quinta-feira, janeiro 24, 2008

1044.ª etapa

THE WORLD IS A FOOTBALL

Os cotas, assim da minha idade, ainda hão-de lembrar-se de uma canção que, não tendo sido nenhum êxito retumbante, ainda assim passou vezes suficientes na Rádio, nos anos 80 do Século passado, para eu ainda me lembrar dela.

É a que empresta o nome ao título desta crónica e da letra só me lembro dos dois primeiros versos: "The World is a Football, that goes round and round…”

Nascido – na sua versão moderna, porque a sua história multiplica-se em teorias que chegam à China antiga – nas Ilhas Britânicas, o futebol começou por ser um desporto de e para as elites. E foi ainda com este estatuto que chegou a Portugal, trazida por jovens herdeiros de algumas das principais fortunas nacionais que foram mandados para Inglaterra para fazerem os seus cursos superiores e no regresso traziam a ideia e a paixão por esse jogo de cavalheiros.

Foram os filhos das melhores famílias portuguesas que fundaram os principais clubes.

Ou então… cidadãos britânicos residentes em Portugal.

No Porto, foram os britânicos residentes quem fundou o Boavista; logo os filhos da aristocracia local criou o Football Club – sem “e” – do Porto.
O Sporting nasceu sob a protecção do Visconde de Alvalade…

No entanto, rapidamente o novo jogo se propalou e, irremediavelmente, chegou às ruas.

Aos pobres. Ao proletariado.
Equipas como o Grupo Desportivo da CUF (Companhia União Fabril, propriedade dos fundadores do, mais tarde, poderosíssimo Grupo Mello), rasgaram novas fronteiras.


A luta pelo mercado – logo, a necessidade de grande publicidade – não existia, mas era bem uma grande empresa mostrar serviço social.

E a equipa de futebol não era mais do que isso.
Mas os exemplos são muitos, contudo, não é exactamente de futebol que aqui quero falar.


E acredito que, chegados aqui, todos vocês se estarão a perguntar… mas onde é que ele [eu] quer chegar com isto?

Pela expressão que conseguiu, com a abrangência – vai de milionários clubes nas mais diversas ligas profissionais (onde se pagam ordenados completamente ofensivos, em termos sociais), até às minúsculas e puramente populares colectividades onde ainda se joga pelo gosto de jogar – que tem e, principalmente, pela forma como as superiores entidades que o regem, o futebol é hoje um verdadeiro Mundo à parte da realidade social.
Que se dá ao luxo de ignorar, ou mesmo atropelar, as Leis gerais de qualquer país.

A Lei portuguesa proíbe – ou condiciona fortemente - a publicidade ao álcool.

Às bebidas alcoólicas.

E chegamos ao Ciclismo.

Independentemente da história que ainda não se pode contar – como em qualquer outra actividade, também nós, Jornalistas, nos obrigamos a um determinado período de nojo porque não é nosso papel fazer de polícia ou inspector – ainda todos estarão lembrados do abandono da Porta da Ravessa.

Porque, de facto, a legislação portuguesa não permite – ou condiciona fortemente – a publicidade às bebidas alcoólicas.

De uma assentada, e dou só dois exemplos – honestamente… são aqueles que agora me lembro – desapareceram do pelotão internacional a portuguesa a Porta da Ravessa e a italiana Vini Caldirola.

O fim da equipa Cantanhede-Marquês de Marialva (a marca de um vinho da Adega Cooperativa daquela cidade) começou a traçar-se com a incompatibilidade do patrocinador, à luz da Lei vigente.

Sem o mínimo receio de cair no ridículo, diria que o Ciclismo foi, uma vez mais, descriminado.

Porquê? Porque, por exemplo, a principal Selecção Nacional de futebol há anos que é patrocinada por uma marca de cerveja… com álcool.

O ano passado, a mesma marca estendeu-se ao Ciclismo, mas publicitando a versão Zero álcool da mesma marca.

Querem que seja honesto?
Eu sou.

Imaginem que é proibido fazer publicidade ao Vinho Tinto de uma marca que agora mesmo vou inventar: Baco!
Ao tinto.
Mas o Baco branco não tem problemas.
A marca está lá… Percebem?

Longe de mim, no entanto, o querer penalizar a tal marca que, no Ciclismo – por força da Lei – publicita a sua versão Zero álcool.

Mas voltemos um poucochinho atrás.
A mesma marca, com a versão mais comum, patrocina há anos a principal Selecção Nacional de futebol e vai, a partir do ano que vem, patrocinar – dando-lhe mesmo o nome – a primeira Liga do futebol profissional.

Aliás, e não acredito que isso não tenha pesado na decisão, já temos, neste momento, uma competição de futebol suportada por uma outra marca de cerveja, sem que tenha sido necessário recorrer ao subterfúgio da... versão Zero.

Porque é que o Futebol pode fazer publicidade a bebidas alcoólicas e o Ciclismo não?

Porque é que um dos mais famosos festivais de música que se realizam no nosso país leva o nome de uma outra marca de cerveja, ainda por cima tendo em conta que o público-alvo são os adolescentes e pré-adolescentes?

Mas a incongruência é ainda maior se tivermos em conta que uma das corridas internacionais do calendário português – voltei ao Ciclismo, é evidente – tem como patrocinador institucional o… Vinhos do Ribatejo.

E quando o Licor Beirão é (ou já foi) sponsor da Volta a Portugal…

O futebol é, de facto, poderoso.


Tão poderoso que se permite contestar uma decisão do CNAD (vocês sabem do que estou a falar…)
E o Ciclismo é, nestes casos, amorfo.

E de quem é a culpa?

(Um dia destes hei-de contar-vos a história, verdadeira, da “aventura” que foi a participação do Sporting-Raposeira - já era interdita a publicidade a bebidas alcoólicas no ciclismo - na edição de 1994 do Tour de França.)

1043.ª etapa

MARTIN GARRIDO LÍDER NA ARGENTINA

O argentino Martin Garrido, da portuguesa Palmeiras Resort-Tavira, lidera a Volta ao Estado de San Luís - Argentina - após o segundo dia de corrida.

Martin Garrido, reconhecido especialista, tanto no contra-relógio como nas chegadas massivas para discutir ao sprint, fez valer essas suas qualidades, primeiro no prólogo, depois na primeira etapa, ontem disputada, e vai liderando uma das principais corridas do seu país, com reflexos colaterais capitalizados pela formação de Tavira, liderada por Vidal Fitas que começa a ser um caso sério na América do Sul.

Embora a Argentina não seja, exactamente, um país onde haja muitos portugueses, o impacto não deixa de ser importante pois estamos a falar de uma das principais corridas do calendário do Circuito sul-americano da UCI.

1042.ª etapa

QUEM POR CÁ ANDA PELA
"COISA" E NÃO PELA "CAUSA"

Estive há pouco a falar com um dos muito amigos que fiz no Ciclismo.
Está destroçado. Sente-se traído e abandonado. Ainda não percebeu o que lhe aconteceu. Balança entre o deixar tudo… e o ficar e provar que não era apenas o “verbo de encher”.

E falámos de desconsiderações com as quais lida mal, porque sempre foi um homem frontal.
É preto, é preto… é branco, é branco!
Não há espaços para cinzentos.

“Ponha lá, como você sabe [obrigado amigo, pelo reconhecimento], que fui maltratado".
Aqui vai.

A língua portuguesa pode ser, como diz o anúncio, traiçoeira.
Uma frase pode ser lida de mais do que uma forma e todas elas estão sujeitas a diferentes interpretações.

É aqui que se corre o risco de se ser traído.
Neste caso… perder o “capachinho”, que é como quem diz, descobrir-se-lhe a careca.

E há disso!
Quem “mame” de uma determinada “teta” e todos julgamos que é por especial "devoção" à “vaca” em questão.
Mas não é, pois logo que lhe surja outra “vaca” com potencialidade para melhor saciar a sua sede… vira-se “a casaca”.

Sem o menor pudor.

Os amigos de ontem passam à história e, com uma extrema facilidade, entram numa “outra”…
Ui!... E o historial é tão grande…

O que querem mesmo é o “leite” e vão mudando a cor das “vacas” à sua particular medida.
O que interessa é que haja uma “teta” onde chupar…
De onde chupar.

E dizem que andam no Ciclismo por gostar.

