domingo, outubro 07, 2007

917.ª etapa


AS MINHAS PRIMEIRAS SAÍDAS, SAÍDAS…
FORAM À MADEIRA

Perdoem-me o tom saudosista desta crónica.
No artigo anterior reporto a 32.ª Volta à Madeira. Foi exactamente à Madeira que fui, pela primeira vez, enviado-especial do meu jornal, na altura – A CAPITAL – para cobrir uma prova de ciclismo. Foi em 1995. Já lá vão 12 anos!

A Associação de Desportos da Madeira – uma espécie de confederação que congrega meia dúzia de associações regionais, incluindo a de Ciclismo – fazia questão de promover a corrida a nível nacional. Muito, sejamos justos, pela força que o David Ramalho, jornalista que passou pelos principais jornais nacionais, incluindo A BOLA, e representante “diplomático” da ADM no “continente” punha isso na primeira linha.

Madeirense de nascimento, puxava a brasa à sua sardinha?

Talvez. Mas vamos discutir isso?

Mas a minha escolha – ainda jornalista de A CAPITAL – como representante da Imprensa… continental no arquipélago de inefável doutor Jardim, tem ainda uma outra explicação.
Já acontecia – embora pouca gente disso se tivesse dado conta – cobertura “nacional” (com uma breve, ou 800 caracteres) da Volta à Madeira.

Os jornalistas eram convidados e os jornais mandavam quem tinham disponível – ainda não tínhamos chegado à era de colaboradores de jornais viajarem a espensas de empresários de ciclistas mas que ninguém se abespinhe…

Fui pela primeira vez à Volta à Madeira – sem vergonhas especiais – no lugar do meu querido amigo Guita Júnior e a explicação é simples, nesse ano de 1995 a Vuelta acabara de passar de Abril para Setembro, o que coincidia com a Volta à Madeira. Indo o Guita à Vuelta, sobrava um lugar para a Volta à Madeira. O David Ramalho convidou A Capital a… “enviar-me”. E fui.

Fui em 1995 [1.ª foto, com o Pedro Andrade a “limpar” todas as classificações] e em 1996.

Em 1997, A CAPITAL escolheu a Vuelta. E já não houve a viagem à Pérola do Atlântico.

Mas foram dois anos de gloriosas experiências.
E eu, geneticamente formatado contra coisas do tipo... mexicanos, canadianos e americanos, comecei por ficar estarrecido.

Porque numa chegada com seis corredores juntos, cinco comissários de chegada não conseguiram tirar o número do dorsal de todos eles.

Eu e o David – que já fez a desfeita de nos ter deixado - tínhamos a ordem de chegada e tudo se resolveu.

Foram duas vezes oito dias espectaculares.

Atenção, que agora é a sério… Não olhem para aquelas etapas com pouco mais de 40 quilómetros e riam. Eu estive lá… Aliás, olhem para as diferenças que já há na Geral Individual.

Na Madeira, qualquer etapa de 40 quilómetros equivale a uma de 160 no continente… pior. Porque praticamente não há zonas de descanso. E são todas traçadas a subir.

E as duas voltas à Madeira que fiz foram as que mais se aproximaram das “minhas” voltas ao Alentejo de referência.
Porque havia tempo, disponibilidade e vontade para “arrastar” os repórteres… “continentais” para várias realidades da Madeira.

Umas lindas, como o arco-íris. Outras, tremendamente deprimentes como… a realidade.

Passar – não passear, mas passar (de carro) – à noite pelo centro do núcleo piscatório de Câmara de Lobos é algo de que ainda não me esqueci… Casas de duas assoalhadas – se é que se lhes pode chamar isso – para famílias de 12, 16… 18 pessoas. Buzinar, o mais discretamente possível, de forma a que, quem dormia no passeio, em esteiras – porque as famílias não cabiam todas na SUA casa – encolhesse as pernas… assistir aos mergulhos pró-suicídas dos rapazes com menos de dez anos que se atiram da muralha para ir buscar, seis ou sete metros abaixo da linha de água, a moeda de “pence” que o turista inglês lhe atira, num exercício semelhante ao que se faz com as focas no zoo, ou com o elefante que toca a sineta a troco de uma moeda…

Mas é evidente que a organização nos proporcionava tudo.
Hotel… (eu reparti, das duas vezes que lá estive, o quarto com o meu querido e admirado amigo Fernando Gomes [foto 2] – correspondente de… A BOLA, para a qual eu, na altura, bem sequer sonhava vir um dia a trabalhar), bons almoços, melhores jantares e, a partir daí… o que quiséssemos.

Que, a bem da verdade, não era nada disso que estão a pensar.

O hotel onde os… “continentais” estavam alojados tinha nos pisos térreos um bar e uma discoteca. Desta nada sei porque, como manda a boa educação, no final do dia acompanhávamos o nosso anfitrião.

Que era um homem extraordinário. Em todos os sentidos.

José António Gonçalves. Escritor, prosadista e poeta, figura de proa da política local… mais do que tudo um bon-vivent. Como já não há.
Infelizmente faleceu há coisa de dois anos.
Novo ainda.
Era homem para não ter ainda 60 anos.
“Rei” do caraokee, bebedor militante.
Boa pessoa, naquele sentido em que desaprendemos o que é uma boa pessoa.

Uma boa pessoa, que para este caso não muda nada em relação a pessoa boa, significa… EU NÃO SOU PERFEITO, MAS NÃO ME VENHAS DIZER QUE TU O ÉS…

Ao fim de dois minutos de conversa estávamos esclarecidos.
A partir daí manda a nossa consciência.

Vou “marcar” com um selo alguém que tem a coragem de viver uma vida – muito pública, muito pública… – só porque os seus padrões se desviam claramente dos meus?
Claro que não.

Aliás, eu e o José António Gonçalves, que apenas conviveremos 12 dias em dois anos até teríamos pontos em que, o que somos, para além do que temos que parecer ser, por obrigação profissional, eram inegavelmente coincidentes.

Mas também não vou deixar de dizer que era um pequeno ditador.

O que, atendendo às áreas sobre as quais tinha, de facto, poder, redundava numa (para ele) humilhante gargalhada.

A tal velha história de quem se julga com mais poderes do que aqueles que, realmente tem.

E se os tem por via institucional, então… mais pequeninos são.

Mas, para mim, é bom recordar esses dois anos de uma experiência nova.
E não vou negar que foram momentos de proveitosos ensinamentos que tentei não esquecer.
Até porque estava com jornalistas com muita mais experiência profissional do que eu.

É… Agora, neste momento, tenho saudades de há pouco mais de dez anos.
Do que aprendi, com os mais experientes…
Das conversas com o David Ramalho, com o Fernando Gomes…

Como de costume, os jornais esqueceram o David Ramalho.
O Fernando Gomes… vai dando notícias…
Nenhum dos que recebe a notícias que ele manda sabe de facto, o quanto lhe custou chegar a elas.

916.ª etapa


BENFICA, COM RUI COSTA, LIDERA
VOLTA À MADEIRA E PORTO SANTO

Está a disputar-se desde ontem a 32.ª Volta à Madeira e Porto Santo, prova onde estão inscritas dez equipas: Santa Maria da Feira, Casativa, Tavira-DUJA, Fonotel, Sintra, Loulé, a madeirense Santo António da Serra, as espanholas Caixanova e Nagares e ainda o SL Benfica. Que deixei aqui para último porque – a corrida é para sub-23 – é o técnico principal, Orlando Rodrigues, quem a comanda. Naturalmente, para avaliar os futuros reforços da equipa principal.

