NÃO, NÃO E... NÃO!
A coisa Operação Puerto está cada vez mais parecida com aquele anúncio que há 30 anos identificava determinada marca de automóveis. Veio para ficar.
Daqui a 20 anos ainda estaremos a ler que, fulano, filho de sicrano que foi um dos implicados no inicio do Século na então chamada Operação Puerto...
Se vou aprendendo a conviver com opiniões de quem de ciclismo nada percebe, custa-me ler certos testemunhos (aqui).
O citado reconhece, implicitamente, que em Portugal - "mas não só, noutros países também..." - se acolhem... tramposos.
Custa-me que seja de dentro da própria Família do Ciclismo - e este Família nada tem a ver com Nápoles ou Palermo, atenção a isso!... - que vêm escritos ou declarações que fazem tábua raza de uma coisa que qualquer iniciado sabe.
Portugal está a ser porto de abrigo para os (presumivelmente) implicados na Operação Puerto, escreve o diário desportivo espanhol AS.
Devíamos tentar começar por esclarecer a opinião pública. Eu já o fiz, por mais de uma vez, e ainda não me cansei. Continuarei, portanto.
A Operação Puerto foi uma iniciativa policial que visava desmascarar - logo, juntar as provas necessárias para que fossem indiciados, levados a julgamento e, possivelmente, condenados - os responsáveis por uma presumível rede de tráfico de produtos dopantes e de recurso a métodos também eles proíbidos.
Por má condução do processo policial, ou seja lá porque foi, a Operação Puerto hoje é... NADA.
O doutor Fuentes está aí, livre como um passarinho; o senhor Manuel Sáiz ambém e, mesmo o senhor Ignácio Labarta - cheguei a ler que teria sido preso - não creio que esteja privado da sua liberdade.
Que sobra?
Que todos desconfiamos que não é só com bifes e batatas fritas que se sobem os Alpes ou os Pirenéus? Desconfiamos ou sabemos? E quem é que sabe? E se sabe... porque não ajuda a desmascarar os presumíveis culpados?
A começar pela Federação Portuguesa de Ciclismo.
Se o seu presidente insiste estar certo que em Portugal se faz batota... o que o impede de abrir processos de investigação e denúncia dos eventuais culpados?
Há um jornal diário, genérico, dos chamados de referência, que há meses vem a martelar no Ciclismo usando tudo o que lhe é sevido de bandeja. Os artigos de outros jornais (estrangeiros), os serviços de agência, as declarações do presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo.
Que eu tenha dado por isso - e sabem que estou atento - nem uma linhazinha de trabalho próprio, fundamentado. O que, no caso, equivalaria a dizer de denúncia clara de que há batota do Ciclismo português. Não!
Ninguém sabe, ninguém vê... mas todos acham que sim!
E daí até se partir para as declarações fáceis fica um passinho de anão.
E agora vem o AS, que aqui há três anos patrocinou - garantindo a reforma, bem (muito bem) paga de um arrependido - o primeiro grande escândalo sobre isso dos métodos proíbidos, numa de moralista.
E encontrou quem lhe sustente a posição face à crua e fria realidade que se abateu sobre o Ciclismo ibérico.
Só que visto do lado de lá.
E a ideia é bem clara: Portugal, as equipas portuguesas, estão a aproveitar-se da desgraça alheia para reforçarem o seu próprio ciclismo. A pagar ordenados de 500 ou 600 contos/mês a quem ainda há dois anos cobrava cinco ou seis mil.
É penalizador para as equipas nacionais o reconhecer-se isto num jornal espanhol.
Claro que as formações lusas antes não tinham hipóteses de ter nos seus plantéis três ou quatro Corredores a ganharem 5 mil contos/mês... mas não as apontem como vampiros sanguinários.
Elas não têm culpa da conjuntura actual e - digo-o e sublinho-o - fazem muito bem em, mesmo que tenham que abrir um pouco os cordões à bolsa, garantir reforços que o são mesmo e que, provavelmente é verdade, estão a preço de saldo e até deverão sentir-se agradecidos...
Percebem nestra frase que a única parte que não tem responsabilidade são as equipas portuguesas?
Resumindo, não tem razão o AS, que há três anos arranjou uma grande história a troco de choruda quantia e, se não lhe deu seguimento - nomeadamento como sequência à Operação Puerto - foi porque... ou não há história para contar, ou não encontrou quem se vendesse.
E não tem razão quem, neste quadro, lhes dá de borla matéria para artigos deste tipo.
Sendo que, como se dizia tradicionalmente, se alguém tem alguma coisa a dizer que o faça agora ou... se cale para sempre.
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