sexta-feira, março 09, 2007

444.ª etapa

TAVIRENSES RECUPERAM LICENÇA

Acabo de ler, num site privado, que, tanto Samuel Caldeira como Daniel Petrov, corredores da DUJA-Tavira, cumpridos os 15 dias de afastamento regulamentares quando em situações idênticas às que lhes foram detectadas - um nível de hematócrito superior ao estabelecido - estão, de novo, aptos a correr. Ainda bem.

Estas situações, e para os menos esclarecidos, acontecem mais amiúde do que o suposto e, nós, portugueses, NUNCA deveremos esquecer a arbitrariedade cometida com Nuno Ribeiro, há dois anos quando, numa situação em tudo semelhante, foi liminarmente despedido pela sua equipa, então a espanhola Liberty Seguros. Feitos os tais contra-exames, 15 dias depois, como, repito, está bem claro nos regulamentos, o Nuno foi ilibado de quaisquer responsabilidades… mas ficou sem equipa.

Na última Volta ao Algarve aconteceu o mesmo com aqueles dois jovens corredores da DUJA-Tavira. Todos os jornais o noticiaram mas, por infelicidade ou desgraça, apenas um preencheu o resto da página que sobrava do texto – que foi meramente informativo, e onde se ressalvava o que veio a acontecer: 15 dias de suspensão da licença (esteve mal quem escreveu que tinham sido expulsos da corrida), novas análises e, em caso de negativo, a imediata devolução das licenças – com duas fotos desproporcionadas em relação à notícia.

Aconteceram, entretanto, duas coisas que não vão passar em claro pois eu tenho (e orgulho-me disso) memória de elefante.

Primeiro, esvaziaram alguns responsáveis da equipa o facto de que nem todos os jornalistas são “pés de microfone” ou se limitam a escrever o que se lhe diz, porque de mais não são capazes.

Nem que seja apenas por respeito ao número de anos que alguns de nós (jornalistas) já levamos de ciclismo, deveriam aceitar, sem pestanejar, que, quem gosta realmente do que faz, procura estar informado. E conhecer os regulamentos faz parte do estar informado.

Não aconteceu comigo, mas, tal como o companheiro em causa, também eu sei, desde as medidas que os rectângulos de publicidade nas camisolas devem ter, até à distância em que o risco atrás do qual os fotógrafos podem estar, numa chegada, passando, naturalmente, pelas sanções neste género de situações.

E, entendam isto apenas como (mais) uma tentativa de explicar que o “aparato” todo não se ficou a dever ao jornalista no terreno.

O que me doeu fundo, ainda por cima, vindo de onde veio, foi a reacção e senti-a como se a mim tivese sido dirigida. Porque, com uma certeza a rondar os 99%, se não tivesse sido ele a escrever aquela notícia – repito-me, 100% informativa, sem quaisquer juizos de causa – teria sido eu. Que só lá não estive em pleno, todos os dias, porque, como é do conhecimento dos responsáveis pela equipa, me encontro, por motivos de saúde, afastado do jornal.

Cumpriu-se aquilo que o jornalista escreveu. 15 dias depois, os corredores seriam sujeitos a novos exames e, caindo estes dentro dos parâmetros estabelecidos, era-lhes devolvida a licença e poderiam, como podem, voltar ao pelotão. Ainda bem que assim aconteceu. Digo eu.

Nada, contudo, apaga a vergonha do cartaz que apareceu na estrada a insultar o jornalista. Do qual estou certo porque vi fotografias.

E nada me convencerá que algum simples adepto que, de certeza, nem conhece os regulamentos, se tenha saído com aquela ideia.

O assunto morre aqui.
Mas eu não retiro uma vírgula ao que antes escrevi sobre este tema.

443.ª etapa


DECEPCIONANTE FALTA DE VISÃO EMPRESARIAL

Já aqui o revelei, sou assinante da única publicação semanal de ciclismo na Península Ibérica, o valenciano “Meta2Mil”. E olho para este jornal tentando, sempre, perceber como é possível que, com tanta gente a investir no ciclismo, em Portugal, não é mesmo nada fácil, no nosso país, fazer parir uma publicação regular sobre o desporto velocipédico.

Eu sei qual é a resposta: Falta de visão. De visão empresarial.

Os patrocinadores, que investem, já de forma significativa, no apoio às equipas, ainda não perceberam que, sem uma publicação especializada… não, não vou dizer (até porque em consciência o não poderia) que estão a deitar dinheiro à rua.

Mas digo, com todas as letrinhas, que não estão a mexer uma palha de forma a tentarem rentibilizar o primeiro investimento. Que, no que respeita ao segundo – o apoio concreto, em numerário, sim, mas em troca de publicidade garantida – seria uma pequena gota de água no total que gastam com uma equipa.

Sujeitam-se, aparentemente sem se preocuparem, aos resultados da equipa que patrocinam e à lotaria dos espaços que a Imprensa lhes dedica. Que é pouco.
Sei eu e deveriam saber, não digo os patrões, que terão outros problemas de maior envergadura a resolver, mas os responsáveis pelo investimento em publicidade e, até, por quem lhes pede dinheiro para pôr na estrada uma equipa.

E o que é que a Meta2Mil tem a ver com isto? Não sabe quem a não lê.

A edição desta semana, com as habituais 40 páginas (mancha de 28,5cm x 25 cm x 40 = 28,5 metros quadrados de espaço) usa, em publicidade, 15% do espaço publicitando 50 (cinquenta!) marcas e/ou eventos ligados directamente à prática do ciclismo.

O jornal não diz qual a tiragem… mas, e pelo conhecimento que tenho – encontro-o à venda pelos 4 cantos de Espanha – arriscaria, por baixo, entre os 70 e 100 mil exemplares/semana. O que dará à volta dos 300 mil leitores/semanas. Qualquer aprendiz de marketing perceberá o quanto é importante investir em publicidade no ramo das bicicletas e numa publicação deste género.

Em Portugal, pese embora sejam cada vez mais as equipas que – mais vale tarde do que nunca – já apostam na divulgação da imagem e comunicação ligada à equipa, por exemplo através de gabinetes próprios que usam, sobretudo a Internet - continuam a rechassar toda e qualquer proposta que vise um pequeno acréscimo ao investimento, fazendo, por exemplo, publicidade numa revista da especialidade. Que, garantidamente, publicitaria a sua marca, independentemente dos resultados desportivos.

Tenho vindo a escrever – e os leitores mais assíduos sabem-no – que é triste que metade das equipas do pelotão nacional joguem a época numa única corrida. Os seus sponsors, levados ou não por promessas que deveriam ser capazes de pesar, no contexto do ciclismo nacional, aceitam investir 300, 400, 700 mil, um milhão de euros “acreditando” que, só por si, os resultados desportivos chegarão para compensarem, em retorno publicitário, esse investimento.

Aonde? Nos jornais que, salvo raras e honrosas excepções, dão os primeiros dez em cada etapa? Na rádio, que só fala nos vencedores e que corrida, corrida mesmo, só fazem a Volta? Na televisão que segue a mesma regra?

É um tema que não esgoto neste artigo. E mais um que deixo à discussão dos meus queridos leitores, muitos deles suficientemente avalizados para se pronunciarem sobre esta temática.

442.ª etapa


BRUNO LIMA EM DESTAQUE

Reportando-me ainda à Meta2Mil – que na semana passada trazia duas páginas dedicadas ao ciclismo português – leio esta semana um interessante trabalho sobre as equipas continentais espanholas. Que são apenas 4, em contraponto às 9 lusas.
E na página 22, onde se fala na prestação da Viña Magna-Cropu, na recente Volta a Cuba (que venceu com Victor Gomes) leio, a propósito de Bruno Lima, o jovem português que é o terceiro emigrante luso, este ano, mas do qual a Imprensa nacional se esqueceu:

«Vinã Magna se llevó otras dos etapas com Bruno Lima. El português es muy rapido y en la Vuelta a Cuba había muchas oportunidades de llegar al sprint, así que vulcamos mucho en ayudarle. Y ganó dos etapos, por lo que no podemos quejarmos de nada. Y menos com um chaval tan joven…»

Fica aqui, no VeloLuso, o destaque merecedíssimo a Bruno Lima.