Já se disputaram três etapas.
Ontem, o prólogo, um crono por equipas – Funchal-Funchal (8,5 km) – ganho pela equipa de Santa Maria da feira, com Alcides Almeida a vestir de amarelo;
Hoje disputaram-se duas etapas.
Na parte da manhã, a ligação Porto da Cruz-Porto da Cruz (28,8 km), ganha pelo benfiquista Edgar Pinto; na parte da tarde, a ligação Camacha-Camacha (44,3 km) na qual triunfou Rui Costa, também do Benfica, que ascendeu à liderança da Geral Individual, que é a seguinte:
1.º, Rui Costa (SLB), 1.18.52 horas
2.º, Edgar Pinto (SLB), a 56 s
3.º, Ricardo Vilela (SMF), a 57 s
4.º, Carlos Sabido (CAS), a 59 s
5.º, João Benta (CAS), m.t.
6.º, José Mendes (SLB), m.t.
7.º, Daniel Alves (SMF), a 3.17 m
8.º, Luís Romão (FON), m.t.
9.º, Henrique Casimiro (TAV), a 3.46 m
10.º, Samuel Coelho (SMF), m.t.
11.º, Aser Estevez (CXN), a 3.48 m
12.º, Daniel Mestre (TAV), m.t.
13.º, João Pereira (TAV), m.t.
14.º, Hector Espasandin (NAG), m.t.
15.º, Alcides Almeida (SMF), a 3.59 m

São as seguintes as etapas que completam o mapa da prova
Amanhã – Câmara de Lobos-Câmara de Lobos, 61,4 km
3.ª feira – Ribeira Brava-São Vicente, 56,4 km
4.ª feira – Santana-Santana, 45,7 km
5.ª feira – Clalheta-Calheta, 44,2 km
e Funchal-Funchal (cri), 8,5 km
6.ª feira –
descanso e transfer para o Porto Santo
sábado – Porto Santo-Porto Santo, 45,8 km
Domingo – Porto Santo-Porto Santo, 44,4 km

===

Entretanto, e vá lá... aceitem isto com desportivismo, nem é uma crítica...
Uma ligeirinha constatação, no máximo.

Começou hoje - a diferença horária é grande por isso ainda não se sabe mais nada - II Volta ao Estado mexicano de Chiahuahua onde participa a formação lusa da Liberty Seguros.
Já aqui tinha dado nota disso.
Para além dos comandados de Américo Silva, de registar ainda a presença de mais cinco formações EUROPEIAS.

Depois, e segundo o que li hoje, há ainda sete equipas mexicanas, uma do Canadá e... três AMERICANAS!
Onde raio é que encaixam as mexicanas e a canadiana?
Se NÃO SÃO AMERICANAS... e europeias não são, de certeza...


(Ah!... quando se aprendia a ler por A BOLA!!!! Ai que saudades, ai, ai! - com o devido respeito pela memória do saudoso Carlos Pinhão!)

915.ª etapa


TAVIRA "MANDA" EM CASA
E ENCERRA A ÉPOCA EM ALTO

Embora 48 horas atrasada, cá vai a notícia de que se realizou na última 6.ª feira, o cada vez mais tradicional fecho de temporada, assumido com a organização, por parte do Clube de Ciclismo de Tavira e que junta duas provas, o Festiva de Pista Feira de S. Francisco/5 de Outubro e o V Troféu Caixa de Crédito Agrícola do Sotavento Algarvio.

Nas 100 (!) Voltas à velha pista do Ginásio destacou-se o argentino Martín Garrido (DUJA-Tavira), o que consegue pelo terceiro ano consecutivo. O ciclista, que se encontra em excelente forma física, arrecadou também o triunfo na Prova de Eliminação. Na Prova de Velocidade, por Equipas, a turma tavirense também saiu vencedora, batendo o Benfica-SagresZero, curiosamente com um homem da terra à frente, Pedro Lopes.

Estiveram presentes na Pista de Tavira para além da equipa da casa, as formações do Benfica, Vitória-ASC, LA-MSS, Barbot-Halcon, Fercase-Rota dos Móveis e Liberty Seguros.

Vidal Fitas, director desportivo da DUJA-Tavira fez um balanço positivo neste final de temporada, relembrando as vitórias tavirenses no Grande Prémio Internacional Paredes Rota dos Móveis e na Volta ao Sotavento Algarvio (ambas com o galego David Blanco) e os quatro dias de amarelo na Volta a Portugal, com Martín Garrido.

914.ª etapa


OS TESOURINHOS ESTÃO DE VOLTA

Foi em Valkenburg, fez hoje nove anos, em mais uma edição dos Campeonatos do Mundo. A cidade escolhida foi a holandesa de Valkenburg e já então Portugal viajava com uma secreta esperança de conseguir chegar a uma medalha.

O "culpado" era um então muito jovem Sérgio Paulinho que por cá não tinha rivais. Adivinhava-se que chegaria longe.

Não foi em Valkenburg, em júnior.
Viria a ser quatro anos depois, já como sub-23, em Zolder.
Numa coisa não nos enganávamos.

A ter um português num pódio, em Mundiais, esse "teria" que ser Sérgio Paulinho.

Que até já foi um pouco mais além e ao bronze de 2002, nos Mundiais de Zolder, juntou uma medalha de prata nas Olimpíadas de 2004, em Atenas.

Mas porque é que chamo aqui este tesourinho que, aparentemente não encaixa em nada.

O Sérgio até foi "apenas" sexto. Nem sequer se comemora uma data "redonda"...

Foi por isto:
Reparem quem foi Campeão Mundial Júnior, nesse ano!...

sexta-feira, outubro 05, 2007

913.ª etapa


HÉLLAS!... FINALMENTE...
PARABÉNS A QUEM TEVE A IDEIA

Está a passar, pelo menos na RTP1, um anúncio que presumo da responsabilidade da Associação Empresarial Rota dos Móveis, de Paredes, que nos põe o CÂNDIDO BARBOSA a chamar a atenção para as potencialidades, em termos económicos, do seu concelho!

Viva! Viva! Viva!... Três vezes Viva!!!

É, e duvido que esteja enganado - pelo menos no que respeita aos últimos 35 anos -, a primeira vez que a imagem de um Corredor profissional (eu sei que não é um Corredor qualquer, mas atingiu a popularidade que atingiu à custa do seu trabalho) é "aproveitada" - passe o mercantilismo da expressão - para promover um produto que se quer vender.

Neste caso nem é um produto, é toda uma área empresarial da qual o concelho de Paredes é ponta-de-lança.

Parabéns a quem teve a ideia.

Parabéns ao Cândido, por ter aceitado ser o rosto da terra que o viu nascer...

Quando na CS, e se há um Corredor profissional de ciclismo envolvido, o que inevitavelmente vem depois é uma mensagem negativa, abrangentemente negativa porque deixa sob suspeita toda uma classe onde, felizmente, a esmagadora maioria ainda é tão séria quanto quem não se importa de colocar o eu nome em sucessivos anúncios de que o Apocalipse, em relação ao Ciclismo, está aí...

Dizia eu, quando na CS - ainda por cima na TV - aparece uma FIGURA do Ciclismo a dar a cara por uma campanha, ainda que comercial, positiva, é motivo para eu ficar contente.

Apesar das minas que meia dúzia se entretêm a espalhar pelo caminho do Ciclismo fico, obrigatoriamente, satisfeito quando vejo que uma ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL - com um peso importantíssimo na economia de toda uma região - "arrisca" associar a sua marca a um Corredor profissional.