De “mamar” - o que, afinal, fizeram toda a vida - digo eu!

terça-feira, janeiro 22, 2008

1041.ª etapa

CENTRO DE CICLISMO DE LOULÉ COM ESTATUTO
DE COLECTIVIDADE DE UTILIDADE PÚBLICA

Foi publicado ontem, dia 21 de Janeiro de 2008, em Diário da República, a declaração de Utilidade Pública do Centro de Ciclismo de Loulé.
Este reconhecimento concedido pela presidência do Conselho de Ministros foi aprovada, conforme se pode ler no documento, pela forma continuada que o CCL vem prestando “com grande dinamismo, relevantes serviços à comunidade ao promover o desporto, mais concretamente o ciclismo, junto da população, em geral, e das camadas mais jovens, em particular; contribuindo assim para o incremento da formação desportiva”, para além de organizar e participar em eventos desportivos de carácter local e regional e “por cooperar com as mais diversas entidades públicas e privadas”.
A atribuição do estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública ao Centro de Ciclismo de Loulé garante assim benefícios fiscais a todos os que colaboram com o CCL através de donativos financeiros e de géneros, designadamente, os patrocinadores das actividades desta colectividade.

(in, SuperCiclismo)

1040.ª etapa

O CRONO DA VOLTA AO ALGARVE
VAI SER MESMO A “DOER”


À medida que vamos tomando conhecimento dos pormenores, mais fácil fica formar uma opinião e, se já aqui escrevi que não via nada de mais no facto de a primeira corrida por etapas da nova temporada incluir um contra-relógio individual, com mais de 30 quilómetros, tenho que confessar que só sabia isso mesmo: que o crono teria 34 quilómetros.

Entretanto, já com os percursos disponíveis, sou surpreendido com um traçado bastante original.


Como explicou o Rogério Teixeira (presidente da associação algarvia), para fugir à confusão - ok… também para não condicionar durante três ou quatro horas um eixo rodoviário fundamental – da Estrada Nacional 125.

Imaginara um traçado junto ao mar… sai-me uma incursão pelo interior, por estradas municipais que, honestamente, não conheço. Mas não é isso que está em causa aqui.

Nos primeiros dez quilómetros sobem-se 120 metros; não é muito, pois não, são dez quilómetros em subida, ligeira mas constante, a fazer mossa; e ainda se subirá mais, até aos 250 metros, sensivelmente a meio do percurso. Pronto. Depois é sempre a descer até Tavira.

Outra novidade – pelo menos para mim – é o facto de o crono terminar na Pista do Ginásio. Ideia de aplaudir.

Num contra-relógio individual, se bem que os espectadores possam ver todos os corredores, espaçados entre eles, falta qualquer coisa de espectáculo. E as tradicionais chegadas num arruamento qualquer não conseguem oferecer condições ideais a mais do que duas ou três dezenas de pessoas.

Não sei quantas pessoas leva o Estádio de Tavira mas serão com certeza muito mais. Adivinho uma tarde de grande espectáculo, sabendo da afficion dos algarvios, em geral, e dos tavirenses, em particular.

Parabéns à Organização e, apesar da surpresa que foi para mim o traçado escolhido para o crono, mantenho que não tenho nada contra. São 34 quilómetros, os mesmos 34 para todos.
A não ser que as condições meteorológicas sejam adversas, instáveis… o que espero não venha a acontecer.

E reforço o que já antes escrevera. Pela primeira vez – desde há muitos anos a esta parte – todas as equipas nacionais têm nos seus quadros verdadeiros especialistas na luta contra o cronómetro.

Nessa altura, creio lembrar-me, deixei duas equipas de fora quando falei neste assunto. A Barbot-Siper – que ainda não tinha contratado o David Bernabéu – e o CC Loulé. Aqui, grande falha a minha. Não referi o Renato Silva. Desculpa lá Renato.
O Renato Silva é, sem favor nenhum, um dos melhores contra-relogistas nacionais e cabe na lista dos favoritos. Também não falei, na altura, do Isidro Nozal (Liberty Seguros). Eu que o vi vencer, e surpreender tudo e todos, dois cronos numa Vuelta imprópria para cardíacos.

Claro que estamos no início da temporada, alguns corredores – pelo peso que vão ter na estratégia global das suas equipas, tendo em vista a temporada [leia-se: a Volta] – não vão aparecer já nas suas melhores condições, mas não podia continuar a acontecer o que aconteceu nas últimas temporadas quando os especialistas chegavam à Volta a Portugal, onde o contra-relógio final tem vindo a ser quase decisivo, com um crono de pouco mais de 10 km e depois os Nacionais. Nem mais uma oportunidade para se baterem contra o cronómetro.

Ainda bem que este ano, parece, as coisas vão mudar. Pelo menos as voltas ao Algarve e ao Alentejo têm contra-relógio… e com quilometragens muito mais próximas das dos Campeonatos Nacionais e do da Volta a Portugal.


Nota: A imagem é tirada do Google Earth, o traçado desenhei-o eu.

Pode não ser exactamente asism.

domingo, janeiro 20, 2008

1039.ª etapa

JUÍZOS DE VALOR E PALAVRAS NA MODA
(MAS QUE TÊM UM ENQUADRAMENTO QUE É ATROPELADO, CERTAMENTE POR IGNORÂNCIA)


Não sei se as ensinam nas faculdades onde se “dá” Jornalismo, mas a profissão, que é anterior, em bem um par de séculos, aos cursos superiores de Comunicação Social, é rudimentarmente – mas com siso - “explicada” com uma mão cheia de expressões até engraçadas.

Quem nunca ouviu, por exemplo, que “um cão que morde num homem não é notícia, mas se for o homem a morder no cão, aí sim, temos notícia”?
Ou, como dizem os anglo-saxónicos, “good news, no news; bad news, good news”?

Aparentemente, e em relação ao Ciclismo, tem sido este o conceito seguido.
O que eu sempre considerei gravoso e extremamente penalizador para a modalidade mas, principalmente, para a esmagadora maioria dos seus praticantes. E por isso, aqui, num espaço que é pessoal, assumi sem rebuços a sua defesa.

Alguma vez eu escrevi aqui que não, não acredito que haja doping no Ciclismo? Claro que não. Não o poderia ter feito porque não estaria a ser honesto. Há. Como o há noutras modalidades, como várias vezes também aqui insisti.

O que eu defendi, defendo e defenderei é que, primeiro, é abusador alguém, indivíduo ou instituição, envolver TODOS os Corredores sob o mesmo manto de suspeição;
depois, se há forma de apanhar os batoteiros, se há legislação aplicável, se apanham alguém a passar para além do risco e essa mesma legislação prevê penas concretas, consoante a dimensão do “crime”, e o prevaricador é julgado e condenado, cumprida a pena tem o direito de voltar a ser respeitado.

Mais, é intelectualmente (e não só, também o é socialmente) desonesto pretender julgar à luz da actual legislação “desvios” acontecidos há anos, quando a legislação da altura não previa esses casos como passíveis de penalização.

Porque nem eram conhecidos? Claro, também por isso…
Os primeiros Códigos da Estrada não previam a proibição de se andar a mais de 120 km/hora, simplesmente porque não havia, na altura, carros que conseguissem atingir essa velocidade.
Por isso as Leis se actualizam. Se adaptam às novas realidades.

Por isso, grande parte dos meus comentários, aqui, nos últimos dois anos – desde a famosa Operação Puerto – se tem centrado na defesa do direito que todos os Corredores têm ao bom nome.
Insurgindo-me contra quem, individuo ou instituição, insiste em olhar – e não raro, a tratar – todos pela mesma bitola.

Ou quando, à luz da actual legislação, querem à viva força condenar – porque acusações veladas, essas têm-se somado – práticas de há 10, 15, 20 anos, quando já havia legislação (houve sempre) e o que então se fazia não a contrariava.

Andavam à frente dela? Provavelmente. Isso sempre foi reconhecido.

O ónus terá de ser assumido pelo legislador. E se há tantos anos se sabe isso, que legislem, de uma vez por todas, a pensar no futuro, não em sequência do que aconteceu no passado. Não sei se os cientistas do doping são mais espertos ou se, pelo contrário, os que o querem controlar… menos inteligentes. Não sei.

Mas que há doping, ah!, isso há. Houve desde sempre, embora, como creio ser compreensível, tivesse sempre vindo a mudar de forma e conteúdo.

Portanto, não creio enquadrar-me naquele grupo de “entendidos que querem tapar o sol com uma peneira”, muito menos pretendo “contrariar todas as medidas que se possam tomar para combater o doping”. Não. Não caibo aí!

