sexta-feira, abril 17, 2009

II - Etapa 381

CLÁSSICA DA PRIMAVERA
(Etapa re-editada a 18 de Abril)

Primeira Nota: Não vão acusar-me de fugir com o 'dito cujo' à seringa porque faço questão de manter, no final desta Etapa, o escrito original ao qual não retiro uma vírgula (com a excepção, é evidente, à parte da homologação que, como devem ter percebido, não foi mais que um lapso - rectifico aqui, mas mão toco na mensagem inicial -, pois uma corrida não é homologada previamente; uma corrida não é sequer homologada; o que o é são os seus resultados; como toda a gente sabe).

Segunda Nota: Coloquei mal a situação. Reconheço-o. Deixei 'falar' o coração e não fui rigoroso. Alguns dos Comentários que me foram enviados foram feitos na base da menos rigorosa apresentação da questão fulcral. E, caro Afonso, por isso não publico o teu comentário. Há ainda outro comentário, de alguém que não se identifica claramente, que também não não vou publicar. Porque acho que foi a forma como aqui deixei a questão que vos levou àquelas reacções.

Vamos então ao essencial.

E começo pelo que é, de facto, importante.

Amanhã, pelas 11.00 horas, com partida da Esplanada do Carvalhido, na Póvoa de Varzim, realiza-se a 15.ª edição da Clássica da Primavera que tem 143,7 km e terminará, como habitualmente, na Avenida dos Banhos, por volta das três da tarde, com quatro passagens pelo Alto de São Félix. Quem conhece sabe o que significa.

Mas o que hoje teve lugar não deixa de ter - não tem, definitivamente - menos importância.

E, antes de me pronunciar, deixo aqui a mensagem do presidente do Clube Desportivo e Cultural de Navais, o senhor José da Silva Alves.


No ano em que o Centro Desportivo e Cultural de Navais comemora o seu 28.º aniversário a “Clássica da Primavera” atinge a sua 15.ª edição. Tal facto, por si só, já é importante, mas para assinalar esta longevidade era importante inovar e para tal vamos também organizar a 1.ª Prova de Ciclismo para Todos, desta feita quem quiser participar na festa do ciclismo poderá mostrar as suas capacidades e associar-se a esta prova que pretende ser, como se percebe, um hino à modalidade, endereçamos a todos o convite para se inscreverem (…/…) contamos com todos.

Em todo o concelho da Póvoa de Varzim o CDC Navais é a única colectividade que assume o
ciclismo como actividade relevante, muito para além das actividades ciclistas de carácter turístico-cultural que ocorrem um pouco por todo o concelho.

A “Clássica da Primavera” não surge como uma iniciativa desgarrada, ou como um esforço de busca de um evento que, pela diferença, suscite atenções.

Bem pelo contrário. Esta competição velocipédica é o natural corolário de uma actividade que na Póvoa de Varzim, todos consideramos identificadora de Navais, enquanto versão competitiva, Navais, sempre ao longo da sua história, esteve ao lado do ciclismo e desde o início dos anos 80 esta colectividade esteve no ciclismo competindo ao mais alto nível ainda o ciclismo era um desporto popular, com equipas federadas, mas com um forte impulso de equipas populares. Nessa altura foram conseguidas honrosas classificações e inclusive campeões Nacionais da modalidade.

Várias entidades e parceiros económicos do Município da Póvoa de Varzim não poderiam, em coerência, deixar de apoiar esta iniciativa cujos grandes vectores de acção privilegiam uma
crescente ligação da população ao uso da bicicleta sob a vertente de lazer, por um lado promovesse a modalidade, por outro permite-se uma maior consciência ambiental e de bem estar, esta modalidade e aglutinadora de inúmeras sinergias que têm nesta iniciativa o seu veículo promocional.

De referir que ao longo dos últimos anos tem sido necessário um número significativo de
colaboradores, desde a preocupação com a segurança até a necessidade de divulgação. Neste sector temos nos meios de comunicação local importantes veículos de divulgação e de afirmação do crescimento desta iniciativa. Para todos eles temos de estender a nossa admiração e continuo apelo, para que, continuem a estar ao lado desta iniciativa pois só desta forma poderemos continuar a crescer.

7 de Abril de 2009
O Presidente do Centro Desportivo e Cultural de Navais


Posto isto, volto a assumir a responsabilidade pelo texto. Que se segue.
Hoje realizou-se um encontro - não foi mais do que isso - de amantes do Ciclismo que, unicamente ligados por isso, fizeram do Ciclismo uma FESTA. E como a modalidade está carente...

Esse encontro foi pensado desde o início para ser parte, antecedendo-a, da "Clássica da Primavera", uma prova que vai conseguindo manter-se no Calendário quando muitas outras - e posso dar o exemplo da Volta a Trás-os-Montes - 'vão caindo'. Os homens que dedicam parte do seu tempo e muita, muita persistência, para a manter de pé deviam merecer um mínimo de respeito. Porque são eles, e outros como eles, que ainda vão sustentando o Ciclismo nacional. Mesmo quando as 'grandes organizações' claudicam.

