segunda-feira, agosto 10, 2009

II - Etapa 501

HÁ SITUAÇÕES QUE NEGAM O...
... SÓ FAZ FALTA QUEM ESTÁ!

Terminou a primeira parte da Volta a Portugal, se bem que com quatro etapas cumpridas e seis por fazer. Tempo para um balanço.

E começo - sei que não é original... - pelo princípio. Pelo desenho do traçado.

Já o confessei aqui e não me cansarei de o fazer: gosto, tenho gostado practicamente de todas as Voltas que o Joaquim Gomes tem desenhado.

No Ciclismo, e aparentemente, é mais fácil atacar do que defender, pelo que a maioria das equipas deixa passar o tempo, sobretudo quando a Corrida poderá ser resolvida apenas no crono final e, mais do que isso, quando na véspera à a subida ao Alto da Torre.

No meio havia a Senhora da Graça.

Só que, insisto, se no Ciclismo é mais fácil atacar do que defender, é preciso muita coragem para atacar a sério, exactamente porque depois, em teoria - pode até nem ser assim - vai ser preciso defender muito. E se o pelotão tem 120 corredores, cada uma das equipas não tem mais do que nove.
Mas Ciclismo é Coragem.
É coragem, aquilo que nos mostram todos os dias os Corredores...
Já em relação a quem tem de delinear estratégias...

É um chavão, uma muleta usada por quem fala ou escreve sobre Ciclismo: é a estrada quem decide que está mais forte. Acreditem, não é 100 por cento fiável.

Desde o início - aliás, desde muito antes disso - desta edição da Volta que, em uníssono, o que revela alguma falta de conhecimentos ao pormenor, o que leva a que uns sigam as projecções de outros, que esta Volta foi... reduzida a quatro candidatos. Curiosamente e numa situação com o seu quê de sui-generis - não me falem da Astana, por favor! -, dois em cada uma de... apenas duas equipas.

Eu escrevi, podem confirmar, que já ficou provado e em anos muito recentes, que é mais fácil perder a Volta do que ganhá-la. E há quem tenha levado o exercício a sério.

Ou me engano muito, ou ontem alguém - não foi só um, embora o outro apenas tenha um out-sider para... ser candidato à vitória da Volta - desmentiu todos os analistas encartados. E o rival directo também levou um tempinho a abrir os olhos.

Vejamos, na grande, enorme, sofrida subida para a Barragem do Alvão a Liberty Seguros, ou o seu técnico, achou por bem esticar a corrida e, com dois candidatos - o problema é que chega sempre uma altura em que de dois se tem de escolher um - lançou para a frente um terceiro, um 'joker' como li hoje.

Resultado, o adversário directo manteve os seus dois candidatos junto dos outros. Mas, ainda assim, ainda que mais tarde, mostrou maior clarividência e, no final conseguiu ficar, não com um 'joker' - que meio atabalhoadamente nos foi oferecido pela Liberty - mas com dois trunfos altos que, se a estratégia for bem montada, pode arrasar, ainda antes da Torre, as legítimas aspirações dos azuis da Charneca.

E se André Cardoso é, de facto, um trepador nato - que pode ficar guardado para a Estrela - já o Nélson Vitorino é um rolador de eleição, um sofredor nas fugas. Para além de um Corredor inteligentíssimo.

Catorze equipas em prova... Até agora apenas quatro ganharam etapas e já só faltam seis.

Amanhã mesmo, podemos assistir a algo de todo inesperado, que seria a Liberty obrigada a assumir TODAS as despesas da corrida se num grupo de corredores hipoteticamente fugidos, numa fuga que até daria jeito para se descansar um pouco... for o Nélson Vitorino.

Como, na etapa da Torre - quem não se lembra da etapa que o Nélson fez há dois, ou três anos?, já não estou certo - em que Vidal Fitas, antes de jogar com David Blanco, mandar avançar o André Cardoso que até já foi Rei da Montanha na Volta...
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O Nuno Ribeiro merece-me todo o respeito. Merece a todos e é, de facto, candidato à vitória final na Volta. Há três ou quatro anos que foi despromovido na hierarquia da equipa em favor de, primeiro, Cândido Barbosa, depois de Hector Guerra...
E este ano ainda tinha à sua frente o Rubén Plaza...

Agora... vai precisar de ajuda da equipa para chegar a Viseu com vantagem confortável em relação aos principais rivais. A começar já amanhã.

Em relação ao Tavira, a etapa poderia ter sido épica se o Vidal Fitas não tem demorado tanto tempo a libertar o David Blanco. Mandou-o seguir a 1000 metros da meta... ele foi e ganhou tempo aos principais rivais. Ficará para sempre a dúvida de o David tivesse tido liberdade para, segundo as suas sensações, pudesse ter feito o que melhor achasse desde Mondim de Basto...

O Cândido vai ganhar mais etapas. Não deixará nunca de ser o Corredor do Povo, mas não vai ganhar nenhuma Volta a Portugal. O Vidal deve estar ciente disso...

Terceiro protagonista e - pelo que hoje li - o que mais se pôs a jeito.
Porque é que, tanto o Tiago Machado como o Sérgio Sousa, foram mandados parar pelo professor José Santos?

Aqui abro um parentises para tentar lembrar que o exercício do Jornalismo é uma tarefa nobre. Que se saiba que determinado Corredor, ou técnico, são, no seio do seu grupo, tratados por alcunhas, é uma coisa. Fazer título com essas alcunhas é, pelo menos, deselegante. E legitima os visados a tratar os escribas da mesma forma...

Sempre achei que há quem vá à Volta a Portugal numa espécie de... gozo de férias.
O respeito é, sempre foi, sempre será, muito bonito. E aconselha-se.

O professor José Santos não é, nunca foi, um estratega.
Mau grado os anos que leva de pelotão, são raríssimos os exemplos de uma vitória sua por qualquer golpe de mão. Acontecem. De quando em vez...

Porque é que quereria o Tiago Machado junto dos quatro mosqueteiros?
Que ganharia, que ganha com isso?
Nem no crono - apesar de ser o campeão em título - o Tiago baterá nenhum dos outros quatro. Então porque não libertá-lo de forma a que pudesse ir à procura da sua felicidade?
Ainda por cima quando tinha, à sua frente - e poderia sempre ajudá-lo - o Sérgio Sousa?

Todos estes erros tácticos, e foram-no e a Corrida vai provar que o foram, levam-me a lembrar do único grande e verdadeiro estratega do nosso pelotão.

Mesmo lavado em lágrimas, em Sintra, em 2002, porque viu um corredor seu perder a Volta, por cinco segundos, ainda que para um companheiro de equipa, Manuel Zeferino ganhou a Volta para a Maia ao 5.º dia - de treze - de corrida.
Na Senhora da Graça.
E acabou com três homens no pódio. Ganhou a Montanha, os Pontos e por Equipas.
Termino desejando a melhor das sortes ao Nuno Ribeiro.
E reiterando o meu vatícinio: o David Blanco vai ser o primeiro estrangeiro (galego, em Portugal não é estrangeiro!!!) a vencer três voltas a Portugal.
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(Ainda o não tinha referido, mas mais vale tarde do que nunca. As fotos que aqui tenho vindo a publicar são-me gentilmente cedidas pela Organização da Volta a Portugal. O meu Muito Obrigado!...)

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