441.ª etapa

AS DECLARAÇÕES VALEM
O PESO DE QUEM AS PROFERE

E como não há duas sem três, repesco mais um tema que li na Meta2Mil. É a propósito da guerra UCI/ProTour-Organizadores das Três Grandes. Não fiquei surpreso por ter visto quem, pelo menos na última década e meia não vi, vez alguma, a acompanhar o pelotão, perorar sobre a “insana intentona” daqueles organizadores contra a hierarquia vigente.
Representada, é evidente, pela UCI.


Claro que dou de barato o facto de o cronista estar tanto a par da realidade velocipédica internacional como eu dos torneios de bridge que serão tão importantes que levaram um juiz, responsável, aliás, o presidente do CD da Liga, a faltar a uma reunião que o Portugal futebolês decidira ser imprescindível para o normal decurso do balonpédio nacional.

Respigo, pois, a citação que o hebdmanário espanhol faz de declarações de um senhor ao qual não sei que importância darão por cá. Um tal… Eddy Merckx.



Cito: “… el ProTour puede acabar matando el ciclismo y no se puede soportarse más tiempo las malas relaciones entre las tres grandes y los dirigentes del ciclismo por el bien de este deporte”.

440.ª etapa


POR CÁ PASSOU DESPERCEBIDO...

Mas, tal como os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, eram, afinal, quatro, deixo mais uma crónicazinha.
Na recente Volta à Comunidade Valenciana surpreendeu-me que, logo na primeira etapa um tal Vicente Reynes (Caisse d’Épargne) tenha sido 3.º numa chegada ao sprint, perdendo apenas para um surpreendente Daniele Bennati (Lampre) e para o enorme Alessandro Petacchi (Milram). Na segunda etapa Reynes foi segundo, à frente de Bennati e atrás de Petacchi e, se na 3.ª tirada não apareceu na frente, e na 4.ª, que terminou em alto, muito menos, na derradeira, disputada outra vez ao sprint, foi 5.º, à frente do benfiquista Javier Benitez.
A página 13, a Meta2Mil gasta-a numa entrevista ao corredor maillorquino que diz: “Algun dia quiero formar parte de un equipo entregado a las classicas”.
Lê-se, nesta declaração, que confia nas suas capacidades de corredor com fôlego para passar as várias dificuldades de corridas longas e aparecer em condições de, pelo menos, lutar pelos primeiros lugares. Dar nas vistas.
Porque é que trago aqui o Vicente Reynes? Porque se estreou como profissional numa equipa portuguesa onde logo foi reduzido a mero gregário. Está bem que em Portugal, infelizmente, ninguém – a começar pelas equipas – se mostra muito interessado em corridas de um dia, longas, pois concerteza, que deveriam sempre rondar os 200 quilómetros de forma a proporcionarem espaço para fugas e o consequente trabalho do pelotão, na rectaguarda.

É que corridas de um dia, com 200 quilómetros é algo diametralmente oposto a etapas de 200 quilómetros numa prova por etapas. Nas primeiras vale a pena o esforço porque pode ser compensado com um triunfo final.

Mas as finanças das equipas, por cá, ainda se regem mais pelo mínimo que se pode gastar numa pernoita da equipa do que pela possibilidade de ganharem uma corrida.

É um tema que deixo à discussão dos meus fiéis leitores. Deviamos ou não ter uma Taça Nacional de Clássicas?

E havia tão boas hipóteses de traçarmos uma dezena delas que garantiriam um extraordinário espectáculo de ciclismo.

segunda-feira, março 05, 2007

439.ª etapa


POBRE CICLISMO

Pobre Ciclismo. Não lhe dêem a mão, não.
Aquilo a que assistimos é surrealista.
De um lado, temos os organizadores. Os organizadores não, o maior organizador de corridas do planeta, aquele que monta o Tour. No outro, os investidores nas equipas, que o fazem apenas para tentar disso tirar algum proveito. E esse consegue-se participando nas maiores corridas e tentando mostrar as camisolas. Ganhar é o máximo, mas só ganha um.
Pelo meio. Qual barata tonta, aparece a UCI. Que já arrecadou os dinheiros das licenças, os dinheiros das inscrições das quipas e dos corredores, que não gasta um chavo em prol do Ciclismo e que… quer proíbir as equipas de participarem num determinado número de provas.
Que dirão os patrocinadores? Queles de cujos bolsos sai o dinheiro, tanto para a inscrição das equipas como para a inscrição dos corredores? Os que, está bom de ver, enchem os bolsos da UCI.
E como é que se afronta assim uma organização, que é quem monta as corridas, por um lado, que permitem às equipas mostrar-se, por outros, lhes paga prémios, de presença e/ou devidos porque conquistados ao longo da competição?
Como é que a única entidade que, no meio disto tudo, só sabe conjugar o verbo “encher” se dá ao luxo de… proíbir?
Está tudo louco, ou sou só eu?
Qual o desfecho mais lógico disto tudo? Mandar a UCI às malvas, pois então.
A continuarmos assim, deixo de afirmar que o ProTour está a ruir pela basa.
É a própria UCI que está a cometer hara-kiri.

sábado, março 03, 2007

438.ª etapa


FOI BONITO PÁ!...

Como foi bonito ver hoje, na derradeira etapa da Volta à Comunidade Valenciana, e a partir dos últimos 30 quilómetros, a equipa do Benfica na cabeça do pelotão assumindo as despesas da corrida até que a fuga fosse anulada. Foi bonito e abriu-nos uma janela de esperança. Segui a corrida na Televisão Valenciana Internacional - a internet proporciona-nos, hoje, situações que há um par de anos julgávamos impensáveis - e, naqueles 30 e poucos minutos que decorreram até que Daniele Bonnati cortasse a meta, o nome que mais se ouviu, por parte dos comentadores, foi o do Benfica.

É verdade, o que contam são as classificações e, daqui a duas semanas já ninguém se lembrará das dos portugueses, mas é sempre bom ver, e ouvir, o nome de uma formação lusa ser repetidamente focado. Esteve bem o Benfica, independentemente das classificações.

Ao mesmo tempo, anoto o nome de uma nova estrela nos sprints. Exactamente o de Daniele Bennati (Lampre). Depois de Cippolini, quando Petachi já vai nos 31 anos, eis que, do nada, aparece este jovem de 26 anos apenas a cimentar a superioridade dos italianos nas chegadas em grupo compacto. Ganhou três das cinco etapas e... o melhor é começar-mos a fixar-lhe o nome.

A volta... ganhou-a Alessandro Valverde (Caisse d'Epargne), para mim, o mais completo corredor do pelotão internacional, na actualidade.

Mas volto ao princípio. Mesmo sem ter ganho nada... a verdade é que o nome do Benfica começou a ficar nos ouvidos dos espanhóis. E isso é bom...

sexta-feira, março 02, 2007

437.ª etapa


PARTIU MAIS UM AMIGO...

A notícia chegou, crua e dolorosa, como sempre acontece, mas mais dura ainda porque inesperada. Morreu esta manhã um dos melhores amigos que tinha no pelotão de jornalistas. Um dos últimos da velha guarda. O meu querido Boaventura Bonzinho.

Conhecemo-nos há 16 ou 17 anos. Na altura, ele e o Guita Júnior faziam equipa ao serviço do Correio da Manhã. Eram duas figuras, no bom sentido da palavra. Mais tarde, já reformado, o amor que tinha pelo ciclismo levou-o a reaparecer nas corridas e sempre foi recebido de braços abertos.

Cultivámos uma amizade sincera, de mútuo respeito, sendo que quem mais proveitos tirou dessa amizade fui eu, que sempre fui aprendendo com ele.