Isto tem a ver com aquela parte do “Juízos de valor”, que vai no título.

Passemos então à segunda parte do título.
Ciclicamente, e provando que a língua está viva e evolui, vão aparecendo novas palavras e expressões. Umas colam à primeira, outras custam mais a entrar no nosso léxico.

Introduzida há relativamente pouco tempo na linguagem do dia-a-dia através do Código Penal (na erudita linguagem do Direito), a palavra PRESUMIVELMENTE caiu no goto dos portugueses que, o que nem é raro e acontece com tantas outras, passaram a usá-la a torto e a direito sem fazerem a mínima ideia do que ela etimologicamente significa.

Curiosamente, o termo casa na perfeição com as minhas mais teimosas insistências: o direito ao bom nome e a presunção de inocência.

O Direito moderno teve – para respeitar aquilo que as também modernas Constituições dos vários Estados consagram no capítulo dos Direitos do Cidadão – que introduzir a palavra presumivelmente, culpado (por exemplo), mesmo que individuo seja mais do que suspeito, porque nos Direitos dos Cidadãos está consagrado que toda a gente é inocente até provado o contrário e ditada sentença em Tribunal – ou transitada em julgado, depois dos sempre possíveis (e previstos) recursos.

O presumível culpado da morte do vizinho à sacholada, mesmo que tenha sido apanhado de sachola na mão e o outro estendido à sua frente de cabeça rachada, só passará a assassino quando provado, por um Tribunal, que foi a sacholada que matou o outro. Este podia, ao tentar desviar-se, ter tropeçado e batido com a cabeça numa pedra. O primeiro seria reenquadrado numa acusação de homicídio na forma tentada.
Chamar-lhe assassino logo à primeira seria uma clara violação dos seus direitos enquanto cidadão e, demonstrado que afinal não matara ninguém, pelo menos directamente, assoma outro direito inalienável, o do bom nome, pelo que ficaria em posição de pedir a quem o acusara a devida compensação por danos morais e/ou materiais que tais acusações pudessem ter constituído.

Daí a introdução da palavra-chave PRESUMIVELMENTE, logo na linguagem do Ministério Público para que não seja o Estado – que se quer de Direito – o primeiro a atentar contra os tais direitos dos seus cidadãos.

É presumivelmente culpado quem, comprovadamente – com testemunhos ou provas concretas e válidas em tribunal – pode ser envolvido num caso previsto como crime.

O que eu continuo a ler e a ouvir é “os presumíveis implicados na Operação Puerto”…

Vejam como a ARD (etapa anterior) se viu na necessidade de pedir publicamente desculpas.

É que nenhum Tribunal julgou nenhum processo ligado a essa operação. Nem sequer está previsto que o venha fazer e, se ainda assim, isso vier a acontecer, sê-lo-á enquanto processo cível, nunca desportivo. Creio que isto está claro há mais de um ano.

A nova legislação referente ao combate ao doping (o legislador, pela primeira vez, lá conseguiu dar um passinho à frente dos magos da trafulhice) já prevê que um atleta possa vir a ser alvo de castigo mesmo que não acuse positivo.

Mas essa Lei há-de ter uma data de quando foi aprovada, publicada e a partir de que data entrará em vigor. Sempre para a frente. Não se pode agarrar numa Lei nova e voltar atrás no tempo para punir ninguém.

Então… a Operação Puerto acabou. Morreu.

Deixe-se de falar na Operação Puerto como o lobo-mau que ainda há-de devorar uma mão cheia de Corredores.

Porquê o presumivelmente implicado numa coisa que juridicamente é nada?!!!

A única consequência prática que pode vir a ter – aliás, já teve – é a de as equipas negarem trabalho a determinados Corredores, ou a de organizações imporem a sua não presença.
Mas a partir daqui terão a palavra os advogados das diversas associações nacionais de Corredores.

Todo a patrão é livre de escolher os seus empregados, mas conseguindo-se provar que aqueles agem em cartel – concertados, combinados entre eles –, o Corredor poderá alegar que lhe estão a usurpar um direito inalienável que é o acesso ao desempenho da sua profissão.
Lembrem-se do caso-Bosman…

Quanto às organizações imporem às equipas que Corredores é que hão-de escalar… é outra vez caso para os advogados, agora os das equipas que são instituições privadas com direito a gerirem os seus efectivos de forma a conseguirem os melhores resultados porque se trata, de facto de uma indústria.

Que move milhões de euros e envolve terceiros, que são os patrocinadores.

1038.ª etapa


quinta-feira, janeiro 17, 2008

1037.ª etapa

FALECEU OCEANA ZARCO,
A MENINA CICLISTA DE SETÚBAL


Caíu-me hoje na Caixa de Correio mais uma notícia triste e que volta a cobrir de luto a Família Ciclista. Faleceu - já na passada sexta-feira mas, aparentemente ninguém deu por isso - a pioneira do Ciclismo Feminino em Portugal, Oceana Zarco. Ninguém, não. O Setubalense, jornal da cidade do Sado deu a notícia. Que só hoje me chegou.

Curvo-me ante a sua memória e, com a devida vénia, atrevo-me a transcrever aqui a notícia assinada pelo colega António Elias.

Oceana Zarco tinha quinze anos quando venceu, no Outono de 1926, a III Volta a Lisboa em bicicleta, pedalando ao lado de rapazes e homens por estradas agrestes e calçadas. Foi pioneira do ciclismo feminino em Portugal, ousando afrontar usos e costumes, não só portugueses, que remetiam as raparigas para os lavores ou para desportos mais gentis.

Com a camisola do Vitória, Oceana Zarco, enfrentou o pó dos caminhos e despertou o aplauso das gentes. Faleceu na última sexta-feira, em Setúbal, aos 96 anos de idade, com a sua imagem já gravada na história do Desporto.

A menina que, corria o Outono de 1926, com mimosos quinze anos, venceu, na sua categoria, a III Volta a Lisboa em ciclismo e a I Volta ao Porto, vindo três anos depois a conquistar a Volta de Setúbal, repousa desde o passado sábado no cemitério de Nossa Senhora da Piedade, em Setúbal, cumpridos que foram 96 anos de uma vida que, pelo Desporto e pelo exemplo de mulher, já estava gravada na memória das gerações presentes e não deixará de ser lembrada pelas vindouras.

A ciclista do Vitória Futebol Clube foi pioneira em Portugal – ousamos até dizer que na década de 20 terá integrado, universalmente, como atleta de competição, uma élite muito reduzida de raparigas que se dedicava a uma modalidade que ainda hoje é maioritariamente masculina – a enfrentar os caminhos de então, pedalando ao lado de rapazes e homens, arrebatando prémios e granjeando a admiração e o carinho das pessoas que, na época, tinham o ciclismo como uma modalidade verdadeiramente sua, por radicalmente popular.

Em 1991, no Dia Internacional da Mulher, o Movimento Democrático de Mulheres e o Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal editaram em homenagem de Oceana Zarco em que se pode ler: «… O seu mérito, os vários prémios que alcançou, a medalha de ouro que conquistou, dignificaram sem dúvida o ciclismo português, dignificaram também a mulher portuguesa. Abriram-se caminhos para novas esperanças, novos sonhos, novos projectos. O ciclismo feminino foi um sonho de Oceana, é ainda um sonho das ciclistas portuguesas neste fim de século».

O século em causa (XX) já virou e corre já o oitavo ano de um novo, mas as palavras que acabamos de lembrar mantêm-se sem margem para dúvida como uma boa síntese da pedrada no charco que representou há cerca de oitenta anos a ousadia da rapariga que quis ir mais longe, viver mais intensamente, do que aquilo que lhe estava destinado pelos padrões da sociedade de então.

Ao grito de rebeldia que foi o ciclismo, Oceana Zarco, viria noutra altura da sua via a aliar um sentimento altruísta ao enveredar por uma profissão, a de enfermeira no hospital da Misericórdia, em Setúbal, marcada pela entrega ao sofrimento alheio.

Viveu a última década, um pouco mais, no Centro de Apoio a Idosos da Santa Casa da Misericórdia e faleceu, cremos que tranquilamente, na passada sexta-feira.

Fica a memória, que muito dificilmente se vai esfumar, da menina que «nos anos 20 pedalava aos lado dos seus companheiros homens e com eles travava o duro combate das subidas, das calçadas difíceis», como diz o texto a que atrás recorremos.

