AS MINHAS PRIMEIRAS SAÍDAS, SAÍDAS…
FORAM À MADEIRA
Perdoem-me o tom saudosista desta crónica.
No artigo anterior reporto a 32.ª Volta à Madeira. Foi exactamente à Madeira que fui, pela primeira vez, enviado-especial do meu jornal, na altura – A CAPITAL – para cobrir uma prova de ciclismo. Foi em 1995. Já lá vão 12 anos!
A Associação de Desportos da Madeira – uma espécie de confederação que congrega meia dúzia de associações regionais, incluindo a de Ciclismo – fazia questão de promover a corrida a nível nacional. Muito, sejamos justos, pela força que o David Ramalho, jornalista que passou pelos principais jornais nacionais, incluindo A BOLA, e representante “diplomático” da ADM no “continente” punha isso na primeira linha.
Perdoem-me o tom saudosista desta crónica.
No artigo anterior reporto a 32.ª Volta à Madeira. Foi exactamente à Madeira que fui, pela primeira vez, enviado-especial do meu jornal, na altura – A CAPITAL – para cobrir uma prova de ciclismo. Foi em 1995. Já lá vão 12 anos!
A Associação de Desportos da Madeira – uma espécie de confederação que congrega meia dúzia de associações regionais, incluindo a de Ciclismo – fazia questão de promover a corrida a nível nacional. Muito, sejamos justos, pela força que o David Ramalho, jornalista que passou pelos principais jornais nacionais, incluindo A BOLA, e representante “diplomático” da ADM no “continente” punha isso na primeira linha.
Madeirense de nascimento, puxava a brasa à sua sardinha?
Talvez. Mas vamos discutir isso?
Mas a minha escolha – ainda jornalista de A CAPITAL – como representante da Imprensa… continental no arquipélago de inefável doutor Jardim, tem ainda uma outra explicação.
Já acontecia – embora pouca gente disso se tivesse dado conta – cobertura “nacional” (com uma breve, ou 800 caracteres) da Volta à Madeira.
Os jornalistas eram convidados e os jornais mandavam quem tinham disponível – ainda não tínhamos chegado à era de colaboradores de jornais viajarem a espensas de empresários de ciclistas mas que ninguém se abespinhe…
Fui pela primeira vez à Volta à Madeira – sem vergonhas especiais – no lugar do meu querido amigo Guita Júnior e a explicação é simples, nesse ano de 1995 a Vuelta acabara de passar de Abril para Setembro, o que coincidia com a Volta à Madeira. Indo o Guita à Vuelta, sobrava um lugar para a Volta à Madeira. O David Ramalho convidou A Capital a… “enviar-me”. E fui.
Fui em 1995 [1.ª foto, com o Pedro Andrade a “limpar” todas as classificações] e em 1996.
Em 1997, A CAPITAL escolheu a Vuelta. E já não houve a viagem à Pérola do Atlântico.
Mas foram dois anos de gloriosas experiências.
E eu, geneticamente formatado contra coisas do tipo... mexicanos, canadianos e americanos, comecei por ficar estarrecido.
Porque numa chegada com seis corredores juntos, cinco comissários de chegada não conseguiram tirar o número do dorsal de todos eles.
Eu e o David – que já fez a desfeita de nos ter deixado - tínhamos a ordem de chegada e tudo se resolveu.
Foram duas vezes oito dias espectaculares.
Atenção, que agora é a sério… Não olhem para aquelas etapas com pouco mais de 40 quilómetros e riam. Eu estive lá… Aliás, olhem para as diferenças que já há na Geral Individual.
Na Madeira, qualquer etapa de 40 quilómetros equivale a uma de 160 no continente… pior. Porque praticamente não há zonas de descanso. E são todas traçadas a subir.
E as duas voltas à Madeira que fiz foram as que mais se aproximaram das “minhas” voltas ao Alentejo de referência.
Porque havia tempo, disponibilidade e vontade para “arrastar” os repórteres… “continentais” para várias realidades da Madeira.
Umas lindas, como o arco-íris. Outras, tremendamente deprimentes como… a realidade.
