quarta-feira, outubro 10, 2007

922.ª etapa


DECIDAM-SE RÁPIDO
QUE EU ESTOU CADA VEZ MAIS CONFUSO

Confesso que, interessando-me pela “coisa-Ciclismo” tenho espírito suficientemente aberto para aceitar novidades. Mas há coisas que não entendo.
Por mais que me esforce, não entendo.

Será, não duvido, problema meu. Já vivi melhores dias…
Hoje outros problemas me apoquentam.

Leio, ao longo da temporada, os mais acintosos libelos contra os desgraçados – eu sublinho “desgraçados” e vocês hão-de perceber porquê – que são apanhados com resultados positivos nos milhentos controlos anti-doping que se fazem todas as semanas, um pouco por toda esta Europa fora.

De “cão” para baixo… vale tudo!

No Tour, depois de duas etapasde alta montanha, daquelas onde os atletas deixam suor e sangueespectaculares, claro, aconteceu a expulsão do dinamarquês Rasmussen e não houve “vira-lata” que, alçando a pernita, não lhe tivesse mijado para cima.

Porque sim.
Porque se não estava dopado… parecia!!!
(Um novo conceito introduzido este ano na corrida francesa.)

Depois, o único que lhe fez frente nesses mesmos terrenos, o espanhol Alberto Contador – que acabou vencendo em Paris – nem teve tempo para despejar o copo de vinho rosado com que se preparava para festejar em Pinto, sua terra natal, uma cidadezinha que está para Madrid como Odivelas está para Lisboa, e já os jornais franceses e alemães, com “especialistas” que me cheiram aos “Nuno Rogeiros” lá do sítio – sabem de tudo, comentam tudo – lhe caíam em cima lançando todo um rol de suspeitas. Ganhou o Tour? Só pode ter sido por estar dopado!!!

E, tirando os espanhóis, o resto do Mundo franze o sobrolho, põe o pé atrás e, esquecendo o institucional in dubia pro reo, rapidamente engrossa o pelotão dos desconfiados.

A seguir vem a Vuelta.
“Fraquinha! Não tinha dureza suficiente para marcar diferenças!...”

Neste ponto eu fecho os olhos e sacudo a cabeça de forma a acordar os cinco neurónios que me restam.

Querem montanha de arrasar, para depois crucificar quem chega lá acima em primeiro – “porque só o pode fazer dopado” – ou corridas com menos dificuldades que, não deixando de ser igual para todos, acabará por ser ganha pelo melhor?
Percebem?

Menos dificuldades… menos desconfianças… “talvez” até nem precisem de tomar nada…

Faço-me entender?

Mais à frente vêm os Mundiais. Uma tortura de 275 quilómetros com vinte e tal passagens por uma rampinha, é verdade, mas com 17% de inclinação…

Suspeitas sobre quem andou a maior parte do tempo na frente?
Que heresia!!!!
Claro que não…
Não… porquê?
Porque não! Ora essa… os Mundiais são sempre assim.

Ok. E o Tour não é sempre assim?

E a Vuelta não costumava ser um pouco mais exigente?

Expliquem quais são, nesta equação, os factores que mudam para que, de prova para prova se olhe com olhos diferentes?
Mas há mais.

Por mais que eu julgue que já vi tudo… debaixo da mais pequena pedra, de vez em quando lá me sai um lagarto de todo o tamanho [é um dito alentejano, não liguem…]

Agora vou citar o que li há pouco no Cyclolusitano.

O que está entre parêntesis rectos é comentário meu:

“Já há alguns dias que tenho vindo a acompanhar na net o surgimento de uma nova prova italiana denominada "l'eroica".

É disputada como antigamente, em estradas sem alcatrão, por meio de serras, olivais e descampados…. [falta acrescentar que tem 205 quilómetros de extensão, por serras e vales… 2/3 deles em caminhos de terra batida]…
Hoje correu-se a primeira edição para profissionais ganha por Kolobnev.


Quanto a mim
[o autor deste post], até pelo impacto causado na Gazzetta dello Sport e nos media italianos, estou em crer que se tornará um acontecimento parecido com o Paris-Roubaix. É uma ideia magnífica."

Duzentos e mais alguns quilómetros, maioritariamente corridos em carreiros de montanha, de terra batida… [podem ver no gráfico] mas… em nome de quê?
De que Desporto?
Não é do Ciclismo.
Não é Desporto!

O público quer – como eu estou farto de escrever – “circo”.
Quer espectáculo e está-se nas tintas para a saúde dos corredores.
Aliás… se as federações, incluindo a UCI, não tivessem parte dos seus orçamentos financiados por programas estatais de luta contra o doping… nem controlos havia.

Assim, têm que justificar os subsídios com a realização de alguns controlos.

E eu volto a pôr a mesma questão:
O Ciclismo de alta competição deve ser encarado, de vez, como um espectáculosimmmm, sim, eu não me esqueceria de repetir: como a NBA – ou cortamos-lhes as asas e mantemo-lo como uma modalidade desportiva cingida às bafientas federações que aspiram à sua parte do lucro no… espectáculo, mas que surgem qual “diácono Remédios” a cortar “cenas” mais... estranhas abanando a cabeça e dizendo… “não habia nexexidade!...”

O que é que queremos fazer com o Ciclismo de alta-competição?

Porque sobra ainda muito ciclismo para ser regido pelas normas desportivas, puras e imaculadas, como constam nos “catecismos” que as federações – a começar pela UCI – ostentam de cada vez que há um caso que foge às regras.
Que regras?
As de uma modalidade desportiva, praticada por amadores ou por jovens em formação, ou as que se enquadram na categoria de espectáculo?

Caro.

Que tem que ser pago.
E não é pelas federações.

Definam lá isso de uma vez por todas.

Ps: ah!, acabou assim aquela “espectacular corrida” de corta mato:
1. Alexandr Kolobnev (Rus/Team CSC)
2. Marcus Ljungqvist (Swe/Team CSC)
3. Mikhaylo Khalilov (Ukr/Ceramica Flaminia)
4. Manuele Mori (Ita/Saunier Duval-Prodir)
5. José Enrique Gutierrez (Spa/Team LPR)
6. José Alberto Benítez (Spa/Saunier Duval-Prodir)
7. Jure Golcer (Slo/Tenax-Salmilano)
8. Ricardo Serrano (Spa/Tinkoff Credit Systems)
9. Giairo Ermeti (Ita/Tenax-Salmilano)

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