'SEMANA ALGARVIA'
Terminou mais uma edição da Volta ao Algarve - sou apologista dos cognomes, daí o título desta etapa... para além de, pelo menos é o que acontece comigo, tratá-las como se trata um amigo íntimo - que, e outra coisa não seria de esperar, teve significativa cobertura, pelo menos por parte dos Jornais Desportivos, os que leio (e compro) todos os dias, àparte um reparo que, espero eu, compreendam, ou tenho compreendido o porque o fiz.
A prova teve, este ano, honras de cobertura - pese embora em resumos gravados - por parte da EuroSport, ainda que no seu segundo canal. Emitido em sinal fechado, por cabo, e que não faz parte da maioria dos 'pacotes'.
Oportuno e muito pertinente, foi o artigo assinado hoje pelo Fernando Emílio em A BOLA. As televisões portuguesas se não a ignoraram, não perceberam a importância da prova. E percebo, oh, como percebo, o desabafo, ainda que muito 'soft' do Rogério Teixeira, a quem todos reconhecem o 'low-profile' das suas intervenções. E devem perceber porquê...
Sobre a prova, da qual só vi um resumo, exactamente na sexta-feira, e que depois segui pelos jornais, não vou adiantar mais comentários, sobrepondo-os aos dos meus colegas que a cobriram no local.
Venceu, outra vez, o Alberto Contador. É bom para a consolidação do prestígio da Corrida. Li também que que cerca de 40% dos jornalistas acreditados para a cobertura da Semana Algarvia eram estrangeiros. É obra...
Fiz oito Voltas a Espanha e tenho a certeza de que a percentagem de jornalistas não espanhóis nem sequer se aproximou deste número. Em relação às Corridas portuguesas nem vale a pena falar. Nem quando o Miguel Induráin esteve na Alentejana, nem quando Lance Armstrong este na Semana Algarvia a percentagem atingiu este número.
Está, pois, de parabéns a Associação de Ciclismo do Algarve.
Li hoje - e foi novidade para mim - que a 'sala de imprensa' foi instalada num autocarro. Não sei de que terá sido a ideia mas não é, de certeza, a melhor. Espero que tenham chegado a essa conclusão.
Tirando o Centro Cultural de Lagos, mais por causa das dificuldades em termos de recepção de rede de telemóvel, quase todos os locais por onde passei ao longo das muitas Algarvias que cobri nos ofereciam o necessário para fazer o nosso trabalho.
Já lá atrás relembrei um apontamento que aqui antes, numa Etapa anterior, deixei ficar - e que pode ser tomado como crítica às opções editoriais dos Jornais, porque não foi só um a fazê-lo.
Vou terminar da mesma forma, e deixo a mesmíssima ressalva: não leiam mais do que aqui vai ficar escrito!
A Corrida teve CINCO dias...
Eu teria encontrado, assente fosse no que fosse, maneira de, em cada um dos dias, ter dado algum destaque a cada uma delas...
A Volta ao Algarve é Grande.
Traz, desde há anos, até nós as melhores equipas e alguns dos maiores nomes do Ciclismo Mundial... mas é uma corrida Portuguesa.
As equipas portuguesas não têm argumentos para se fazerem notar na estrada? Então, quem quiser, de facto, mostrar que está cá para AJUDAR O CICLISMO PORTUGUÊS, haveria de ter encontrado uma forma de falar delas...
É o único reparo que deixo.
5 comentários:
Até o Lance Armstrong no seu twitter fala da Volta ao Algarve!
Como defendes o problema não está só nos OCS, também está no resto. Para alguém começar a gostar de mel precisa de o provar. Depois até sobe às árvores mais altas para o colher...Eu explico, os comunicados de imprensa ajudam e devem ter matéria para o jornalista explorar...mas é preciso envia-los! E é preciso saber a quem, quando, etc. Duvido que esse trabalho criativo seja bem efectuado. Lá está, os ciclistas e as equipas em Portugal, da minha experiência, fogem e evitam os jornalistas...É preciso começar a trabalhar em sinergia. Depois quantos jornalistas e chefes de redacção portugueses percebem realmente de ciclismo?
(Esta minha tendência suícida ainda vai acabar mal...)
Poucos, cada vez menos, a aproximar-se o número desesperadamente do... ZERO!
(Pronto!. já disse...)
Quanto ao que nesta caixa de comentários está escrito, 2 reparos:
1. O problema, na prova nacional que mais jornalistas tem, não está nos comunicados de imprensa. Está em conseguir ser notícia. E as equipas portuguesas não o foram.
2. Esse próximo de zero é muita maldade. Se disseres antes que a tendência suicida, não tua mas do ciclismo (e aqui faz a leitura que quiseres, que em penso em todos, sem excepção), tornou a modalidade proscrita junto de quem manda, talvez estejas mais certo.
Quanto ao post verdadeiramente dito e às opções editoriais, tenho de ir buscar um exemplo que aqui é pouco simpático mas ajuda a explicar melhor:
se um jornalista for enviado especial à Liga dos Campeões, a que propósito vai ele falar do Rio Ave e do Paços de Ferreira? (e estes clubes nem estão aqui por acaso, são ambos simpaticos e merecedores de atenções, tal como as equipas do ciclismo português)
um jornalista pode falar do Rio Ave em vez do Barcelona se o Rio Ave ganhar ao poderoso Barça ou no minimo lhe fizer frente. Se levar 10-0, o favor que qualquer jornalista lhe pode fazer é nem falar nele.
