quinta-feira, outubro 02, 2008

II - Etapa 257

TELEXES

1. Depois de ter tido conhecimento do relatório da autópsia final do malogrado Bruno Neves, como aqui dei conta, sujeitei-me a mim mesmo deixar passar uns dias antes de voltar ao caso Póvoa Cycling Clube. Por respeito para com a memória do meu querido Bruno.

2. Sei da angústia que a família – principalmente a família – viveu nestes últimos quatro meses, e na entrevista que concedeu à agência Lusa, a Cristina deixou isso bem patente. Deve ter sido atroz. E acredito em todas as suas palavras. Precisavam, mas precisavam mesmo de uma última e conclusiva análise para, de vez, também todos eles, a família, ficar em paz. Que ao Bruno já ninguém pode fazer mais mal do que fizeram. Mas ele há-de estar, algures, acima de toda esta mesquinhez.

3. É intolerável o que está a acontecer num determinado sítio da Internet – por favor!, se ninguém tem mão naquilo, fechem-no de vez…

4. Entre os rabos-de-palha que se encolhem na hora da verdade e os intelectualmente atrasados, as barbaridades que lá se escreveram nestes dois últimos dias são inaceitáveis… Mas eu não sou ninguém [e acrescento prova disso] para dar palpites em relação ao sítio…


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Peço, porém, que se quiserem prosseguir com os jogos florais abram outro item e deixem de escrever sob o nome do Bruno Neves.

5. Peço a todos os meus leitores que recuem um pouco neste blog e leiam o comentário deixado pelo Pedro Santana no artigo IN MEMMORIUM, do passado domingo, dia 28.

6. Compreendo – e até sou capaz de aceitar – a raiva interior, sentindo o que lhe vai na alma, do Pedro Cardoso, que colocou, nesse tal sítio uma mensagem. Tem razão o Pedro. E tem a minha solidariedade, mesmo que isso não valha um chavo…

7. Toda a equipa, Corredores e restante staff, foi – sem nunca o ter sido, mas destas manobras percebo eu – condenada publicamente sem que uma, uma só excepção, possa ser apontada. Mau grado eu aqui ter insistido quase até à exaustão – mas também não quero que me tomem por mais do que aquilo que sou (não reivindico a figura do opinion-maker) – que todos estavam a cometer o mesmo erro, que por acaso é mais do que isso, pelo menos em quem tem debates de consciência…

8. Os elementos do Póvoa Cycling Clube, os nove implicados de início, mais todos os outros que, pelo publicado, estariam de fora de, fosse qual fosse o problema, nunca tiveram oportunidade de se defender. E, tal como sublinha o Pedro Cardoso, ele disponibilizou-se para falar à RTP, da mesma forma que o João Cabreira abriu as portas de sua casa a A BOLA. Mais ninguém mostrou disponibilidade para o incontornável direito ao contraditório. Pior, ninguém pôs em prática o elementar direito à presunção de inocência dos envolvidos. Nem dos outros.


9. Recuso-me, e em consciência o afirmo, a fazer o que quase todos fizeram, que foi o de ligarem a morte do Bruno às acções que se lhe sucederam. Ainda hoje, mesmo depois do resultado final da autópsia, não há quem resista a escrever o assassino “na sequência da morte de Bruno Neves a Polícia Judiciária…”
Isto não é casmurrice, é de burro mesmo.

10. E volto um passo atrás. De novo dando razão ao Pedro Cardoso. Como é que se abre espaço para qualquer comunicado da FPC e nem uma tentativa se faz para ouvir a outra parte? Porque é que - e para mim, esta é a questão mais profunda - ninguém tentou ouvir o presidente do clube, que era mais do que isso, era o seu principal patrocinador e está sobre a alçada disciplinar da FPC…


Era fundamental. Ou ele confia na estrutura que sustenta, e se declara indignado, ou – o que aconteceu – fica calado dando a impressão que não discute o castigo.

11. Li que o doutor Marcos Maynar foi o único – o que todos sabemos que não é verdade, porque vários dos Corredores espanhóis da equipa já se pronunciaram – que, sem ninguém lho pedir, usou a agência Lusa por duas ou três vezes para manifestar a sua contestação em relação a todo este processo. A verdade, e isso é indesmentível, é que se não tivesse ele tomado a iniciativa de fazer chegar à agência a sua opinião, ou visão dos factos, ninguém o teria procurado para o exercício do tal famigerado contraditório.


E, sendo ele o médico da equipa – e não é uma pessoa qualquer (por mais que o doutor Moreira Lopes queira arrastar a discussão para a peixeirada), mais do que médico, é um cientista que, enquanto tal – não como clínico – dirige um gabinete de medicina desportiva numa universidade espanhola.

12. Nada nos trará o Bruno Neves de volta à vida, mas não exageremos na poeira que alguns querem deitar sobre os olhos de todos. E naquela fatídica tarde de 11 de Maio [por acaso, uma data muito importante para mim, o que fará que jamais esqueça o Bruno] aconteceram coisas, envolvendo, quase transversalmente toda a gente, que não podem nem devem ser esquecidas.

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