segunda-feira, setembro 11, 2006

222.ª etapa


MALDITA INTERNET! QUE DIGO? BENDITA INTERNET (QUEM TIVER QUE TER VERGONHA... QUE TENHA!)


Terminou ontem, a norte de Lisboa, a última corrida por etapas do calendário deste ano. Terminou a temporada em Portugal e eu fiquei de fora. Pela primeira vez em muitos anos. Sobra-me este espaço para poder ir interagindo com alguns amigos. Outros só conhecidos.

Aqui se levantaram algumas polémicas e, sem querer, sinceramente, deitar gasolina na fogueira, não deixo, por respeito a mim próprio e em relação aos que, comigo comungam a maioria das ideias, digo que, fazendo uso da Internet, ontem estive "a par e passo" com os acontecimentos da derradeira etapa. Ou do último sector da derradeira etapa.

Será que muitos sabem a diferença entre etapa e sector de etapa? Pelo que ouvi, tomando aquilo como exemplo, não. Por isso, mesmo aqui sozinho no meu canto, não pude evitar um esgar de sorriso (porque não podia rir a sério, que foi tão mau).

Corrida na terra.
Rádio local - que é uma daquelas que faz a Volta - a chamar grande parte dos efectivos. Compreendia-se. Ali, sim, compreendia-se. Era evento directamente relacionado com a terra.
Equipas (?) de reportagem (?) espalhadas pelo circuito... Grande expectativa da minha parte.
Umas "entrevistas" daquilo a que na gíria chamamos de "chapa 4".

Já agora explico aos meus leitores donde vem esta expressão: os jornais, nos seus primórdios, tinham apenas uma grande folha que, dobrada em duas, dava 4 páginas. Para o imprimir eram preciso, no entanto, 4 "chapas" - onde se montavam os "tipos" (letras) manualmente. As notícias de actualidade enchiam a primeira página. Grandes e empolados escritos de algumas figuras da altura preenchiam uma outra, a terceira ia com as mortes, nascimentos e casamentos e, finalmente a 4.ª (que não tinha de ser a última, este tão nobre, desde sempre, quanto a primeira), desde cedo se "ofereceu" a folhetins e noticiário menos importante que seriam substituídos caso fosse necessário. Essa "chapa" estava feita de antemão... se não entrasse hoje... entrava amanhã, não havia problema. Por isso, quando faltava matéria se avisava a gráfica que... entrava a "chapa 4".
Perdoar-me-ão estas eruditices!...

Voltemos então à reportagem que, não sei (ainda não sei) se foi bom ou mau ouvir.

Equipas espalhadas pelo perímetro do percurso e reportagem volante, de uma equipa para a outra.
Estamos a acercar-nos do prémio da montanha...
«Sim!... Aqui acabam de passar o dorsal 35, mais o 47, mais o 83, mais...» - teimava o queixo em cair-me. Mas, então... que raio de reportagem... Quem era o 47? e o 83? Mais importante... quem seria o 35 que passara à frente? Eu - como, calculo, 99,999% dos ouvintes - não tinha uma lista com os dorsais e os nomes (eu por acaso, se tivesse querido ter, tinha... mas não a imprimi sequer...).

«Vai fugido um corredor, é o Joaquim Sampaio, um dos veteranos do pelotão» - vá lá... - «que na Volta deste ano até vestiu a camisola amarela»...

Vestiu? No quarto? Se calhar dividia o quarto com o Manuel Cardoso e este deixou-o vesti-la, não sei... posso estar a pecar por ignorância...

«Vem um homem de camisola branca... sim... não... foi sim. Ganhou o Prémio da montanha... este prémio acabou aqui (!)...»
Não seria, tal como todas as outras classificações, só depois de acabar a corrida?

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Aproximam-se os corredores da meta.
«Nuno Ribeiro e Sérgio Ribeiro, dois ribeiros junto ao rio da Vila (poupemmmmmmmm-me!!!!!!!!!!) mas não há hipóteses, mesmo com os 10 segundos de bonificação...»

Aqui abro um parêntises - não seria a primeira vez que uma MEIA-ETAPA aparecia no livro oficial com as mesmas bonificações de uma etapa. 10-6-4, para uma etapa: 6-4-2 para uma meia etapa, é isto que todos os regulamentos dizem. Ou estavam a ler o livro e o livro estava mal, ou desconhecem os regulamentos. E é uma rádio que faz a Volta!

Foi - e não tinha grande esperança que fosse mais do que isso - mau de mais.

No final, as classificações, lidas por uma menina que antes só dizia os números dos dorsais: «1.º Sérgio Ribeiro... tanto tempo; segundo... tanto tempo... terceiro... tanto tempo...» Quais as equipas dos corredores? Ah, se foi para mim que fizeram a emissão, de facto não era necessário que eu sei as equipas e os seus corredores, mas os outros ouvintes?

"Cereja" em cima do bolo. Entrevista com Sérgio Ribeiro, antes de a etapa começar: «Então? gostaria de no final ir à feira do vinho e provar um tinto a acompanhar o bacalhau Barbot?»

O Sérgio ainda disse.. "Barbot são tintas..." e a partida assinalada pelos juízes "salvou" o "jornalista" de dizer mais baboseiras.

Maldita Internet que, estejamos onde estivermos nos permite testemunhar prestações como esta. Bendita Internet, porque não sou eu que devo ficar envergonhado...

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Agora a sério! Se os responsáveis pela acreditação destas pessoas na Volta não puserem a mão na consciência, terá mesmo que ser a norma emanada da UCI a fazê-lo. Ou então expliquem-me o que faz esta gente na Volta.

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