domingo, dezembro 28, 2008

II - Etapa 300

FRAUDE NA INSCRIÇÃO DAS EQUIPAS
JUNTO DA FPC (COM O AMÉM DESTA)

Saíram ontem, Sábado, dois artigos, um na Imprensa, outro em suporte digital, que num determinado ponto coincidem, espantando-me – para não usar outro termo – a benevolência (será devido à quadra natalícia?) para com uma coisa que só tem um nome, que é FRAUDE, mas que é tratada de forma tão paternalista, tão coitadinhos que eles são que, não fora a gravidade da coisa, confesso, até eu teria que reprimir a malandreca da lagriminha que assomasse ao canto do olho….

Curiosamente, ambos os artigos vincam o facto de a crise conjuntural – que é mais do que isso, é global mesmo e não há nem uma projecção sequer de que ela esteja a diluir-se, antes pelo contrário – ter atingido também o Ciclismo e que a falta de retorno, entendo como menor cobertura das corridas por parte da Comunicação Social, venha a desmobilizar muitos potenciais patrocinadores. E sem patrocínios não há Ciclismo. Aqui estamos todos de acordo!

Mas quando se queima publicamente uma equipa e, mais de seis meses depois, ninguém se esforça para tentar explicar, nem aos adeptos em geral, nem aos tais eventuais patrocinadores, o que é que realmente se passou… que dizer?

Mas eu escrevi FRAUDE, logo, tenho que explicar, pois foi assim que os grandes jornalistas com quem aprendi a profissão – não, no meu tempo não havia jornalistas com canudo – me ensinaram.

O Ciclismo, como qualquer actividade, seja ela desportiva, recreativa, laboral – que pode abranger as duas anteriores – mas, antes de mais de cidadania, rege-se por regras aprovadas democraticamente e, obrigatoriamente respeitadoras da Lei Geral do País, que é a Constituição.

Se no Quadro Geral temos Leis, depois no campo do associativismo temos… regulamentos, estatutos… por aí fora.
Num País que se quer de Regime de Direito não à volta a dar.

Escreve o Jornal Ciclismo (ver aqui) que, cito de cor, mas podem ler no link assinalado: “As equipas para poderem inscrever-se, cumprindo o regulamento do limite de idades, inscrevem como ciclistas outros elementos, do staff técnico, quando não familiares dos dirigentes”.

Pior ainda leio no outro artigo.
Em relação à FRAUDULENTA inscrição como Corredores, de massagistas, mecânicos ou, como diz o Jornal Ciclismo, “familiares de dirigentes”, adianta, cito: “Uma situação legal perante a Federação [FPC] e a UCI…”

Passemos à definição de LEGAL: “Que se enquadra e respeita a letra da Lei”.
Como já demonstrei, Lei, no campo do associativismo, ou é estatuto, ou regulamento. Valem o mesmo.

E o que dizem os Estatutos da FPC (decalcados – foram apenas traduzidos – dos da UCI)?

Isto, no seu ponto 2.17.004, § 4Idade dos Corredores: menos de 28 anos para a maioria dos Corredores. (Falamos de equipas Continentais)

Ora, e conforme o mesmo regulamento define, a idade a considerar para um corredor, nestes casos, é aquela que terá no final da temporada para a qual a inscrição é válida. No caso, 31 de Dezembro de 2009.

Tomando como correcta a listagem publicada no mesmo Jornal Ciclismo, temos:

-- A Barbot-Siper terá inscrito 11 Corredores… 6 (mais de metade) não cumprem o que está escrito no Regulamento;
-- O CC Loulé-Louletano-Aquashow terá inscrito 13 Corredores… 7 (mais de metade) não cumprem o que está escrito o Regulamento;
-- A Liberty Seguros terá inscrito 14 Corredores… 7 (metade) não cumprem o que está escrito no Regulamento [mais de metade dos Corredores inscritos deverão ter menos de 28 anos];
-- A Madeinox-Boavista terá inscrito 10 Corredores… 5 (metade) não cumprem o que está escrito no Regulamento [mais de metade dos Corredores inscritos deverão ter menos de 28 anos];
-- A Palmeiras Resort-Tavira terá inscrito 14 Corredores… 6 com mais de 28 anos – LEGAL;
-- O Paredes-Rota dos Móveis terá inscrito 10 Corredores… 4 com mais de 28 anos – LEGAL.

Logo, 2/3 das equipas inscritas o foram atropelando os Regulamentos.