( Podem ver a notícia original AQUI)

Para quem não sabe quem foi Oceana Zarco vejam aqui...

http://www.youtube.com/watch?v=bIISJxIKzZE

quarta-feira, janeiro 16, 2008

1036.ª etapa

DESCULPA TIAGO,
ESPERO NÃO ESTAR A PREJUDICAR-TE


Após quatro meses e meio de silêncio, depois de eu ter transcrito aqui um texto que fora publicado no sítio oficial da sua equipa, hoje, finalmente, soubemos que o Tiago Machado foi castigado pelo CD da FPC em cinco meses de suspensão por ter faltado a uma convocatória para integrar uma Selecção Nacional.

Permitam-me um ligeiro desvio ao assunto, de forma a conquistar uma pequena base de sustentação para os meus argumentos.

No futebol, onde – acho eu (embora não ponha o pescoço no cepo por ninguém) – todos sabem que há apenas 17 regras, costuma-se dizer que a mais importante é a décima oitava.
Coisa estranha, olhada assim.
Como é que pode a 18.ª ser a mais importante se só há 17?

Grandes nomes do nosso jornalismo desportivo (ok, jornalistas de futebol, para sustentar o caso), gente que, pela sua cultura desportiva e não só, que com uma irrepreensível neutralidade – o que hoje é cada vez mais difícil -, abreviando num nome, o do Vítor Santos, por exemplo, naquelas suas duplas páginas – sem fotos ou ilustrações -, onde o que valia e valia só por si, era a opinião de um JORNALISTA que ninguém se atreveria a contestar (porque não havia margem de manobra para isso), instituíram essa tal “lei” ausente dos regulamentos.

A Lei do Bom Senso.

E é de bom senso que aqui venho falar.


Sendo que sei perfeitamente que essa coisa do Bom Senso é algo que tende a ser superiormente apagado e veja-se o caso da malfadada ASAE.
O seu director é tão cego que, se por acaso alguém se tem lembrado de pôr na Lei que para ser reconhecida, a nossa assinatura teria de ser feita com tinta rosa-choque, ele nem hesitaria e lá se ia o negócio das esferográficas de tinta azul ou preta.
Isto é falta de bom senso.

Recuperemos então o tema desta opinião.
Opinião, repararam?
É a minha e apenas me vincula a mim.
.
Quem foi, durante as duas últimas temporadas, o melhor Corredor português com menos de 23 anos? Não, desculpem lá, mas recorram aos vossos apontamentos que eu não vou aqui escalpelizar os resultados conseguidos pelo Tiago Machado.

Alguém consegue arranjar argumentos que contrariem isto?
Claro que não!
Pergunta parva, a minha…
Cinjamo-nos aos factos.
O Tiago que, mais uma vez, fez uma extraordinária Volta a Portugal e que sonhava poder apresentar-se ao seu melhor nível nos Campeonatos do Mundo, tenha ou não sido aconselhado por terceiros, comunicou ao Seleccionador Nacional que, estando numa fase de necessária e compreensível descompressão, após a Volta, não sentia que, fisicamente, pudesse ser uma mais-valia para a Selecção Nacional que ia disputar a Volta a França do Futuro.

Aliás, acho eu, Manuel José Madeira, que devidamente atento às prestações dos Corredores passíveis de serem convocados, o primeiro a aceitar aquele argumento deveria ter sido o Seleccionador Nacional.

A (quanto melhor possível) participação na Volta a França do Futuro era algo de carácter decisivo para a nossa presença nos Mundiais, mas se o Tiago lhe comunicou que precisava de algum espaço para destressar e reganhar fôlego, e tendo em conta a categoria do Corredor em causa, o José Poeira só poderia ter feito duas coisas:
ou nos demonstrava que percebe, de facto, alguma coisa de Ciclismo – a tal regra do bom senso - ou, de imediato denunciava a quem de direito – mas não é ele o Seleccionador Nacional? – a “recusa” do jovem boavisteiro.

Provavelmente, mesmo contrariado, o Tiago, que queria mesmo estar nos Mundiais, informado que a não ida a França significaria o afastamento de Estugarda, teria feito das tripas coração e ter-se-ia apresentado.
Mas não...

Posso eu dizer que houve má fé por parte da FPC, em relação ao Tiago Machado?
Reconhecê-lo significaria um ónus dificilmente defensável por parte da instituição.
Mas não foi o que aconteceu?

Partimos para França com menos um elemento – prejudicando intencionalmente outro jovem Corredor que poderia ter tido a chance de representar Portugal -, escondendo, ao mesmo tempo, que o Tiago não perderia pela demora.
Iam-lhe fazer a folha um mês depois.
Como fizeram.

O que é que as DUAS Selecções nacionais ganharam? Nada!
O que é que a federação ganhou? Nada!

Era bom que alguém lhes viesse a perguntar qual o interesse que a FPC teve em apresentar DUAS selecções abaixo da qualidade que poderiam ter mostrado.

Só para castigar o Tiago Machado?
Honny Soit Qui Mal y Pense.

E não, professor José Santos, eu não me passei, definitivamente, para o seu lado, mas tenho a coragem suficiente para escrever o seguinte: se o Tiago fosse de outra equipa… teria isto acontecido?
Pois é...
Aí estamos de acordo. Sem hesitações.

Tramaram o Tiago e beneficiaram de uma crítica amorfa, hipotecada até, que não soube ou não quis ler o que estava perfeitamente claro.

E o exemplo é sublinhado pelo que comecei por escrever.
O sítio oficial da equipa perguntava-se porque é que o processo estava a levar tanto tempo, provavelmente ainda há muita gente que desconhece a página mas, ao transcrever para aqui o desabafo lá colocado… 72 horas depois saiu o resultado do inquérito.

Cinco meses de castigo por o Corredor, convocado por telefone, ter manifestado, através de um telefonema, a sua intenção de renunciar à Volta a França do Futuro porque estava focado nos Mundiais.

E só soube que não ias aos mundiais uma semana antes, quando leu nos jornais o nome dos convocados.

Ok… há, há mesmo, um artigo nos regulamentos que obriga os Corredores a responderem por escrito no caso de não estarem disponíveis para a Selecção!
Agora... não, não irei pedir à FPC que me mostre – e enquanto Instituição de Utilidade Pública, e solicitado esse pedido por um jornalista, teria que o satisfazer – os documentos escritos por todos os outros Corredores que seriam seleccionáveis - não estou agora a falar dos sub-23 - e que, se o não foram, só pode ter sido com um pedido de escusa.

Esta merda é fodida!
Ser sério, definitivamente não basta; é obrigatório que se pareça ser sério também.
E não creio que tenha havido seriedade neste processo contra o Tiago Machado.

Acumulam-se os tiros nos próprios pés.
Até quando?

1035.ª etapa

NÃO É PRECISO COMPLICAR...

Mão amiga fez-me chegar um trabalho, conciso mas claro, sobre a História do melhor Corredor português de todos os tempos.
Joaquim Agostinho, está claro...

E, devo confessá-lo, cresceu em mim o orgulho de ser português ao ver como num outro país - no caso, Espanha - se admira e trata a sua figura.

Num perfil onde se diz tudo, sem necessidade de "encher chouriços" com assuntos de lana caprina.

Practico, conciso, como disse, e principalmente importante porque, tratando-se de um trabalho feito por espanhóis, mais facilmente os espanhóis chegarão a ele [ao trabalho].

Mas o importante, o mais importante, é poder testemunhar que o nosso g'anda Jaquim deixou, de facto, uma esteira de admiradores atrás de si.
Bem hajam!

Ah!... cliquem aqui.

1034.ª etapa

VÁ LÁ RAPAZES… É PRECISO MELHORAR
QUEREMOS MAIS, MAIS, MUITO MAIS…


Culpa dos Correios, com certeza, mas só hoje, 3.ª feira, oito dias depois – acho eu – de ter ido para a máquina, é que recebi o número 12 do Jornal Ciclismo.

Não!, calma rapaziada. Amigos e os outros…
Não sou o crítico de serviço a este projecto que aplaudi a mãos ambas.
E, se já aqui deixei algumas notas menos… simpáticas, creio tê-las justificado.
E se este artigo não vai puramente virgem de uma ou outra nota crítica é porque acho que ajudar não será propriamente dar cínicas pancadinhas nas costas.
Acho que os seus responsáveis o compreenderão.

Eu sei.

Poderão dizer “se tens críticas a fazer porque as não fazes particularmente aos seus mentores?”.