Passar – não passear, mas passar (de carro) – à noite pelo centro do núcleo piscatório de Câmara de Lobos é algo de que ainda não me esqueci… Casas de duas assoalhadas – se é que se lhes pode chamar isso – para famílias de 12, 16… 18 pessoas. Buzinar, o mais discretamente possível, de forma a que, quem dormia no passeio, em esteiras – porque as famílias não cabiam todas na SUA casa – encolhesse as pernas… assistir aos mergulhos pró-suicídas dos rapazes com menos de dez anos que se atiram da muralha para ir buscar, seis ou sete metros abaixo da linha de água, a moeda de “pence” que o turista inglês lhe atira, num exercício semelhante ao que se faz com as focas no zoo, ou com o elefante que toca a sineta a troco de uma moeda…
Mas é evidente que a organização nos proporcionava tudo.
Hotel… (eu reparti, das duas vezes que lá estive, o quarto com o meu querido e admirado amigo Fernando Gomes [foto 2] – correspondente de… A BOLA, para a qual eu, na altura, bem sequer sonhava vir um dia a trabalhar), bons almoços, melhores jantares e, a partir daí… o que quiséssemos.
Mas a minha escolha – ainda jornalista de A CAPITAL – como representante da Imprensa… continental no arquipélago de inefável doutor Jardim, tem ainda uma outra explicação.
Já acontecia – embora pouca gente disso se tivesse dado conta – cobertura “nacional” (com uma breve, ou 800 caracteres) da Volta à Madeira.
Os jornalistas eram convidados e os jornais mandavam quem tinham disponível – ainda não tínhamos chegado à era de colaboradores de jornais viajarem a espensas de empresários de ciclistas mas que ninguém se abespinhe…
Fui pela primeira vez à Volta à Madeira – sem vergonhas especiais – no lugar do meu querido amigo Guita Júnior e a explicação é simples, nesse ano de 1995 a Vuelta acabara de passar de Abril para Setembro, o que coincidia com a Volta à Madeira. Indo o Guita à Vuelta, sobrava um lugar para a Volta à Madeira. O David Ramalho convidou A Capital a… “enviar-me”. E fui.
Fui em 1995 [1.ª foto, com o Pedro Andrade a “limpar” todas as classificações] e em 1996.
Em 1997, A CAPITAL escolheu a Vuelta. E já não houve a viagem à Pérola do Atlântico.
Mas foram dois anos de gloriosas experiências.
E eu, geneticamente formatado contra coisas do tipo... mexicanos, canadianos e americanos, comecei por ficar estarrecido.
Porque numa chegada com seis corredores juntos, cinco comissários de chegada não conseguiram tirar o número do dorsal de todos eles.
Eu e o David – que já fez a desfeita de nos ter deixado - tínhamos a ordem de chegada e tudo se resolveu.
Foram duas vezes oito dias espectaculares.
Atenção, que agora é a sério… Não olhem para aquelas etapas com pouco mais de 40 quilómetros e riam. Eu estive lá… Aliás, olhem para as diferenças que já há na Geral Individual.
Na Madeira, qualquer etapa de 40 quilómetros equivale a uma de 160 no continente… pior. Porque praticamente não há zonas de descanso. E são todas traçadas a subir.
E as duas voltas à Madeira que fiz foram as que mais se aproximaram das “minhas” voltas ao Alentejo de referência.
Porque havia tempo, disponibilidade e vontade para “arrastar” os repórteres… “continentais” para várias realidades da Madeira.
Umas lindas, como o arco-íris. Outras, tremendamente deprimentes como… a realidade.
Passar – não passear, mas passar (de carro) – à noite pelo centro do núcleo piscatório de Câmara de Lobos é algo de que ainda não me esqueci… Casas de duas assoalhadas – se é que se lhes pode chamar isso – para famílias de 12, 16… 18 pessoas. Buzinar, o mais discretamente possível, de forma a que, quem dormia no passeio, em esteiras – porque as famílias não cabiam todas na SUA casa – encolhesse as pernas… assistir aos mergulhos pró-suicídas dos rapazes com menos de dez anos que se atiram da muralha para ir buscar, seis ou sete metros abaixo da linha de água, a moeda de “pence” que o turista inglês lhe atira, num exercício semelhante ao que se faz com as focas no zoo, ou com o elefante que toca a sineta a troco de uma moeda…
Mas é evidente que a organização nos proporcionava tudo.
