terça-feira, março 17, 2009

II - Etapa 348

ATENÇÃO! O FUTEBOL MEXEU-SE...

Edição de hoje, terça-feira dia 17 de Março de 2009, do jornal O Jogo. Página 40. A última.

Exactamente!
Nada que eu não esteja farto de aqui escrever.

Eu sei, eu sei. Eu sei da minha insignificância e da insignificância deste espaço, apesar de já ter causado brotoeja a muito boa gente! Por isso não sustive um sorriso meio... malandro, ao ver a notícia.

Não sou eu - mas insisto que já aqui o denunciei -, é o doutor Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) quem o afirma. Afirma a mesmíssima coisa que eu estou careca de escrever: 'Novo regime antidopagem [é] contrário à Constituição'.

Claro que é. Ao limitar Liberdades e Direitos dos Cidadãos atropela de forma indigna a Lei Geral do País. E não me venham dizer que o importante é a 'verdade desportiva' pois já sabem a resposta: Qual verdade desportiva?

Mas como homem de Leis, que é, Joaquim Evangelista, que ontem mesmo terá sido recebido na Assembleia da República pela Comissão Parlamentar para a Educação, Ciência e Desporto, teve a preocupação de, antes, pedir - desconheço a que entidade - um parecer sobre a constitucionalidade do regime antidopagem e apresentou-se escudado com um documento onde, segundo a Agência Lusa, citada no artigo de O Jogo, é demonstrado que existe nele, no regime antidopagem, 'Violação de Direitos Fundamentais'.

Que novidade!

Mas leiam, os que ainda não leram, o artigo de O Jogo. Vou tentar fazer com que seja possível aqui mesmo (clicando na imagem) para os que perderam o jornal de ontem.

Antes ainda de falar no facto de o futebol já se ter mexido, peço a vossa atenção para a parte que destaquei no texto.

Nela se diz que, a nível internacional, este novo regime, e cito : '[mereceu] forte contestação, que individual (caso de Rafael Nadal) e colectiva...'

Hellás!
O nome de Rafael Nadal, esse fenómeno do ténis espanhol e mundial, tal como referências às equipas de futebol do Real Madrid, Valência e Barcelona não foram citados logo, logo na aurora da Operatión Puerto?
Foram!
Foram que eu bem me lembro.
Mais, tenho guardados os recortes.

Mas rapidamente foram 'apagados' ficando apenas a arder na fogueira os pretensos pseudónimos de quem?
Dos Corredores de Ciclismo, pois então!

'O valor da verdade desportiva não poderá estar num plano superior ao dos Direitos, Liberdades e garantias dos praticantes desportivos', lê-se no mesmo artigo.

A verdade é que este primeiro 'alerta' parte do Sindicato, mas esperem, se nada, entretanto, for mudado pela reacção dos grandes patrões.

É que, não sei se se deram conta disso, e atropelando de forma vil os mesmíssimos Direitos, Liberdades e Garantias que a Constituição reserva a todos os Cidadãos, independentemente da profissão que escolheram, os patrões, os grandes patrões do futebol, português, mas não só, mas não só... há décadas que controlam e punem os seus empregados por coisa tão simples como ir beber um copo à noite. E para isso contam, se não com departamentos especializados, pelo menos com a guarda pretoriana personificadas pelas raivosas claques.

Sabem, não sabem?
Não é preciso, pois, avançar com exemplos...

Portanto, os grandes patrões, das grandes equipas, portuguesas e não só, na prática, sabem onde estão 24 em cada 24 horas os seus craques. E há tanta 'lesão' oportuna a encobrir castigos internos por 'deslizes' dos atletas...

Mas no futebol ninguém se atreve a ir além do politicamente correcto.

Aliás, alguém tem dúvidas de que a 'carga cega' sobre os Corredores de Ciclismo - mesmo que 'patrocinada' pelas próprias federações - não serviu para desviar atenções sobre outras modalidades?
Eu não tenho dúvidas!