Já o fiz.
O Zé Carlos Gomes, que terei muito prazer em conhecer pessoalmente logo que surja a oportunidade, não reagiu particularmente bem, mas eu acho que isso se ficou a dever a outras “guerras”. Assim mesmo, entre aspas, de que outra forma não faria sentido.

Já esgrimimos várias vezes, nomeadamente nesta plataforma digital e em fóruns sobre Ciclismo, opiniões que definitivamente não são concordantes, mas (pelo menos é o que eu penso) essas trocas de… mimos apenas nos enriqueceu e valorizou aos dois.

Por mim – e se me permitem a veleidade de pretender ter algum peso nisto – o Zé Carlos JÁ faz parte da família do Ciclismo.
Quanto ao João é diferente.

Conhecemo-nos há quantos anos João?
Quantas vezes trilhámos a mesma estrada, partilhámos a mesma mesa de trabalho – no campo -, quantas vezes pudemos falar de Ciclismo à mesa, depois de um jantar?
Espero que o façamos muitas mais vezes…

O João Santos será, neste momento – e não me interpretem mal, por favor – o melhor informado jornalista umbilicalmente ligado ao Ciclismo.


E olhem que ele teve a coragem de se dar apesar da (muito) incómoda posição de ser filho de quem é.
Para quem não saiba, antes de ser director-desportivo o professor José Santos começou por ser jornalista. Mas agora é director-desportivo de uma das equipas do pelotão.

Se nunca os meus contactos com o Zé Carlos foram além de uns posts num Fórum de ciclismo – e meia dúzia de emails, mais pessoais – em relação ao João é um digno (em todos os sentidos) sucessor da equipa de ouro que O Jogo tinha há meia dúzia de anos atrás, com o Carlos Flórido e o João Araújo.
A BOLA tinha o Martins Morim (um perfeccionista) – que ainda temos e pode voltar a qualquer momento – e o Duarte Baião, um repórter excepcional, com faro;…
O Record conta com a longa experiência da minha pessoal amiga Ana Paula Marques, mas também com o Paulo Renato Soares e um par de jovens que rapidamente se integraram, mas, quando em 2000 A BOLA me pescou n’A Capital, a dupla Flórido/Araújo eram as minhas referências.

Para mal do Ciclismo – que não, acredito, para os próprios – ambos redireccionaram o seu caminho.

Perdoem-me a imodéstia, mas eu – apesar dos avisos de que, se ficasse nas modalidades nunca mais seria alguém – recusei ser mais um plantão nos treinos de futebol, ou nas cabines, após os jogos, porque quis estar com o Ciclismo.

Fazemos melhor se fizermos o que realmente gostamos.
Foi o que pensei.
E por isso tive que suportar – e aceitar porque as coisas não funcionam se não respeitarmos as hierarquias – a ira do meu querido João Bonzinho que ia rebentando quando eu, aceitando um cargo de maior responsabilidade no organigrama da Redacção de A BOLA, quis garantir que continuava a cobrir as corridas de Ciclismo.
O que aconteceu.

Mas este longo – e se calhar despropositado – desvio, foi só para sublinhar uma verdade inquestionável.
O João Santos é, hoje, o nosso Jornalista de Ciclismo melhor preparado.

E voltamos assim ao Jornal Ciclismo.
A este número do Jornal Ciclismo.

Há cerca de dois meses falei com o João a propósito da história do Joaquim Agostinho e não disse mais do que outros amantes do Ciclismo disseram.
Para quem não sabia nada do Agostinho, ficou traçado o seu percurso, mas de uma forma insonsa. Não acrescentando nada ao que se pode ler nas diversas – muitas, eu tenho seis - biografias do Agostinho, correu o Jornal Ciclismo o risco de, para quem está profundamente ligado à modalidade – e quem mais, que não estes, pagam o jornal (pagam!... não esperam para o recolher de borla) – o trabalho foi desinteressante.

(Perguntem ao Xico Araújo!...)
Mas disto já falei e não vou bater na mesma tecla.

Entretanto, e em conversa telefónica com o João eu falei no José Bento Pessoa.
O primeiro grande campeão do nosso Ciclismo.
Neste número lá vem um texto sobre o José Bento Pessoa.
Que não comento.
(Vai no mesmo caminho…)

O pior vai ser a seguir, quando os nomes forem mais contemporâneos.
Quando não se falar de corridas do Século XIX, mas de figuras que uma grossa maioria dos leitores mais velhos (em idade) ainda se lembram.
Ponto final neste tema.

Façam o que acharem melhor.
Mesmo que, apesar de alguém que não tenha especial apetência pelo Ciclismo seja suficientemente picuinhas para comparar datas.

(Sim estou a falar deste número!)

Não se esqueçam que hoje em dia abre-se a página do Google, escreve-se uma palavra e temos milhares de entradas com esse nome.
Mas pronto! Vamos lá a este número.
Objectivamente.

É abrangente e só não é mais detalhado porque – pelo menos EU sei – há condicionantes financeiras, em relação ao número de páginas.

Depois das “férias” de Natal e Ano Novo podiam ter feito uma edição com, sei lá… mais oito páginas.
Digo eu…

Perdem o tema-chave da actualidade, que é o número de espanhóis no pelotão nacional, mas são os primeiros a avançar com os planteis das equipas.

Já ficam a ganhar em relação aos “desportivos”…“apertados” pelos sites na Internet!

Na apresentação das equipas portuguesas FALHAM na foto do Jorge Piedade (não, não é aquela!) – andar na estrada, falar e conhecer as pessoas faz muita falta, mesmo que pelo telefone se façam entrevistas jeitosas.

Depois há outra coisa.
Após a vergonhosa opção dos jornais “desportivos” em relação à memória desse grande Senhor, que foi o engenheiro Brito da Mana – nem um se “salvou” – um jornal dedicado exclusivamente ao Ciclismo, mesmo novo, quase recém-nascido, DEVIA ter-lhe dedicado espaço mais nobre.

Mas o João é jovem e o Zé Carlos – por muito que te custe, camarada – da História do nosso Ciclismo sabes pouco.
Sabes mais da Operación Puerto

Em relação à lista das equipas ProTour… era escusado.
Fica a claro – olhando o quadro das equipas portuguesas – que não foram capazes de saber a data de nascimento de vários Corredores que vão fazer parte do pelotão português (aquele que vos devia interessar), mas lá transcreveram direitinho todos os dados recolhidos na net, em relação às equipas ProTour.

Não há ninguém que siga o ciclismo que não saiba o endereço
www.uci.ch.
Duas páginas perdidas.

E depois, permitam-me este reparo… um jornal quinzenal no qual só há UMA entrevista deixa a descoberto algo que nenhum de nós entende.
Não usem a Internet para fazer o Jornal, porque já todos lemos a Internet.
Queremos mais qualquer coisa…
Faço-me entender?

Já agora, não deixem nunca assuntos a meio.
Se no número anterior alguém pôs em causa a idoneidade dos médicos das equipas… tentem falar pelo menos com um.
Mas pronto… o Jornal Ciclismo é o que nós, amantes da modalidade, temos.
Teremos que o apoiar.

Mas não houve tempo para entrevistar o José Augusto Silvajá que os desportivos o ignoram! – para saber como e porquê foi destituído das suas funções e, 24 horas depois, a equipa acabou…

Há quase um mês que eu denunciei aqui esta situação.
Não acredito que tivessem deixado cair o assunto só porque eu já tinha falado nele…

Último e ÚNICO pedido… aceitem, na “desportiva” mais estas críticas.
Quando eu deixar de mandar “bitaites”, aí sim, preocupem-se.

PS: Tenho 32 livros - estive a contá-los, confesso - sobre Ciclismo na minha biblioteca.

Alguns escritos em línguas que nem todos dominam.
E comprei três quartos deles.
Não mos ofereceram, nem os pedinchei.
(Pronto!... Lá me deixei eu levar pela provocaçãozinha!... Também não pretendo ser perfeito!...)

segunda-feira, janeiro 14, 2008

1033.ª etapa

DINASTIAS INTERROMPIDAS

Na sua edição de há um mês (17 de Dezembro), o semanário espanhol dedicado exclusivamente ao Ciclismo, o Meta2Mil, ofereceu-nos um trabalho conscientemente limitado – e disso nos avisa nas primeiras linhas – sobre actuais corredores (actuais… pedindo-nos que sejamos flexíveis até há três ou quatro anos atrás) filhos, eles, de antigos corredores.