A última vez que estivemos juntos foi há seis meses - seis meses já!... - quando da chegada da 2.ª etapa da Volta, a Lisboa. Almoçámos juntos. Depois até nos fotografaram, junto do Joaquim Gomes. Nessa altura estava eu ainda numa fase crítica, no que respeita aos meus problemas de saúde e brinquei, dizendo que eu parecia mais velho do que ele. No seu jeito simples mas sincero, desejou-me rápidas melhoras. Disse que eu fazia falta ali, na estrada, a trabalhar. Anotei essa demonstração de carinho, da sua parte e contava revê-lo um dia destes para, como sempre, trocarmos um sincero abraço.

Há pouco, num telefonema do Guita, amigo comum, fui posto a par da triste notícia.

Neste momento de profunda tristeza, presto-lhe a minha homenagem e estreito num abraço o meu querido João, o filho, companheiro de trabalho n'A BOLA, meu chefe-de-redacção. Meu amigo.

Ao "velho" Bonzinho... que descanse em paz até que um dia a morte nos volte a colocar frente a frente. Que eu quero revê-lo. Há ainda tantas histórias do ciclismo que ele não teve tempo de me contar...

436.ª etapa


VOLTA AO ALGARVE: UM PERFEITO CARTAZ PROMOCIONAL DA REGIÃO

Cumpriu-se, a semana passada, a primeira corrida por etapas do Calendário Nacional que, como vem a acontecer desde há uns anos a esta parte, é uma prova do Calendário Europeu da UCI e que, uma vez mais, trouxe até nós um pelotão de luxo.

Não é, agora, a altura para discutir se foi ou não exagerado o número de equipas presentes – um recorde que só encontra paralelo nas maiores provas por etapas do Calendário Mundial.
Primeira ressalva. Antes de se procurarem os pontos mais fracos para “atacar” a Organização dever-se-ia ter isto em conta: estiveram 24 equipas na Volta ao Algarve e a associação de ciclismo local teve de recusar, pelo menos, mais dez pedidos. Alguns de equipas ProTour.

Estou à vontade porque já aqui o escrevi – não vogo ao sabor do vento e não tenho preferências concretas em relação a nenhuma prova – contudo, reitero a opinião de que sendo indispensável (eu acho que sim) ter Portugal uma corrida no Calendário de Topo, seja, como venho a escrever, o ProTour, uma reedição da antiga I Divisão num espectro mais aberto no que se refere ao acantonamento das equipas, seja lá no que fôr, é muito importante para Portugal, e para o ciclismo português, termos uma prova inscrita nesse tal Calendário de Topo. E a Volta ao Algarve, por todas as razões, é a que me parece mais próxima das exigências impostas.

É uma corrida que se disputa logo no início de temporada, uma corrida onde a maioria das equipas vem apenas para somar quilómetros mas, ao mesmo tempo, uma corrida que pode ter no seu pelotão algumas das principais equipas com alguns dos seus principais nomes. Que não deixarão de querer defender a “honra”, fazendo o possível para ganhar.

E, embora, apelando ao espírito nacionalista, também eu gostasse que fosse um corredor português a ganhar, não posso deixar de reconhecer que, em termos de mediatismo, a nível internacional, a Volta ao Algarve tem outro impacto só pelo facto de o vencedor ter sido… o Alessandro Petacchi.

Mas recuando na apreciação da corrida, as características físicas da região mais a Sul de Portugal são perfeitas. Neste tipo de traçado escolhido que este ano foi quase perfeito. E escrevo quase porque não acredito na perfeição pura.

Ouve etapas longas, mesmo a calhar para os classicómanos; havia montanha, sem ser demasiado exigente, que serviu para testar forças… e, como desde o início se percebeu, a hipótese – confirmada – de cinco chegadas ao sprint.

Não vê quem não quer. O traçado foi perfeito para uma das primeiras corridas por etapas – foi a segunda, atrás da Volta à Andaluzia (razão porque não houve equipas espanholas…) – da temporada. Depois, o clima do Algarve, nesta altura do ano, oferece condições a raiar o perfeito. Não está frio, normalmente o sol brilha mas, e como aconteceu este ano, na 2.ª etapa até choveu durante metade da tirada. É óptimo. Estas serão as condições que o pelotão internacional vai encontrar na Europa Central… em Maio.

Por isso todos os responsáveis por todas as equipas do ProTour se manifestaram agradavelmente impressionados com a corrida.

Ah!... nem mesmo aqueles que terão criticado “as estradas más” se queixaram. Pura e simplesmente porque as não houve. Terá sido um mal entendido, terá sido um olhar, de alguma forma vindo de cima, em relação a um país que não está tão cotado quanto isso em termos internacionais, a levarem as tais figuras a dizer que “receavam as estradas estreitas e mal asfaltadas…”

Isso não existe, a corrida foi disputada sempre por estradas mais do que razoáveis e, àparte uma ou duas chegadas mais complicadas – dificuldades potencializadas pela nossa febre de construir uma rotunda em qualquer sítio, desde que haja espaço físico para isso, do que por outra coisa.

Estive no Algarve dois dias. No da chegada a Loulé, no sábado, uma chegada nada fácil, com a meta instalada em meia avenida – em termos de largura – ainda por cima com um separador central, que não deixava mais do que quatro metros de asfalto de barreira a barreira, e não houve problemas. No Domingo, na chegada a Portimão, os mesmos “velhos do Restelo” de sempre previam grandes complicações na chegada por causa de uma curva, a 2 km da chegada, que rondava os 60º e depois uma sucessão de curvas até à recta da meta, voltou a não confirmar-se. Por acaso voltou a haver uma queda, mas numa zona muito antes da meta que nem esses “especialistas” lograram antever.

Aos críticos portugueses – jornalistas, pois então – falta-lhe experiência em termos internacionais. Eu já vi dezenas de chegadas piores do que estas duas, lá fora, em Espanha, por exemplo. Mas, quem tem uma folha de jornal em branco à sua frente, e pouco para escrever, sempre aproveita para se dedicar a exercícios mais ou menos académicos, onde – sem, na verdade, terem habilitações para isso – peroram sobre questões de segurança.

Depois não saiu nada nos jornais porque, quando confrontados com as perguntas direccionadas, os homens que verdadeiramente sabem quais as condições em que têm de pedalar no seu dia-a-dia, esvaziaram a questão. Estão habituados a chegadas deste tipo.
Não houve uma chegada nesta Volta ao Algarve que tenha sido ostensivamente “anti” corredor. E se eles não se queixaram… foi porque já passaram por pior.

É um facto que, ouvindo algumas opiniões, registei algum desagrado em relação à chegada a Tavira. Mas isto só acontece porque é a Volta ao Algarve e tem cá “locomotivas” como as da Milram.

O adepto mais informado sabe como estas coisas funcionam. A Milram – se calhar por ter Petacchi – é neste momento o grande (senão o único) “comboio” que imprime, a partir dos últimos dez quilómetros para a meta aquela velocidade infernal que impede, seja quem for, de por pé em ramo verde. Esta equipa não faz outra coisa. Controla as etapas até ao limite máximo possível, por essa altura anula seja que fuga for e naqueles últimos dez quilómetros “arrasta” o pelotão a 65/70 km/hora até à recta da meta. E em Tavira a recta da meta é antecedida, não por uma rotunda, mas por uma composição de triângulos derivadores de direcções que desebocam numa rotunda. A largura útil do asfalto utilizável chega ao metro e meio e aí… aí é fácil acontecerem quedas.

Depois, também aconteceram quedas, por exemplo, na chegada a Portimão. Não tenho aqui hipóteses de explicar devidamente os pormenores, mas a corrida entra na cidade do Arade por uma ampla via dupla que, na altura em que é necessário mudar de direcção, afunila numa via de faixa única. Estava-se ainda a 4 mil metros da chegada e aconteceram quedas… e lá sou eu, outra vez, obrigado a referir-me às minhas experiências no estrangeiro. Em Espanha que, como estou cansado de dizer, é a realidade que melhor conheço.

