quinta-feira, setembro 28, 2006

241.ª etapa


APESAR DE TUDO, ESTA É UMA FAMÍLIA DE GENTE DE BEM


E vem aquele meu bem hajam, direitinho para os capitalistas - no mais singelo sentido da palavra: aqueles que têm capital - que ainda vão acreditando no ciclismo.

Sinceramente, estou com eles até, porque não vejo motivo para dizer o contrário.

Custa-me ler - principalmente ler, que os OCS que assentam noutras plataformas de comunicação são "solidariamente ausentes" durante toda a temporada, com a excepção da Volta - não sei se mais as trabalhadas loas de reconhecimento a quem teima em acreditar na modalidade, ou quem - com conhecimentos de causa que eu não reconheço - opta pelo duro ataque à modalidade. É que às vezes, querer dizer bem é mais "ofensivo" do que dizer mal só por dizer mal.

Há, desde há muitos anos que há e, graças a deus (lá estou eu outra vez!!!) que continuará a haver quem acredite que o ciclismo não é o "lodaçal" que muitos OCS querem fazer parecer que é. Há "tramposos" - usando uma expressão espanhola que identifica os batoteiros? Há-de haver. Como os há em todos os sectores da sociedade. Desportivamente ou não.

Não é de agora a minha quase "cruzada" - ai a porra! então não consigo escrever dois parágrafos sem uma referência à relegião!!!? - em defesa do ciclismo. Mas não desistirei.

Hoje pudemos ler um artigo num dos jornais desportivos - caramba, as coisas têm nome e eu até gostei muito do artigo: foi n'O JOGO - elogiando a empresa de telecomunicações alemã que há já muitos anos patrocina uma equipa profissional de ciclismo. O que aqueles homens, responsáveis por apresentarem dados no final dos balanços anuais, de justificarem cada euro investido e se tiveram ou não o retorno esperado fizeram foi não confundir a floresta com a árvore apodrecida.
Qual é a floresta que não tem árvores podres?

E descansem os puritanos nesta discussão que não terá sido apenas porque afinal... tudo o que se fale da empresa é publicidade. Não. Há publicidade negativa que pode ser bastante penalizadora. O que os frios homens dos números - neste caso da Telekom alemã - fizeram foi pôr o seu próprio pescoço no cepo pelo ciclismo. Houve um corredor - por "acaso" era só a figura da equipa - que foi além do eticamente aceitável? Sim. Se calhar, sim. Mas, e os outros 24 ou 25? Teriam que ser eles a pagar pelo tal... "tramposo"?

Foi corajosa a tomada de posição da Telekom.

Ao contrário do que alguns "mórmons" ditos adeptos do ciclismo gostavam, ainda há gente muito liberal ligada à modalidade.

E volto ao comentário de hoje n'O JOGO.
A grande verdade é que nenhum dos editores do futebol, seja neste jornal, seja em qualquer outro, seria capaz de escrever um editorial a dizer que não valia a pena os patrocinadores da Liga de futebol continuarem a apostar num desporto, esse sim, no que ao profissional diz respeito, enterrado na "lama" até ao pescoço.

Ele não escreveu "contra" os patrocinadores do ciclismo. Escreveu dando um exemplo de um patrocinador que acredita, o que pressupõe - aliás, como todos nós sabemos, a começar por mim mesmo - que haverá "sponsors" com cada vez mais dúvidas em se "misturarem" numa modalidade que é sistematicamente "varrida" por notícias más.

Deixou uma mensagem de confiança. E é essa mensagem que deve ser lida.

O ciclismo não será abatido pelas "trampas" de meia dúzia de batoteiros. E a esses há que sobrepôr as centenas de honestos trabalhadores que, faça frio ou calor, faça sol ou chuva, saiem todos os dias para a estrada para treinarem de forma a poderem estar em condições para, em competição, defenderem o melhor que puderem as marcas que lhes proporcionam ter um emprego. E estes são a esmagadora maioria.

O que é que eu digo do facto de ser no interior - leia-se: entre os confessos "amantes" - da modalidade que aparecem os seus piores juízes? Por um lado, que exercem o seu juízo de uma forma cegamente implacável. Eu diria isto de uma outra forma, mas que seria extremamente dura em relação a eles. Diria que o que mais os preocupa é... PARECEREM SÉRIOS.

Quando o SER sério é que importa. E dentro de uma família, como dentro de uma equipa, sendo-se sério não há hipóteses de evitar que apareça uma "ovelha negra".

A solução, portanto, não é a de "matar" o ciclismo. Podiamos... tosquiá-lo. Mas creio que isso está a ser feito. Sem ter, na CS, o mesmo impacto de um isolado caso de positivo num qualquer controlo anti-doping.

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