Gaizka Lasa (filho de Miguel Maria Lasa), Julen Zubero (Luís Zubero) e Iván Molero (Carlos Molero), são os três primeiros exemplos. Aliás, Molero deu ainda outro filho ao Ciclismo, Oscar, de seu nome, que em 2001 correu em Portugal defendendo as cores da Jodofer-Abóboda…

Embora eles [filhos] tenham debutado em equipas diferentes, os seus pais foram figuras de uma das maiores equipas da História do Ciclismo mundial: a KAS dos anos 70.

A mesma onde correu o nosso José Martins.
Na mesma altura
.

Depois o Meta2Mil fala de José Florencio que, em 1970 e ao serviço da Coelima, foi 3.º na Volta a Portugal.

Porquê?
Porque deu três filhos ao Ciclismo profissional.
Jusep (Florencio era, ou é ainda, espero… catalão de Terragona), Núria e Xavin…

Mais recentes são os casos de David Munõz (filho de Domingo) que até ganhou uma etapa da Volta a Portugal, em 2002, ao serviço da Kelme;

e David Belda… filho de Vicente Belda que, esqueçamos as mais perniciosas conotações mas que foi um grande Corredor.
Imaginem aquele metro e pouco mais que cinquenta a bater-se contra os grande nomes da altura!...
Tinha que ser bom.

E porque é que fui eu vasculhar na montanha de jornais que está aqui atrás de mim?

Por causa do artigo do (para mim, sempre amigo!) Fernando Emílio que hoje saiu n’A BOLA. É pertinente a peça, mas despida de enquadramento.
O que não significa que não tenha sido, até agora, a única peça jornalística a denunciar a onda de desemprego que se abateu sobre o pelotão português.
Vale por isso.

A ligação que faço entre os dois factos – o artigo do Meta2Mil e o de hoje, de A BOLA – assenta na particularidade dos Corredores filhos de antigos Corredores.

Curiosamente, não há muitos exemplos em Portugal.
O primeiro, e mais paradigmático, é o do Joaquim Andrade que, espero, possa vir a estar ainda connosco este ano.
Ele que é filho de… Joaquim Andrade, nome grande do nosso pelotão, há 30 anos atrás.

Mas confesso que o que motivou este meu artigo, este mesmo, que estão a ler, é a lamentável coincidência de ambos os filhos – Gilberto e Lizuarte - desse enorme Corredor que foi o José Martins (o de Fafe, sim…) terem sido atirados para o desemprego.


E aqui junto mais um nome, o de José Martins, primo dos primeiros, sobrinho do segundo.


E há ainda o caso do Gilberto Sampaio, filho do João Sampaio, sobrinho do Joaquim Sampaio e do malogrado Manuel Abreu.

Não tiveram sorte estes jovens. Um bem mais jovem que os outros… mas todos Corredores que, aproveitados, poderiam ter garantido a continuidade da respectiva dinastia.

Sou muito amigo do Gilberto – que ainda não sei porque falhou na Maia – e o Lizuarte até foi líder da Volta a Portugal há um ano atrás… o José é um jovem cheio de potencialidades…
Porque é que não têm lugar no nosso pelotão?


Porque os espanhóis, este ano, saem mais baratos?, como diz o trabalho do Fernando Emílio? Provavelmente!...
E porque o nosso calendário é pobre, como se pode ler na mesma peça onde se reconhece que uma equipa não precisa de ter mais do que… dez corredores.
É verdade!

Soluções? Claro que há…

O abaixamento de metade das nossas equipas profissionais à condição de elite porque não têm, de facto não têm, condições para serem profissionais e a fusão do nosso calendário de elites (que não existe) com o espanhol.
Custa tanto ir do Porto (ou Gaia) a Zamora ou Valladolid como ir ao Algarve.

Mas todos querem ser profissionais
Estou gago de bater nesta mesma tecla.

sábado, janeiro 12, 2008

1032.ª etapa

TIAGO MACHADO AINDA AGUARDA
CONCLUSÃO DE INQUÉRITO DA FPC

Desde Setembro que a FPC decidiu suspender Tiago Machado da prática competitiva, pela sua não participação na Volta à França do Futuro, sem que as conclusões do inquérito efectuado tenham sido tornadas públicas.


A não conclusão do referido inquérito, para quem tem a convicção de que sempre agiu correctamente, revela-se prejudicial à equipa num período de preparação da próxima época.

José Santos, director desportivo da equipa,
faz a avaliação do caso:

O Tiago Machado é um ciclista de grande futuro, com 21 anos de idade na altura em que exigiram, que após o final de uma prova tão dura como a Volta a Portugal viesse a participar, numa outra competição ainda mais dura, como a Volta à França do Futuro. Numa altura em que tanto se fala na defesa da saúde dos ciclistas, sempre achei estranho que se tenha castigado o ciclista com o afastamento dos trabalhos da selecção para o Campeonato do Mundo, pela sua recusa na participação no Tour de l'Avenir. Com 21 anos quantos ciclistas a nível mundial se sujeitariam a uma carga deste tipo? Não creio que seja desta forma que se defenda a evolução de um ciclista, nem tão pouco as directrizes que a UCI tanto defende neste capítulo. Fizemos as contas bem feitas e temos a convicção que a preparação específica que efectuamos em Setembro, nos levaria a obter uma medalha nos Mundiais de contra-relógio individual. Foi pena, que alguém nos tenha impedido desse desiderato.

Num processo que não foi positivo para o ciclismo do Boavista FC, mas muito menos o foi para o ciclismo nacional, o Departamento de Ciclismo do BFC continua a aguardar o desfecho do respectivo inquérito.
Texto publicado no sítio oficial da equipa Madeinox-Boavista
Foto: PAD/JL Sports

1031.ª etapa

COMO CONDUTOR DE HOMENS
EXPERIÊNCIA NÃO TE FALTA

Já perceberam que sou um compulsivo leitor de jornais e que vou tentando manter-me atento a tudo o que vai sendo publicado, mormente se por algum lado tem a ver com o Ciclismo.
E de vez em quando encontro pequenas pérolas.
Como não sou egoísta, não me custa nada partilhar isso com todos os leitores do VeloLuso.

Neste caso trata-se de uma interessante - por tentar fugir aos lugares-comum - entrrvista que o Póvoa Semanário fez com o meu amigo Manuel Zeferino.

Peço-vos para atentarem num grande pormenor... o Manel, sendo da minha idade, ainda é de uma geração que chegou ao Ciclismo acidentalmente e que se fez Corredor em consequência da necessidade de usar a bicicleta para, muito novinho ainda, ter de se deslocar para o emprego.

Sem que queira fazer aqui comparações que poderiam ser mal entendidas, reparem como há semelhanças evidentes com a forma como apareceu no Ciclismo o maior nome de sempre da nossa velocípedia. Sim, o Joaquim Agostinho.

O mais interessante é que, pela primeira vez, que eu tenha dado por isso, o Manel aponta como possibilidade, um dia que deixe o Ciclismo, o entrar na vida política activa. Como condutor de homens... experiência não lhe falta, convenhamos.

Vale a pena ler. Aqui.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

1030.ª etapa

PORQUE É QUE TODOS TEIMAM
EM IGNORAR A NOVA LEI?

No que diz respeito ao futebol ainda li qualquer coisa. Quanto às Modalidades praticamente zero! A verdade é que a Lei 5/2007 – Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto – não vai deixar pedra-sobre-pedra no que se refere ao status quo vigente até agora.

No futebol as associações regionais estrebucharam.
Todo o Desporto evoluiu.
Nada contra!

Se o objectivo há muito deixou de ser o mens sana in corpore sano e ultrapassando o citius, altius, fortius – candidamente encarado num estado puro – o Desporto se descaracterizou e passou – já teve essa fase, já teve – a ser mais uma arma de arremesso na guerra fria entre blocos políticos, para logo evoluir para guerras intestinais mais ou menos assumidas sob a mesma bandeira, já era tempo de ser legalmente reorganizado.

Como referi, os exemplos que me foram dados a ler quase não saíram da órbita do futebol. Mas o diploma em causa é transversal.

Isso de as umas associações serem mais associações que outras, parece que acabou.
Vai ter que acabar.

Como o doutor Dias Ferreira escreveu numa das suas crónicas no Record, está anunciado o 25 de Abril para o desporto.

Eu sei das conotações que a simples citação desta data acarretam, mas não será por aí que deixarei de ir.