As cidades espanholas cresceram harmoniosamente, envolvendo o chamado núcleo histórico com constrições modernas e… vias de acesso modernas. Em Portugal, a modernização faz-se deitando abaixo as casas dos núcleos históricos e levantando… no mesmo sítio, novos prédios. As cidades portuguesas não souberam crescer respeitando o seu núcleo histórico. Descaracterizaram-no. Mas, e eu aceito e aplaudo a ideia, a organização da Volta ao Algarve – porque a promoção turística da região é ainda uma das principais molas do evento –, exige que as chegadas aconteçam nesses núcleos históricos.

Mas isto já é uma outra discussão. A verdade é que, Tavira à parte – onde, por acaso, a etapa terminou já numa zona “nova” da cidade, em todas as outras se chegou aos núcleos históricos e… sem problemas de maior.

E, repito, nem aqueles dois directores desportivos de duas das equipas estrangeiras que cá estiveram, desta vez tiveram a “urgência” de procurar os jornalistas portugueses para se queixarem. Nem das estradas… nem das chegadas.

Tentando resumir… Não houve problemas com o super-pelotão de quase 200 corredores, nem nas alegadas estradas estreitas por onde a corrida passou, nem nas chegadas, mesmo nas mais complicadas.

Ganhou o Algarve, ganhou a Organização – que já tem garantidas as presenças das principais equipas que cá estiveram este ano, com os mesmos nomes que agora trouxeram – e ganhou o ciclismo português. Que é a correr com os melhores que podem aprender – aprender sim! que me não venham dizer que não aprendem – e, no futuro tirar disso dividendos.

435.ª etapa


ENTIDADES DO ALGARVE, A VOSSA VOLTA PRECISA DE VÓS!

Depois do artigo que serviu de abertura a este tríptico sobre a Volta ao Algarve, debruço-me agora sobre a constituição do pelotão e, principalmente, para a prestação do efectivo luso.

Ainda hoje li num jornal “desportivo” que já avançou com o nome de algumas das equipas estrangeiras que vêm correr a Volta a Portugal, que duas delas justificam o seu interesse em correr em Portugal com os interesses comerciais que os respectivos patrocinadores têm no nosso país. Ninguém terá ficado chocado. O Ciclismo é, para além da componente desportiva, um negócio. Não tapemos o sol com uma peneira.

E já alguém se deteve para pensar que as Organizações também podem ter interesse em ter cá equipas que, mesmo não sendo de primeiro plano, arrastam, com o facto de cá estarem, informação de Portugal para os respectivos países? A Volta ao Algarve conta, entre outros, com o apoio da região de turismo, entidade a quem é pedido apoio concreto. Nomeadamente, aligeirando a organização dos encargos com o alojamento das equipas (e as câmaras municipais também têm, neste aspecto, um papel preponderante). Ora, não será legítimo que procurem ter no pelotão equipas representantes do, ou dos países nos quais tenta cativar visitantes para o resto do ano? Claro que é. Qualquer discussão à volta deste tema seria meramente académica e sem proveito, no que diz respeito à realidade desportiva. Fez, portanto, bem a Organização em alargar o pelotão às equipas provenientes desses países. E não interessa para aqui quem é que faz os contratos.

Não foram as equipas nacionais que se queixaram da presença destas formações. Queixaram-se, isso sim, de a corrida ter sido “traçada para que um estrangeiro ganhasse”. Talvez por decoro, e porque sabem que nem todos são parvos, ninguém assumiu que a corrida se apresentava ao jeito de… Alessandro Petacchi. Porque alguém haveria de lhes gritar aos ouvidos que não têm hipóteses de ganhar ao Petacchi nem que este corra de “pasteleira”. Está bem, havia o Steegmans e mais dois ou três mas, se estruturam as respectivas equipas apenas tendo em vista uma prova, num calendário que acusam de curto, mas do qual ainda são capazes de “roubar “ uma corrida ou duas… “porque é preciso preparar a Volta a Portugal», ou defender alguns dos seus corredores de “possíveis” acidentes que os impeçam de estar na Volta, as queixas dos nossos directores-desportivos são mesmo para português ler. São desculpas. Só isso.

Por acaso, e tomei nota disso, nem foram os directores-desportivos quem mais se queixou, deixando isso entregue aos seus corredores mais mediáticos. Aqueles de quem a CS mais procurava uma opinião. Foi uma postura inteligente.

Não houve órgão de CS que tivesse “cruxificado” as equipas portuguesas, Antes pelo contrário, os jornalistas, mesmo os amadores, sempre “leram” a corrida de forma correcta. Com um pelotão destes, as equipas portuguesas não tinham grandes hipóteses. É verdade. Foi verdade.

Qual a vantagem – porque a há – de se iniciar a temporada enfrentando logo um pelotão que não mais terão de encontrar ao longo da temporada? É que, perante prestações como as que aconteceram, ninguém lhes cobrou nada. A outra face da moeda é a de que, se, por um rasgo de sorte, um golpe de asa, tivessem conseguido ganhar… a vitória seria sempre potenciada pelo facto de ter sido conseguida perante um pelotão desta calibre.

As formações portuguesas estiveram apagadas? Não. Nem por sombras isso foi referido. Foi – que os responsáveis sejam capazes de interiorizar isto – a corrida mais fácil que tiveram este ano. Na próxima não haverá desculpas.

Foi um bom exercício para as formações nacionais, bateram-se – mais ou menos – de igual para igual em relação a metade do pelotão Mundial, ninguém saiu vencido, muito menos humilhado. Não me digam que não foi positivo.

E a Volta a Algarve voltou a somar pontos.
A maioria das equipas ProTour presentes tentou logo, após a chegada a Portimão, garantir a sua presença no próximo ano. A Organização reconheceu que 24 equipas são de mais… e aceita, pacificamente, reduzir o pelotão para o próximo ano.

A prova foi um tremendo êxito. De Itália a França, da Bélgica à Irlanda, falou-se diariamente da Volta ao Algarve. Foi plenamente recompensado o esforço feito pelas diversas entidades. Agora, vamos começar a pensar na edição de 2008.

Alguns dos que me vão ler terão esperado até agora que eu apontasse a dedo as duas ou três falhas – algumas graves, atenção Organização! – que todos poderem testemunhar. Eu esclareço. Interferiram com o normal decurso da corrida? Não! Pode alguma equipa queixar-se delas? Não!
Foram pormenores extra-corrida. À Organização foram apontadas a dedo, sim, até por mim, que estive lá dois dias como convidado (obrigado amigo Rogério!) e tenho a certeza de que serão tidas em conta para o ano. Não são para aqui chamadas.

Voltando ao que importa, teria sido bonito ter visto um corredor de uma equipa portuguesa ter-se superiorizado a este pelotão de luxo, mas ninguém lhes exigiria isso. Ganhou um senhor do pelotão mundial. Não foi um senhor qualquer. A Volta ao Algarve foi ganha por Alessandro Petacchi. Meia Europa fez eco disso. Ganhou o Algarve. Ganhando o Algarve, pode ser que as entidades locais, de uma vez por todas, abram os braços às necessidades da Organização. Tendo esta melhores condições… montará uma Volta ao Algarve ainda melhor.

É o que todos desejamos.

434.ª etapa


BOM-MENOS, PARA OS PORTUGUESES
(Apesar de tudo)

E pronto, para terminar, a terceira peça do tríptico em que dividi esta retrospectiva sobre a Volta ao Algarve, é só dedicada aos portugueses. Foi a primeira corrida da temporada, por isso, tentarei ser magnânimo. Pelo menos não quero polémicas. Mas…

Mas… digam-me francamente – e eu sei que muitos dos directores-desportivos não deixam de ler o VeloLuso – qual teria sido a melhor altura para surpreender as grandes equipas que cá vieram? Eu respondo já: antes de eles tomarem conhecimento das características da corrida.