É um anúncio curtinho - tentei tirar uma foto e não fui a tempo - mas VALE TANTO que não sei se, mesmo os seus promotores têm noção do quanto vale.

Significa SÓ ISTO:
Não temos receio de associar a nossa marca a um Corredor; acreditamos nele; acreditamos no Ciclismo...

Quando todos sabemos que há equipas com enormes dificuldades em encontrar patrocinadores, espero, sinceramente, que esta sublime mensagem não passe em claro...

É também para isso que serve o VeloLuso.
Ver o que todos os outros não vêem, ou não querem ver.

Força aí Liberty Seguros; força aí Luís Almeida; força aí amigo Marcelino da Silva Santos; força aí amigo António da Silva Campos... força aí Desarrollos Urbanisticos Jimenez Alvarez... apostem - e tirem disso dividendos - em fazer um, pequeno que seja, anúncio que ligue a vossa marca ao Ciclismo.

Contra os arautos da desgraça mostrem que há quem acredita no Ciclismo.

912.ª etapa


NÃO LANCEM "BOCAS"!...
EXPLIQUEM-NOS DIREITINHO, S.F.F.

Continuo sem saber porquê – e mão amiga fez-me chegar o recorte do L’Équipe onde se afirma que o potencial recurso a práticas proibidas, sustentado isto em padrões sanguíneos que também não sei como são obtidos – mas parece que há mesmo um relatório que aponta Espanha e Portugal, por esta ordem, como os países mais suspeitos em relação a essas práticas.

Perdoem-me a comparação, mas foi por “desconfiar” que no Iraque havia armas de destruição massiva que a tenebrosa figura de George William Bush massivamente destruiu o Iraque.

A UCI está a fazer o papel de GWB. Não tem ponta por onde pegar, nem nos espanhóis, muito menos nos portugueses, mas parece disposta a arrasar-nos. Porquê?

Fui demasiado duro em relação a um colega, mas a culpa não é só minha. E lendo o que hoje foi escrito, e conhecendo-o, consigo recompor a cena. Ouvindo, ou sendo parceiro activo numa conversa a título particular, não resistiu em procurar protagonismo e convenceu quem disto muito ou nada sabe, que tinha uma grande cacha.

E espoletou uma “guerra” institucional entre a FPC e a CNAD.
É evidente que o responsável pelo LAD só pode entender como crítica directa ao seu trabalho o facto de uma outra figura institucional ser citado (e hoje confirmou-o) a dizer que somos um antro de dopados [palavras minhas] quando ele não apanha ninguém.

E é em torno disto que tudo gira.
Não há – não pode haver, em nome do direito à presunção de inocência – culpados até que alguém o prove. Parece que o presidente da FPC sabe mais do que diz. É isso? Foi, de facto, aquele trabalho que eu contestei, uma “encomenda”? Mas o presidente da FPC é membro da direcção do CNAD!...

Não ponderei algumas passagens desse texto, mas a verdade é que mantenho as mesmas dúvidas. E o desenvolvimento – ainda que tímido – que o caso teve hoje, continua a apontar para o mesmo. Uma “encomenda” que só foi entregue porque alguém se dispôs a isso.

Defende-se com o quê? No facto de ter sido o presidente da FPC a dizê-lo? Mas nem o presidente da FPC tem o direito de lançar suspeitas se não puder provar o que diz. Há um relatório internacional? Baseado em quê e feito a partir… do quê?

Do levantamento dos dados pessoais dos Corredores?
Atenção meus senhores – todos os envolvidos – há uma Lei que protege TODOS os cidadãos em relação à recolha de dados pessoais.
Uma Lei que em Portugal não é mais do que a transcrição para a nossa legislação da legislação comunitária, logo, e apesar de a Suíça não fazer parte da União, é válida em três quartos da velha Europa. Sem excepções.

Não pode a UCI, só porque está sedeada na Suíça, fazer tábua rasa desse facto.

E depois, põe em causa a idoneidade de muita gente, a começar pelos médicos das equipas que rubricam as cartas de saúde dos seus corredores.

E eu acho que este problema devia ser discutido por quem sabe. E o primeiro trabalho do Jornalista devia ser esse. Procurar uma explicação, dando voz a quem souber explicar. Isto apesar de todos sabermos que o presidente da FPC é médico. É. Mas é responsável por alguma equipa? Não. Conhece, individualmente e em termos médicos, cada um dos corredores? Não.
Também todos sabemos que faz parte da comissão directiva da UCI… Contudo, fica-lhe mal lançar, assim, ao ar – se o fez em forma de recado – este manto de suspeitas sobre todo o Ciclismo que afinal… dirige.

Pode ter sido vítima. Acredito que sim.
Pensou em voz alta, confiando em quem o ouvia e terá sido surpreendido ao ver os seus pensamentos escarrapachados no jornal. E viu hoje um parceiro institucional a ver-se obrigado a desdizê-lo.

A grande, a verdadeira discussão que deve ser encorajada, é apenas esta: há elementos concretos sobre os quais assentar essa teoria de que em Portugal (e em Espanha) os corredores apresentam padrões sanguíneos tão diferentes assim dos restantes colegas de profissão para além dos Pirinéus?
Cientificamente isso será possível de explicar.

E é isso que o Jornalista tem que ir à procura. E tem de explicar aos amantes da modalidade. Porque, de facto, não há casos de doping em Portugal.
Não mais do que noutras paragens.
Não é função do Jornalista lançar suspeitas.
E se ouve alguém que induza essas suspeitas, tem, obrigatoriamente, que ouvir a outra parte. Alguém que lhe explique a ele – que evidentemente não sabe – e a todos os o lêem, o que é que se está a passar.

Senão corre o risco de ser tomado como simples e triste caixa de ressonância.

quinta-feira, outubro 04, 2007

911.ª etapa


LIBERTY SEGUROS NO MÉXICO

De 7 a 14 de Outubro a Equipa de Ciclismo Liberty Seguros participa na Vuelta Ciclista Chihuahua Internacional 2007, no México. Disputada por cerca de 100 ciclistas de nove nacionalidades diferentes esta prova decorre durante sete dias e ao longo de 950 quilómetros.

Os ciclistas Carlos Nozal, Filipe Cardoso, Vítor Rodrigues César Quitério, Nuno Ribeiro e Luís Pinheiro são os ciclistas convocados por Américo Silva para disputar esta prova considerada como a mais importante e exigente do México.

Com passagem por diversos lugares do Estado esta prova é composta por sete etapas que se traduzem num percurso de 950 quilómetros. A partida realiza-se em Ciudad Juárez, com passagem por Chihuahua, Camargo, Parral, Guachochi, Creel, Cuauhtémoc e a derradeira etapa é o circuito de Chihuahua.

Américo Silva, Director Desportivo, refere que “mesmo sabendo que esta é uma prova de nível internacional ambicionamos terminá-la tal como fechamos a época a nível nacional – com uma vitória.”

quarta-feira, outubro 03, 2007

910.ª etapa


AGORA TÊM A VOZ
OS REPRESENTANTES
DOS CORREDORES E DAS EQUIPAS

É verdade o que hoje saiu em A BOLA?
Somos - Portugal - mesmo o fundo lamancento do inaceitável mundo do doping?
Cada silêncio será interpretado como um... SIM.
Será mesmo?

É agora o momento. Aproveitam-no. Ou viverão sob este espectro.

909.ª etapa


SE HÁ PROVAS, QUE SEJAM APRESENTADAS!...
NINGUÉM
PODE “QUEIMAR” NINGUÉM
NA PRAÇA PÚBLICA!...