Hotel… (eu reparti, das duas vezes que lá estive, o quarto com o meu querido e admirado amigo Fernando Gomes [foto 2] – correspondente de… A BOLA, para a qual eu, na altura, bem sequer sonhava vir um dia a trabalhar), bons almoços, melhores jantares e, a partir daí… o que quiséssemos.
Que, a bem da verdade, não era nada disso que estão a pensar.
O hotel onde os… “continentais” estavam alojados tinha nos pisos térreos um bar e uma discoteca. Desta nada sei porque, como manda a boa educação, no final do dia acompanhávamos o nosso anfitrião.
Que era um homem extraordinário. Em todos os sentidos.
José António Gonçalves. Escritor, prosadista e poeta, figura de proa da política local… mais do que tudo um bon-vivent. Como já não há.
Infelizmente faleceu há coisa de dois anos.
José António Gonçalves. Escritor, prosadista e poeta, figura de proa da política local… mais do que tudo um bon-vivent. Como já não há.
Infelizmente faleceu há coisa de dois anos.
Novo ainda.
Era homem para não ter ainda 60 anos.
“Rei” do caraokee, bebedor militante.
“Rei” do caraokee, bebedor militante.
Boa pessoa, naquele sentido em que desaprendemos o que é uma boa pessoa.
Uma boa pessoa, que para este caso não muda nada em relação a pessoa boa, significa… EU NÃO SOU PERFEITO, MAS NÃO ME VENHAS DIZER QUE TU O ÉS…
Ao fim de dois minutos de conversa estávamos esclarecidos.
A partir daí manda a nossa consciência.
Vou “marcar” com um selo alguém que tem a coragem de viver uma vida – muito pública, muito pública… – só porque os seus padrões se desviam claramente dos meus?
Claro que não.
Aliás, eu e o José António Gonçalves, que apenas conviveremos 12 dias em dois anos até teríamos pontos em que, o que somos, para além do que temos que parecer ser, por obrigação profissional, eram inegavelmente coincidentes.
Mas também não vou deixar de dizer que era um pequeno ditador.
Uma boa pessoa, que para este caso não muda nada em relação a pessoa boa, significa… EU NÃO SOU PERFEITO, MAS NÃO ME VENHAS DIZER QUE TU O ÉS…
Ao fim de dois minutos de conversa estávamos esclarecidos.
A partir daí manda a nossa consciência.
Vou “marcar” com um selo alguém que tem a coragem de viver uma vida – muito pública, muito pública… – só porque os seus padrões se desviam claramente dos meus?
Claro que não.
Aliás, eu e o José António Gonçalves, que apenas conviveremos 12 dias em dois anos até teríamos pontos em que, o que somos, para além do que temos que parecer ser, por obrigação profissional, eram inegavelmente coincidentes.
Mas também não vou deixar de dizer que era um pequeno ditador.
O que, atendendo às áreas sobre as quais tinha, de facto, poder, redundava numa (para ele) humilhante gargalhada.
A tal velha história de quem se julga com mais poderes do que aqueles que, realmente tem.
A tal velha história de quem se julga com mais poderes do que aqueles que, realmente tem.
E se os tem por via institucional, então… mais pequeninos são.
Mas, para mim, é bom recordar esses dois anos de uma experiência nova.
E não vou negar que foram momentos de proveitosos ensinamentos que tentei não esquecer.
Até porque estava com jornalistas com muita mais experiência profissional do que eu.
É… Agora, neste momento, tenho saudades de há pouco mais de dez anos.
Do que aprendi, com os mais experientes…
Das conversas com o David Ramalho, com o Fernando Gomes…
Como de costume, os jornais esqueceram o David Ramalho.
O Fernando Gomes… vai dando notícias…
Nenhum dos que recebe a notícias que ele manda sabe de facto, o quanto lhe custou chegar a elas.
Mas, para mim, é bom recordar esses dois anos de uma experiência nova.
E não vou negar que foram momentos de proveitosos ensinamentos que tentei não esquecer.
Até porque estava com jornalistas com muita mais experiência profissional do que eu.
É… Agora, neste momento, tenho saudades de há pouco mais de dez anos.
Do que aprendi, com os mais experientes…
Das conversas com o David Ramalho, com o Fernando Gomes…
Como de costume, os jornais esqueceram o David Ramalho.
O Fernando Gomes… vai dando notícias…
Nenhum dos que recebe a notícias que ele manda sabe de facto, o quanto lhe custou chegar a elas.
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