É que não havia nada a perder. Como se viu. E repito-me, muito conscienciosamente – o que não tem nada a ver com patriotismos ou proteccionismos – a CS, na generalidade, não “cobrou” nada às equipas portuguesas. Sabia-se com o que se contava.

A única hipótese de surpreender os tais “tubarões” era… logo na primeira etapa. Antes de eles tomarem as rédeas da corrida. Ou visionário… ou louco? Porque percebo eu isto e, aparentemente… mais ninguém o consegue fazer?

Mas a história da corrida dá-me razão. O melhor português na geral final – Tiago Machado (Riberalves-Boavista) – conseguiu essa posição… na primeira etapa.
É que a única vantagem das equipas portuguesas é mesmo a de correrem em casa. Têm, obrigatoriamente – pelo menos para poderem sair da corrida de consciência tranquila – jogar essa carta logo no primeiro lance. É “bluff”? Se calhar é… mas isso só se descobre quando todas as cartas baterem na mesa.

Prescindir do factor surpresa é prescindir de todo e qualquer protagonismo. Caramba… eu estive no Algarve com um jovem de 16 anos (olá Rui Quintas, foi bom ter-te conhecido) que já tinha feito o lançamento da corrida o qual não foge muito ao que eu venho a estender ao longo destes três artigos. Os nossos directores-desportivos não se preocupam com esses pormenores de tentarem descobrir onde podem ganhar vantagem?

Se calhar não. Estão a guardar os poucos “cartuchos” que têm… (vá lá… não tentem ser mais cínicos do que eu…), ok, acertaram: para a Volta a Portugal.
Às vezes apetecia-me escrever que o Calendário Nacional não precisava de mais nenhuma corrida. Faziam-se treinos de Dezembro a Julho… e corria-se a Volta.

Mas pronto, premeditado ou não, a verdade é que a Riberalves-Boavista meteu o Tiago Machado numa fuga, logo no primeiro dia, e depois, sem dificuldades de maior, garantiu o sexto lugar na geral final. Mais o Prémio da Juventude.

Quanto às outras equipas lusas… fizeram o que puderam e, repito-me, ninguém esperava que fizessem mais. Não saíram do Algarve minimamente beliscadas. Perderam foi uma oportunidade para ganharem espaço e títulos nos jornais. Mas a nossa temporada ainda nem começou e todas as expectativas se mantêm em aberto. Até por isso é bom que a Volta ao Algarve continue a trazer até nós pelotões do calibre deste. As equipas portuguesas correrão sem quaisquer tipo de pressão e poderão sempre tentar o tal… golpe de asa.

Este golpe de asa não tem nada a ver com… as águias. Mas foi a corrida que re-estreou o Benfica na estrada. E não é o facto de os encarnados estarem inscritos numa categoria superior que, na primeira corrida do ano, e perante o mesmíssimo pelotão que as outras – que terão que fazer o seu melhor para baterem os benfiquistas – teria que ter uma postura diferente.

Não tenho nada de negativo a apontar à prestação das equipas portuguesas. Salvo aquilo que já disse. Aquela “coligação” que aconteceu na última etapa – que juntou Benfica, Maia, Liberty e Boavista – na “caça” aos fugitivos (todos estrangeiros) poderia ter acontecido antes. Mas acho que ainda estamos um bocado longe desse ponto. O de as equipas portuguesas se juntarem para, logo no primeiro dia, marcarem o seu terreno. Pelo menos obrigariam as estrangeiras a redobrado trabalho nos dias seguintes… Mas um dia haveremos de lá chegar.

Veredicto final, em relação às equipas portuguesas: “armando-me” em professor Marcelo, eu daria uma nota… 13.
É Bom-menos.
Mas é bom.

433.ª etapa


VERGONHOSO E...
EU NÃO ADMITO!

Afinal, este tríptico tem… quatro partes.
E, uma vez sem exemplo, esta parte é para falar em defesa própria. Ou na defesa de um camarada de escrita que foi, de forma mais do que censurável, vilmente agredido na sua honorobilidade, ainda por cima numa cena que teve tudo de arquitectada. Desmintam-me…

Nada do que o Fernando Emílio escreveu, quanto aos casos de hematócritos acima do normal, detectados em dois corredores da DUJA-Tavira num controlo surpresa, ultrapassou o meramente noticioso. Nada. O Fernando Emílio é um jornalista de ciclismo que não precisa provar nada a ninguém. Terá os seus excessos, não sou eu quem o vai negar (nem julgar), mas nesta situação não ultrapassou as fronteiras do que era pura notícia.

Não merecia, por isso, “os mimos” de que foi alvo, com direito a cartaz e tudo. Mantenho, eu, Manuel José Madeira (e aqui empenho o meu nome) relações cordiais com toda a gente na DUJA-Tavira. Do presidente, o meu caro Jorge Humberto Corvo, ao Yuri, massagista, ou ao Carlos Matos, mecânico.
Há década e meia que as minhas relações com a equipa de Tavira são, mais do que próximas, são quase cúmplices.

Não admito, nem agora, nem nunca, que me julguem por parvo, que o não sou.
O mero leitor de jornal – mesmo que o seja de A BOLA, que se esforça por dar visibilidade ao ciclismo – não podia ter percebido no texto – repito-me - meramente descritivo da situação vivida pela DUJA-Tavira, qualquer coisa de… sei lá, chamemos-lhe… “anormal”.
Portanto, e espero sinceramente não ter que pôr “nome aos bois”, como diz o povo, e o povo tem sempre razão, aquele cartaz que apareceu a meio da etapa que terminou em Loulé só pode ter sido instigado por aguém “de dentro” da equipa.
Calma… Não reajam já.
Pensem.
Pensem com calma…
Pensem naquilo que eu escrevi lá atrás.
Não sou parvo e não admito, seja a quem fôr, que me tome por tal.

Aquela VERGONHA saiu de dentro da estrutura da DUJA-Tavira. Nem que tenha sido apenas por indução de intensões.
Se eu já tivesse regressado ao activo, e como responsável no jornal, hierarquicamente superior do Fernando, teriam tido, na hora, a resposta.

Não em nome do jornal, que não confundo instituições, como o é A BOLA. E também o é o Clube de Ciclismo de Tavira.
Mas, se neste há gente capaz de descer tão baixo, eu garanto, numa qualquer tentativa de repetir a gracinha eu, baixar-me a esse nível consigo. Agora, quem fez aquilo é que nunca será capaz de se elevar ao nível, não meu (embora eu não tenha problemas em o dizer aqui), mas ao de A BOLA.

Foi baixo. Foi feio. Foi vergonhoso.
A instituição CC Tavira não o merece.
Mesmo que, nesta ânsia de novo-riquismo, consigam ter uma etapa em Tavira e nem ao menos convidarem o PAIincontornavelmente o pai – deste clube para aparecer na meta.
Se fosse preciso irem buscá-lo onde quer que esteja… Eu, no vosso lugar, consideraria isso uma prioridade.
Mas, num “flash”, uma “luz” que me passou pelos olhos, eu compreendo porque o eng.º Brito da Mana foi esquecido.
Em algum dos dos lados, este CC Tavira apesenta um flanco frouxo…

Alguém é suficientemente mesquinho para patrocinar uma atitude daquelas.
Se a intensão era ferir um jornalista, colaborador da casa, fiquem a saber que “tocaram” mesmo a instituição que é A BOLA, e a essa, meus amigos (verdadeiros ou não), quem aparece a defendê-la sou eu.
Se têm dúvidas em relação a quem eu sou… ou ao que eu valho…


(E é propositadamente que, á falta de "culpados", aqui ficam as cores dos patrocinadores.
Explicam-lhe vocês o porquê... ou explico-lhes eu?)

