segunda-feira, setembro 11, 2006

223.ª etapa


E NÓS NÃO SABEMOS DISSO?


«Isto já não é um desporto!»
Quem o diz é o alemão Michael Schumacher na edição de hoje d'A BOLA, referindo-se, naturalmente, à Fórmula 1. Onde, há um bom par de anos, anda de 15 em 15 dias "deitado" num banco ergonomicamente moldado ao seu corpo, sofrendo fisicamente, não o nego aqui, ao rodar a altas velocidades, curva para a direita, curva para a esquerda sujeitando o "esqueleto" a demolidoras pressões da força de centrifugação e obrigado a uma concentração brutal durante as duas horas e picos que está na pista... de 15 em 15 dias.
Mas nestes anos ficou 100 vezes mais rico.

Aquilo não é, em definitivo, desporto, quando vejo um futebolista a entrar "à cão" com os pitons das botas às canelas de um colega de profissão. Pode ser que as caneleiras aguentem. Se não aguentarem... irá no dia seguinte ao hospital vê-lo, de perna partida e pedirá desculpa. Quando vejo um futebolista "berrar" impropérios na cara do juíz da partida, indo ao ponto de, valentão, encostar a sua testa de profissional milionário à mui plebeia testa de um amador que se sujeita a tudo.

E que dizer do famoso varista que durante anos só batia o recorde mundial por um centímetro de forma a que no "meeting" seguinte, para além do prémio de presença arrecadasse o "incentivo" por mais um recorde, que ele foi paulatinamente batendo. Centímetro a centímetro. Será desporto?

Só no ciclismo continua a haver alguns ingénuos - no melhor dos sentidos da palavra - que se recusam a ver que de desporto já só resta a memória de outros tempos. E há quanto tempo deixou de o ser? Já leram histórias-confissões de antigos corredores, ainda no tempo do semi-profissionalismo, que tiravam férias dos respectivos empregos para irem à Volta, onde podiam amealhar uns cobres a mais? E até comiam melhor, não sendo raros os casos de quem voltava da Volta... "mais gordinho".

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