domingo, outubro 08, 2006

256.ª etapa


VOLTEMOS ENTÃO À PISTA...

Na sequência do artigo sobre o ciclismo de pista, que aqui deixei há dois dias, recebi um e-mail de um amigo que, por acaso, até tem muito a ver com o assunto porque teve a coragem (estou a plagiar-te Paulo) de avançar com o suporte da organização do Troféu Nacional de Pista, em 2004. Tem razão o Paulo (Quintino). Escrevi ao correr da pena e não tive a preocupação de tentar saber se a iniciativa ainda perdurava ou não. Felizmente, parece que sim e, já agora, aproveito para convidar todos a experimentarem dar um salto à pista mais próxima para assistir, na próxima temporada, a algumas corridas de pista. Vão ver que não darão o vosso tempo por mal empregue.

Entretanto, e na conversa posterior ao e-mail (que podem ler nos “comentários”) que mantive com o Paulo Quintino, aproveitámos para divagar sobre o tema. Ambos achamos que há, de facto, uma brecha a preencher no nosso ciclismo, exactamente a sua vertente de pista. Pedia-se, pois, à federação que não deixasse de investir no ciclismo de pista. À federação e não só. As autarquias que têm pistas no seu território deviam colaborar, dando uma ajuda que seria, só por si, preciosíssima e que era o de reabilitarem as suas pistas. As que precisam, claro, e estou a lembrar-me da de Sangalhos, por exemplo.

O passo seguinte bem que poderia ser a contratação, por parte da federação, de um técnico especializado. É um investimento que, acredito, poderia vir a revelar-se bastante rentável num futuro a médio prazo. Porque teria que começar-se muito do princípio – sem que com isto esteja a dizer que o trabalho que já se faz, com os técnicos que já se tem, não está a ser bem conduzido – e, concordámos os dois, eu e o Paulo Quintino, na tal nossa conversa, que uma aposta num técnico credenciado poderia ser a chave para mais depressa abrirmos a porta do futuro.
Veja-se o que aconteceu, por exemplo, com a nossa selecção de voleibol. Não quer dizer que não tenhamos bons técnicos de voleibol em Portugal, mas a vinda, há uns anos atrás do cubano Juan Diaz fez o nosso volei dar um enorme salto e, de praticamente desconhecido a nível internacional, rapidamente Portugal passou a estar presente nas principais competições.
É só uma ideia.

1 comentário:

mzmadeira disse...

É então este o teor do e-mail que o Paulo Quintino me enviou, e que aqui volto a agradecer.



Manel, parabéns pela coragem que tiveste em abordar esta vertente do ciclismo (ao fim de 252 etapas), da qual eu sei que gostas, e a prova é que foste o único jornalista a dedicar-lhe um espaço num Jornal Desportivo. Mas não posso concordar quando dizes - “O ano passado tentou-se, com a boa vontade da federação – mas foi mesmo só a boa vontade – revitalizar o Ciclismo de Pista. Redundou num tremendo fracasso”. Pois na minha opinião, o redundante fracasso, resultou numa redundante vitória, no sentido de que valeu a pena por à prova os atletas, técnicos e comissários e demais pessoas e entidades envolvidas, que demonstraram um esforço e empenhamento excepcional, que só pode ser explicado pela paixão que se sente pela modalidade; pois os apoios existentes são poucos ou nenhuns.
Até a classe de Comissários beneficiou com a Pista, proporcionando-lhes um contacto directo com a vertente, dando-lhes experiência para a sua participação em eventos como os Campeonatos do Mundo de Ciclismo, o que já aconteceu com uma das nossas Comissárias.
A prova de que o ciclismo de pista é uma realidade no nosso país, é mais uma vez feita pelo empenho das várias equipas participantes, das quais posso dar vários exemplos, uma vez que só quem está por dentro das iniciativas é que se apercebe dessas realidades, e por isso cabe-nos a tarefa de fazer justiça às mesmas. Então, e considerando que estamos a falar de cadetes e juniores, aqui vai:
Temos o caso do Clube de Mirandela que, para estarem presentes, têm de sair de casa de véspera, fazer as viagens de noite, fazendo deslocações de muitas centenas de quilómetros; O Clube de Estói, com as mesmas dificuldades logísticas; os Matocheirinhos, com um fervor exemplar pela modalidade; o Milharado, o clube com maior número de atletas; o Azeitonense, o Tavira e o Lousa, este último com um grande campeão que esteve às portas de integrar uma equipa que o levaria a um estágio de 3 meses na Suiça, com atletas de toda a Europa. Devo dizer ainda que os 40 a 50 atletas participantes desenvolveram as suas participações por 3 anos e não apenas no último ano, tendo sido revelados talentos que com o acompanhamento técnico necessário chegariam longe.
Importante ainda de frisar o que o Jornal Litoral Centro escreveu no dia 4 Outubro 2006: “Aproveitando a presença de Laurentino Dias, Litério Marques lançou um desafio ao governante: "O nosso trabalho desportivo ainda não acabou, precisamos da pista de Sangalhos para criarmos condições para a prática do ciclismo", pediu, adiantando mesmo que a autarquia já tem o projecto preparado e os custos previstos para a realização da obra, que serão apresentados ao Secretário de Estado do Desporto. Quanto à pista, o governante deu o seu parecer positivo à concretização deste objectivo. "Quando me lançou o desafio, já sabia que ia ter o meu parecer favorável, porque é necessária uma infra-estrutura para o ramo de bicicletas", afirmou, justificando esta opção como um empurrão que "é necessário…”. Para Laurentino Dias, "este projecto tem todas as condições para vingar, porque com ele queremos envolver o desporto, a economia e o país".
Não podemos é confundir ciclismo de estrada com ciclismo de Pista. Este projecto deu o seu primeiro passo em 2004 com o Troféu Nacional de Pista, e estou de acordo com o Sr. Secretário de Estado do Desporto quando disse “Este Projecto tem todas as condições para vingar”.
Mas também concordo contigo: “A federação tem boa vontade, mas boa vontade não chega."

Um Abraço
Paulo Quintino