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

432.ª etapa


OBRIGADO A TODOS
(50.000 visitantes)

Ao final da tarde de hoje, o VeloLuso passou a barreira dos 50 mil visitantes. Tendo em conta que só a 2 de Abril do ano passado instalei o contador de visitas, isto dá, em média, 150 visitantes por dia. 150 leitores que, por um motivo ou outro, escolheram está página como "passagem" habitual, quando na busca de artigos sobre Ciclismo.

O VeloLuso, que nasceu em finais de Outubro de 2005, não é exactamente um sítio de notícias, antes pelo contrário, e dos 462 artigos aqui deixados, a esmagadora maioria é de opinião. Isto significa que, para além dos espaços informativos, disponibilizado, quer pelos jornais, quer por outros sítios na net, há gente - 150, em média, por dia -, que se interessa pela forma como eu vejo o Ciclismo. Nacional, preferencialmente.

É verdade que muitos dos artigos que aqui escrevi mereceram respostas críticas, de quem não concordava completamente - muitas vezes não concordava nada - comigo. Por isso os mais variados agentes da modalidade, que aqui é raínha, me contactaram pessoalmente. Apesar, e como os mais assíduos visitantes sabem, de muitos outros terem aqui deixado expressa a sua opinião que nem sempre coincídia com a minha.

Com algumas trocas de mensagens, ou de telefonemas, às vezes menos tolerantes, mas que, exactamente no seguimento dessas conversas (ou mensagens) sempre terminaram da melhor maneira.

Ambas as partes se explicavam, ambas as partes aceitavam as explicações e, no final, permaneceu intocável a relação que mantenho há mais de década e meia com o Ciclismo português (ficando aqui subentendido que com todos os vectores ou agentes do Ciclismo nacional).

Neste - longo - período que levo afastado, por problemas de saúde, do meu jornal, foi bom ter sentido que não fui esquecido. Não por todos.

Atingido este patamar, estou consciente de que já não há ponto de retorno, para o VeloLuso. Por um lado, subsistirá sempre a minha vontade de escrever livremente sobre a modalidade que amo. E, a partir de agora, sinto-me na obrigação de não desiludir o grupo, já bastante interessante, de leitores que consegui congregar à volta deste Blog.

Que, repito, não é exactamente um sítio onde se dê grandes novidades... o que poderia explicar a quantidade de visitas, mas porque há mais de uma centena e meia de pessoas que, diariamente, querem saber se eu tenho ou não uma opinião sobre qualquer aspecto ligado ao Ciclismo.

Sinto-me lisonjeado. Sei das responsabilidades que tenho, que construí, ao - de alguma forma - expor-me assim à opinião pública, não só da família do ciclismo mas também dos adeptos mais ou menos anónimos.

Ninguém sabe o que nos reserva o dia de amanhã, mas eu não deixo de, nesta mensagem, reiterar a minha vontade de continuar a falar abertamente do Ciclismo que temos; do Ciclismo que eu acho que devíamos ter... e manter-me receptivo às vossas sujestões em relação ao Ciclismo que vocês acham que devíamos ter.

Um grande bem haja, para todos vocês, os que, dia-a-dia, todos os dias, me previligiam com a vossa visita.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

430.ª etapa


E AQUI... O BENFICA GANHOU!

Disputou-se ontem, no Cartaxo, a primeira "manga" da Taça Nacional de Sub-23. Pouco sei da corrida, além do resultado final. Ganhou o jovem Bruno Sancho - elemento da equipa profissional - que se impôs numa chegada talhada para a sua especialidade... o sprint.

Para a história, fica o primeiro triunfo do Benfica nesta categoria, onde se estreia este ano. Em termos gerais, no final do ano Bruno Sancho terá o privilégio de aparecer como o primeiro elemento do novo Benfica a ganhar uma corrida em 2007.

Mas este pequeno artigo visa, antes de mais, enviar daqui um grande abraço a um grande e verdadeiro amigo que tenho em Gonçalo Amorim. Parabéns Gonçalo. Uma vitória na tua estreia como técnico e logo na tua terra. Um dia destes encontramo-nos e festejamos juntos.

(Obrigado, Carlos, pela foto...)

429.ª etapa


EXPLICAÇÃO

Nos últimos cinco dias estive impedido de colocar postagens no VeloLuso devido, ao que o servidor me informou, a problemas no seu sistema central. No mesmo período, decorreu a primeira corrida por etapas do Calendário Nacional. Mas segui-a à distância - a Internet aproxima-nos de qualquer ponto do Mundo - e, por deferência dos meus grandes amigos da Rádio Gilão (de Tavira), mesmo daqui, fui fazendo comentários às etapas. Entretanto, o dia de hoje foi dedicado à leitura de TUDO o que os jornais publicaram pelo que vou agora preparar o meu comentário à Volta ao Algarve. Não prometo que a ponha em linha ainda hoje, mas amanhã cá estará.

428.ª etapa


O RÍDICULO (FELIZMENTE NÃO MATA)...
MAS DEIXA NÓDOA

Quando esperamos - porque levamos já um bom par de anos de actividade no meio - ter já visto tudo, eis que, de quando em vez, lá surge uma "novidade".

Portugal recebeu, na última semana, um dos maiores momes do ciclismo mundial. Um homem que já soma mais de uma centena de vitórias no seu currículo, que todos querem ter nas suas corridas mas que... só alguns conseguem. E uma organização portuguesa conseguiu trazê-lo ao nosso país.

É um dos melhores na sua especialidade - se é que não é mesmo o melhor - e, só o facto de o termos tido cá já seria motivo mais do que suficiente para que, o menos experimentado, disso fizesse eco. Ainda por cima, o homem ganhou a corrida.

Um dos melhores corredores da actualidade, no pelotão mundial, esteve em Portugal. Participou numa corrida portuguesa e... venceu.

Todos os jornais fizeram disso eco. Com o destaque que a situação merecia. Mas houve um que, raiando o rídiculo, em destaque na sua edição de hoje conseguiu escrever "José Azevedo acabou Volta ao Algarve em 17.º lugar".

Estou à vontade, em relação ao Zé. Sei que ele me compreende, e adivinho que concorda comigo.

À frente do Zé ficaram - falando apenas em corredores de equipas portuguesas - o Tiago Machado (6.º), o Hector Guerra (11.º), o Luís Pinheiro (14.º) e o Pedro Cardoso (15.º). Então... porque raio o destaque foi para o 17.º lugar do Zé?

Quando, pela primeira vez - logo, a única em que isso aconteceu - Alessandro Petacchi, o melhor dos actuais sprinters mundiais, veio a Portugal e... venceu a corrida?

Mesmo para o ridículo terá de haver limites. Basta que haja bom senso.

Imagine-se esta situação - parodiada, mas que poderia ter acontecido -, recuemos 30 anos. Temos o Eddy Merckx a correr em Portugal. Vem, e ganha a corrida, naturalmente. E um jornal resolve destacar o 17.º lugar de um corredor português.

Não conseguem perceber? Ok... outro exemplo... recuemos apenas dois anos. O Lance Armstrong vem a Portugal. Ganha uma corrida. Que jornal iria destacar o 17.º lugar de um corredor (português, é verdade) que nem sequer fora o melhor luso na corrida?

Há situações em que não basta ser sério, também é preciso parece-lo. O que, reconheço, nem se aplica a este caso. Aqui foi, em definitivo e sem que haja desculpas passíveis de ser aceites, uma clara falta de... mais do que do tal bom senso, foi ignorância pura.

É ter o SOL a brilhar bem alto e acender uma lanterninha de bolso para encontrar o seu caminho. Rídiculo. Não é?

427.ª etapa


E SE O SPORTING TEM ACEITE?

A meio da semana passada e na coluna que assina semanalmente em A BOLA, decidiu o Daniel Reis, camarada de escrita que admiro e leio - que já esteve comigo em várias voltas a Portugal (ele pelo Expresso, eu n’A CAPITAL e n’A BOLA) e, pelo menos, numa Volta a Espanha, a acompanhar os feitos da Maia – decidiu, escrevia eu, dedicar a sua rubrica semanal… ao Ciclismo. Ao Ciclismo não. Ao ciclismo do Benfica!