Ainda por cima, isto numa Liga dos Campeões que teve em campo o Ronaldo, o Deco, o Ricardo Carvalho, o Pepe e o Nani (leia-se Costa, Machado, Cardoso, Paulinho e Oliveira), quase todos a jogar a alto nível.
Posto isto, não matem o mensageiro. Questionem antes a estratégia das equipas nacionais, que já deveriam ter compreendido estar o essencial do seu calendário resumido a 2 provas, Algarve e Volta. É nestas que precisam de aparecer, mesmo que isso signifique antecipar a preparação. Pq o nº de competições feitas é uma falácia, ou não estivessem Contador e Machado a fazer a 1ª corrida da época.
Se querem ser noticia, corram para o merecer. É duro, mas é a realidade. Esperar uma esmola dos jornalistas portugueses, não. Para esse peditório já ninguém dá.
Caro Carlos,
primeiro que tudo, quero ressalvar que é sempre um prazer ler-te. O que nunca deixei de fazer. Já o escrevi, já o disse publicamente para quem quis ouvis, que és uma das minhas referências e, naturalmente, não 'cabes' naquele ZERO que referi.
Não sei se foi por isso que vieste comentar, mas deves saber que o que eu penso de ti. É evidente que tú és dos poucos (cada vez menos) que sabe o que diz/escreve, quando se trata de Ciclismo. Aliás, não só de Ciclismo... como referi, continuo a ler-te com muito gosto. Seja qual fôr o tema que escolhes e, a mim não me surpreende, sempre com o a-propósito de quem sabe do que está a falar/escrever.
Vim eu, aqui, defender que senti falta de uma reportagenzinha junto das cinco equipas portuguesas - que sobrevivem com tanta dificuldade e que precisam, como de pão para a boca, que delas se fale um pouco - ao longo da Volta ao Algarve.
Esgrimes tú que o ESPAÇO NA NOTÍCIA tem que se conquistar. Claro que sim. Não foi isso que eu quis dizer.
E dou-te um exemplo que tens aí, dentro de portas. Não sei se paenteou a ideia, mas de há uns anos a esta parte, e em várias Corridas do calendário, o nosso comum amigo João Santos revelou-nos o 'Ovo de Colombo' para, mesmo que não coubessem no corpo principal da NOTÍCIA, as equipas portuguesas participantes fossem sempre lembradas... aquela espécie de 'apreciação individual' aos jogadores, que se faz nos jogos de futebol, só que, no caso, era colectiva SUBLINHANDO, na minha opinião (ou 'estragando 1200 caracteres', na tua?) o que cada uma fazia, de bem ou mal em cada etapa. Ideia genial do João. Daquelas - e tú has-de ter sentido o msmo - em nós nos ficamos a roer pensando... 'mas porque é que EU não me lembrei de fazer isto antes?'
Um abraço ao João.
Já há muito que percebeste que eu tenho queda para ir contra a corrente. O tal instinto suícida, que nesta situação concreta tem outro significado que tú não desvendaste. Espero que ninguém desvende.
Dizes, e isso eu sou capaz de discutir, que foi o Ciclismo que se tornou 'modalidade proscrita'. Não concordo.
(continua)
(continuação)
Não o escreves, mas está perfeitamente claro que te referes aos casos - sucesivos - de 'casos'. Ia a escrever doping mas não o posso fazer. Temos aí, ainda na berlinda, um caso em que nenhum dos 'culpados' acusou coisíssima nenhuma e estão a sofrer um castigo, já sofreram... foram escorraçados, repito para que não fique a ideia de que me enganei: escorraçados do Ciclismo, isto enquanto outra situação em que, de facto, houve controlos positivos, dada - e isso era inevitável - a notícia, logo foi atirado para o 'saco dos segredos'.
Consequências? Que consequências se 'no pasa nada?'...
Prosseguindo...
Exageras ao escrever 'não matem o mensageiro'. Nem eu escrevi nada que sugerisse tal, nem a situação merece tal empolamento.
No fundo, no fundo... o que eu escrevi, e pode ser lido, foi que, cito-me: '... quem quiser, de facto, mostrar que está cá para ajudar o Ciclismo português, haveria de ter encontrado uma forma de falar delas [as cinco equipas portuguesas]'. Tão linear quanto isto...
E, é apenas a minha opinião, acabas por ser injusto para com elas. De que valeria a pena começar a prerparar-se mais cedo?
Primeiro... e tú sabes tão bem quanto eu, que até à véspera da Prova de Abertura - que aconteceu oito dias antes - metade das cinco ainda esperava equipamentos e bicicletas (esta é a parte boa), enquanto as demais ainda procuravam garantias financeiras para os poder mandar fazer.
Em relação ao exercício - agora já não escreverias o que escreveste - de ficção em relação à Liga dos Campeões (futebol) e usando os exemplos que adiantaste, o Rio Ave e o Paços de Ferreira NÃO ESTÃO nessa prova.
A Barbot, a LA-Paredes, o Loulé-Louletano, a Madeinox-Boavista e o Tavira-Palneiras Resort (respeitando a ordem alfabética) ESTIVERAM na Volta ao Algarve.
Ou vais defender que - tal como a ti, ambos os emblemas me merecem a maior das considerações - se o Rio Ave ou o Paços de Ferreira ESTIVESSEM na Liga dos Campeões (futebol), mas não ganhassem nenhum jogo eram APAGADOS DA HISTÓRIA DA PROVA?
Foi, OBJECTIVAMENTE, o que aconteceu com as CINCO EQUIPAS PORTUGUESAS QUE ESTIVERAM NA VOLTA AO ALGARVE.
Um abraço...
MzM
Enviar um comentário