A Lei 5/2007 transpõe, finalmente – 33 anos depois – a Democracia para as instâncias desportivas deste país.

Em muitas das modalidades evoluiu-se para a separação concreta entre a parte profissional, mal ou bem organizada e com claros apoios externos aos institucionais, e o desporto pelo desporto. Se é que ainda resiste a figura do puro amadorismo.
Claro que existe.

Pois bem, o primeiro, o desporto profissionalizado, fica, no quadro daquela Lei, perfeitamente identificado e o Estado exige democracia, como não podia deixar de ser.
Uma associação um voto em Assembleia-geral, rotundo NÃO ao voto por representação.

Primeira consequência: a perda de influência das associações distritais ou regionais.
No caso concreto do Ciclismo, as associações de Corredores, de Grupos Desportivos ou de Organizadores ultrapassam, em importância, o peso das associações.

Independentemente de não deixar de reconhecer a importância das associações, não posso deixar de estar de acordo com a Lei.

As associações não deixarão nunca de ter o seu peso regional, mas também não se lhes pede mais. Só que façam o seu trabalho bem feito.

Como ultimamente tenho visto várias ideias que aqui deixei serem, depois, desenvolvidas por outros, espero que esta não se perca. Força aí!...

E que se acabe – é, de facto, o mais importante – com os “cozinhados” envolvendo as associações mais representativas (no antigo quadro corporativo) para eternizar certas situações ao nível da federação.

Aplaudo o fim do cinzentismo dos compadrios e espero, sinceramente, que os novos parceiros saibam exactamente o que querem.

O que, digo-o sem complexos, ao nível do Ciclismo não estou tão certo assim.
Cabe-vos mostrar que eu estou errado.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

1029.ª etapa

MUITO BEM, MUITO BEM...

A BOLA e o Record deram-nos hoje - o "nos" é o universo dos leitores e adeptos do Ciclismo - dois importantes trabalhos jornalísticos.

É nossa - aqui o "nossa" é dos jornalistas - obrigação fornecer ao leitor instrumentos para discussão. Foi o que os dois jornais fizeram.

Antes de continuar, quero publicamente - enquanto leitor e amante do Ciclismo (e não só!...) - lamentar a miséria a que chegou o espaço dedicado às Modalidades no terceiro desportivo. Duas... três páginas... É pouco!

Mas passemos à frente!...

Oportuna e passiva de ser considerada importante, a entrevista com o Seleccionador Nacional, que A BOLA publica hoje.

É bom saber que, atempadamente, a Federação Portuguesa de Ciclismo se deu ao trabalho de enviar o Seleccionador a Pequim para ver, in loco, o percurso, e ficou claro que isso é de uma importância extrema. As características do traçado podem ser limitadoras, em relação a alguns dos atletas pré-convocados. O que se fez é exemplo de uma boa política.

Hoje o Seleccionador, que já conhece o traçado, pode, com maior propriedade, escolher os Corredores que a ele melhor se adaptem. Óptimo.

Não me escondo na casca (não sou caracol) quando encontro matéria para criticar o que se faz na Rua de Campolide, mas também não tenho o mínimo complexo em aplaudir a mãos ambas quando é caso disso.

É a grande, a única, a mais pura vantagem de, não só se ser - tal como diz o ditado popular em relação à mulher de César... -, mas também mostrar que se é honesto.

Sempre fiz questão de o ser. E orgulho-me muito de o meu nome ser reconhecido como tal. Que uma notícia sublinhada com a minha assinatura seja encarada sem desconfianças.

Se lá está a minha assinatura... é verdade.

Continuando...

Como diz o Seleccionador nacional, agora é importante que se chegue a uma plataforma de interesse comum, com as diversas equipas. Não é fácil, porque entre os Jogos Olímpicos e a Volta a Portugal o espaço é pouco, mas vamos lá acreditar que é possível conciliar os interesses de todos.

Em relação ao trabalho do Record, com o doutor Luís Horta, constitui documento muito importante para que possamos discutir, agora melhor informados, o problema que se depara ao "gato" - sendo este a(s) autoridade(s) empenhadas na luta contra o doping - na infindável luta contra o "rato".

Foi bom ler que o doutor Luís Horta se constitui como defensor do atleta e que não está, pessoalmente, de acordo com alguns artigos da Lei que se quer impôr a todo o custo. Foi bom.

No resto, não há discussão.

Por um lado, há que não dar tréguas aos - verdadeiramente - batoteiros; pelo outro, não tratar o Cidadão Corredor como cidadão de segunda, ou terceira, só porque é Corredor.

Parabéns a ambos os colegas que - calhou - num dia só nos proporcionaram dois documentos imprescindíveis para que continuemos a acreditar no Ciclismo.

É Gira!...

Foto: xiclista.blogspot.com

segunda-feira, janeiro 07, 2008

1028.ª etapa

CRÉDITO AGRÍCOLA NA VOLTA
AO MAR DO SUL DA CHINA

Terminou de forma bastante positiva a participação da equipa Crédito Agrícola, com Sérgio Ruas em destaque.
O alto de Coloane, local onde se encontra o Templo da Deusa A-Ma, foi o palco para o encerramento desta 12.ª edição da Volta ao Mar do Sul da China, edição que marcou a presença da equipa Crédito Agrícola.


A prova que assenta num conjunto de circuitos citadinos, praticamente planos, deixa poucas possibilidades de alteração à classificação geral. Efectivamente, são a primeira e última etapa, únicas com alguma montanha, que ditam o ordenamento da amarela.

Se na primeira etapa a falta de referências relativamente aos principais adversários, ditou um resultado aquém das expectativas, na ultima Sérgio Ruas aproveitou da melhor forma a chegada ao alto para rectificar a sua prestação nesta prova.

As nove voltas ao Circuito de Coloane foram percorridas de uma forma bastante rápida, várias tentativas de fuga obrigaram a equipa do lider a trabalho reforçado, as diferenças entre os principais candidatos eram bastante curtas. Fábio Ferreira chegou a integrar o grupo que rodou várias voltas à frente do pelotão, conseguindo ser 3.º na meta volante do dia.

Na subida para o alto de Coloane foi a vez de Sérgio Ruas tentar a sua sorte, mas não foi capaz de suplantar o japonês Nishitani e o camisola amarela, primeiro e segundo classificados na meta. O terceiro lugar de Ruas, premeia uma participação bastante positiva, numa altura da época onde a forma fisica ainda não é a melhor.

Com esta participação ficou em aberto, não só a possibilidade de se repetir a presença na proxima edição, mas também a participação da equipa na Volta a Hong-Kong e Shanghai a realizar em Abril.

Texto do G. I. da equipa Crédito Agrícola
(Obrigado Fernando Mota)

domingo, janeiro 06, 2008

1027.ª etapa

NÃO, NÃO E... NÃO!

A coisa Operação Puerto está cada vez mais parecida com aquele anúncio que há 30 anos identificava determinada marca de automóveis. Veio para ficar.

Daqui a 20 anos ainda estaremos a ler que, fulano, filho de sicrano que foi um dos implicados no inicio do Século na então chamada Operação Puerto...

Se vou aprendendo a conviver com opiniões de quem de ciclismo nada percebe, custa-me ler certos testemunhos (aqui).
O citado reconhece, implicitamente, que em Portugal - "mas não só, noutros países também..." - se acolhem... tramposos.

Custa-me que seja de dentro da própria Família do Ciclismo - e este Família nada tem a ver com Nápoles ou Palermo, atenção a isso!... - que vêm escritos ou declarações que fazem tábua raza de uma coisa que qualquer iniciado sabe.

Portugal está a ser porto de abrigo para os (presumivelmente) implicados na Operação Puerto, escreve o diário desportivo espanhol AS.

Devíamos tentar começar por esclarecer a opinião pública. Eu já o fiz, por mais de uma vez, e ainda não me cansei. Continuarei, portanto.

A Operação Puerto foi uma iniciativa policial que visava desmascarar - logo, juntar as provas necessárias para que fossem indiciados, levados a julgamento e, possivelmente, condenados - os responsáveis por uma presumível rede de tráfico de produtos dopantes e de recurso a métodos também eles proíbidos.

Por má condução do processo policial, ou seja lá porque foi, a Operação Puerto hoje é... NADA.

O doutor Fuentes está aí, livre como um passarinho; o senhor Manuel Sáiz ambém e, mesmo o senhor Ignácio Labarta - cheguei a ler que teria sido preso - não creio que esteja privado da sua liberdade.

