[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
sexta-feira, setembro 29, 2006
243.ª etapa
LIÇÃO DE AMOR PELO CICLISMO
A grande transferência para a próxima época – estamos a falar do ciclismo português – é, e não há hipóteses de fugir a isso, a, senão inédita, pelo menos muito pouco usual troca de equipa por parte de um patrocinador.
Conheço o Luís Almeida (“patrão” da LA Alumínios). É uma pessoa simples, de gostos simples e franca convivência. E uma paixão inimputável pelo ciclismo.
Mas porque é que o Luís Almeida resolveu pôr fim a uma ligação que era – sei-o – já mais emocional que… racional com a formação do filho do homem que o convenceu a vir para o ciclismo?
O Vítor Paulo – é um daqueles que não dispenso da minha pequena roda de amigos do peito – terá percebido. Ainda não falei disto com ele, e por isso mesmo escrevo ainda mais à vontade. Também não falei com o Luís Almeida!
O Luís Almeida ganhou amor pelo ciclismo. Deixou que ele dele se apossasse e conseguiu uma coisa digna de relevo, conseguiu reagir de uma forma mais calculista que emocional, sem deixar de ser de forma… apaixonada. É evidente que, emocionalmente, o Luís Almeida nunca esquecerá que há dez anos foi “aliciado” para esta modalidade, que todos amamos, por essa enorme figura que foi Manuel Maduro e por Joaquim Gomes quando, com um grupo de corredores em vias de ficarem desempregados – aquando da extinção da Sicasal-Acral – lhe foram bater à porta. E durante dez anos foi a “almofada” onde a formação nascida na Charneca do Milharado se acomodou.
De há dois anos a esta parte, e graças ao valor da equipa – e disso só são responsáveis (pelo bem, é evidente) – o Vítor Paulo e o Américo Silva, a equipa conquistou o estatuto de a mais forte do nosso pelotão.
Mas atenção – sei o que já estão a pensar – nem a Liberty “abafou” a LA nem o apoio desta passou a ser… residual. Não foi isso. Nem tem nada a ver com alguma coisa que se relacione com a passagem da “marca” LA para segundo plano. Foi mais o Luís Almeida ter percebido que já fizera tudo o que podia fazer por aquela equipa, especificamente, sentindo, ao mesmo tempo, que podia ainda fazer mais alguma coisa pelo… ciclismo.
Não percebo como a Federação Portuguesa de Ciclismo ainda não instituiu um galardão, sei lá, qualquer forma de retribuir o quanto de bom alguns vão fazendo pelo ciclismo luso. Se isso já tivesse sido “inventado”, naquilo que concerne a patrocinadores o Luís Almeida ganhava o prémio. De certeza.
O Luís Almeida mostrou que a sua paixão pelo ciclismo vai muito além da sua ligação mais ou menos estreita com uma equipa. Sabe que não será compreendido por todos, mas não deixou de dar o passo que achou devia dar neste momento.
A equipa que só aconteceu com a ajuda da sua empresa cresceu, de menina fez-se adulta e hoje já anda pelo próprio pé. Como bom “tutor”, o Luís Almeida abraçou-a, num forte abraço e, abertos os braços mostrou-lhe que agora é ela quem fará o seu próprio caminho.
Mas como a tal paixão pelo ciclismo não esmoreceu, ele escolheu outra equipa a quem ajudar agora.
Que todos aceitem com desportivismo aquilo que este homem – que ganhou, por si, o direito a ser considerado como membro da família ciclista – decidiu fazer.
Eu, por mim, tiro-lhe o meu chapéu.
Só precisávamos de mais meia dúzia de “luíses almeidas” para que o nosso ciclismo desse um passo gigantesco em frente. E que as habituais “comadres” deixassem de fazer intriga.
Um grande, grandeeee… enorme abraço ao SENHOR Luís Almeida.
Post Scriptum
Escrevi este artigo há cerca de duas horas e meia atrás. Depois, lembrei-me de uma coisa: estou aqui a falar do Luís Almeida mas... quantas pessoas o conhecerão? E gastei estas duas horas e meia a rebuscar na minha biblioteca de livros e revistas de ciclismo (que os que conhecem sabem que não é pequena) e... nada! Francamente não sei quantas revistas folheei. Vi barrigas e barriguinhas, gravatas e gravatinhas, ministros, presidentes de câmara, speakers, "turistas" q.b., e nem uma foto do Luís Almeida. Hei-de ter por aí concerteza, mas por hoje desisti de procurar. Logo que a ache hei-de pô-la aqui, mas creio que fica demonstrado o quanto este homem é diferente. Nem na entrevista que o Record lhe fez e publicou no passado dia 5 sai a foto do Luís Almeida...
Será que o homem não existe? Existe, mas é dos pouquíssimos que nunca se utilizou do ciclismo para aparecer e a prova é que em mais de 5 metros de prateleiras não encontrei uma única foto sua em nenhuma revista ou jornal. Isto diz alguma coisa acerca da sua personalidade.
Renovo o abraço que lhe enviei há duas horas e 40...
(Não foi fácil, tem pouca qualidade, mas encontrei o "rosto" da notícia!)
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