Mas diz-se que é… “legal” para a FPC inscreverem-se como Corredores, mecânicos e massagistas. Aliás, este ano houve uma equipa que viu um seu mecânico e um seu massagista serem procurados pelas brigadas do CNAD para um controlo surpresa, porque estavam inscritos como… Corredores; hão-de ter explicado à brigada que NÃO ERAM corredores, o CNAD DEVIA ter questionado a FPC o porquê de nas suas listas haver mecânicos e massagistas inscritos como Corredores (nós, os que pagamos impostos, custeámos esta vã missão do CNAD!), e depois, sei lá… o IDP deveria ter sido informado de uma irregularidade permitida pela FPC e, porque é seu dever, deveria ter informado a tutela – a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto – que uma federação anda a fechar os olhos a aberrantes irregularidades.

Mas há quem ache isto normal. Vá lá… tolerável.

Isto quando temos jovens Corredores no desemprego, como reconhece o Jornal Ciclismo e volto a citá-lo: “Mas há um senão e bem grande! As portas vão-se fechando aos jovens portugueses. E isso sucede de múltiplas formas. Por um lado, há cada vez menos vagas nas equipas Continentais para absorver os sub-23 que passam a elite. Por outro lado, muitos ciclistas nunca chegam a explorar completamente todas as suas faculdades, porque, desde novos, têm de trabalhar para as estrelas das respectivas equipas, quase sempre corredores importados ao país vizinho.”

Ah, pois é… Mas tente, pelo menos tentem, ser coerentes.

Aqui, no VeloLuso, vou aguardar pacientemente pelas listas oficiais, sancionadas pela FPC, dos Corredores inscritos por cada uma das equipas.

E, se necessário fôr, a cada corrida perguntarei por onde andam certos nomes que, estou certo, jamais hão-de aparecer.

Mas não ficaria de bem comigo mesmo se não terminasse (por agora) desta forma:

Achará a FPC que está a prestar um bom serviço à modalidade?
Caramba! Só tinha que OBRIGAR as equipas a cumprir os Regulamentos que ela própria aprovou. E que está obrigada a cumprir!

Cheira a bafio no alindado edifício da Rua de Campolide mas enquanto prevalecer a total ausência de espinha dorsal, até por parte de gente que fez pela modalidade o suficiente para poder ser respeitado por todos, não tenhamos esperanças. Aliás, até o práfrentex Jornal Ciclismo se curva comprometidamente...

E a referência a Serafim Ferreira é despida de interesse.

Acredito que ainda sonhe, mas esqueça. O seu tempo passou.
Foi mal passado? Culpa sua!...

1 comentário:

arraiolos disse...

A originalidade do ciclismo Português

Cada vez mais fico surpreendido com os factos que se vão passando no ciclismo português, são os casos de doping que afinal já não o são, é o final de equipas que são empurradas para tal é os jornalistas que fabricam as noticias á medida de quem paga.
E agora o caso mais surrealista a inscrição de pessoas que se calhar nem de bicicleta sabem andar como ciclistas, e isto tudo com o amem da federação e das entidades responsáveis IDP incluído, os patrocinadores e os organizadores de corrida ficam um pouco baralhados, pois estar a investir dinheiro numa modalidade que não fosse o amor que o povo tem por ela, já teriam parado de investir há algum tempo.
Eu como elemento ligado á organização de uma das mais antigas provas do pais,(Volta ao Alentejo) fico extremamente apreensivo quanto ao futuro do ciclismo em Portugal. E passo a explicar porquê, não há ciclismo sem organizadores de corridas e não há organizadores de corrida sem patrocínios, neste momento os privados viraram as costas ao ciclismo e não fosse a EDP, PT, CTT e pouco mais e que só apoiam as provas da PAD, vá-se lá saber porquê, e as Autarquias que com todas as suas limitações e com a falta de divulgação que as provas tem estão a virar as costas aos outros organizadores veja-se o caso da volta Algarve que á pouco tempo não tinha o itinerário definido por falta de resposta das câmaras, também a volta ao Alentejo sofre do mesmo mal patrocínios privados quase nada e as autarquias cada vez menos e o que pagam é insuficiente para manter uma prova deste género, portanto aqui fica mais um alerta deixem-se de quezílias e trabalhem para o bem do ciclismo em Portugal, senão o Sr. Serafim Ferreira tem razão a Volta a Portugal que é o topo já não dura muito tempo, mas as outras acabam primeiro.