Aqui, e antes de continuar, impõem-se duas notas prévias.
1.ª - O Daniel escreve n’A BOLA enquanto adepto do Sporting.
2.ª - Eu não estou – nem poderia estar – mandatado pelo Benfica para, aqui ou em qualquer outro lado, o defender.

Já o escrevi, sou habitual leitor do Daniel e, desta vez, porque o tema – logo se percebeu pelo título - era o Ciclismo, pus-me a lê-lo ainda com maior interesse. Contudo, ao fim das duas ou três primeiras linhas comecei a torcer o nariz.
Para ser totalmente honesto, e directo, torci logo o nariz quando me apercebi que o tema da crónica era o Ciclismo.

Ora, se o Daniel escreve na condição de adepto do Sporting… ciclismo porquê? Se os leões (que bom seria que também estivessem no pelotão) nem sequer têm ciclismo?
E não foi preciso muito mais do que ler as tais duas ou três primeiras linhas para perceber – vá lá saber-se porquê – que a crónica, toda ela, era direccionada no sentido de lançar dúvidas sobre a credibilidade do projecto encarnado, assentando o principal – único, aliás - argumento por ele esgrimido no facto de, à frente (ou por trás, como preferirem) do projecto que devolveu o ciclismo ao Benfica estar a mesma figura que é também o “homem forte” da Volta a Portugal. João Lagos.

Mas, porque o Daniel – e repito-me, um colega de profissão que admiro e leio – não é propriamente um especialista na modalidade, comete algumas imprecisões que, inevitavelmente, terão induzido em erro os seus habituais leitores menos familiarizados com o Ciclismo.
Primeira imprecisão: a João Lagos Sports/PAD organiza mais meia dúzia de corridas, para além da Volta. As “dúvidas” que semeia não deveriam, então, cingir-se à nossa principal corrida. Qualquer uma delas (ou todas?) mereceria o mesmo “tratamento”;
segunda imprecisão – ou foi apenas uma omissão? - é ignorado o facto de o “anterior” Benfica ter estado dois anos no pelotão e não só em 1999, quando David Plaza conquistou a Volta a Portugal. Mas isto é de somenos.

O que aqui importa é que a crónica, que não deixará de ser um engraçado exercício no estilo do yo no creo en brujas pero, que las hay, hay… é, inexplicavelmente, expeculativa. E o que dali se tira, tudo muito bem espremidinho, é apenas um anti-benfiquismo primário.

Não sabe o Daniel, porque faz ciclismo uma vez por ano – em anos “sim”, porque já houve muitos anos “não” – que não é de todo virgem a “coincidência” de um grande organizador de corridas ser, ao mesmo tempo, o principal suporte de uma equipa de ciclismo. Não sabe, por exemplo, que, quando da renovação do contrato, há cerca de 15 anos atrás, entre a Unipublic e a Real Federação Espanhola de Ciclismo, a primeira - a organizadora da Vuelta - se viu obrigada a “sustentar” uma equipa que tinha como objectivo dar trabalho aos corredores que não encontravam lugar nas outras equipas profissionais espanholas. E, surgiu a Deportpublic. Que correu em Portugal, sim senhor, com este nome e, depois, com os dos patrocinadores que foi angariando, ano após ano.

Mas o facto de o Daniel não saber isto, eu até “relevo” (como dizem os irmãos brasileiros), já não compreendo é como é que ele, que deve estar bem informado sobre a realidade do clube do seu coração, parece ignorar que quando o João Lagos decidiu que, para que o ciclismo em Portugal pudesse garantir mais adeptos – e mais apoios, porque não? porque estamos a falar de negócios – seria interessantíssimo “recuperar” os três grandes para o pelotão, encetou contactos com Benfica, FC Porto e Sporting. E que foi de Alvalade – ele que é um sportinguista convicto – recebeu um rotundo NÃO, OBRIGADO!...
Com o Porto as coisas não andaram porque, pelo meio, havia outros projectos, ainda que, aparentemente, apenas em embrião, e o único a aceitar o desafio foi o Benfica.

Pois que eu gostaria muito de ler a mesmíssima crónica no caso de o Sporting ter aceite a proposta do João Lagos.

E não me parece que seja suficiente a ressalva, em relação à honestidade do Joaquim Gomes na decisão do(s) traçado da(s) próxima(s) volta(s). É que até essa parte da crónica está inquinada de suspeitas. Meras conjecturas… mas só porque é o Benfica.

Para todos os que (também) estão um pouco a leste do que é, na realidade, o Ciclismo, a reentrada do Benfica no pelotão garante, à partida, mais gente na estrada, mais e maior cobertura das corridas por parte da CS, proporciona, é evidente, mais luta nas corridas – porque é mais uma equipa, com profissionais de intocável carácter – mas não condiciona o espectáculo à sua prestação. Antes pelo contrário, potencia-o. Mas no Ciclismo “quem tem pernas” é que ganha. E quando o João Lagos aposta, é no espectáculo, no seu todo – que sai a ganhar com a presença do Benfica, e que ganharia ainda mais com as presenças do FC Porto e do Sporting -, não na patética hipótese de escolher, à partida, um protagonista em especial.

Eu diria que a esta crónica faltam alguns milhares de quilómetros de estrada para poder avaliar o que é, de facto, o Ciclismo.

domingo, fevereiro 18, 2007

426.ª etapa


DUAS CONFIRMAÇÕES NA "ABERTURA"

Realizaram-se este fim-de-semana as corridas de Abertura para os dois primeiros escalões do Ciclismo português e, em ambas as corridas o resultado final pautou-se pela confirmação dos seus vencedores. Ainda que de forma um tudo nada diferente. Já explicarei.

Primeiro, no sábado e, pelo que ouvi na Rádio Gilão (abraço grande para os amigos Luís Santos e Jorge Nunes), numa corrida marcada por um dia anormalmente invernoso (chuva e muito frio), os mais novos (sub-23) estiveram iguais a si próprios proporcinando uma corrida bastante animada que viria a ser ganha pelo feirense Ricardo Vilela, com a formação orientada por Manuel Correia a cometer a proeza de meter seis corredores nos primeiros dez. A primeira confirmação, a da qualidade, sempre pendular, do conjunto de São João de Vêr, malgrado as sucessivas sangrias que vem a experimentar, ano após ano.

Será - eu, pessoalmente, não tenho grandes dúvidas acerca disto - o projecto mais consistente, no que respeita à formação, em Portugal. E lembro-me muito bem das conversas que fui tendo com o Manel Correia - que faz o favor de ser meu amigo - nos últimos anos. Nomeadamente quando, há dois anos atrás chegou a pairar a ameaça de o pelotão profissional dobrar, em termos de números, porque haveria uma série de equipas sub-23 com intensão de apostarem no profissionalismo. Disse-me, então, o Manel que o seu projecto não alinharia nessa aventura. As estruturas e apoios de que dispõe chegam para poder ter uma equipa competitiva - para ganhar qualquer corrida - no escalão das antigas esperanças e ele - mais os outros responsáveis pelo projecto - não arriscariam esse passo no escuro correndo o risco de ver desmoronar-se o projecto em si. Gostei de ouvir, então.

Neste ano de 2007 voltou a equipa a sofrer nova sangria. É normal e devia ser motivo de contentamento para os seus responsáveis. É sinal de que estão a trabalhar bem e a conseguirem formar jovens que, depois, suscitam a cobiça das formações profissionais. Uma vez que a aposta numa equipa de Elite ainda não faz parte dos seus planos, terão que aceitar, pacificamente, esta situação. Até porque os jovens que orienta terão, cada um deles, individualmente, ambições. E o não lhes cortar as pernas é o primeiro passo para poderem ter uma equipa voluntariosa. Como o tem vindo a ser a E. Leclerc nos últimos anos.