Era pouco mais que um passeio de bicicleta. Contudo, apercebendo-se que um dos participantes - reforço, num passeio de bicicleta - era o Manel Zeferino (eu nem devia escrever isto, mas escrevo, a "Clássica da Primavera" tem, desde há, creio, dois anos, o apodo de Troféu José Zeferino; os mais novos ignoram a história, mas eu digo... José Zeferino era irmão do Manel, que faleceu, após uma queda, em Castro Verde, no decurso de uma Volta ao Algarve), volto atrás para se não perder o fio à meada... apercebendo-se que um dos inscritos era o Manel Zeferino, a FPC avisou que não permitiria o reconhecimento - é o termo correcto - da prova se ele não fosse impedido de alinhar.

E como impedir o Manel de alinhar... num passeio de bicicleta estreitamente ligado à prova que homenageia a memória do seu próprio irmão?

Há limites para tudo. E foi nesta amálgama de sentimentos que eu me enrolei todo no conteúdo original desta Etapa. Espero ter sido, agora, bem mais claro.

Impedir o Manel de correr seria, de facto, cumprir os regulamentos, porque ele está suspenso.
Seria?
O Manel há anos que deixou de ter uma licença de Corredor. Tem uma de Director-desportivo e o director-desportivo está suspenso. Sem culpa formada, mas está.

Que raio de alínea, em que raio de regulamento, é que estará escrito que NUMA CORRIDA PARA TODOS, em que qualquer um, federado ou não, com bicicleta de estrada, com qualquer outro modelo de máquina, pode correr e o Manel não?

Parece perseguição?
Não!... É perseguição...

Não concordo, mas até aceito que um Corredor de Estrada, estando sob suspensão, não pode alinhar em nenhuma prova - seja ela lá qual fôr - porque a sua licença de Corredor está suspensa, mas o Manel Zeferino NÃO TEM licença de Corredor.
Sob que argumento o poderiam impedir de alinhar numa prova... POPULAR?
Onde alinhou, tenho absoluta certeza, muita gente sem qualquer espécie de licença.

Isso, digam que sou eu que tenho mau feitio...

Não digo mais nada, a não ser...

Manel, um grande e forte abraço de solidariedade deste teu amigo incondicional que assina o nome por baixo

Manuel José Madeira

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SEMPRE A RAZÃO DA FORÇA...

O Centro Desportivo e Cultural de Navais organiza no dia 18 de Abril (amanhã) uma prova de ciclismo designada 1.ª Clássica da Primavera para Todos - prova aberta a todos os utilizadores de bicicleta (federados ou não) e a qualquer tipo de bicicleta - que irá percorrer o mesmo traçado da prova para os ciclistas profissionais.


Vai ser uma corrida... 'clandestina' porque a FPC vetou a sua homologação apenas por uma razão: o Manel Zeferino vai corrê-la.
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8 comentários:

cristina neves disse...

é o cumulo da vergonha!!!!!

Zé, espero ver-te em breve.

Paulo Sousa disse...

Cristina,

Gostemos ou não, não trata do cumulo da vergonha, mas sim de se cumprirem os regulamentos, independentemente da nossa opinião em relação aos mesmos.

afonsazevedo disse...

Vergonha é o que a federação tem andado a fazer (ou não!) estes meses.

Mas o cumulo é o Pedro Cardoso ir aos Açores apadrinhar um evento de BTT e a Federação na pessoa do Sr. Delmino Pereira ligar para PROIBIR o Pedro de participar no evento, devido a este ter dado entrada em Tribunal com um processo contra a Federação.

Eu não sei mas um dia arrisco a tentar pagar as minhas propinas e alguém da federação ligar para lá para me proibir de estudar!!!

Abraço
Afonso Azevedo

Anónimo disse...

Ó Paulão
Cumprir Regulamentos ? essa é para rir...então não são os COMISSÁRIOS que tem de verificar as condições dos atletas presentes ? Ou esquevce-se do que aconteceu há uns anos em que os ditos COMISSÁRIOS não deixaram alinhar no algarve atletas juniores do norte, só porque havia uma prova no norte ?
Se o Manuel Zeferino está suspenso nã poderia logicamente alinhar na prova; Agora não homolgarem a mesma, só mesmo com este bando que dirige os destinos velocipédicos do País...aliás copiam o chefe

Anónimo disse...

