[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
segunda-feira, outubro 30, 2006
303.ª etapa
FALAR DE "DOPING" É ANDAR NO "FIO-DA-NAVALHA"
Na peça – desculpem-me a linguagem de redacção, mas eu próprio chamo “artigos” às minhas “entradas” (o termo certo para um Blog) - que escrevi e que foi para o Céu dos Blogs (ou para o Inferno… “morreu”), eu tentava retomar o assunto Operação Puerto.
Não vale a pena estarmos todos, agora, a lamentar o facto de presumíveis implicados numa “teia” que tem de tudo para ser mal quista por quem realmente gosta de ciclismo, mas como eu não sou juíz nem júri, não posso continuar a exigir a “cabeça” de Corredores que, de facto – e é mesmo um facto, e contra estes não há argumentos – não foram apanhados pela Justiça Desportiva. É a tal história – que toquei ao de leve no Cyclolusitano – de que eu não posso ser autuado pela Brigada de Trânsito da GNR que tem gravadas imagens minhas tiradas numa Loja de Conveniência, a comprar uma garrafa de JB de 12 anos se, soprando para o balão, eu não acusar uma taxa de alcoolémia superior à permitida por Lei.
Nada podem fazer contra mim.
Mal comparado foi o que aconteceu na Operação Puerto.
De facto, nenhum dos presumíveis “batoteiros” foi apanhado nos controlos pelos quais passou. E a coisa de a Polícia ter em seu poder ficheiros completos que os dão como presumíveis compradores – ou utilizadores – de produtos proibidos, ou métodos ilegais, vala ZERO uma vez que no equivalente ao “soprar do balão” eles não acusaram coisíssima nenhuma.
O problema – e o que deve envergonhar as autoridades desportivas – é que agora, e como leio no Todociclismo, até o Manolo Saíz se prepara para tirar alguns proveitos – legais – do facto de ter sido apontado a dedo. Confiram. Por favor, em www.todociclismo.com. “No se puede olvidar todo el daño que han hecho”, diz o senhor Saíz e, ah!, mas isso é certinho, ele vai accionar tudo o que puder, em termos legais, para não sair disto de mãos a abanar…
Entretanto, o dia de hoje fica marcado por mais duas notícias. A do regresso de Santi Perez que, cumpridos os dois anos de suspensão, volta a ter uma oportunidade, agora na Gam-Relax (e não na Relax-Fuenlabrada – há jornais que parece tratarem os seus leitores como analfabetos, como se, numa modalidade cujos adeptos primam por se manter bem informados, isso não significasse a obrigação de os jornalistas o estarem… ainda melhor) e a saída para a estrada de uma nova equipa Continental em Espanha, a Fuerte Ventura-Canárias que não será outra que não a “velha” Kelme, queimado que foi o apoio da Generalitat da Comunitat Valenciana.
Estou, daqui, a ver os puristas a torcerem o nariz. Em relação ao Santi Perez, um corredor que, jovenzinho e acabado de chegar aos profissionais, ganhou uma etapa com chegada à Torre, ao serviço da então Barbot-Gondomar, porque, em vez de olharem o seu regresso como uma forma de “reabilitação” do corredor e do homem, “só” vêem o retorno de um “dopado”.
Em relação à equipa de Vicente Belda, que, uma formação drasticamente marcada pela tal Operação Puerto, aparentemente “resolve” o problema mudando de nome e de cores.
Não acho. A verdade – e lá estou eu a fazer um carrossel, andando à volta, à volta, sem sair do mesmo sítio… – é que os corredores estão “limpos” à luz das Leis desportivas porque nenhum deles foi apanhado. E se nos cingirmos apenas às Leis desportivas, a ex-Comunitat Valenciana foi a equipa mais penalizada. É que, não sendo uma formação do ProTour não estava sujeita ao tal Código de Ética – e por isso mesmo não auto-suspendeu nenhum dos seus corredores – mas foi liminarmente escorraçada do Tour. Que depois haveria de ver o vencedor deste ano, esse sim, apanhado nas “teias” do doping.
E aqui deixo uma palavra de solidariedade para com a JLS-PAD, na pessoa do Joaquim Gomes, que terá sido das poucas organizações que pensou pela sua cabeça. E o Joaquim tinha razão. Não havia motivos – desportivos – para não convidar e para não manter esse convite à Comunitat Valenciana. Infelizmente para o ciclismo português – mas só no campo desportivo – acabaria mesmo por ser um corredor dessa equipa a levar a Volta.
Por outro lado, e mantendo-se coerente, deve estar satisfeito porque, de certeza, a vitória na Volta a Portugal foi o grande trunfo que Vicente Belda usou para conseguir um novo patrocinador.
E termino recuperando para aqui algumas das questões que levantei no Cyclolusitano.
Falar de doping é movermo-nos um pouco sobre o fio-da-navalha. Principalmente e muito antes de tudo o resto, porque as pessoas que nos lêem não têm um conhecimento de causa suficiente para poderem compreender. É preciso olhar para o problema mas com os dois pés bem assentes no chão e com a cabeça despida de preconceitos. Existe, como escrevi na altura, uma “zona cinzenta” e se ela existe é por alguma razão.
Para quem não teve oportunidade de ler o que escrevi no Cyclolusitano: Se, em condições normais, o nosso corpo não produz um número de hematócrito muito para além dos 44%, por alguma razão o limite máximo permitido – aos corredores – é de 50%. Há uma margem de seis por cento que, é evidente, “convidam” a um tratamento específico deste “pormenor”. Uma semana de estágio em altitude, ou o uso, não proibido, de uma Câmara Isobárica, pode, controladamente, levar aquele nível aos 49… 49,5%.
Neste tempo, daqui a pouco um ano, que me encontro de baixa, e nas sucessivas análises que fiz, o meu nível de hematócrito variou dos 40,7 aos 45,5% de hematócrito. Esta diferença terá sido potenciada por alguns dos medicamentos que tive de tomar… – na brincadeira, porque é preciso levar isto com alguma dose de boa disposição, eu dizia sempre ao meu médico: “Não sei como estou, mas ainda posso continuar a correr porque o hematócrito está dentro do permitido!”
Não simplifiquemos situações que não são para simplificar. Têm de ser olhadas como são. Sem desvios. Claro que quando se “joga” com atletas sujeitos, aqui e ali, com esforços muito para além do normal, correm-se riscos. Atente-se ao acontecido com o Nuno Ribeiro. Mas ainda há quem não distinga “impedimento de correr” com qualquer tipo de análise positiva!
E é porque isso acontece – e só acontece por falta de formação de quem apenas é adepto – que eu acho este terreno difícil de pisar. É preciso muito cuidado e, já agora e porque nem custa tanto assim – na internet há dúzias de sítios que podem ser consultados –, convinha que quem quer usar da palavra tentasse, ao menos, estar informado. Para que não subsistam situações mal julgadas.
(Coincidência!!!... acabei de passar para a 2: e está a dar um programa com o Lance Armstrong...)
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