Tremi hoje, ao ler A BOLA.
Com uma dura chamada à primeira página – sim, fez-me lembrar o telejornal de há uns dias no qual, sob a parangona de “Mundial de Ciclismo”, se limitou a dar conta do facto de um Corredor português ter sido impedido de alinhar e, de quem ganhara a corrida… nem a puta de uma letra! – dizia-nos: “Portugal sob suspeita da UCI”.

Como já acontecera no início da temporada, uma foto de UM corredor “queima-o”.
“Portugal é suspeito”
– e depois a foto de UM Corredor.
É Portugal… ou AQUELE Corredor?

Os Jornalistas – os jornalistas que conseguem chegar ao estatuto de poderem ver o seu nome escrito em Caixa Alta – não são, NÃO PODEM SER, nem júri nem juiz.

E de factos não li nada.

Culpados por antecipação… NÃO, NÃO, NÃO! Não aceito.

Esplanemo-nos um pouco sobre o artigo.
Primeiro: QUEM É o médico suíço Mário (assim, com assento, que é coisa que só nos países latinos se usa) Zorzolin?
E afirmou… a quem?
A notícia não saiu em MAIS LADO NENHUM!

Aceito que, sendo membro da Comissão anti-dopagem da UCI, o doutor Artur Moreira Lopes tenha sido – pessoal, que não institucionalmente (o que perverteria toda a investigação) – “avisado”, naquilo que, depreendo seja um processo de investigação aberto em relação ao Ciclismo português.

Mas nem eu, NEM NINGUÉM, vai perceber como é que o único jornalista português em Estugarda empola o facto de a Selecção portuguesa ter sido a única a merecer duas visitas dos médicos da UCI.

É evidente, tão evidente que reduz ao caricato o que foi escrito, que, na obrigatoriedade de TODOS os participantes nos Mundiais serem controlados, vendo-se as brigadas médicas da UCI, na visita à Selecção portuguesa, perante… metade dos corredores inscritos… tenham tido que voltar.

E a questão acerca da qual – quem quiser continuar com esta discussão vai ter que se centrar – tudo assenta é esta: porque é que a Selecção Nacional não viaja toda ao mesmo tempo?

Retiro uma frase do texto: “A Federação Portuguesa de Ciclismo, que já foi informada da situação tem, juntamente com o CNAD, desenvolvido grande trabalho na luta anti-doping mas os resultados obtidos são preocupante.”

Preocupantes? Porquê?
Ao público chegou UMA notícia de presumível caso de doping (e há-de haver quem me percebe… quando digo presumível. Um dia, que nisto não há ninguém que se cale para sempre, vamos saber TODA a verdade sobre o “caso”-Sérgio Ribeiro).

Preocupante?
Em Portugal que se limita a um calendário Nacional e com UM caso?
Então o que deveremos pensar de tudo o que vimos a ler em relação a outros países?
Calamitoso?
Mas isso não valeu notícia.

Há – e eu aqui faço como o macaco (não vi, não ouvi, não disse nada)mais casos que, os poucos a que a eles têm acesso, esconderam?
Só pode ser isso!...

E se aconteceu… Porque é que não se soube?
(Mas arrasará, definitivamente, quem sempre se julgou acima de todos os outros.)

Não me apanham desprevenido… deixar-me-ão é com verdadeiras náuseas em relação a quem cruxificou na praça pública (ainda por cima saberá tanto como eu… mas tudo isso um dia há-de saber-se) um Corredor e escondeu informações que terá em relação a outros.

E volta a cruxificar na praça pública outro Corredor, o José Rodrigues.
Mas voltemos atrás… apesar do ridículo.
No dia 27 foram controlados os cinco Corredores de sub-23, mais o Ricardo Martins e o Hernâni Brôco…
Simplificando… a Selecção portuguesa erntão presente em Estugarda.

Depois, no dia 30 – quando os sub-23 já tinham as suas provas concluídas - a brigada da UCI “voltou” a controlar o Ricardo e o Hernâni…
NÃO!... Controlou a Selecção nacional elite.
E hão-de ter ficado muito surpreendidos – e se calhar chateados – por ter de voltar ao hotel da Selecção de Portugal. Porque deve ter sido a única que, dando como prémio a meia dúzia de pessoas uma viagenzinha à Alemanha, deixou metade da Selecção em casa.

Desenquadrados. Sem técnico nem médico
Sem ninguém.

Por isso, e por isto, há duas perguntas que têm que ser feitas, e parece que só há UMA pessoa a que elas pode responder.
- Porque é que a Selecção – a única, que o faz – não leva logo todos os seus elementos?
- Porque é que, quem parece saber mais do que diz… o não o diz?

E, em relação ao artigo de hoje, em A BOLA… primeiro cito: “… em Portugal existem altas suspeitas no preocesso de dopagem.”

Eu, das duas uma…
Na edição de amanhã do Jornal apontava a dedo, o que de facto saberia...
A segunda opção é reconhecer que levantou falsas suspeitas e sair o mais de fininho possível.
===
PORQUE É QUE A UCI TEM PORTUGAL SOB SUSPEITA E... NÃO VEIO - A PEDIDO DE PORTUGAL, NA FIGURA DA FPC - FAZER OS TESTES QUE FORAM PEDIDOS EM VÉSPERAS DA VOLTA A PORTUGAL, HÁ MÊS E MEIO?

908.ª etapa


ESTOU A INSISTIR PARA QUE NOS SEJAM
DADAS EXPLICAÇÕES CONCRETAS

Numa rápida viste de olhos pelos desportivos que daqui a algumas horas estarão nas bancas, não dei pela notícia. Também pode vir numa “breve” e esta não ter merecido ser chamada para as edições on-line.
Logo veremos.
E logo voltaremos ao assunto.

Por agora, dois FACTOS.

O José Rodrigues foi dos últimos a chegar a Estugarda - Portugal deve ser o único país que, para poupar 750 euros, faz chegar a Selecção a conta-gotas ao local dos Mundiais, mas vão CINCO DIRIGENTES e, pelo menos... UM CONVIDADO na primeira “leva”, mais o técnico, os dois mecânicos e os dois massagistas… e o médico!

A Selecção portuguesa foi das primeiras a ser controladas (sem problemas), mas os delegados da UCI terão achado estranho o facto de a equipa não estar completa e voltaram.

Para “apanhar” o Zé Rodrigues.

A posição da federação… que só será oficial quando sair um comunicado, foi clara:
“A culpa é do Corredor.”
Culpa de quê?
O médico viu-o?
Mediu-lhe – como toda a gente faz – o nível de hematócrito?
Ou andava às compras?

Primeiro facto: o José Rodrigues foi ABANDONADO pela federação ao serviço da qual se encontrava.

Segundo facto: O alemão Stefan Schumacher, que foi medalha de bronze, também apresentou, num controlo feito alguns dias antes da corrida, resultados… anormais.

Foi abandonado à sua sorte?
Não!

A BDR – federação alemã de ciclismo – explicou, na 2.ª feira (porque é que o resultado do Zé Rodrigues foi logo papagueado… e o do outro nada se soube?, pergunto eu!...) que esse resultado… anormal, detectado no teste feito a Schumacher só podia dever-se ao facto de este ter passado por problemas intestinais, inclusivé com… diarreia.

Depois do caso do Tiago Machado… vamos esperar quantos dias, quantas semanas, quantos meses...
para que, quem tem, de facto, responsabilidades na FPC – o presidente NUNCA lidera a Selecção nos Mundiais porque está lá como membro da Comissão Executiva da UCI, mas há-de haver alguém responsável – esclareça os portugueses do que aconteceu com o José Rodrigues?

