sexta-feira, outubro 12, 2007

929.ª etapa


É PRECISO MUDAR O FIGURINOS DOS MUNDIAIS
(Tal como o dos Campeonatos Nacionais)

Eu sei o quanto difícil é mexer com a tradição e os Campeonatos dos Mundo SEMPRE foram assim. Sei também que, entretanto e acima da tradiçãom, se elevaram instituições que me parecem bem mais difíceis de abalar... Mas!...
Com um calendário - falo do Internacional - riquíssimo, com corridas como as das Clássicas da Primavera e esse monstro - no bom sentido - que é o Paris-Roubaix, com as Três Grandes Voltas mas também com outras corridas emblemáticas, como o Paris-Nice, por exemplo, com um naipe tão alargado de dificuldades a vencer ao longo da temporada, será mesmo justo que o Campeão do Mundo seja encontrado numa corrida... atípica?

Atípica, porquê?

Porque é uma corrida de um dia apenas, porque se corre em circuito, porque tem uma quilometragem assassina.

Que já não é permitida em mais nenhuma corrida.
Lembram-se do Porto-Lisboa?

E, como li num destes dias, a verdade é que... desde 1999 (?) - pelo menos - que o título mundial é discutido... ao sprint.
Sem pôr em causa a justiça de o Paolo Bettini ser campeão do Mundo...

Aguenta o carrossel das 20 e tal voltas - onde ficam, invariavelmente, os principais sprinters - e onde em subidas, com 17% sim... mas de 600 metros, os trepadores nem conseguem chegar a meio do grupo quando elas são atacadas... porque antes se rolou a bom rolar... onde fica a VERDADE de um Campeão assim achado?

O que é, então, o Campeonato do Mundo actualmente?
Uma corrida para roladores onde a única coisa que fará a diferença será o sentido de posicionamento na corrida. E isso chega para definir quem é o melhor corredor do ano?

Refraseio porque, de facto e todos nós sabemos isso, não há maneira de saber quem é o melhor corredor do Mundo. Ano após ano...
Seja lá a "solução" que se queira inventar.

Mas eu acho que os Campeonatos do Mundo, bem como os nacionais - pela equivalência - deveriam oferecer algo mais aos corredores potenciais candidatos.

Mas é que não é preciso inventar nada!
Está tudo inventado!...

O Campeão do Mundo devia - mesmo que isso tenha de ser decidido em três dias - ser o corredor mais completo do pelotão.
Evidentemente, tendo em conta os objectivos e os os compromissos de cada um.
Mas devia-lhes ser dada a possibilidade de demonstrarem que são, de facto, os mais completos. Os melhores.

Mais ainda... E aqui é que eu acho que reside o busilis da questão... os Campeonatos do Mundo deveriam ser uma prova tão aberta que não fosse possível ter - falo jornalisticamente, por defeito - já preparado o currículo do vencedor pré-anunciado.
Eu seiiiii...
Estou a ser naïf.
Toda a gente espera pelo currículo do homem que a France Presse envia nos cinco minutos seguintes ao final da prova.

Mas, que por mais não fosse... para obrigar os colegas da France Presse a prepararem meia dúzia de currículos na esperança de acertarem.

Então... como é que eu acho que deveria ser encontrado o Campeão do Mundo?
Pondo toda a gente em pé...mais ou menos de igualdade, e deixando-os marcar a diferença que são capazes de marcar, nos seus terrenos. Sofrendo depois nos outros.

É preciso um desenho? Cá vai ele...
Três dias de corrida. Três... "etapas".

A primeira, com menos de 180 quilómetros - seja em circuito ou não - para que os roladores e o "jogo" de equipa se imponha.

Ia proporcionar aventuras "loucas" de quem, provavelmente, não tem a mínima hipótese de ser Campeão, mas isso contribuiria para que, quem tivesse, de facto, um candidato a campeão, não ficasse adormecido no pelotão.

A segunda, um contra-relógio - que definiria o Campeão do Mundo na especialidade.
O que não é exactamente a mesma coisa que acontece hoje em dia.
Que se preparam com um objectivo bem definido... Pois, o crono!

Na minha proposta, teriam que fazer as três corridas...

Quem almejasse vir a ser Campeão do Mundo, mesmo na etapa só para roladores, para as fugas e para uma mais que previsível chegada ao sprint... tinha que fazer por estar entre os primeiros...

Finalmente... segundos ganhos na etapa a rolar, segundos ganhos no crono, TODOS teriam que se apresentar para o derradeiro teste: uma etapa - curta, de preferência - mas de montanha. Com uma ou duas contagens de dificuldade significativa... antes do ataque à meta num final em... alto.

Ia tudo mexer.
Quem não se dá bem com a montanha tinha que tentar ganhar tempo na primeira etapa; quem tem dificuldade nos cronos, teria que dividir os seus esforços nas outras duas etapas e... e aqui vem o principal...
As coisas ficavam "penduradas" entre os especialistas nos cronos e os nas chegadas em alto.
Nem uns, nem os outros, poderiam facilitar no crono. Todos teriam que ir a fundo...
E era esta a parte individual.
Depois... depois, as equipas podiam fazer a diferença.
Logo na primeira etapa... ou na derradeira.

Leram tudo bem?
Não me interessa se concordam ou não...
Leram?
E conseguem ver o factor "espectáculo" nisto, ou não?

É que NINGUÉM fica a ver sete horas de Ciclismo para ver os búlgaros, os sul-africanos, os bolivianos e etecetera, a lançarem-se como loucos em "fugas" nas duas primeiras voltas... de um Campeonato do Mundo.

O pessoal vai almoçar, vai fazer a digestão num passeio pelo jardim e, por volta das cinco e meia da tarde aproximam-se da televisão para ver que ganhou o que todos já sabiam que ia ganhar.

E não é impossível de fazer isto que eu disse.
Tanto que não é que, se alguém tiver dúvidas... eu explico.
Ainda por cima com TODA A GENTE A GANHAR DINHEIRO.
Não sei porquê, mas acho que esta parte interessa a muita gente...

Eu explico como.
E nos Campeonatos Nacionais fazia exactamente o mesmo.

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