O NOSSO CICLISMO CAIU...
(e estamos todos a olhar para ver se se levanta;
ninguém dá uma ajuda!)
Com os feriados no final da passada semana, só hoje [que já é ontem], segunda-feira, pude recolher os meus exemplares do Meta 2000.
É sempre com inegável prazer que folheio e leio o único jornal de ciclismo Ibérico - que, de quando em vez lá dedica umas linhas ao que se passa para cá de Valença, Quintanilha, Vilar Formoso, Caia ou Vila Real de Santo António, mas que também o faz - e me delicio com a independência que (orgulhosamente, acredito) ostenta.
O Meta 2000 é, sobretudo, sustentado pela RFEC e pelas federações autonómicas. Com uma contrapartida, claro: noticiar o que acontece por toda a Espanha.
Mas sem reverências.
De uma forma invejavelmente independente.
É dura, por exemplo, a crítica dirigida à RFEC quanto ao local escolhido para os nacionais espanhóis de estrada, deste ano, e não é só nas entrelinhas que se percebe que, por trás dessa escolha estarão interesses que ultrapassam, em muito, os desportivos.
Claro que ao ler isto logo fui "sugado" pela realidade portuguesa.
Porque é que quase todas as modalidades têm, nos diversos jornais, rubricas fixas de opinião assinadas por especialistas que, não raro - antes pelo contrário - assumindo-se como críticos independentes que o são, apontam aquilo que, na sua opinião (por isso são opinadores), não está a seu gosto?
E porque é que das poucas que não têm direito a esse espaço consta o Ciclismo?
Por falta de especialistas?
Por falta de especialistas independentes?
Convidem e paguem - como pagam aos outros - o Alves Barbosa para assinar semanalmente uma coluna de Opinião sobre a realidade do nosso Ciclismo.
Não é por acaso que chamo aqui o nome do Alves Barbosa, do grande Alves Barbosa, mas porque tenho a certeza que é dos poucos conhecedores que é capaz de ser totalmente independente.
E ninguém duvida que ele sabe de Ciclismo.
Aliás, a volta que o ciclismo português deu nos últimos anos - incluindo a "explosão" das demais vertentes que não a de estrada - foram por ele previstas há 18 anos, numa entrevista que me deu, a mim, ainda a sede da FPC era na acanhada Barros Queirós.
Está no cabeçalho do VeloLuso.
O Ciclismo português precisa ser discutido.
Basta de salamaleques.
O Ciclismo português - e aqui deixo a minha vénia aos praticantes que são o seu último sopro de vida - caiu.
.
E estamos todos a olhar para ver como se levanta. Se se levanta.
Sem ninguém disposto a dar uma ajuda...
Nem pela forma em que nós, portugueses, somos "especialistas universais"... dizendo mal do statuos quo!
É isso que me incomoda.
Porquê?
Que força é essa que "cala" quem devia estar na primeira linha da defesa da modalidade?
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