Ok… apareceu com um nível de hematócrito acima do permitido.
Porquê?
E porque é que não foi a Selecção toda ao mesmo tempo?
Se isso tivesse acontecido, o médico tinha tido tempo para analisar estes pormenores…
Ficaram atletas em Portugal até ao último momento para… não se pagarem mais dois quartos de Hotel?

E é preciso irem tantos dirigentes?
E convidados?

E sendo opção que estes vão mesmo todos, uma coisa não pode ser escondida: vão à custa da redução de despesas com… os Corredores!
É isso, não é? É, que eu sei que é...

Mas voltando ao Schumacher.
Eu não inventei a notícia.

Vem no CyclingNews, e transcrevo-a a seguir:

The German cycling federation (BDR) announced Monday that an intestinal infection was responsible for irregular blood values which were found in UCI World Road Championships bronze medal winner Stefan Schumacher before the event. The UCI and BDR emphasized that the problem was not due to any manipulation or doping. The Gerolsteiner rider underwent an unannounced out-of-competition doping control by the German National Anti-Doping Agency on September 25 and an unannounced control by the UCI three days later. The results showed "irregularities in various parameters".
Schumacher requested that further tests be made and the investigating doctors concluded that the problem was due to the diarrhoea from which the German rider was suffering.
.
===
.
NOTA: Eu estive em dois Mundiais a convite da Federação Portuguesa de Ciclismo, mas sempre integrado num grupo de jornalistas representando os principais OSC. O primeiro, em 1999 em Treviso/Verona (Itália) juntamente com o Martins Morim (A BOLA) - eu estava ainda n'A Capital -, o Carlos Flórido (O Jogo), o Paulo Renato Soares (Record), o Vítor Fernandes (LUSA), O Guita Junior (Correio da Manhã) e o Fernando Emílio (Rádio Nacional). O Paulo Felizes (JN) foi à parte porque, na sequência da "guerra" entre a EJN e a federação, a primeira declinou o convite. Mas enviou um jornalista.
A segunda vez foi em 2002, em Liége (Bélgica). Com um jovem - Rafael Cardoso - d'O Jogo, com o saudoso João Carlos Garcia (Antena 1) e o Fernando Emílio (Rádio Nacional). O Record viajou à parte, enviando a jornalista Ana Paula Marques depois de se ter inviabilizado a "exigência" da federação que pediu a indicação de um jornalista masculino, uma vez que tínhamos que dividir quartos. Achou o Record que eram eles quem escolhiam e, optando por uma senhora, declinou o convite, fazendo a cobertura a expensas próprias.
Acrescento que o que a FPC ofereceu foi apenas a viagem e o alojamento. E nesta vez, na Bélgica houve mesmo problemas que acabaram por me envolver porque alguém se achava com "direitos adquiridos", tendo andado "amuado" todos os cinco ou seis dias que por lá andámos.
Portanto, fui, sim senhor, convidado pela FPC, mas sempre num grupo alargado de jornlistas representando os principais OCS. Agradeci. Agradeceu o Jornal - aqui já fui por A BOLA - e não fiquei a dever favores a ninguém. Fiz o meu trabalho.

terça-feira, outubro 02, 2007

907.ª etapa


VOLTA A PORTUGAL-2006
VERSUS JOGOS OLÍMPICOS

Temos um problema. Dos bicudos.
Quem é que vai ser convocado para a Selecção Olímpica?
A coisa ficará resolvida se só se convocarem... sub-23.
É que, no que respeita a elites, temos uma bota difícil de descalçar.
E sabem uma coisa?
Com 11 meses de antecedêcia eu estou em condições de garantir que Portugal só se apredentará em Pequim com os sub-23.
Do mal, o menor...

O que eu gostava mesmo de ver era a FPC esquecer sonhos de poder e ir à luta para que a Volta, ainda assim, reganhe outras datas. Como está, não está mal... Mas conseguindo adiantar uma semana o incío - adiantar, em termos de calendário, de começar uma semana mais tarde - seria óptimo para a corrida portuguesa.

Mas esperemos por um comunicado.
Ou por um daqueles textos ditados ao escriba de serviço...

906.ª etapa


OS TESOURINHOS ESTÃO DE VOLTA
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Este artigo não tem - acreditem que não! - objectivos depreciativos (porque uso uma notícia de um jornal concorrente). Aconteceu a quase todos.

Aqui diz-se que o Laurent Jalabert, então a grande figura do Ciclismo internacional viria a Portugal. Não veio.
Mas houve mais casos, lembro-me do anúncio da vinda de Marco Pantani à Volta a Portugal! Não veio... Que o Record anunciou a vinda do Roberto Heras à Volta ao Algarve. Não veio...

Os meus primeiros nove anos de ciclismo foram-no ao serviço de A CAPITAL. Um generalista onde eu nunca tive grande espaço de manobra. Também não tinha os conhecimentos pessoais que mais tarde viria a adquirir, nomeadamente através de um amigo - que me voltou as costas, o Fernando Emílio (posso ser tudo, mas não sou ingrato).

Comparando com as "aquisições certas" que depois dão em nada, no futebol - sem que ninguém, alguma vez se tenha retractado (lembro-me agora de uma situação, há dois anos, quando um jornalista fez uso de um espaço de opinião para desancar o Fernando Santos por este lhe ter negado a vinda para o Benfica, esquecendo que o mesmo compromisso que ele - jornalista - assumiu perante o seu jornal, podia muito bem ter sido o mesmo que o Fernando Santos assumira perante o seu empregador -, o equiparável, no que respeita ao Ciclismo é meramente residual.

Mas voltemos ao princípio. Quem escreveu a peça aceitou como válida uma informação de um seu habitual informador. Que depois de o ser dele passou a ser meu...
E hoje será de outro.
(Claro que sei quem é!)
Errou.
E jamais me perdoou o facto de eu ter anunciado - com certeza a 100% - da vinda do Lance Armstrong à Volta ao Algarve... sem passar por ele.
Ainda hoje não perdoou.

905.ª etapa


OS TESOURINHOS ESTÃO DE VOLTA

Já perceberam que estou de volta à arrumação dos recortes que fui juntando.
Tento agora dar-lhes uma ordem lógica.
Por título (de jornal), ano, meses e dias...
Se calhar não vai servir para nada. Mas, disseram-me, é uma boa terapêutica.
Disseram-me que pensar noutra coisa que não na minha ausência forçada da redacção ajudaria.
E em que coisa posso pensar? No Ciclismo, claro.

E cada uma destas histórias, mesmo que não assinadas por mim, mesmo que não no meu jornal - por esta altura, 1998, ainda estava n'A CAPITAL - deslocam-me para há dez anos atrás.
Os problemas - que sempre temos - de então, vistos a esta distância fazem-me sorrir.
Ok... Os senhores doutores sabem o que fazem e eu acredito neles. Tenho que acreditar.

Esta outra foto é da apresentação da equipa da Maia-CIN para a época de 1998.

O Manel Zeferino tinha pegado na equipa no ano anterior e feito uma "limpeza" completa, começando a desenhar uma equipa à sua medida.

Tinha um chefe-de-fila inquestionável: o José Azevedo.
Mas tinha outros excelentes corredores. Como o Joaquim Andrade, que merece ficar na história do nosso Ciclismo como um dos melhores contra-relogistas de sempre.