Ora, se os patrões do futebol - e aqui não posso deixar de sublinhar a 'cegueira' do SJPF - controlam os seus atletas 24 sobre 24 horas... porque é que descobriram agora (já o escrevi, agora foi o SJPF, mas esperem pela reacção dos patrões se as coisas não arrepiarem caminho, esperem...) que o regime antidopagem viola a Constituição?
O que eles já fazem não viola também?

É que passam a ser os Milhões de €uros dos patrocinadores a ficarem no fio da navalha.
Ah, pois é!
E eles não vão permitir isso.
Vai uma aposta?

Resta-me - por agora - sublinhar o meu lamento (que o veemente protesto não o calo há quase três anos) por ter sido obrigado a testemunhar os sucessivos tiros no próprio pé por parte do Ciclismo.

Principalmente em Portugal.
Porquê?
Que ganhámos com tudo o que se passou, por exemplo, no último ano?

Destruíram uma equipa quando, quem quiser ser sério, terá de admitir o quanto desonesto foi todo o processo.

Eu gostaria de ter visto, naquela manhã de 19 de Maio de 2008, TODAS as equipas a serem alvo da mesma operação policial, com a ilegal intromissão do CNAD.

Até hoje, a não falta muito para se cumprir um ano sobre o acontecido, ninguém arriscou escrever o que poderia ter acontecido.
Mas é óbvio.
Não teríamos equipas profissionais este ano...
Aliás, não teríamos tido equipas portuguesas na Volta do ano passado.

(E vou cometer uma inconfidência. Uma hora após o final da Volta de 2008 recebi uma mensagem - que guardo, naturalmente - com um desabafo: 'Amigo Manel, agora já não sei se fiz bem em ter deixado o Póvoa de fora...)

Porque, acima de tudo, do que eu gosto é do Ciclismo, não consigo perdoar a quem, cirúrgicamente [e não é qualquer tipo de 'indirecta'] destruiu uma equipa.
Apenas aquela que mais longe levou o nome de Portugal.
A que, erradamente - tal foi sempre a sua superioridade em relação às demais -, ganhou para Portugal o respeito do grande pelotão mundial.

Será que conseguem adormecer tranquilos?
Todos os que contribuíram para aquele linchamento público?

Que, contudo, e atenção a isto, ainda não conseguiram provar nos locais próprios, coisíssima nenhuma!
Não podemos, nem devemos aceitar o caso como encerrado porque ainda o não está.

Vamos lá ver o que é que vai acontecer, a partir do momento em que o 'Rei' Futebol entra na contestação...

2 comentários:

Marina Albino disse...

De facto é admirável como é que o Sindicato dos Jogadores de Futebol,só agora venha insurgir-se contra os formulários de localização.
Ou seja o que se presume é que nunca foram aplicáveis aos futebolistas.
Só no ciclismo é que o CNAD mandava a Federação impôr aos atletas o dito formulário .
A ilegalidade do formulário existe e a Comissão Nacional da Protecção de Dados sancionou a UVP/FPC por tal situação. Tal noticia não teve como é óbvio honras de jornal, mas os referidos jornalistas que tão à saciedade quiseram fazer do processo do João Cabreira relativo à localização em Espanha, um filme, não se questionaram um só momento da legalidade de obrigação de localização , nem da legalidade da operação do CNAD em terras de Espanha.
Realmente o ciclismo anda muito à frente no caminho para o abismo.
Com isto reitero o seguinte:
O controlo antidopagem fora de competição é essencial!
O formulário de localização do ponto de vista dos direitos e garantias protegidos pela constituição, é violador de conceitos tidos como essenciais.
Há que haver a necessária ponderação na criação dos instrumentos que permitam uma maior eficácia nos controlos e tal situação passa antes de tudo o mais pela formação adequada daqueles que fazem o controlo, da clareza das regras e da boa aplicabilidade das mesmas sob pena dos atletas serem vitimas de processos pouco claros que os levam a serem suspensos

mzmadeira disse...

Obrigado Doutora, pelos esclarecimentos...