão na Ordem de Trabalhos. Agora, não sou eu quem tem que responder aos desafios que eu próprio lancei.
Coma vai ser?
O Benfica pode ou não correr as provas nacionais?
Com quantos elementos da sua equipa principal?
E as equipas estão a respeitar o ordenado pela UCI no que respeita ao pagamento aos seus corredores?
E a Associação de Corredores Profissionais Portugueses, vai ou não defender os seus associados?
Aceita condições de compromisso porque iso será preferível ao mandar para o desemprego duas ou três dezenas de corredores?
Ok, mas que assuma isso mesmo. Que aceita.
Estarão é a desvirtuar aquilo que é emanado pela UCI. E, se numas coisas exigem que a UCI cumpra com o legislado, não faz é muito sentido que noutras coisas se aceitem "acordos" daquele tipo.
Enfim, no sábado à tarde já se saberá alguma coisa.
E o que interessa saber é mesmo quanto "lixo" foi varrido para debaixo da alcatifa e depois fazer de conta que não existiu.
Eu vou estar atento.
E depois vou aqui escrever o que aconteceu. Quantas e quais as condições de compromisso e como depois ninguém vai ter razão para protestar o que foi aceite por todas as partes.
Principalmente se eu achar que foram soluções que lesam a verdade do ciclismo português.
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2 comentários:
Apesar de te gostar de ler aqui, fico feliz em saber que em breve estarás de regresso À "Travessa da Queimada"...
abraço,
Nuno VEiga
Manuel,
É uma excelente boa nova a que nos acabas de dar. Um abraço de boa sorte e um grande regresso à tua casa.
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