sábado, setembro 16, 2006

228.ª etapa


MAIS COISAS PARA ENTRETER E QUE NÃO INTERESSAM A NINGUÉM...


Creio que aqui só falei uma vez, e “en passant”, do valiosíssimo documento que o meu querido amigo Guita Júnior nos proporcionou com o seu livro História da Volta. É, para já, o único onde os mais curiosos podem tirar dúvidas, desfazer teimas ou arranjar material para um sem número de curiosas e, concerteza, interessantíssimas discussões.

Por acaso, os dados que eu já vinha a compilar não “batem” 100% certo com o que ali podemos ver, mas isso para aqui não interessa. Falo, claro está, dos números, que no que respeita às estórias não teria o atrevimento de por em causa a autoridade do Guita, homem que testemunhou, no campo, mais de dois terços da história da Volta a Portugal. Nenhum de nós chegará nem perto das 40 e muitas Voltas que o Guita Júnior cobriu como jornalista!

Mas como ia a dizer, isso não interessa, se é verdade que números são números e estão sempre certos, a gente é que pode não saber somá-los. É evidente que vou ter de recomeçar tudo, seja para confirmar os meus dados ou para aceitar, em definitivo, aquelas que este livro nos dá, mas não vou deixar de deixar já aqui duas ou três curiosidades. Poderão vir a ser postas em causa, mas daí também não virá nenhum mal ao Mundo.

É apenas uma daquelas “teimas” ou discussão de mesa de café que comecei por adiantar como exemplo.

A que números cheguei eu então?
Pois bem, nas 68 edições da Volta a Portugal foram disputadas 1257 etapas que tiveram 460 vencedores diferentes. Quase 3 etapas para cada um deles, mas as estatísticas são assim, A verdade é que 46 corredores só ganharam por uma vez; só 22 bisaram e apenas 23 ganharam as tais 3 etapas que, estatisticamente… cada um dos 460 teria ganho (mais ou menos, não levem isto demasiado à risca).



E o primeiro grande destaque vai inteirinho para CÂNDIDO BARBOSA que, com a vitória, este ano, em Beja, consolidou a sua 10.ª posição no “ranking” dos corredores com mais etapas ganhas, somando 16 triunfos. O corredor ainda em actividade que mais se aproxima é… Claus Möller, com apenas 5 vitórias. Dos meus “contemporâneos”, Pedro Silva (12.º) é o segundo melhor classificado (tem 13 vitórias).

A partir destes números é fácil de ver que o Cândido só seria igualado já em 2007 se o Claus Möller ganhasse todas as 11 etapas da próxima edição da Volta, desiderato que nunca nenhum corredor conseguiu em 68 edições. Ganhar TODAS as etapas, que 11 é exactamente o número recorde de etapas ganhas por um corredor numa só edição da Volta. Por um não, por dois: José Maria Nicolau (Benfica), em 1932, e Fernando Moreira (FC Porto) em 1946.

Mas quem é o recordista de vitórias em etapas na Volta?
Pois bem, é Alves Barbosa que somou 33 triunfos. Sempre ao serviço ao Sangalhos e entre 1951 e 1959. Joaquim Agostinho (Sporting) só levou 5 anos para somar 26 triunfos e o já citado Fernando Moreira, em 4 edições chegou às 24 vitórias. Não é impossível ao Cândido Barbosa chegar a estes números, mas não é fácil. Para já, alcançou Alexandre Rua (16 vitórias) e ficou a 4 do trio formado pelo benfiquista José Maria Nicolau e pelos “leões” João Lourenço e Leonel Miranda.

A primeira de todas as etapas de todas as Voltas a Portugal, disputada entre Cacilhas – os corredores saíram do Campo Grande, desceram ao Cais do Sodré e passaram o Tejo de barco – e a cidade de Setúbal foi ganha por Quirino de Oliveira (Campo de Ourique), no dia 26 de Abril de 1927; a última foi ganha pelo espanhol David Blanco (Comunitat Valenciana), o crono entre Idanha-a-Nova e Castelo Branco disputado no último dia 15 de Agosto.

E quanto a líderes? Pelas minhas contas – que já afirmei precisarão ser confirmadas – tivemos 190 camisolas amarelas nesta 68 Voltas e Cândido Barbosa volta a ser o corredor em actividade com mais dias de amarelo vestido: 6. Num longoooo pelotão de nomes com os mesmos dias de líder. Por acaso, os primeiro e último líderes da Volta são os mesmos que nomeei como vencedores da 1.ª e da última etapa da prova, até este ano. Podia até nem acontecer assim, mas acontece.

O grande destaque, neste campo, para além do “pormenor” de quem é o corredor com mais dias de liderança, assenta no facto de dois – apenas dois – corredores terem feito voltas vestidos de amarelo do princípio ao fim: Alves Barbosa, em 1951 (16 etapas) e Joaquim Agostinho, exactamente 20 anos depois (24 etapas). Mas Alves Barbosa é o recordista no que respeita a andar de amarelo mais etapas (e seguidas) numa só Volta: 27 em… 28. Envergou-a ao segundo dia e levou-a até ao fim.

E quem é então o corredor com mais camisolas amarelas na sua colecção privada? – se assim o pudesse dizer.
É Joaquim Agostinho, claro. 79 camisolas amarelas já descontando as duas que envergou no final das duas Voltas que depois haveria de perder na secretaria. Alves Barbosa conquistou 63 camisolas amarelas e Marco Chagas – o recordista de Voltas ganhas, com 4 –, 42 (numa situação em tudo igual à de Agostinho).

Curioso, para nós, nos dias de hoje, é ver na lista de camisolas amarelas corredores de equipas como, por exemplo, o Belenenses, o Leões de Ferreira do Alentejo, a CUF (ou Unidos, nome que o clube-mãe adoptou na década de 30 do século passado para, mesmo sendo do Barreiro, poder disputar os campeonatos de futebol da Associação de Lisboa), União de Coimbra, Leixões e Salgueiros. Os outros, ainda em actividade ou mesmo extintos (ou fora de actividade há muitos anos), são nomes que todos os aficionados conhecem, por certo.

Já agora, e em especial para os alentejanos que lerem isto, para além de termos ganho uma Volta – a de 1935 – com os Leões de Ferreira do Alentejo (onde eu vivi entre 1967 e 1970), para além daquela ganha por Vítor Gamito, em 2000, pela Porta da Ravessa, do Redondo, destaco a vitória numa etapa, em 1976, do Manuel Caetanita do… Almodôvar.

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