(Que apanharam jogadores de futebol [*] mas...
fecharam os olhos!)
A Agência Antidoping Francesa (AFLD) voltou hoje [9 de Abril] a acusar Lance Armstrong de ter quebrado as regras antidopagem durante um controlo surpresa efectuado no país a 17 de Março.
A AFLD anunciou ainda ter recebido autorização da Agência Mundial Antidopagem (AMA) para abrir um inquérito, mas não revelou se o vai fazer, nem em que sanções o ciclista pode incorrer.
“Ainda não. Vamos ver”, respondeu Pierre Bordry, presidente da AFLD, quando a agência AP lhe perguntou se iria ser aberto um procedimento disciplinar contra Armstrong.
Este caso iniciou-se a 17 de Março, dia em que a AFLD efectuou um controlo surpresa ao ciclista americano, enquanto este se treinava no Sul de França.
A AFLD acusa o corredor de não ter cumprido as regras, ao “não respeitar a obrigação de permanecer sob observação directa e permanente da pessoa encarregada de efectuar o teste”.
A AFLD explica que o relatório do responsável pelo teste foi enviado para a União Ciclista Internacional (UCI), pelo facto de Armstrong residir nos Estados Unidos e ter uma licença emitida pela federação norte-americana, tendo sido também informada a Agência Mundial Antidopagem (AMA).
O presidente da AMA, Pat McQuaid, respondeu à Agência Francesa, afirmando “que a interpretação acordada do código mundial antidopagem e do regulamento antidoping confere à AFLD a abertura de um eventual procedimento disciplinar contra o senhor Armstrong”, lê-se no comunicado emitido pela Agência Francesa, que, no entanto, não revela se o vai fazer.
Armstrong já tinha, na terça-feira, contestado a versão da Agência Francesa, depois de o "L’Equipe" ter noticiado que tinha sido enviado um relatório à UCI.
“Não tentei evitar ou retardar o controlo. Simplesmente vinha de um treino e não tinha a certeza sobre quem era o francês que estava à minha porta. Assim que a UCI me confirmou que estava devidamente autorizado a realizar o controlo, deixei-o recolher todas as amostras que quis”, explicou Armstrong .
“Não sabia que, em França, o Governo pode testar atletas e assume a posição de controlar qualquer atleta que resida ou visita a França”, criticou o ciclista, numa referência ao facto de a Agência Francesa depender do Governo.
No centro da questão estão 20 minutos passados entre a chegada do médico analista e do início do testes. Durante parte deste tempo, explica Armstrong no comunicado, o ciclista ausentou-se para tomar um duche, após o médico ter dito que não havia problema, e enquanto os responsáveis da sua equipa confirmavam com a UCI a identidade e legitimidade do analista, sobre o qual o norte-americano.
Este controlo, o 24.º desde que Armstrong regressou ao ciclismo após três anos e meio de ausência, ficou ainda famoso pela recolha de amostras de cabelo, além de urina e sangue.
O resultado do teste foi negativo, mas volta agora ao topo da actualidade, por causa deste novo confronto entre Armstrong e as autoridades antidoping francesas.
“O teste em questão foi o 24.º controlo surpresa desde que anunciei o regresso ao ciclismo no último Outono. Os primeiros 23 decorreram sem qualquer problema e todos deram resultado negativo. Este 24.º teste, que incluiu análises de urina, sangue e de uma quantidade substancial do meu cabelo, também deu negativo”, sublinhou Armstrong no seu comunicado, considerando “incrível” que, após tantos controlos, apenas este tenha provocado “alegações insultuosas” e “fugas negativas para a imprensa”.
O americano acusou ainda as autoridades francesas de conduta “inapropriada”.
“Peço desculpa por estarem desiludidos pelo facto de os testes terem sido todos negativos, mas eu não uso drogas ou substâncias proibidas. Como sempre, estarei disponível para ser controlado em qualquer altura e em qualquer lugar”, concluiu Armstrong, respondendo, mais uma vez, às suspeitas existentes em França de que recorria (ou recorre) ao doping.
Em 2005, o jornal "L'Equipe" noticiou que amostras de urina de Armstrong de 1999 continham vestígios de eritropoietina, uma substância proibida. O americano, porém, nunca chumbou num teste e foi ilibado por uma investigação de um perito holandês nomeado pela UCI.
A AFLD chegou a desafiar Armstrong para serem feitos novos testes às amostras de 1999, mas o texano recusou, alegando que estas podem ter sido contaminadas.
(Texto da autoria de Hugo Daniel Sousa /Público)
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