Por isso não percebi o desabafo do Manel Correia, aos microfones da Rádio Gilão, no sábado, quando, foi a ideia que ficou, se queixou de terceiros que fazem... «uma concorrência desleal». O Manel não disse isso - eu pelo menos disso não tive conhecimento - quando o Luís Pinheiro e o Filipe Cardoso foram contratados por uma equipa do escalão superior. Aliás, eu não ouvi (nem li) uma palavra do Manel Correia quando, o ano passado, pôs os seus jovens pupílos a trabalhar para um outro corredor que até já nem era da sua equipa, "roubando-lhes" a possibilidade de poderem vir a ganhar a Volta a Portugal do Futuro. Por isso, não percebi o seu... desabafo.

Mas pronto, a primeira confirmação, a que me referi logo no parágrafo inicial vai inteirinha para a equipa Santa Maria da Feira/E. Leclerc/Moreira Congelados - francamente!... não esperam que os jornais escrevam isto tudo, pois não? - que, logo na primeira corrida da época mostrou continuar a ser a mais forte do pelotão sub-23.

A segunda confirmação vai direitonha, é bom de ver, para o Manuel Cardoso (Riberalves-Boavista). Aos 23 anos é já, sem sombra para dúvidas, o nosso melhor sprinter e mostrou-o, ontem, em Faro. Como é evidente, não vi a corrida e, outros compromissos, assumidos anteriormente, impediram-me até de ouvir a Rádio Gilão. Sobra-me a informação divulgada pelo meu grande amigo Fernando Petronilho, mas não fica assim tão difícil de adivinhar o quão significativa foi a sua superioridade olhando apenas para a foto da chegada. Partindo do pressuposto de que o grupo da frente (ou o pelotão completo? não sei!...) se fez ao sprint final, a vantagem de três bicicletas conseguida pelo jovem nascido em Paços de Ferreira é elucidativa. Certo que - ao que julgo saber - Angel Edo (ASC-Vitória), por exemplo, não participou, tal como aconteceu com Cândido Barbosa (Liberty Seguros) ou com a equipa do Benfica. Mas estavam lá todos os outros sprinters que iremos ter no pelotão, em 2007. Digamos que, dando de barato, aquele espaço entre o Manuel Cardoso e o homem (o espanhol Francisco Pacheco) da Barbot-Halcon poderia ter sido preenchido pelos que não puderam estar presentes nesta corrida, mas, a crer na descrição da chegada, nenhum poderia ter-se imposto ao jovem axadrezado. Está de parabéns o professor José Santos que tem nas mãos um dos mais valiosos diamantes do nosso ciclismo, no momento.

Agora, já a partir de 4.ª feira, teremos na estrada a primeira corrida por etapas. A Volta ao Algarve. Já o escrevi aqui, no VeloLuso, que não me admiraria nada mesmo se as cinco etapas fossem discutidas ao sprint mas... perante essa possibilidade - e sendo que o pelotão da Semana Algarvia vai contar com esse monstro do sprint que é Alessandro Petacchi - fico, ansiosamente, à espera da resposta que o Manuel Cardoso possa vir a dar na estrada. E, imaginem, quanto não será incentivante para este jovem corredor - mesmo que perca o duelo - aparecer a discutir as chegadas com o grande Petacchi. Só por isso, acho que é importantíssimo termos corridas internacionais no nosso país. E eu adivinho que o Manuel Cardoso não sai da Algarvia sem uma vitória.

sábado, fevereiro 17, 2007

425.ª etapa


VITÓRIA DE BRUNO LIMA EM CUBA

Chamou-me - e muito bem, o que aqui agradeço publicamente - o Paulo Sousa ["Paulão"], para o facto de o jovem corredor português, Bruno Lima, que este ano representa a formação Elite espanhola da Viña Magna Cropus, ter ontem ganho a 3.ª etapa da Volta a Cuba, corrida que conta para o Circuito Americano da UCI.

Bruno Lima, que o ano passado vestiu as cores da Maia-Milaneza, foi o primeiro na etapa Santiago de Cuba-Bayazo (125 km), tendo cortado a meta com quatro segundos de vantagem sobre o mexicano Juan Magallanes e seis sobre o italiano Gianluca Colleti.

Parabéns, portanto, ao Bruno e, uma vez mais, o meu obrigado ao Paulo.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

424.ª etapa


ELE HÁ COISAS QUE NÃO PERCEBO!...


(Como não sou completamente tolo… concerteza que, se mo explicarem, eu compreenderei.)

Volto aqui, no VeloLuso, a assumir a crítica ao que os “desportivos” dão como informação credível aos seus leitores. É uma posição que assumo, frontalmente. Medidas as consequências.
Hoje, um deles – os “desportivos” – informa-nos que a principal “contratação” do Boavista, equipa que está à beira de completar 25 anos de estrada, é… Joaquim Sampaio.
O Joaquim, que conheço há década e meia, é um dos mais velhos corredores do pelotão – e o “velho” aqui não significa mais do que o ter mais anos de vida do que os demais, sendo que considero ter o Joaquim mantidas intactas as suas qualidades – e está no Boavista há um bom punhado de anos. O que aconteceu então?
Fácil. Impreparação do jornalista que fez a reportagem e desatenção de quem, na redacção lhe deveria cobrir o flanco. Resultado: uma informação errada.

Os leitores sabem julgar estes casos.

Mas, e lamento ter de escrever isto, num outro “desportivo”, a meio da semana surge-nos a notícia de que, alegadamente, dois responsáveis por duas das equipas que vêm à Volta ao Algarve se queixaram da corrida invocando argumentos que não são fáceis de digerir.

Primeiro, seria sempre deselegante a, seja quem fosse, tratar um organizador que tudo fez para os ter na sua corrida como Maomé tratou o toucinho. E estou certo de que, se fossem coerentes, até teriam feito um favor grande em terem recusado o convite. É que, apesar de tudo, houve equipas interessadíssimas em vir correr a Algarvia que a sua não presença valeria tanto como um “dois” no Totoloto…

Mas há mais. Primeiro, deixa-me a pensar o facto de dois responsáveis por duas das equipas mais habituadas a correrem as Clássicas do Calendário Mundial se queixem daquela forma quando, e todos o sabemos – e é isso que lhes garante serrem das provas mais mediáticas do planeta –, corridas como o Paris-Roubaix ou a Volta à Flandres são corridas por “caminhos” municipais, em estradas de 2,5 metros de largura, em constante sobe-e-desce, para não falar dos paralelepípedos… e até a lama.
Pior, deixa-nos a pensar quais os fundamentos de um responsável por uma das equipas que declara “creio que não existem condições para um pelotão igual ao das grandes voltas…», quando essa equipa NUNCA correu no Algarve. Como sabe o homem das características da corrida se nunca cá esteve?

São “armadilhas” em que o jornalista só cai se quiser.

Ouve, anota e transcreve, mas faltou ali uma coisa que teria vindo muito a propósito, o famoso “contraditório”, isto é, confrontá-lo com a uma simples pergunta: «De onde é que tirou essa ideia de que as estradas do Algarve não servem para este pelotão?»
Seria muito mais interessante a resposta a esta pergunta do que aquele… «desabafo» (chamemos-lhe assim).

Se fosse eu o organizador, uma coisa era certa… para o ano o pelotão seria mais pequeno de certeza. É que a essa equipa não mais seria endossado um convite. Aliás… sê-lo-ia já este ano porque já o teria retirado. Falta agora saber qual vai ser o discurso do senhor aqui, em Portugal, no Algarve. Quando os jornalistas o confrontarem com estas declarações. E confrontá-lo-ão, de certeza. Sobre isso não admito quaisquer dúvidas.

Ah!... e a outra equipa que se queixou, por acaso há dois anos até ganhou duas etapas. Mesmo correndo por estradas… «sem condições».