E, reparem como já então o Zeferino privilegiava os homens de combate. Os carregadores de piano. Vejam só: o Carlos Carneiro, o João Silva, o Ricardo Costa, o Joaquim Sampaio, o Paulo Barroso e o Paulo Ferreira. O Rui Lavarinhas já teria, então, funções concretas: a montanha.

E falta falar do último no alinhamento, na fila de baixo, à direita.
Sim... é o Pedro Cardoso. O único sobrevivente deste grupo.
Hoje, indiscutivelmente o "capitão" da equipa.

Mais do que o porta-voz do "chefe", o homem a quem compete, no primeiro instante, tomar as decisões que melhor sirvam a equipa no seio do pelotão.

Ao que julgo saber... a LA-MSS aparecerá em 2008 com um terceiro sponsor, em substituição da... Maia! O Pedro ainda vai correr mas creio que já ganhou o direito de, quando chegar a altura de encostar a bicicleta, passar para o segundo carro da equipa, como adjunto de confiança de Manuel Zeferino.

904.ª etapa


OS TESOURINHOS ESTÃO DE VOLTA

Daqui a quatro meses esta foto fará... dez anos.

O Cândido tinha acabado de ser apresentado como corredor da espanhola Banesto, apadrinhado pelo chefe-de-fila da formação navarra, Abraham Olano e... pelo outro português da equipa, Orlando Rodrigues.

A terra completou mais de 3500 rotações, pelo meio, ambos os portugueses voltaram a ser companheiros de equipa, na LA-Pecol. Depois o Orlando pôs fim à sua carreira e o "foguete de Rebordosa" amadureceu, tornou-se um ídolo para os amantes do Ciclismo português.

Este ano, o Orlando voltou ao Ciclismo, já como director-desportivo, no Benfica e, em 2008 volta a trabalhar com Cândido Barbosa, reforço recém contratado pelos dos encarnados.

Dez anos depois, tirando dali o Olano - hoje assessor técnico da Unipublic - e esta foto podia ser a da apresentação do Benfica-2008...

A vida dá muitas voltas.

segunda-feira, outubro 01, 2007

903.ª etapa


SENDO O TOUR… “EUROPEU” HÁ
99% DE HIPÓTESES DE TERMOS UMA EQUIPA
PORTUGUESA NA PRÓXIMA EDIÇÃO.
QUEM O VAI NEGAR (OU DEFENDER O CONTRÁRIO)?

A União Ciclista Internacional é, neste momento, uma equiparada a entidade bancária – será por estar sedeada na Suíça? – que só quer fazer dinheiro.
Digam-me de UMA iniciativa da UCI para promover o Ciclismo.
UMA, só uma

Mesmo que sendo assumidamente mercantilista, a ASO promove, pelo menos, duas corridas fora dos grandes circuitos. O Tour du Faso (a mais importante, claro!, corrida no continente africano) e o Tour du Qatar, iden-iden, aspas, aspas… na Ásia.

E onde está a UCI?
Eu sei. Em Aigle, na Suíça.

Depois do rotundo NÃO, assinado por RCS, Unipublic e ASO, a UCI requalificou os calendários. Mas não parvamente - o que não significa que pretenda fazer de todos nós... parvos!
O que eu, no artigo anterior, escrevi é a pura das verdades.
Cada organização tem de pagar à UCI – tipo derrama que qualquer empresa está obrigada a pagar ao município onde tem a sua sede – um “x”, consoante a importância da sua corrida.

E a UCI não teve pejo – nem vergonha, depois de ter perdido a luta directa com a ASO – em colocar o Tour no topo dos topos.

ProTour à parte.
E inventou um Calendário Mundial que, atentem, congrega o Tour mais os Jogos Olímpicos, mais os Mundiais.
Mais… pela primeira vez – façam o favor de verificar – divide, em termos de PROVA, que sempre foi ÚNICA, os JO e os Mundiais em… JO/contra-relógio; JO/corrida de fundo (*); Mundiais/contra-relógio e Mundiais/corrida de fundo!
Só para não deixar o Tour sozinho no mais alto patamar.
E, passado 2008, como será até 2012 que é só quando voltam os JO?

Mais… A dez meses dos JO de Pequim… a UCI vai renegociar com o Comité Olímpico Internacional a derrama que agora divide em duas partes?

É só areia que nos estão a atirar para os olhos.

Acredite quem quiser mas uma verdade é imutável: o pior cego é aquele que não quer ver.

Mas há uma curiosidade nos calendários divulgados após o tradicional Congresso anual por alturas dos Mundiais. Pelo menos por aquilo que me chegou institucionalmente.

O Tour está, com as mesmas datas, é evidente, integrado em… DOIS CALENDÁRIOS.
No tal Mundial, juntamente com os… Mundiais e os Jogos Olímpicos, pela primeira vez na história do Ciclismo divididos por especialidades (fundo e crono); e no Europe Tour.

E aqui, provavelmente, terei que me retractar daqui a alguns meses.
É assim… UMA corrida não pode estar em dois calendários diferentes, logo, estará, à condição, nos dois, até a Organização decidir em qual dos dois ficará.

Se o Tour ficar no Calendário Mundial, não só fica sujeito à tal derrama superior – que é o que tem (números simbólicos mesmo) uma empresa com 1.000.000 de euros de activos, em relação a uma outra que só tem 100 mil – como, ainda por cima, TEM DE RECEBER 18 equipas inscritas no ProTour.

Como também está no Calendário Europeu, espécie de II Divisão, ou Liga de Honra – onde a tal derrama não ultrapassará os dois terços daquilo que acontecia no primeiro caso – e não fica obrigada a aceitar mais do que NOVE (9) equipas do ProTour

Adivinhem qual vai ser a opção da ASO.

As regras, tanto quanto chegaram até mim, foram definidas pela… UCI.
Estão cegos?
Desesperados?
Não sabem o que fazem?
Ai!... Eu é que não sei!

Posso fazer uma pausa?
Obrigado!

=====

Pronto!
Já está…
Dos que estão a ler... e conseguiram chegar até aqui, este meu artigo, quantos foram os que perceberam que a UCI estrebucha como achigã na ponta do anzol uns dois metros bem medidos acima das águas do lago de Alqueva?

E desses, quantos duvidam que a ASO vai mandar às malvas o pseudo calendário mundial e optar pelo Europeu?

E conseguem ver a oportunidade que assim é aberta a, pelo menos, uma equipa portuguesa? Sim, uma equipa portuguesa no Tour de 2008.

Então, quem é que vai ter coragem de, nem que seja por canina devoção à completamente errada política da FPC, negar estas evidências?
Vamos esperar. Depois…

Que cada um tire as conclusões que quiser.

========

(*) – Este é outros dos erros mais vezes repetidos na CS.
Olhemos o Atletismo, por exemplo. A partir dos 3000 metros obstáculos, todas as especialidades de corrida com mais quilómetros são consideradas de… fundo.
Depois… depois IRRITA-ME SOLENEMENTE que, ainda por cima em Portugal, onde não há um velódromo, me falem de, por exemplo – e é o único – Nacionais de Estrada.

Claro que são de estrada. Ou então estaríamos a falar de Ciclocrosse (que, infelizmente, com esta direcção da FPC morreu) ou de BMX ou parente da nova geração.

Os Campeonatos do Mundo de Estrada têm, só na sua designação, a identidade definida.

Correm-se em estrada.

Via pública. O que quiserem.

Mas não ficamos por aqui.
E a velhice – no sentido de
"experiência" (mas completamente entre aspas, no claro sentido de quem julga saber que sabe) - ostentada por quem tem um maior número de convites directos da FPC, não equivale a um posto.