Caro Manuel José Madeira,

Começo por recordar que (como sabe) não sou propriamente um defensor da Federação Portuguesa de Ciclismo ...
Admito também que não conheço a “história” da actividade de hoje (realizada na “área de jurisdição” da Associação de Ciclismo do Porto) e que não acompanhei os desenvolvimentos da mesma.
Estranhei quando li o seu texto onde dizia a que a FPC vetou a homologação pelo facto de o Manuel Zeferino estar inscrito.
Acredite que achei mesmo estranho. Não creio que a FPC (é uma suposição minha) esteja preocupada com isso.
Acredito, isso sim, que tem havido um esforço para que as actividades (as novas e as existentes mas não legalizadas) cumpram as regras mínimas impostas legalmente, lembrando que é uma incumbência da FPC zelar pelo facto.
É que, de acordo com a legislação em vigor, compete à Federação Portuguesa de Ciclismo - detentora do Estatuto de Utilidade Pública Desportiva - regular, organizar e fiscalizar a realização de eventos desportivos da respectiva modalidade, competindo-lhe exercer, em exclusivo, os poderes regulamentares, disciplinares e outros de natureza pública. É nesse pressuposto legal que está incumbida a Federação Portuguesa de Ciclismo de averiguar/fiscalizar se, em acontecimentos desportivos de ciclismo organizados por entidades independentes, se cumprem as regras de segurança mínimas e é respeitada a verdade e éticas desportivas.
Nos termos da legislação, a competência de supervisão é aplicável não apenas aos eventos desportivos estritamente competitivos mas também aos que assumem natureza de manifestações desportivas de carácter lúdico e em eventos realizados na via pública devem ainda ser tidas em consideração as normas em vigor, entre as quais aquelas em que as federações desportivas devem emitir pareceres sobre as actividades.
Por desconhecer em absoluto, a minha pergunta é, portanto, simples: a actividade cumpria os requisitos mínimos para ser legalizada ?

Paulo Sousa disse...

Madeira,

São agora 07:40 e acabei de ler o teu texto. Assim sendo compete esclarecer uma coisa importante e definitiva e que solicito a publicação na integra.

Como vice-presidente da ACPorto:
O Regulamento das Provas Abertas que foi recentemente aprovado prevê este tipo de eventos, contudo é bem explícito ao dizer que qualquer elemento castigado pela U.V.P./F.P.C. não possa participar.
Era conhecimento da Associação de Ciclismo do Porto que o Manuel Zeferino (principal mentor e impulsionador deste evento – relembro também que foi ele que há três anos não deixou “cair” esta Clássica) pretendia participar e que não abdicava de o fazer. Foram várias as reuniões tidas nesse sentido.
Assim sendo a Associação de Ciclismo do Porto nem tão pouco submeteu para a aprovação o programa de corrida á Federação, pelo que a Federação não poderia ter “vetado” nada.

Como Paulão:
O que se passou ontem na Póvoa foi mais uma actividade de Ciclismo popular como tantas outras eu se realizam por esse país fora sem o cunho federativo onde estavam salvaguardados todos os meios de segurança para um evento destes, do qual posso realçar que todos os cruzamentos estavam com policiamento apeado (GNR e PSP) seis motas da GNR-BT, médico, duas ambulâncias mais uma de prevenção no quartel dos bombeiros, protecção civil também no terreno, três motas bandeira amarela experientes (não de um moto clube qualquer como continua a ser hábito) etc., etc., etc.

Pode não ter tido o cunho Federativo, mas segurança teve.

Um abraço e até sempre.

cristina neves disse...

Paulão, desculpe a minha pergunta, mas que regulamentos????? O senhor não tem culpa apenas cumpre o que lhe mandam, mas a nivel de regulamentos a FPC, deixa muito a desejar...os regulamentos não são nem nunca foram usados da mesma forma para toda a "gente" do ciclismo e o Paulão sabe bem disso, e se não sabe é porque simplesmente nunca quis saber ou faz ouvidos moucos como se diz na minha terra. O Sr. com todo o respeito já anda aí á muitos anos...mas nós aqui também já "vos" conhecemos a todos á muitos anos....passem bem. Só quero lembrar uma pequena GRANDE coisa às pessoas ligadas ao ciclismo...o ciclismo está a desaparecer, as pessoas que se intitulam "amantes" da modalidade estão a destrui-la de dia para dia, um dia destes, teremos dirigentes, directores desportivos,etc...blá,blá,blá, na fila da porta de inscrição para o fundo desemprego, porque os ciclistas estão a ser liquidados e esmagados por todo o lado.

cristina neves disse...

quanto a segurança realmente teve, porque se fosse a federação a organizar não se davam a tanto trabalho de segurança e prevenção, e aí de quem me venha dizer o contrário...porque à um tempo atrás uma pessoa disse ..."eu não vi o acidente do Bruno, mas sei que todos os meios estavam ao alcance...", passou 11 meses e nós não estivemos parados como podem imaginar e acreditem, se os meios estivessem todos ao alcance, e se soubessem o minimo de socorrismo, o Bruno poderia ainda estar entre nós, nós que tanto o amamos nós que tantas saudades temos dele...pimenta no cú dos outros para mim é refresco.FOI MAIS UM, A JUNTAR A TANTAS OUTRAS INJUSTIÇAS...