Que sobra?
Que todos desconfiamos que não é só com bifes e batatas fritas que se sobem os Alpes ou os Pirenéus? Desconfiamos ou sabemos? E quem é que sabe? E se sabe... porque não ajuda a desmascarar os presumíveis culpados?

A começar pela Federação Portuguesa de Ciclismo.
Se o seu presidente insiste estar certo que em Portugal se faz batota... o que o impede de abrir processos de investigação e denúncia dos eventuais culpados?

Há um jornal diário, genérico, dos chamados de referência, que há meses vem a martelar no Ciclismo usando tudo o que lhe é sevido de bandeja. Os artigos de outros jornais (estrangeiros), os serviços de agência, as declarações do presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo.

Que eu tenha dado por isso - e sabem que estou atento - nem uma linhazinha de trabalho próprio, fundamentado. O que, no caso, equivalaria a dizer de denúncia clara de que há batota do Ciclismo português. Não!

Ninguém sabe, ninguém vê... mas todos acham que sim!
E daí até se partir para as declarações fáceis fica um passinho de anão.

E agora vem o AS, que aqui há três anos patrocinou - garantindo a reforma, bem (muito bem) paga de um arrependido - o primeiro grande escândalo sobre isso dos métodos proíbidos, numa de moralista.
E encontrou quem lhe sustente a posição face à crua e fria realidade que se abateu sobre o Ciclismo ibérico.
Só que visto do lado de lá.

E a ideia é bem clara: Portugal, as equipas portuguesas, estão a aproveitar-se da desgraça alheia para reforçarem o seu próprio ciclismo. A pagar ordenados de 500 ou 600 contos/mês a quem ainda há dois anos cobrava cinco ou seis mil.

É penalizador para as equipas nacionais o reconhecer-se isto num jornal espanhol.

Claro que as formações lusas antes não tinham hipóteses de ter nos seus plantéis três ou quatro Corredores a ganharem 5 mil contos/mês... mas não as apontem como vampiros sanguinários.

Elas não têm culpa da conjuntura actual e - digo-o e sublinho-o - fazem muito bem em, mesmo que tenham que abrir um pouco os cordões à bolsa, garantir reforços que o são mesmo e que, provavelmente é verdade, estão a preço de saldo e até deverão sentir-se agradecidos...
Percebem nestra frase que a única parte que não tem responsabilidade são as equipas portuguesas?

Resumindo, não tem razão o AS, que há três anos arranjou uma grande história a troco de choruda quantia e, se não lhe deu seguimento - nomeadamento como sequência à Operação Puerto - foi porque... ou não há história para contar, ou não encontrou quem se vendesse.
E não tem razão quem, neste quadro, lhes dá de borla matéria para artigos deste tipo.

Sendo que, como se dizia tradicionalmente, se alguém tem alguma coisa a dizer que o faça agora ou... se cale para sempre.

1026.ª etapa

TODOS A PEDALAR EM GAIA

O Gaia Clube de Ciclismo vai mais uma vez promover o Convívio Cicloturista de apresentação da equipa de ciclismo profissional Barbot-Siper denominado "Pedalar em Gaia", a realizar no próximo dia 20 de Janeiro.

A concentração realizar-se-á no Complexo Desportivo de Pedroso pelas 10.00 horas da manhã percorrerá 30 quilómetros até ao Cais de Gaia onde terminará por volta das 11.30 horas da manhã.

O evento contará com a presença de vários ciclistas profiisionais, com a equipa Barbot-Siper, com várias personalidades da área politica e social, bem como de personalidades marcantes do ciclismo nacional.

As inscrições/confirmações devem ser efectuadas para:
Associação de Cicloturismo do Norte
Tel: 225103641
Fax: 225104543
Email: acnorte@portugalmail.pt

(Texto do G.I. da Barbot-Siper)

sábado, janeiro 05, 2008

1025.ª etapa

ONDE PÁRA O RUBÉN PLAZA?

No sítio Oficial da União Ciclista Internacional (UCI), a única equipa Profissional Continental lusitana, o Sport Lisboa e Benfica, só tem 14 corredores inscritos.
De todos os anunciados, falta o espanhol Rubén Plaza.
Porquê?
Que se passa?
Alguém sabe?

1024.ª etapa

SAMORA CORREIA PODERÁ TER
UMA ETAPA DA VOLTA A PORTUGAL


Embora tenha acabado por ser pacífica – mais, bastante compreensiva até – a aceitação, por parte dos grandes patrocinadores, da anulação do Lisboa-Dakar, e de, pelo que me foi dado ler, a CM Lisboa se não ter manifestado, tanto os presidentes dos municípios de Portimão como o de Benavente defenderam-se esgrimindo que os investimentos feitos para acolherem a passagem e o final de etapa do famoso rali o foram com dinheiros públicos que não poderão deixar de ser repostos, uma vez que o evento não chegou a sair.

Com Portimão já a João Lagos Sports vinha a colaborar, curiosamente, desde o momento em que acordou a parceria com a ASO para fazer sair o raid de Lisboa. Portimão recebia uma etapa do Dakar e albergava ainda toda a estrutura envolvente da Volta a Portugal em bicicleta, que saiu da cidade da Foz do Arade nos dois últimos anos e será ainda partida da principal corrida do calendário português este ano.

O milhão e meio de euros que Portimão investiu este ano no Dakar poderão vir a ser diluídos numa extensão do contrato para ter a Volta, o mesmo acontecendo com o município de Benavente que gastou 30 mil euros na preparação das infra-estruturas necessárias para ter duas Zona Espectáculo (ZE) na área da freguesia de Samora Correia.

Neste caso, e com mais um pequenino esforço por parte da autarquia – o que a JLS tentará negociar pois, para além de evitar ter de devolver dinheiro, ainda iria conseguir ganhar algum -, Samora Correia poderia receber a 2.ª etapa da próxima Volta - que há-de vir de Beja – naquilo que seria a estreia absoluta desta vila, em franca expansão económica, no mapa da Volta.

P.S.: Esta decisão da ASO há-de ter sido das mais difíceis que jamais algum organizador de um evento desportivo teve de tomar e não facilitemos, ao optar pela anulação de uma corrida com o peso do Dakar, foi porque as razões foram, realmente, preocupantes. Tão preocupantes como o facto de a proposta ter vindo do próprio governo francês, sustentada por informações reais dos seus serviços secretos.
Hoje ainda havia muita gente a manifestar-se contrária à anulação mas ponham-se na pele de Patrick Clerc, CEO da ASO. Se se tivesse partido e depois acontecesse um incidente que nem imaginamos o que poderia ser… aí sim, seria o fim da ASO.
Lamento, não sei se o Dakar (nos moldes em que o conhecemos) vai resistir a este golpe, mas tenho que concordar com a decisão de não pôr em risco a segurança – ou a vida – nem que tivesse sido de um único membro da caravana.
E não, o terrorismo não ganhou.
Ganharia, isso sim, se daqui a uma semana tivéssemos que estar a lidar com uma dezena de mortos ou meia centena de reféns que depois seriam usados como moeda de troca para que se libertassem mais terroristas.

terça-feira, janeiro 01, 2008

Bom 2008

Estes são os votos normais nesta altura do ano, que não queria deixar de transmitir, especialmente para os apaixonados do ciclismo.

No último dia do ano, um amigo meu, também ele fã das bicicletas, benfiquista como eu, enviou-me um mail, que deixo de seguida:

É impressão minha, ou andamos um bocadinho a dormir?
No final da temporada vamos ver quem andou distraído.

Bom 2008 para todos.

1023.ª etapa

ANO NOVO, OS PROBLEMAS DE SEMPRE

Começamos hoje mais um ano. Como de costume, são as maiores as expectativas em relação aos próximos doze meses mas, no fundo, todos sabemos que, no que é essencial, pouca coisa irá mudar. A não ser que nos saia o... Euromilhões.

Em relação ao Ciclismo, é justo que todos peçamos uma temporada na qual os noticiários que nos relatem os feitos desportivos batam, de vez, aqueles que só falam da modalidade por causa do doping. Como se este fosse um exclusivo do Ciclismo.

Para começar, recomendo esta entrevista concedida pelo nosso bem conhecido David Bernabéu - que venceu a Volta a Portugal em 2004, pela Maia, e que este ano correrá com as cores da Barbot-Siper - ao Deportista Digital. Aqui.