Era o que faltava.

Portuguesmente falando, nas provas de estrada há duas variantes.
A do contra-relógio individual – sai um Corredor de cada vez – e a corrida de FUNDO.

Fundo, no sentido de extensão superior à média.
Não em linha.
O que é isso?

O contra-relógio é… em ponto-traço-ponto-traço?

O que é que interrompe a… LINHA nos contra-relógios?

Chamem-me pretensioso.
Chamem-me o raio do que vos der na gana.
Há regras na língua portuguesa.
E há – tenham a certeza disso – identificadores para seja qual fôr a situação que se nos depare.
Menos, é claro, para quem não sabe o que está a dizer...

É a história do quando é que dois e dois são cinco?
Quando a conta está errada, claro.

E as quartas classes feitas de noite e sem iluminação na sala de aula são uma anedota.
E sabem uma coisa? Sei de quem fez assim a quarta classe e domine perfeitamente o português.

Corridas de fundo significa… corridas longas, mais longas do que o habitualmente corrente.

Por isso, nos Mundiais, nos Jogos Olímpicos, mesmo nos Nacionais… temos duas variações (porque ambas se correm em Estrada, cujo contraponto seria, inevitavelmente: PISTA): corridas individuais, contra o relógio, e corridas de fundo.

ALINNHEM isto no pouco que trouxeram da escola, e sacudam de vez o que aprenderam repetindo asneira atrás de asneir até se auto-convencerem que estão certos.

NÃO, NÃO É VERDADE!
MESMO REPITIDA MIL VEZES... UMA MENTIRA É SEMPRE UMA MENTIRA.

902.ª etapa


FUGA EM FRENTE

A União Ciclista Internacional perdeu o braço-de-ferro com os três grandes organizadores e corre o risco de vir perder o controlo sobre o Ciclismo Profissional. Não o perdeu já porque, apesar de tudo, alguém, no seu interior, percebeu que isso podia acontecer e encontrou a única saída airosa. O que qualquer aflito faz. Fugiu em frente.

Revelando conhecer as histórias infantis – do meu tempo, quando o grande super-poder era personificado pelo Grilo-que-falava, em Alice, no país das Maravilhas – e porque se lembraram da tal história da Galinha dos Ovos de Ouro, num assomo de lucidez, preferiu do mal o menor e, abrindo a “capoeira” e deixando sair uma dúzia de galinhas, lá conseguiu manter (ainda) as suficientes para lhe garantirem um interessante income económico.

Eu ainda tremi quando li que o ProTour (*) se alargaria a corridas na Austrália, nos Estados Unidos e na China. Só se confirma – como, aliás, adiantei aqui no VeloLuso – o Tour Down Under. De resto… abriu-se os braços a três ou quatro organizações que, vendo a coisa pelo seu lado, nada têm a perder.
Jogada de mestre teria sido Portugal ter metido uma corrida neste calendário.

Só que isso nunca foi pensado e – se mo pedirem – eu explicarei porque, por A+B, isso não aconteceu.

(*) - Intervalo para explicar aos não iniciados e aos que já andam há tanto tempo nisto que confundem a Obra-prima do Mestre com a prima do mestre-de-obras o que significa, exactamente, o ProTour. Que se escreve assim por mero respeito à ideia-marca que foi devidamente registada pela UCI.
Não se escreve, nem Protour, nem protour, nem Pró Tour e não tem nada a ver com… o Tour.
E foneticamente pronuncia-se prôutur.
Pro… de profissional. Circuito Profissional.
Acabou o intervalo.

Como toda a gente de boa-vontade percebeu desde o início, o arranque, extemporâneo, é verdade, do ProTour visava apenas uma coisa: deitar mão às fabulosas receitas, não tanto do Giro ou da Vuelta (que, ainda assim, não são de menosprezar) mas, sobretudo, do Tour.
Tipo… e perdoem-me a comparação, a tua “loja” está a dar lucros fabulosos, contribuis, é certo, para a associação de comerciantes mas, a partir de agora quem recolhe os lucros todos é a associação. Damos-te uma parte, não te preocupes...

Isto só funciona em duas situações diametralmente opostas e volto a pedir desculpa por eventuais comparações menos… urbanas.
A primeira: o dono da loja é otário;
A segunda: usam-se os métodos da máfia calabresa (ou de outra qualquer).

A ASO francesa gere o dobro do dinheiro que a UCI jamais poderá gerir. Porque também não se dá ao trabalho de… ter trabalho. E nunca iria abdicar dos seus fabulosos lucros.

A UCI pode definir um ranking de corridas e, como compensação em relação à corrida “x” aparecer no calendário com uma categoria superior à corrida “y” cobrar um derrame (usando o termo corrente que as empresas sedeadas num determinado concelho têm de pagar à respectiva autarquia) superior.
Assim é que deveria ter sido desde o início… Só o Arséne Lupin (sei que a maioria não compreenderá… mas vejam na wikipédia) se dava ao luxo de… roubos de luxo.

É uma figura de ficção, mas que alimentou uma série de mentes e uma série de sonhos… não o duvidemos.

Mas pronto.
A UCI, num golpe de rins digno do maior contorcionista, deixa de atrair sobre si as luzes dos grandes holofotes e repensou o calibre dos seus “golpes” (em sentido figurado, claro) num nível um poucochinho mais abaixo. E o facto de a única corrida fora do continente do Ciclismo, que é a Europa, sem quaisquer margens para dúvidas, se ter ficado pelo Tour Down Under chega para percebermos que o gatito entrou, pese embora tenha deixado o rabito de fora.

Os australianos andavam “doidos” para entrarem no grande circuito mundial.

Revejam a política de convites a equipas europeias (e do ProTour) que reinou nos últimos anos. Ganharam fama (mesmo que pouca) mas não tinham proveito.

A partir de 2008, acham eles, podem começar a recuperar os investimentos. Via televisão, entendendo isto como televisão em sentido global.

Vão ganhar uns pontos, isso vão. Basta que os adeptos do Ciclismo não se importem de ficar acordados até às 5 da manhã para ver as provas em directo. E se os do ténis o fazem, porque é que não o hão-de fazer os do Ciclismo?

Se isso não acontecer… é mais um passo em falso desta UCI sem rumo e sem norte. Mas os australianos – e eu recebo informações semanais sobre a corrida (documento anexo) – ainda não sabem que o estado de euforia que vivem actualmente se desmoronará dentro de… três meses (a UCI é mesmo mazinha).

É que o seu grande patrocinador é uma marca de vinhos, a Jacobs Creek. E na Europa não se pode fazer publicidade a bebidas alcoólicas.

(Experimentem aceder ao sítio da marca… )

901.ª etapa


MUNDIAIS DE ESTUGARDA

Como todos os sacanas têm sorte, há pouco, quando cheguei a casa e, por descargo de consciência, liguei o televisor na EuroSport, ainda vi os últimos quilómetros da corrida principal dos Mundiais de Estugarda. Ganhou o suspeito do costume – o que, entretanto fui lendo – aconteceu também no contra-relógio individual.

Foi – visivelmente – de raiva que Paolo Bettini correu.
Às vezes dou comigo a pensar como e porque é que certas notícias saem em determinadas alturas que, se o não são, parecem escolhidas a dedo. Bettini, que venceu os dois últimos mundiais e é ainda o Campeão Olímpico em título, era um dos poucos nomes do primeiro plano do pelotão mundial que ainda não tinha sido visado por essa nova espécie de puritanos que está em perversa mutação, já a meio caminho do sempre abominável fundamentalismos. E não há fundamentalismos bons.

Foi de raiva que correu e foi de raiva que venceu, talvez por isso dê para lhe perdoar o bélico acto de mimar estar a disparar sobre alguém. Ou alguma coisa. Se calhar, naquele momento, contra tudo e contra todos.

E o triunfo claramente alcançado deve ter comovido muita gente. Principalmente quem gosta mesmo de Ciclismo. E não há-de haver ninguém, neste círculo, que não tenha achado justíssima a sua vitória.

Contra os boatos – que são todas as notícias sem pai nem mãe e jamais confirmadas – Bettini provou SOBRE a bicicleta que é superior a isso tudo.
Sobre a bicicleta, claro. O meu caríssimo amigo João Santos – um abraço João e não leves a mal a brincadeira – deve ter sido um dos mais emocionados. Tanto que “pôs” o Bettini a provar o seu valor… SOB a bicicleta. O que, se tivesse acontecido – olha ele de bicicleta ás costas a bater toda a gente num mui inédito sprint – teria sido a notícia do ano.
Malditas gralhas, não é João!

Pronto. Foi só isto que pude ver. O resto – e vou limitar-me à presença lusa – fui lendo…

Comecemos pelos sub-23. Classifico de muito boa a participação da Selecção.

Li que o José Mendes andou na frente, que o Rui Costa fez, durante larga fatia de tempo, a corrida num dos grupos da frente – no grupo da frente? – e, numa categoria onde é muito difícil recolher-se informação suficiente sobre os adversários, principalmente como se comportarão integrados numa selecção nacional, termos um corredor nos primeiros 15 e mais dois a terminarem com o mesmo tempo do vencedor… é muito bom.

Já na prova de esforço individual, essa coisa de se conhece ou não os adversários só funcionará em termos psicológicos. Ali, é dar às pernas. E convém ter um razoável conhecimento do percurso. Nos Mundiais, no reconhecimento do traçado é dada a mesma oportunidade a todos.
Depois é uma questão de, não digo jeito – porque, em princípio, os escolhidos pelos vários seleccionadores serão os melhores dos respectivos países – mas de percepção, aquele feeling muito especial que os grandes contra-relogistas têm de, mesmo não conhecendo o percurso, adivinhar os pontos onde se marcarão diferenças, adivinhar onde os adversário poderão ter uma hesitação e ter a coragem de arriscar aí mesmo. É assim que se ganham preciosos segundos.

Muito se fala – exagerando, às vezes, porque eles sabem o que estão a fazer (o problema é quando algum que não sabe se intromete…) – do pouco de louco que um sprinter tem que ter. O mesmo acontece com os contra-relogistas, principalmente nos percursos muito técnicos, com muitas curvas… Aquelas tangentes milimétricas aos lancis, o ir à berma da estrada quase acariciando os rails de protecção… é de louco, mas é aí que se ganham os tais segundos.
Depois, claro, tal como os sprinters, tem que se nascer contra-relogista.
É precisa uma força mental enorme, acreditar piamente nas suas faculdades e, mais ainda, acreditar sempre que pode ir um pouco mais além. No querer, na entrega, no dar o que se tem e mais o que nem se imaginava pudesse ter.
E é preciso correr pelo menos meia dúzia de contra-relógios por época.
Ah, pois é!

Os resultados dos dois portugueses que correram esta prova não foram bons nem maus, antes pelo contrário… Todos acreditamos que deram o melhor de si, não sabemos – até porque não acredito que a televisão tivesse mostrado as suas corridas – se poderiam ter ido um pouco mais além. Em 2008 serão já ambos elite e, sendo muito difícil que corram a Volta a Portugal, farão um ou dois cronos em toda a temporada… Pedir-lhes mais o quê?

Estendi-me!...
Serei mais breve em relação aos elites.

Começo pelo contra-relógio. Foi para o fraco a prestação do Ricardo Martins e, mesmo já tendo lido o que arranjei para ler, não descobri a razão porque não correu o Hernâni Brôco. No dia da prova, em A BOLA lá estava “Hoje, ás não sei quantas horas, contra-relógio elites com os portugueses Ricardo Martins e Hernâni Brôco”. No outro dia nem um amém sobre a ausência do corredor da rebaptizada Liberty Seguros-Würth. Nem qualquer outro jornal se referiu a isso. Estava mal, fisicamente? Mas foi o último a desistir, ontem, na prova de fundo! Há coisas que nós não precisamos saber… Deve ser.

Quanto à corrida de ontem… Alinhámos com cinco corredores e só um chegou ao fim. Nuno Ribeiro foi 37.º, a menos de um minuto do grupo da frente, que discutiu as medalhas… Cumpriu. Refiro-me ao Nuno Ribeiro!

Já em relação à Selecção, em si – sem pretender beliscar o orgulho de seja quem seja – subscrevo o que o Jorge escreveu no artigo imediatamente anterior a este. Não teremos que repensar estas participações nos Mundiais?

Claro que muitas outras selecções terão terminado só com um corredor, algumas não terão mesmo conseguido levar um que fosse até ao fim… Mas sabendo-se com a antecipação (dois anos) dos traçados, sabendo que em Portugal se fazem três ou quatro etapas acima dos 200 quilómetros por ano... terminando a nossa temporada em meados de Agosto, não seria um bom investimento agarrar nos seleccionados e com eles fazer durante um mês um trabalho específico e claramente direccionado para os Mundiais?

Outra questão, nos Mundiais a quilometragem é exageradamente alta – sem nenhuma necessidade, porque haveria espectáculo mesmo que tivessem sido menos duas voltas e o resultado final o mesmo, quase de certeza – mais parece um exercício de puro sadismo por parte da UCI. A selecção dos melhores já é feita, país a país pelos respectivos seleccionadores, não é preciso esticar a corrida de forma a que só um terço dos inscritos chega ao fim. E a explicação é essa mesmo, a de fazer a selecção dos melhores para, de entre estes, se apurar o melhor.
Aliás, esta fórmula para se encontrar o corredor que durante um ano vai ser o Campeão do Mundo está errada desde o princípio.

E termino com o que aconteceu com o José Rodrigues. Só fixei uma frase e já nem sei em qual dos jornais a li: “A responsabilidade é do Corredor…”
Pois! Não viverei o suficiente para ler, ou ouvir um responsável dizer o contrário. Assumindo, solidariamente, for qual for a falta cometida.
O Ciclismo arrasa por completo, anula-a e torna ridícula a tradicional frase-feita de que... a culpa morre solteira.

Classificações dos portugueses
Elites
Prova de fundo (267,4 km)
1.º, Paolo Bettini (Itália)
37.º, Nuno Ribeiro, a 49 segundos
Hernâni Brôco, abandonou
Bruno Neves, abandonou
Hugo Sabido, abandonou
Ricardo Martins, abandonou
José Rodrigues, não alinhou

Elites
Contra-relógio individual (44,9 km)
1.º, Fabian Cancellara (Suíça)
57.º, Ricardo Martins, a 5.51 minutos

Sub-23
Prova de fundo (171,9 km)
1.º, Peter Velits (Eslováquia)
15.º, Rui Costa, m.t.
35.º, Vítor Rodrigues, m.t.
50.º, Nélson Rocha, m.t.
77.º, César Fonte, a 5.32 minutos
100.º, José Mendes, a 11.12 minutos

Sub-23
Contra-relógio individual (38,1 km)
1.º, Lars Boom (Holanda)
26.º, Rui Costa, a 2.36 minutos
40.º, José Mendes, a 3.25 minutos